Depois de arrumar toda a casa e deixar tudo bonitinho, para que os convidados, hm, não achassem, sei lá, alguma calcinha atrás da porta, finalmente fui me deitar. Lu e Harley ainda não tinham chegado e eu não ligava, desde que elas não vomitassem na casa toda, o que eu ia odiar muito. Muito mesmo.

Eu até que estava com certo orgulho da faxina que eu fiz na casa. Estava tudo tão, ah, limpo! Tudo tinha que dar certo. Afinal eu estava lidando com uma possível promoção, ou pelo menos um aumento. Não, não sou “interesseira”, mas também não nasci ontem.

Quem será que Sebastian vai levar para o almoço? Tomara que seja só uma pessoa, e que não seja fresca e de mimimi. Quero dar uma nas bolas (se as tiver) se reclamar de alguma coisa.

Quando eu peguei no sono já tinha imaginado mil e uma maneiras de tudo dar errado no almoço, mas, surpreendentemente, dormi bem.

Assim que acordei dei uma checada na casa, para ver se tudo estava no lugar, e se a minha super faxina sobreviveu à chegada de Lucy e Harley bêbadas. Aparentemente elas não fizeram nada e tudo estava no lugar. Ainda não passava das oito então resolvi ir tomar um banho e me arrumar. Coloquei um vestido azul claro soltinho e fiz um coque nos meus cabelos castanhos. Não passei maquiagem por que não é um hábito que possuo. No máximo passo alguma coisa para ir trabalhar para que a minha cara de bunda de quem recém acordou não fique tão evidente. Mas como eu estava bem acordada hoje optei por ficar com a cara limpa mesma.

Quando eu tirei a carne do congelador que eu me perguntei: Que diabos eu faço com isso??? Por que eu não fazia ideia de quanto tempo demorava pra cozinhar aquilo, nem como eu ia cozinhar. Ainda bem que Alexandre ia vir me salvar, por que eu estava mais perdida que Jesus no Dia dos Pais (tá, eu vou para o inferno). Resolvi mandar uma mensagem para o meu patrão perguntando quando ele pretendia chegar e enquanto eu esperava a resposta fui até o quarto de Lucy para acorda-la.

O quarto dela era ao lado do meu, os dois tendo o mesmo tamanho, porém o dela com três prateleiras lotadas de ursinhos de pelúcia de todas as cores, tipos e animais. Tinha até um gorila preto com a barriga em couro e um olhar raivoso que me dava bastante medo, mas a maioria era branca e rosa mesmo. Só que quando eu entrei no quarto não achei Lucy nenhuma. Ela não estava em casa. Merda. Bom, talvez ela estivesse no apartamento da Harley. Resolvi descer até lá, mas antes dei uma olhada em todo apartamento para ver se por acaso ela não tinha pegado no sono em baixo de uma mesa ou de uma cama e como não achei nada fui.

Bati umas 5 vezes na porta de Harley e nada. Agora sim, merda! Não fazia ideia de onde ela podia estar, então subi de volta para o meu apartamento, afinal elas duas já eram bastante grandinhas para cuidar de si mesmas. Ou não.

Alexandre me respondeu que chegaria por volta das 10 hrs e que não era para eu me preocupar pois, sim, ia dar tempo de cozinhar a carne. Como ainda nem eram 9 hrs eu tinha tempo de sobra para fazer a sobremesa e organizar o que eu ocuparia. Assim que coloquei a salada de frutas pronta na geladeira, mandei uma mensagem para Lucy perguntando onde elas estavam e se viriam para o almoço. Não recebi resposta.

Alguém bateu na porta e eu fui atender. Era Alexander. Ele estava com uma camisa social branca com as mangas arregaçadas e alguns botões de mais abertos, calça jeans escura e sapatos com cara de bem caros. Imaginem esse homem escorado na parede com um sorriso de canto e um olhar cafajeste. Eu quase não respondi por mim. Mas me comportei como a pessoa civilizada que sou:

–Olá!

–Oi. – Disse ele se inclinando para me dar um beijo na bochecha. Eu pude sentir o seu perfume, cuja única descrição que eu consigo dar é másculo. Tudo nele era tão deliciosamente másculo. – O portão lá em baixo estava aberto então eu já fui subindo...

–Sim, tudo bem. Vamos entre. – Disse eu dando espaço com o corpo para que ele passasse. – É tudo simples, mas é limpinho. – Brinquei eu.

–Eu sabia que você tinha bom gosto... – Disse ele, mais para ele próprio do que para mim.

–Ah, obrigada...

–Eu trousse alguns temperos especiais importados para a carne. – Disse ele mostrando-me uma sacola que ele tinha na mão.

–Obrigada, não precisava...

–Imagina... – Disse ele mostrando lindos dentes brancos que eu imaginava colados aos meus. LUIZA PARA COM ISSO!

–Vamos começar então?! Não sei quando tempo demora para assar essa carne.

–Sim, podemos começar, demora em torno de uma hora.

Quando a carne já estava no forno e nós dois tomávamos uma taça de vinho tinto, Lucy e Harley chegaram. Bêbadas. Porra, elas estavam bêbadas! Eu pude ver o meu aumento saindo pela porta quando elas entraram, junto com a minha dignidade saindo de cabeça baixa.

–Alexandre essa aqui é a Lucy. – Disse eu apontando para a loira. – Lucy esse é Alexandre.

–Ooooi Alexandree – Disse Lucy cumprimentando-o com um beijo na bochecha e em seguida indo em direção ao banheiro rindo e chamando por Harley.

E antes que eu pudesse apresenta-la Harley já o fazia por si própria.

–Oi Alexandre! Meu nome é Harley. – Disse e em seguida o abraçou encostando demais o corpo dela no dele. O que provavelmente me fez ficar com uma cara azeda que causou um riso baixo por parte de Alexandre. – Ele é seu namorado? – Perguntou com um ar malicioso.

–Não, não. Ele é meu chefe.

–Hum... Ah, eu já volto, vou lá em baixo pegar a lasanha que eu falei.

–Okay.

Assim que Harley se virou pude repara no olhar de Alexandre pousando na bunda dela. Ah que ótimo. Esse almoço tem tudo para virar uma zona.