No dia seguinte eu pensei seriamente em acordar tipo, as duas da tarde, mas como eu tinha um determinado almoço para comparecer levantei as oito, sério, qual é a pessoa desempregada que levanta as oito da manhã? A trouxa aqui, beijos. Levantei da cama e tomei um banho morno, lavei bem o cabelo, raspei as pernas e a virilha. Quando terminei passei um creme hidratante com um perfume de chocolate delicioso, vesti o roupão e enrolei o cabelo numa toalha.

Estava com uma fome considerável então resolvi ir preparar um café da manhã bem fortificado, mas antes que eu pudesse chegar a cozinha feliz e inocentemente tive de passar pela sala e visualizar a seguinte cena:

Barry nu em pelo com as nádegas brancas e redondas tais como duas luas viradas para mim e por cima de alguém. NO ATO.

Sério que eu acordei as oito da manhã para ver isso?

–Opa, opa, opa, paro com a palhaçada! – Disse eu no tom mais alto que eu pude. Barry, ô cara de pau, virou-se para mim na maior naturalidade e falou:

–Larga mão de ser estraga prazer Luiza.

–Literalmente, né! – Disse Harley rindo. OPA. Harley? Sim, era a Harley que estava em baixo dele. NO ATO. Essa menina não perde tempo!

–Tu não tava no hospital? – Perguntei i-n-d-i-g-n-a-d-a.

–Eu estava, mas recebi alta e o Barry querido se ofereceu, na maior boa vontade, para me levar para casa. – Disse ela com a maior cara de piranha do mundo.

–Sabe, eu gosto muito de ajudar as pessoas. – Falou Barry piscando.

–Tá, tá, mas vocês não vão sujar o MEU sofá. Saiam os dois. AGORA. – Disse apontando em direção a porta.

–Calma Luizinha.

Barry e Harley foram ao banheiro (terminar o que tinham começado) rindo e sem nem se preocupar em se cobrir. Enquanto isso eu dei uma inspecionada no sofá e estava tudo limpinho (amém!).

Após terminar o meu café fui ao quarto me arrumar, não sabia que roupa botar: eu não queria ir muito arrumada, afinal não era um encontro “romântico”, mas também não queria ir muito casual, pois era um almoço com alguém importante (rico) (gostoso).

Coloquei um vestido vermelho, mas desisti, era muito decotado e insinuante, pensei em um vestido tubinho preto, mas eu odiava preto, preferia uma cor viva. O horário do almoço se aproximava cada vez mais e eu estava escolhendo entre dois vestidos: Um branco tubinho e um azul mais soltinho. Entre a prova de um e outro entra Harley no meu quarto, escancarando a porta.

–Ei! O que tu ta fazendo? – Disse eu tampando o meu corpo nu.

–Relaxa só vim ver por que tu tava demorando tanto pra sair...

–Sabe, quando alguém vai entrar no quarto de alguém e a porta esta trancada SE BATE! –Eu estava indignada.

Ela voltou a porta bateu com a maior cara de pau e perguntou:

–Está bom agora? – Com um sorriso irônico no rosto.

–Me da licença, por favor? – Perguntei nada amigável.

–Ai, deixa disso, o que tu tem ai eu também tenho – Disse ela apontando para as minhas partes e piscando, praticamente rindo da minha cara.

–Harley, sai daqui por favor. – Disse tentando soar mais amigável.

–Que roupas são essas? – Disse ela pegando o vestido azul e colocando sobre o corpo.

–São minhas.

–Dããã, sério, não tinha nem percebido... – Disse ela, irônica. – O que eu perguntei é o que você está tentando fazer com elas.

–Estou tentando escolher com qual desses dois vestidos eu irei a um almoço. Satisfeita?

–Não. Com quem é esse almoço? – Perguntou, com um sorriso irônico no rosto.

–É com o meu chefe, okay? Aliás, meu ex chefe. Satisfeita agora?

