Os Guardiões da Galáxia estavam sentados no sofá da casa de Samuel Alexander. Passaram os últimos dias na rua, sem parar para descansar, procurando por quem lhes enviara a mensagem. Suas buscas foram em vão, o que contribuiu para que o humor deles piorasse.

A mãe de Samuel estava fazendo biscoitos para eles, e a irmã dele estava à mesa desenhando. Enquanto isso, os Guardiões estavam assistindo televisão. As persianas estavam fechadas e as portas trancadas, um gesto que representava segurança, por mais que não fosse nada demais perto dos alienígenas.

De repente, a imagem da televisão congelou. O programa deu lugar ao logotipo da S.H.I.E.L.D., que, por sua vez, deu lugar a uma transmissão. Nick Fury estava em frente a um painel com o símbolo da agência, e falava com seriedade.

— Cidadãos e cidadãs de Nova York. É com urgência que faço um pedido a todos vocês, visando a segurança de todos. Peguem o que precisarem e levem a todos que com vocês estiverem, e se dirijam até a fortaleza que foi erguida em pleno mar. É um abrigo seguro para que se protejam de Thanos e dos invasores. Movam-se todos para lá o quanto antes. Para que os Vingadores possam combater os alienígenas sem grandes riscos. Obrigado pela atenção, e que Deus abençoe os Estados Unidos da América.

Sam olhou para sua mãe, preocupado, e ela retribuiu o olhar. Ele indicou sua irmãzinha com a cabeça.

— Acho melhor vocês duas irem.

Ela balançou a cabeça negativamente.

— Não vou deixar você para trás. Você mal sabe usar as habilidades do capacete.

— Sei, sim.

­— Ele sabe, sim — intrometeu-se Richard Rider. — O capacete passou para ele todas as habilidades e conhecimentos de Rhomann Dey, o Centurião Nova. Ele pode ainda não ter conseguido acessa-los, mas isso pode ser trabalhado.

A mulher olhou para Richard com severidade.

— Não vou abandonar meu filho para — ela baixou a voz e se aproximou, por causa de sua filha pequena — morrer perante Thanos.

Richard colocou a mão no ombro dela. Ele a conhecia desde antes do nascimento de Sam.

— Eva, não se preocupe. Eu garantirei que ele voltará para você são e salvo.

Ela repousou sua mão sobre a de Richard.

— Vou acreditar em você — ela disse, ainda com o semblante sério. — Kaelynn, venha. Pegue seus materiais e me siga. Estamos indo para um lugar seguro.

A menina pegou seus gizes de cera e seguiu a mãe abraçando a perna dela. Richard afagou a cabeça da menina no caminho, mas ela apenas o olhou inexpressiva. Sam as seguiu e olhou para a rua. Ao longe era visível uma enorme estrutura. A rua estava cheia de pessoas caminhando na direção dessa estrutura.

— Fique bem, filho — pediu a mãe dele, com lágrimas nos olhos.

Também emotivo, Sam pegou seu capacete e o colocou sob o braço.

— Eu te amo, mãe. Independente de tudo.

— Eu também, querido.

Os dois trocaram um abraço a menina também abraçou o irmão, que fez cócegas nela em resposta. Kaelynn riu por um breve momento, mas logo ficou séria novamente.

— Vejo você em breve, mãe.

Eva sorriu e carregou a menina no colo. Sam acenou para ela e entrou de volta na casa. Antes que pudesse se mover, a porta atrás de si se fechou sozinha. Alguma coisa forçou Sam para frente, fazendo com que se sentasse no sofá. Peter Quill, que estava diante da bandeja de biscoitos na cozinha, parou naquele momento e olhou para trás.

— Olá, Guardiões da Galáxia. Eu sou sua guia. Fui eu quem sugeri a busca por Eros. Vocês, porém, insistiram em buscar por mim. Para que seu caminho possa permanecer iluminado, me revelarei para vocês e fornecerei um caminho para sua busca.

A porta então se abriu, e uma mulher calva de vestido verde entrou.

— Chamam-me de Serpente da Lua.

Peter Parker estava na sala de estar com sua Tia May, Mary Jane, Gwen Stacy e seu pai, e Harry Osborn e sua mãe Emily. Ele estava em uma encruzilhada. Como poderia pedir para que eles seguissem sem ele? Talvez os Vingadores acabassem tendo que se virar sem o Homem-Aranha.

Sentado ao lado de sua tia, Peter estava com o olhar fixo em Gwen. A conversa entre May e o Capitão Stacy foi ignorada por Peter, que estava se recordando da luta contra Miles Warren e os clones.

Então, ele olhou para Mary Jane. Ela estava mais magra e pálida desde que fora resgatada pelos Vingadores. Aparentemente, o que acontecera com ela exigira muita energia e a exaustara.

O olhar de Peter então caiu sobre Harry e Emily. Para quem um dia fora o melhor-amigo de Peter, Harry agora mal falava com Parker. Desde a separação dos pais, ele andava isolado e arrogante. Quanto a Emily, ela era frágil e delicada.

Por último, olhou para sua Tia May. Ela era uma mulher forte, que suportara a morte de Ben Parker e criara sozinha Peter. Ele de fato atribuía todos os seus princípios como herói a ela e Ben.

Quando ele tornou a olhar para Gwen, se lembrou de Kaine. Uma ideia surgiu à mente dele.

— Esperem aqui. Eu já volto.

Peter saiu da casa e ficou parado em frente a ela. Então, fez uma ligação.

— Kaine? Aqui é o Peter. Preciso de um favor seu.

