A maior fraqueza de Kaito era que ele era sentimental e frágil, tanto quanto uma rosa.

Quando Kaito acordou ele estava na floresta novamente. Um menino de mais ou menos doze anos estava ao seu lado, desenhando uma jovem mulher vermelha em um campo de flores.

– Onde eu estou?- perguntou Kaito tonto tentando se levantar.

– Ah? Que bom que acordou! Eu sou Gakupo, eu achei você aqui desmaiado. Lembra-se de meu pai, Kohaku Hiratsuka? Nós conseguimos fugir e quando conseguimos uma moradia ele pediu pra eu procurar você enquanto ele procurava pelos outros.

– Então você é o filho querido que o Kohaku tanto falava?

– Eu mesmo.

– Mas por que você está com essas orelhas?

– É uma brincadeira minha e dos meus colegas.

– O que aconteceu?

– Uma mulher entrou no vilarejo e atacou a gente, todos que sobreviveram fugiram, mas mesmo assim, poucos sobraram.

Lembranças sanguinolentas entravam na mente de Kaito, ele começa a chorar.

– Agora eu me lembro de tudo, aquela mulher horrível! Espere, tinha uma mulher, Kasane Teto, ela sobreviveu?!- ele grita.

O menino faz uma cara de pena.

– Não- ele grita socando o chão.

– Acalme-se, por favor!

– Como eu posso me acalmar tendo visto aquilo?!- ele grita avançando na direção de Gakupo. O menino recua assustado- De... Desculpe-me. Eu só não estava me sentindo bem.

– O meu pai pediu pra eu entregar isso pra você- ele oferece algumas partituras- ele disse que você canta muito bem. – Kaito aceita as partituras- Eu prometi pro meu pai que eu iria avisa-lo se te encontrasse, eu já volto, fique ai.

– Claro.

Kaito começa a folhear as páginas, o menino se afastava correndo cantarolando, ele deixa algo cair no chão, porém não volta para pegar, apressado demais. Kaito não percebe, ele começa a cantar.

– A primeira Alice estava cheia de valor, com uma espada em suas mãos chegou neste país, incontáveis foram as perdas que ela causou, deixando pra trás um caminho infeliz... - Kaito estranha- O que?- porém continua a cantar- Essa Alice nos bosques se perdeu, e em castigo aos seus pecados presa permaneceu, árvores cobriram toda forma de escapar, ninguém sabe se morreu, viveu e onde estará...

Um grito de raiva percorre o bosque amaldiçoado. Kaito lembra-se de Meiko matando a todos no vilarejo sem dó nem piedade. Ele começa a rir, rir desesperadamente, até que ouve outro grito e para, ele caí de joelhos em prantos e olha para o lado.

Estranhamente, uma arma está lá, uma arma forte. Kaito a pega. Gakupo chega de repente. Kaito mira.

– Adeus. - ele fala com a voz risonha.

Com seus dedos trêmulos ele puxa o gatilho. O grito de Gakupo pode ser ouvido a quilômetros de distancia.