Fiéis Infiéis escrita por Samuel Cardeal


Capítulo 6
Capítulo 5: O Reencontro




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Novamente a bordo do metrô, eu voltava para casa. Tentava pensar em algo que pudesse ajudar no plano de Adelaide, mas quanto mais eu pensava, mais minha cabeça doía; nada de útil surgia. O vagão estava lotado como sempre e, para completar a situação, um sujeito com um cheiro muito forte de cachaça barata entrou no trem e ficou bem perto de mim. A cada parada ele se balançava e acabava se esfregando em mim, deixando na minha roupa parte do seu fedor insuportável.

Foi uma viagem longa e, quando desci na minha estação, o cansaço me dominava. O percurso do metrô vinha ficando cada vez mais cansativo, parecia que aquilo era o trabalho, e o trabalho era meu descanso.

Caminhei por alguns minutos até avistar a fachada da nossa casa, uma visão que me deu alívio. O dia fora longo e difícil e, ainda que tivéssemos um grande problema para resolver, não há nada como o nosso lar.

Abri a porta e entrei, todas as luzes estavam apagadas; Adelaide ainda não chegara. Como estava sozinho, aproveitei e fui direto para o banho; esfreguei-me com bastante sabão, tirando totalmente o cheiro do cachaceiro que se esfregara em mim no coletivo. Depois do banho, me senti revigorado, apesar de já estar com um pouco de fome. Peguei uma cerveja na geladeira, um pacote de salgadinhos e fui para o sofá. O controle remoto do som estava na mesinha, apenas apertei o play, pois sabia que o CD do Rodrigo Pablo e Totoca estava no carrossel

Hoje eu vou beber, beijar, brincar, fazer... Você sorrir e gemer! Eu gosto muito dessa dupla, uma das minhas preferidas de sertanejo universitário. Adelaide sempre diz que a maioria dos cantores de sertanejo universitário não passou do ensino fundamental. Para mim, não importa, qualquer um deles é melhor do que aquelas músicas de doidão que ela escuta no carro. Escute Pink Floyd, ela me dizia. Onde já se viu o artista só começar a cantar depois de 10 minutos tocando? Sou mais meus sertanejos.

Acomodei-me no sofá bem confortável e aproveitei minha cerveja enquanto esperava por Adelaide. Já estava quase na hora dela chegar, e então resolveríamos o problema dos amantes. Tinha certeza que ele apareceria com uma ideia supimpa. Minha esposa sempre tinha as melhores ideias nos momentos mais difíceis. Agora não haveria de ser diferente.

*

Aproximadamente 9 cervejas mais tarde, já meio cochilando, meio embriagado, ouvi a porta sendo aberta pelo lado de fora. Levantei-me com pouco equilíbrio e avancei dois passos em direção à porta. Adelaide surgiu meio desarrumada, entrou cambaleando e eu estranhei seu olhar um pouco vesgo.

— Onde você esteve? — perguntei, com a fala amolecida pela cerveja.

— Com a Ingrid! — ele riu, sua voz estava pastosa, pior que a minha.

— Você está bêbada! Veio dirigindo assim?

— Você também bêbado, amor! — um soluço, seguido de uma risadinha alegre — Não precisa estressar, eu peguei um taxi.

Adelaide caminhou até o sofá e pegou uma porção de salgadinhos que sobrara no pacote, respirando fundo e encarando o som com um olhar meio torto, como que desaprovando a trilha musical escolhida por mim.

— Eu pensei sobre aquilo, amor — disse a ela, sentando-me ao seu lado. — Concordo com você, precisamos de um plano para acabar com o casamento.

— Ótimo! — respondeu ela, sinceramente eufórica. — Precisamos conversar sobre isso, mas não hoje, eu meio zoada, e se forçar muito o cérebro vou ter uma ressaca desgraçada amanhã.

— Tudo bem.

A conversa terminou, ao menos era o que parecia. Adelaide apoiou a cabeça no encosto do sofá e girou o pescoço, me encarando com seus olhinhos avermelhados de pilequinho. Eu olhei de volta, e percebi que fazia tempo que não fazíamos aquilo, ficarmos parados, simplesmente olhando um para o outro. Então, me lembrei o quanto minha esposa era bonita e atraente. Adelaide estava com 32 anos, dois a mais que eu, mas sempre pareceu mais nova. A pele morena continuava macia e perfumada; os cabelos acima dos ombros, tão lisos quanto um corte de seda, brilhantes e negros, cobrindo as orelhas levemente de abano que achei um charme desde a primeira vez que a vi; e os olhos cor de cobre, sempre vivos e expressivos.

Usava um vestido acima dos joelhos, mas sentada como estava, deixava à mostra grande parte de suas coxas, bronzeadas e torneadas. Seu corpo não mudara nada, exatamente o mesmo da época em que nos conhecemos, delicado, porém cheio de curvas pelas quais eu adorava passear. Naquele momento, o CD do Rodrigo Pablo e Totoca havia terminado e um dos discos de Adelaide começou a tocar. Eu conhecia a música, era uma das poucas que eu gostava no repertório dela: Marvin Gaye. Eu lembrava do nome porque da primeira vez que vi na capa imaginei aquele marciano dos desenhos animados vestido de rosa e desmunhecando loucamente.

Ouvindo aquela música romântica, que tinha uma sensualidade no seu balanço, e olhando para Adelaide tão relaxada à minha frente, olhando dentro dos meus olhos, senti um calor que há muito não sentia, uma malícia que me lembrou nosso tempo de namoro. Tínhamos um apetite sexual que parecia sem fim, uma sensação de urgência, como se cada vez fosse a última. Agora eu sentia algo parecido.

Acariciei o rosto dela, que sorriu de volta. Então aproximei meus lábios dos dela, e senti sua carne quente na minha boca. Segurei sua cintura e a trouxe para junto do meu corpo, enquanto ainda a beijava como um adolescente afoito. Logo ela também me abraçou, apertando de leve minhas costas. Senti suas unhas um pouco crescidas pressionarem minha pele, e um arrepio gostoso percorreu meu corpo. Não dizíamos nada, apenas sentíamos.

Sem parar de me beijar, Adelaide desatou o nó da minha gravata, que já estava frouxa, e a atirou longe. Em seguida, começou a desabotoar, sem muita pressa, minha camisa. A essa altura, minha mão já percorria seu corpo todo, explorando cada pedacinho que eu conhecia muito bem. Antes de tirar minha camisa, já sentia um volume abaixo da cintura, e uma pressão forçando o fecho da calça. Levantei o vestido até poder ver seu sutiã, que desabotoei enquanto ela terminava de se livrar da roupa de cima.

Quando senti sua mão macia abrindo o zíper da minha calça, não pude conter um gemido abafado. Eu estava muito excitado. Em poucos minutos, não havia uma só peça de roupa entre nós, e desfrutávamos do mais puro e maravilhoso encontro entre dois corpos que se amam e se desejam mutuamente.


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