–É com aquele gostosão que tava aqui no dia que teve o almoço?

–É, esse mesmo...

–Então tu tem que estar linda maravilhosa. – Nesse ponto ela já estava futricando no meu roupeiro.

–Não começa, é só um almoço Harley...

–Muitas coisas podem acontecer em um almoço – Disse ela rindo e me passando uma saia preta com pedras. – Bota isso ai e isso aqui. – Então ela me passou uma blusa branca.

Enquanto eu colocava o que ela tinha me dado ela escolhia o sapato e futricava nos meus colares e pulseiras.

–Esse colar aqui. – Me passou o colar. – E esse sapato aqui. – Ela me deu um sapato vermelho de salto, okay, eu tinha que admitir, ela tinha bom gosto. ( http://kaya.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/11/looks-kaya7.jpg ).

Quando Harley terminou de arrumar o meu longo cabelo castanho e de passar uma maquiagem simples no meu rosto já eram 10 para meio-dia. E eu demoraria uns 20 ou 30 min para chegar ao restaurante (que era bem chique e longe da minha casa).

Obviamente cheguei atrasada, mas, como o perfeito cavalheiro que era, Alexandre me recebeu sorrindo e nem mencionou o meu atrasado. Ele vestia uma calça jeans escura e uma camisa social branca com as mangas arregaçadas e com alguns botões abertos.

Somente quando já estávamos bem acomodados e comendo que ele mencionou a tal proposta da qual tinha falado ao telefone.

–Sem querer me gabar ou algo do tipo eu sei que eu tive uma vida muito interessante e com muitos altos e baixos, basicamente é assim que funciona no mundo dos negócios, sabe? Além do mais eu sempre fui uma pessoa que, digamos, sempre chamou a atenção por onde estava, de forma que eu tenho muitas histórias interessantes para contar.

–Compreendo, mas aonde você quer chegar com isso?

–Digamos que eu quero que o mundo conheça essas histórias e a melhor maneira de eu fazer isso é escrevendo um livro.

–Hum. E onde eu entro em tudo isso?

–Você que vai escrever o livro! – Disse ele como se fosse a coisa mais natural do mundo.

–Por que eu?

–Bem, você sempre foi a minha secretária, sempre repassou os meus e-mails que eram perfeitamente escritos e sempre soube da sua habilidade com as palavras, veja bem, logo que você entrou na empresa eu mandei que fizessem uma pesquisa básica sobre a tua vida e uma das primeiras coisas que apareceram ao digitar o teu nome no Google foi um blog pequeno que certamente era teu que tinha poucos post, mas todos muito bem escritos. E eu sabia que se um dia eu precisa tu seria a pessoa certa para escrever algo.

–Meu Deus, nem lembrava mais desse blog, faz anos que não o uso mais. Eu tinha uns 15 anos quando o fiz!

–Definitivamente, para uma pessoa de 15 anos você escrevia muito bem, muito bem mesmo. Então vai aceitar a minha proposta?

–A de escrever a tua biografia?

–Isso mesmo. É claro que você vai ser bem paga para isso. Basicamente tu vai receber o mesmo salário de quando tu era minha secretária e mais uma boa quantia quando terminar o trabalho.

–Não, eu não estou pensando em dinheiro. O problema é que eu não sei se eu tenho a capacidade de escrever um livro.

–Eu confio inteiramente em você. – Com a intensidade que ele disse isso eu provavelmente aceitaria até dar o cu no meio da praça.

–Tudo bem, eu aceito. – Disse eu com um sorriso.

–Que ótimo! Agora o próximo passo é eu começar a te contar a minha vida. Quando acha que podemos começar?

–Eu estou disponível todos os dias... – Brinquei eu. – Quando você quiser.

–Bem, hoje é terça... – Ele pegou o celular e consultou, provavelmente, a agenda. – Que tal na sexta?

–Está ótimo.