Nós duas formávamos uma dupla bem diferente: Eu, com meus cabelos castanhos avermelhados, cacheado e longo, mais curvilínea; ela com o cabelo lisinho, castanho claro com mechas pink, mais ou menos do tamanho do meu, mais magrinha, ganhado em beleza de cerca de noventa por cento das modelos que eu conhecia. Não era apenas na aparência que éramos diferentes. Nossas personalidades eram opostos perfeitos: eu era cabeça quente quando sob pressão, fria quando queria machucar alguém, fechada quando achava que outra pessoa não merecia minha atenção...

Na descrição dos meus amigos de sala eu sou a típica chata. Já ela era a simpatia em pessoa, sempre sorrindo, sempre ajudando, sempre... sendo ela, sem nunca mudar, sem nunca se estressar, pronta para apoiar as amigas. Disso eu sou testemunha. Nos últimos meses, sem ela, eu não sei o que seria de mim.

Entramos no carro dela 9eu não podia andar com meu carro ainda, ainda não atingi a idade de tirar a carteira, mas isso não será o problema, o problema era que os meus pais não sabiam que eu tinha um carro; um carro daqueles.

O carro dela era de dar inveja: um porsche pink, da mesma cor das mechas do cabelo dela, o motor era o mais potente possível. Agora, após seis meses da transferência dela para minha escola, já não juntava tanta gente ao redor dele, talvez um ou dois pivetes...

Era estranho, mesmo tanto tempo depois, estar de volta à minha vida. E agora, dois meses depois daquela noite dolorosa... Aquela noite que permanecia dolorosamente na minha lembrança. Mas, mesmo que parecesse distante, eu sabia que era rel. Minhas canetas não mentiam; Kitty não mentia.

Entrei no lado do passageiro sem colocar o cinto. Não era mais preciso. Nem que fosse. Ao contrario de mim, KItty era muito cuidadosa com a direção. Eu simplesmente ignorava placas e sinais de transito.

-Você tem certeza? – Eu perguntei a ela pela milésima vez. Simplesmente não conseguia aceitar a idéia. – Não está enganada?

-Confie em mim um pouco mais. Ele me avisou.

-Às vezes acho que você tem muito mais vantagens que eu...

-Você ainda não sabe controlar.

- Ok. – Essa não era a conversa que eu queria ter. – Mas... Por que eles resolveram nos dar o ar de suas graças justo hoje?

-Você sabe que eles não têm idéia do que estamos fazendo aqui.

Rosnei alguma coisa incompreensível até para mim mesma. Recostei-me no banco mais do que confortável do carro e me deixei distrair pela paisagem. O que Kitty iria fazer para que eu não passasse a tarde toda aborrecida? Eu já via as engrenagens trabalhando por debaixo dos cabelos dela. Pelos Deuses, ele conseguia ser tão previsível à vezes!