Está na hora, Otto, disse uma voz na mente de Otto Octavius.

Em meio à plateia, Otto Octavius sorriu.

—Tem certeza?

Toda. Agora não teremos mais a intervenção da S.T.R.I.K.E. em nossos planos. Apesar disso, temo que Cabelo-de-Prata tenha descoberto sobre a sua presença aqui.

— Isso era inevitável desde o começo.

Sei disso. Mas, se pudéssemos ter passado despercebidos por ele...

— Ele tem olhos em todo lugar. Não acho que a S.T.R.I.K.E. seria algo sem Cabelo-de-Prata.

De qualquer forma, já deve agir.

— Excelente.

Norman Osborn estava impressionado com o incrível funcionamento daquela armadura da Legião de Ferro. Sabia que aquilo custara a Tony muito tempo de trabalho, mas, como sempre, o resultado fora fantástico.

Enquanto Nick Fury saía de dentro da prefeitura, Norman notou uma estranha agitação na plateia, vinda de um homem de óculos escuros, cabelos castanhos e sobretudo no estilo Sherlock Holmes. As feições visíveis dele eram familiares para Norman. Ele se parecia com... Otto Octavius.

De repente, a plateia se afastou dele com gritos e suspiros de admiração. Um tentáculo metálico brotou de debaixo do sobretudo, provavelmente vindo do homem. O tentáculo se esticou, acertando em cheio a armadura da Legião que se exibia no palco. A armadura foi despedaçada e colocada contra a parede, para a surpresa de Tony Stark.

Nick Fury gesticulou para algo ou alguém e uma flecha surgiu de algum local no prédio ao lado da prefeitura, acertando em cheio o tentáculo prateado do homem. A flecha explodiu, eletrocutando o tentáculo, que permaneceu imóvel. Lentamente, outro tentáculo saiu de debaixo do sobretudo, se esticando na direção da qual viera a flecha.

Aproveitando a distração, Tony Stark colocou sua maleta no chão. Lentamente, a maleta se abriu e envolveu o corpo de Tony, revelando ser uma armadura do Homem de Ferro. Tony estendeu a mão para cima e disse algo para Sexta-Feira. Então, as armaduras Resgate e Patriota de Ferro surgiram no horizonte, voando até seus respectivos donos.

Antes de ser envolvido pela armadura do Patriota de Ferro, Norman viu Viúva Negra e Gavião Arqueiro escorregarem pelo tentáculo metálico do homem e caírem no palco. Quando conseguiu enxergar novamente, através do capacete da armadura, viu Stark disparar na direção do homem.

— Quem é você? — perguntou Tony.

Então a voz de Sexta-Feira surgiu.

— Senhor, meu antecessor deixou uma nota aqui: atire primeiro, pergunte depois.

— Obrigado, Sexta-Feira.

— Senhor, você me programou para reconhecer ironia e mentiras.

— Está bem, me desculpe!

— Desculpas aceitas, senhor.

Stark bufou e tornou a olhar para o estranho homem, que sorria, zombeteiro. O homem simplesmente descartou o sobretudo, revelando uma roupa verde com quatro orifícios dos quais brotavam os tentáculos. Se colocando de pé sobre os dois tentáculos ainda desocupados, o homem escapou do tiro e começou a trazer os dois tentáculos esticados de volta para perto de si. Ele estava prestes a dizer algo, quando um homem verde e amarelo de rosto vermelho surgiu do chão atrás dele. Antes disso, porém, Norman recebeu uma mensagem de seu mordomo.

— Senhor, a agente Hand faleceu.

— Droga. Agora teremos que esperar a S.H.I.E.L.D. fraquejar novamente. Mas falo com você depois, estou ocupado.

Na Mansão Osborn, Harry Osborn observava incrédulo Gwen Stacy na cama de seu pai. Vendo a pouca quantidade de roupas dela, concluiu que ela havia dormido com o velho Norman. Mas como? Talvez Mary Jane tivesse a resposta.

— Oi MJ, tudo bem? — disse quando ela atendeu.

— Sim, e você?

— É, nem tudo. Acho que meu pai dormiu com Gwen

— Espere, como?

— Ela está aqui, seminua, na cama de meu pai.

— Impossível. Gwen está aqui comigo, no pronunciamento de Tony Stark.

— Fale com ela sobre isso, então. Não entendo como isso é possível, mas tudo bem. E como estão as coisas aí no pronunciamento?

