Quando Peter Parker acordou, estava em um lugar escuro. Completamente escuro. Seus sentidos estavam confusos, de forma que não conseguia nem saber se estava com ou sem máscara. Estava também como uma forte dor de cabeça, que julgava ser um efeito colateral da picada da aranha. De repente, sentiu uma mão o puxar.

— Quem é você? — perguntou uma voz feminina.

— O Homem-Aranha. Com certeza já ouviu falar de mim.

— Quero um nome.

— Não posso dizer. É isso que significa identidade secreta, sabia?

— Menos piada — disse ela, apertando o pescoço dele com o braço.

— E você, quem é?

— Também não vou dizer, Homem-Aranha.

— Como vou saber se posso confiar em você?

Ela afrouxou um pouco.

— Jessica. Jessica Drew.

— Lorde Alto Evolucionário, a missão da Madame Máscara foi um sucesso.

Sergei Kravinoff, mais conhecido como Kraven, o Caçador, estava em uma sala fechada. No painel à sua frente estava a imagem de Herbert Edgar Wyndham em sua armadura verde e roxa.

— Excelente. Espero que Giulietta se mantenha na linha, pois não quero ter que arcar com Cabelo-de-Prata. A S.T.R.I.K.E. nos pediu para abrigá-la durante a pesquisa sobre os dinossauros da Terra Selvagem, mas para isso ela tem que nos provar sua importância.

— Está certo, senhor. Só acho que eu não teria precisado de clones para capturar o Homem-Aranha.

— Sei que queria ter ido, Sergei. Mas precisei que você ficasse por aqui.

Kraven bufou, brincando com sua lança como um gato com um novelo de lã.

— Ele quer falar com a irmã — disse, se lembrando do pedido do garoto.

— Ele está aí?

— Na mesma sala? Não. Mas não posso saber se ele está escutando atrás da porta.

— Então chame-o. Se Pietro quer falar com Wanda, que posso fazer?

Aos poucos, Peter recobrava os sentidos. Viu que uma fresta na porta permitia a entrada de luz, mas tão pouca era a luz que era como se permanecesse no escuro total. Chegou a se perguntar se Jessica Drew fora um sonho... Quando de repente a voz dela surgiu, o repreendendo por olhar ela fresta.

— O que você tem na cabeça? Quer que te vejam?

— Não tem ninguém aqui.

— Grande coisa. O Alto Evolucionário tem olhos por toda parte.

— Alto o quê?!

— Evolucionário.

— Ei, espere. — Ele tornou a espiar pela fresta. — Acho que consigo disparar uma teia no painel de comando e abrir a cela.

— É muito arriscado.

— Há quanto tempo você está aqui?

— Não sei, já perdi a conta. O Alto Evolucionário levou a mim e a minha mãe no dia em que meu pai foi sequestrado pela Hidra.

— Fazem meses, então.

Após ponderar por alguns minutos, Jessica tornou a falar.

— Tem certeza de que pode fazer isso?

— Claro — disse ele, sorrindo.

Aproximou-se da fresta na porta, mirando o painel com sua mão. Errou algumas vezes, mas acertou o botão certo antes de disparar o alarme. A porta de ferro se abriu no meio, revelando luz, à qual ambos demoraram para se adaptar. Agora estavam em um corredor que ia para os dois lados.

— Sabe para onde é a saída?

Jessica pensou um pouco. Ponderou suas opções: levá-los para o meio do nada ou saciar seu desejo inexplicável de ver seu (péssimo) pai. E assim tomou uma decisão egoísta.

— Esquerda.

Pietro Maximoff entrou rapidamente na sala, se colocando de frente para o painel e ignorando Kraven. Viuquando sua irmã, Wanda Maximoff, surgiu no painel.

— Lorde, privacidade.

— Certo, Pietro. Kraven, por favor.

Tanto Kraven quanto o Alto Evolucionário se retiraram das salas onde estavam, deixando os gêmeos Maximoff a sós.

— Pietro...

— Não, Wanda. Por favor, deixe-me falar. Sei que errei, está bem? E peço desculpas por minha reação explosiva. Sou muito impulsivo, Wanda. Sabe disso. Mas quero falar sobre outra coisa. Acho que Herbert sabe sobre quem são nossos pais.

— Sim, Magda e Magnus Maximoff.

— Apenas nomes. Só isso ele nos contou. Sei que ele tem preferência por você, irmã. Use isso ao seu favor e descubra algo!