— Diga, meu companheiro de aparência.

— Você teria problemas em se passar por mim?

— Como assim?

— Eu preciso que minha família vá em segurança para o abrigo da S.H.I.E.L.D., mas eles não irão sem mim. Preciso que você fique com eles no meu lugar.

— Não vejo nenhuma dificuldade. Farei isso por você, Peter. Afinal, devo uma a você e Jessica. Vocês me salvaram do Chacal.

— Obrigado, Kaine. Você não sabe o quão grato eu sou.

Ele desligou e entrou novamente. Na sala de estar, todos olhavam fixamente para a televisão, mas logo mudaram o foco para ele entrando. Na tela, Nick Fury terminava sua mensagem.

— E que Deus abençoe os Estados Unidos da América.

Uma garota corria pelas ruas de Nova York. Seu nome? Anya Corazon. Estava livre, finalmente. Mas ela se perguntava se a liberdade era tão compensadora assim. Afinal, Nova York estava um caos.

Ela levantou o olhar para o lugar para onde ia. Aquele prédio era um símbolo da cidade. A Torre dos Vingadores se erguia imponente diante da cidade e da jovem Anya. Ela esperava conseguir ajuda com suas “diferenças” recém-descobertas.

Uma imagem veio à sua cabeça. Era a de uma mulher verde e de orelhas pontudas, com roupas roxas. Como pudera ser enganada tão descaradamente? Será que os Vingadores sabiam dessa ameaça, que podia estar oculta entre eles?

No caminho, Anya baixou o olhar para uma poça d’água, viu seu reflexo e chegou a se questionar. Seria ela de fato a verdadeira Anya Corazon? Será que alguém estava se passando por ela no tempo que estivera ausente? Eram muitas perguntas, às quais (ela esperava) os Vingadores responderiam.

Victor Von Doom estava caminhando pelos corredores da Embaixada da Latvéria. O sangue de todos presentes estava espalhado pelo prédio, e a expressão de Victor por baixo da máscara era de alívio. Ele entrou na sala do embaixador, onde a televisão estava ligada.

Nick Fury estava na televisão, pedindo para que todos seguissem até a fortaleza que a S.H.I.E.L.D. construísse. Doom repousou seu dedo coberto por uma luva de metal na tela, riscando o tapa-olho de Fury com seu dedo.

— Nick Fury... Seu Destino está se aproximando.

Doutor Destino desceu o dedo para o pescoço da imagem de Fury, fazendo uma linha ali como se o estivesse matando.

— ... e que Deus abençoe os Estados Unidos da América.

A Joia da Alma brilhou no peito da armadura de Victor. Então, ele escutou uma voz.

— Esperem aqui — disse uma voz feminina vinda do corredor.

Uma mulher entrou na sala do embaixador da Latvéria. Ela usava um vestido laranja.

— Ajoelhe-se. Eu sou a Matriarca da Igreja Universal da Verdade, e ordeno que entregue a Joia da Alma!

Por baixo da máscara, Von Doom sorriu.

— Não será tão fácil, minha cara.

Raios de eletricidade saíram de sua mão e começaram a se mover, inquietos. Ele os direcionou para a Matriarca, tentando acerta-la. Mas sua tentativa foi em vão. Assim que os raios se aproximaram, um campo de força iluminado se formou em volta da Matriarca.

Um homem entrou pela porta. Ele tinha os cabelos brancos e manchas pretas em volta dos olhos, além de uma capa pendurada nas costas. A expressão dele, apesar de sua imponência, demonstrava instabilidade e ansiedade.

— Doutor Destino. Sei quem você é.

Doom tentou resistir, mas Magus o paralisou no lugar.

— Entregue a Joia da Alma.

A Matriarca se aproximou de Victor. Então, uma luz no braço dele se acendeu. Assim que ela se aproximou, uma fumaça verde começou a preencher a sala. Raios elétricos surgiram nessa fumaça, atingindo tanto a Matriarca quanto Magus.

Do lado de fora, pequenos pedaços de metal atravessavam as cabeças dos devotos de Magus, matando-os na hora. Esses pedaços estavam sendo comandados por um homem amarelo.

Um homem de metal surgiu no corredor, pegando dois dos devotos pelas pernas e os usando para acertar aqueles que avançavam.

Magus tossiu ao respirar a fumaça. Estava com dificuldade para enxergar. Mas não podia perder tão facilmente. Já não bastava sua humilhação perante Thanos. Então, cerrou os olhos e os punhos e invocou seu verdadeiro potencial.

Em Santuário I, Korath entrava às pressas para falar com Thanos.

— Meu senhor, trago informações dos esquadrões. Ao que parece, as cidades terráqueas de Nova York, Tóquio, Moscou, Rio de Janeiro e Londres foram evacuadas. Porém, alguns poucos grupos permanecem nessas cidades, e eles afirmam estar com a Joia da Alma.

— Todos? — perguntou o Titã Louco, com o semblante sério.

Korath assentiu.

— É uma armadilha, senhor ­— disse o Outro, ao lado de Thanos.

— Acha que não percebi? — perguntou Thanos, irritado. — Ainda assim... Ordene que matem todos.

O Outro olhou para Thanos, sem parecer surpreso. Quando Korath se retirou, o Outro questionou a decisão de Thanos.

— Senhor, você tem certeza de que é isso o mais sábio a se fazer?

— Sim. Eles se dizem os “maiores heróis da Terra”, não dizem? Pois bem. Mostrarei que nem mesmo os maiores heróis deste planeta são capazes de fazer frente a mim.