— Na verdade, péssimas. Por isso mesmo vou ter que desligar. É urgente e...

Então, algo horrível aconteceu. Provavelmente, pois ela gritou e deixou de responder os chamados de Harry. Preocupado, ele desligou o telefone e saiu do quarto, deixando a porta aberta e Gwen descoberta. isso foi um erro, pois, mais tarde, Emily Osborn entraria naquele quarto e encontraria a jovem seminua na cama.

Um táxi estava parado diante da clínica de Linda Carter. Seu motorista era Jake Lockley, e ele vira Jessica Jones entrar lá. Pensou no uniforme que tinha guardado no porta-luvas, mas hesitou. Jessica Jones precisava de um empurrãozinho, mas será que valia o risco de vestir o uniforme de dia?

Era um uniforme branco, mas a diretora Jones era esperta. Fora que as chances de ele entrar despercebido na clínica eram mínimas. E podia haver a presença dos Defensores, como ele iria saber? Mas era improvável. Tão improvável quanto o fato de Jessica Jones não atacá-lo. Claro, ele a ajudara em Washington, mas ela nem o vira. Apenas Wong o vira.

Não, deveria agir apenas de noite. Além de conseguir passar despercebido, a noite tinha outro privilégio. Se lutasse de noite, a lua o protegeria.

Norman viu quando o homem, que ele agora já tinha certeza que era Otto Octavius, escapou dos socos de Visão, dos tiros de Rommanoff e Fury, dos disparos de Stark, Pepper e do próprio Norman e das flechas de Barton. Estremeceu ao ver Octavius agarrar uma garota ruiva. Não era qualquer garota ruiva. Era Mary jane Watson, namorada de seu filho.

Visão, que era mais rápido, voou atrás de Octavius que, com passos grandes e velozes, acelerava pelas ruas e esmagava carros. Escutando os gritos da jovem Mary Jane Watson, se sentiu obrigado a salvá-la. Quando Otto Octavius chegou em um píer, porém, viu que era tarde demais.

— Lembrem-se de mim, Vingadores — disse ele enquanto os outros Vingadores chegavam ao lado de Visão. — Eu sou o Doutor Octopus!

Com essas palavras, o Doutor Octopus mergulhou na água, levando consigo Mary Jane Watson. Se sentindo culpado, Visão se voltou para Stark.

— Me desculpe, senhor Stark. Eu falhei.

— Que nada, Visão. Clint, conte a ele.

— A flecha que eu acertei em Octopus não apenas eletrocutou-o, mas também deixou nele um rastreador. Ou seja — disse ele quando mostrou um pendrive preto —, podemos rastreá-lo em qualquer computador da S.H.I.E.L.D. desde que tenhamos isto.

— E o que estamos aguardando?

— Ah, não, nós não iremos atrás dele.

— Como não, senhor Stark?

— Fury disse que tem uma equipe para isso. Nós, porém, vamos atrás do Homem-Aranha. Venha, temos que nos encontrar com os outros.

Retornaram à prefeitura, entregando o pendrive para Nick Fury e pedindo desculpas ao prefeito Hollister. Em seguida, partiram para a Torre dos Vingadores, outrora conhecida como Torre Stark.

Mais tarde, quando o sol já se punha no horizonte, Nick Fury, Maria Hill, Phil Coulson e a cientista da S.W.O.R.D. Carol Danvers estavam em uma sala do Triskelion, observando a equipe que partiria em busca de Otto Octavius. Eram eles: Capitão América, Agente Americano, Falcão, Vespa (não Janet, mas sim a filha dela e de Hank Pym, Hope), Homem-Formiga (não Hank Pym, mas Scott Lang), o outro Homem-Formiga (este sendo Eric O'Grady) e Golias (o antigo guarda-costas de Hank Pym, Bill Foster).

— Secretário-geral Fury, quem enfrentaremos nessa missão? — perguntou Bill Foster.

— Além de Otto Octavius? Bem, a S.H.I.E.L.D. acredita que ele esteja em companhia de Samuel Sterns (o Líder) e Franklin Hall (o Graviton). Mas há um perigo a mais. A agente Carol Danvers, da S.W.O.R.D., explicará.