— Posso falar agora? Obrigada. Pietro, as coisas mudaram desde que você saiu. Sei porque ele me quer aqui. Pelos meus poderes, Pietro. Ele me faz fazer coisas... Modificar a genética de seres humanos e de animais. Ele os chama de Novos Homens. E estão todos indo para aí. Herbert pretende usar a pesquisa de Warren para multiplicá-los, a de Connors para dar a eles fator de cura e a de Drew para ser uma forma de fuga. E as cobaias de Malus... Ele as transformou em monstros. Um homem-rinoceronte com uma nova camada de pele que ele chama de Rhino, um homem com asas e antenas que ele chama de Homem-Mosca, uma mulher com pelos de tigre e garras que ele chama de Tigresa e há outro, que eu julgo o pior. Já ouviu falar no Subterrâneo de Nova York? Dizem que lá vivem os Molóides. Malus enlouqueceu o homem com histórias sobre os Molóides e seu escolhido, Giganto. O homem, Harvey Elder, ficou conhecido como Toupeira por causa de sua única modificação: os dentes enormes.

— Isso é péssimo, Wanda.

— Eu sei. Pietro, tenho que ir. Parece que preciso ajudar na camuflagem da Montanha Wundagore. Até.

— Certo, até.

Ele ponderou sobre o que ouvira e se perguntou se os ideais de Herbert sobre evolução eram tão loucos assim.

Estavam agora em um corredor com algumas salas de vidro. Em uma delas, um homem fitava Peter e Jessica sem parar.

— Quem é ele, Jessica?

— Ele... Jonathan.

— Jonathan Drew? Seu parente?

— Meu pai.

— Ah...

Pelo jeito, a relação entre Jessica e o pai não era das melhores.

— Venha, vamos falar com ele — disse Peter, puxando-a pelo braço para dentro da sala.

— Espere, como?

Ele a colocou dentro, quando o alarme disparou. A porta entre eles foi ocultada por uma parede de metal que desceu do teto, prendendo-a do lado de dentro e ele do lado de fora. Então algo muito estranho aconteceu. Clones de Peter e de Gwen surgiram de todos os lados, liderados por uma mulher de máscara dourada. A mulher se transformou em outra Gwen, ordenando que os clones atacassem.

Do lado de dentro, Jessica Drew encarava seu pai. Pensou nas imagens perturbadoras de ele espancando sua mãe.

— Onde está a mamãe?

— Merriem? Ela morreu.

— Fala como se fosse tão natural.

— Filha...

— É Jessica para você, Jonathan.

— Jess...

— Jessica.

— Jessica, me perdoe. Se lhe dissesse minha motivação, diria que sou louco.

— Por que não experimenta?

— Está bem. Uma mulher me disse para fazê-lo.

— Só isso? E você a obedeceu?

— Ela era mais poderosa do que eu, Jessica. Não pude evitar.

— Qual... qual o nome dela?

— Cassandra. Cassandra Webb.

O nome fora mencionado em uma conversa entre Kraven, o Caçador, e Giulietta Nefária.

— Ela serve o Alto Evolucionário.

— Como?

— Ouvi isso em uma conversa.

— Mas... mas isso não pode ser verdade. Devo minha pesquisa a ela.

— Você foi enganado, pai. Enganado pela... Madame Teia, não é?

Naquele momento, Jessica olhou para o Homem-Aranha.

— Posso falar com o Homem-Aranha?

—Ele está meio ocupado.

O olhar de Jonathan passou por sua mesa.

— E se você pudesse lutar no lugar dele?

— Como assim? Quer que eu seja, tipo... uma Mulher-Aranha?

Ele pegou dois pequenos dispositivos em sua mesa e prendeu um em cada pulso de Jessica, que não protestou.

— São lançadores de uma teia artificial que desenvolvi. Parece de verdade, mas é mais resistente.

Jessica olhou para o Homem-Aranha e se aproximou do painel ao lado da porta, removendo a parede de metal. Disparando algumas teias na direção errada antes de pegar o jeito, Jessica explicou rapidamente o que estava acontecendo para o Homem-Aranha. Ele entrou na sala e encarou Jonathan.

— Prazer, Homem-Aranha. Ou devo chamar-te de Peter Parker?

— Como sabe meu nome?

— Uma aranha me contou. Senhor Parker, quero te pedir um favor. Vejo que já conheceu minha filha. Entregue isto para ela.

Jonathan colocou uma maleta nos braços de Peter, que perguntou o que havia nela.

— Quando for a hora, vocês dois saberão.

— E quanto a esses clones de mim?

— Apenas uma enorme coincidência. Meu colega mostrará para você o que houve.

Antes de sair, Peter perguntou mais uma coisa.

—Você não vem?

— Não. Já tomei o veneno que garantirá meu destino.

E o Homem-Aranha se juntou à sua companheira, lutando contra os clones.

Na sala ao lado, um homem verde com orelhas pontudas analisava um clone de Peter Parker em degeneração.

BÔNUS

Ao lado da cabeça pequena havia um ser humanoide de capuz e capa preta com um cetro em mãos. Ele se virou e encarou Senhor das Estrelas, Rocky Racum e Groot.

— Prazer, senhores. Eu e meu amigo Ego estávamos discutindo algumas coisas. Sou Ronan, o Acusador.