— Olá, equipe. Sou Carol Danvers. O "perigo a mais" do qual Fury falou pode não estar lá, mas devemos nos precaver. É o seguinte: segundo nossa melhor agente, Abigail Brand, houve um roubo em uma de nossas bases secretas. Um frasco que continha um simbionte preto de origem alienígena começou a flutuar, sendo levado pela força gravitacional, e foi levado para longe da Área 51.

— Área 51? — perguntou O'Grady, rindo. — Isso realmente existe?

— Sim, existe. A S.W.O.R.D. começou a atuar na Área 51 do exército há dois anos.

— Conte mais sobre o simbionte — pediu Sam Wilson, o Falcão.

— É, está bem. O simbionte apareceu para a S.W.O.R.D. meses depois da aquisição da Área 51. A origem dele é certamente alienígena.

— Ele é como o Carnificina? — perguntou John Walker, o Agente Americano.

— Não. Carnificina era um simbionte artificial, compreende? Por isso mantinha uma relação perfeitamente simbiótica. Isso significa que o senhor Kletus Kasady não fazia nada que já não quisesse fazer. Mas o simbionte em questão tem ações diferentes. Ele não estabelece uma relação simbiótica propriamente dita, pois domina seu hospedeiro ao seu bel-prazer e controla as ações do mesmo.

— Ele é perigoso. Mas acredito que Graviton e Líder também sejam — continuou Walker.

— Sim, é verdade — disse Fury. — Testemunhei Graviton matando o Barão Zemo. Ele é impiedoso. E louco.

— Qual o nome da equipe? — perguntou Scott Lang.

— Pensei em manter Vingadores, já que todos vocês o são. Alguns não oficialmente, claro — disse Fury.

— Vingadores Secretos — sugeriu Coulson.

— Gostei do nome — disse Carol.

— Partirão amanhã pela manhã, para que tenhamos certeza da localização da base deles — informou Fury. Ele cochichou algo para Maria Hill, que concordou.

Capitão América tomou a palavra.

— Somos os maiores heróis da Terra. Nenhum simbionte nos impedirá, jamais. Avante, Vingadores Secretos!

Os membros da equipe bradaram em comemoração, logo em seguida saindo da sala. A sós, Steve Rogers se aproximou de Fury.

— Ele não estava em condições de integrar a equipe, Steve.

— A lavagem cerebral da Hidra foi tão forte assim?

— Não foi lavagem cerebral — disse Danvers. — Apagaram as memórias dele, tornando-o influenciável.

— O Bucky Barnes que eu conheci nunca se curvaria perante a Hidra.

Assim, Capitão América deixou a sala.

Em uma sala de vidro da Torre dos Vingadores estavam os próprios. Doutor Estranho, Homem de Ferro, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Thor, Máquina de Combate, Patriota de Ferro, Visão, Resgate e Hulk (ainda como Bruce Banner) fitavam uns aos outros em silêncio.

— Como está sendo a adaptação de Jennifer? — perguntou Tony, quebrando o silêncio melancólico.

— Ótima, por sinal. Ela está adorando trabalhar com Matt, Foggy e Karen.

— Que bom.

Mais silêncio. Desta vez, porém, foi Stephen Strange quem quebrou o silêncio.

— Como pretendem encontrar o senhor Parker?

— Simples. Seguiremos a armadura Aranha de Ferro. Ela foi programada para rastrear Peter.

— E como pretende seguir uma armadura em pleo Atlântico?

— Simples.

Uma porta de garagem se levantou atrás de Tony, revelando uma quinjet com o símbolo dos Vingadores.

— Com vocês, a quinjet dos Vingadores.

BÔNUS

— O que faz aqui, Ronan?

O Supremo Acusador Kree caminhava em volta da cabeça flutuante.

—O mesmo que vocês, imagino.

— Procurando Thanos? Você também precisa fazer isso?

— Não, senhor Quill, não preciso procurá-lo. Estou dizendo que minha nave também foi engolida por Ego.

— Ego?

— Sim, o planeta. Seja bem-vindo a Ego, o Planeta-Vivo!

— Eu sou Groot?

— Ele perguntou se isto é um cérebro — esclareceu Rocky.

— Sim, este é o cérebro de Ego. Vocês entraram pelo nariz, acredito.

Peter Quill pensou na lama e nos dois túneis.

— Eca! Fomos levados por uma onda de muco!

Ronan riu, irônico.

— Sim.

— E onde estariam os nossos amigos?

— Acho que Ego pode responder isso.

A cabeça se virou para eles.

— Eu os devorei!