Sentado amarrado no pequeno hangar dos X-Men, o Mandarim observava cada um deles. Estava cantando uma música em chinês para disfarçar suas observações cruéis, mas pareceu chamar a atenção de Bobby Drake, o Homem de Gelo.

– Dá uma olhada, Kitty. Aprendi a falar chinês há alguns anos – e então se voltou para Justin Hammer – Kumio takai simio shiyn?

– Que língua exatamente você pensa que está falando, senhor? Devo ficar ofendido?

Kitty Pride riu.

–Gostei desse cara!

Bobby se virou para ela, envergonhado. Sorrindo, Khan olhou para o lado. O enorme rinoceronte no qual Fin Fang Foom havia se transformado roncava pesado. O Mandarim olhou para a hora em seu relógio de pulso, concentrou seus pensamentos nos seus anéis, e destruiu a corda que o amarrava. Em vez de levantar, porém, se abaixou no canto em que estava. E os X-Men gritaram.

Pelo buraco do hangar, todos puderam ver o Aeroporta-Aviões da S.H.I.E.L.D. cair no mar. Isso era surpreendente, pois tudo indicava que ele ia se chocar com a cidade. Graças ao Mandarim e seus anéis, porém, não. De repente, tiros entraram pelo buraco. Do lado de fora, um helicóptero verde da Hidra disparava contra os mutantes.

A porta do helicóptero se abriu. Pulando por ela, a Víbora, o Saltador, Laser Vivo, o Soldado Invernal e o Barão Zemo aterrizaram no pequeno hangar. Ossos Cruzados ficou na porta, disparando, e, muito provavelmente, o Cavaleiro Negro ficou pilotando.

– Herr Hammer, estamos aqui para resgatá-lo – disse o Barão Zemo.

–Pena que não conseguirão! – gritou Ororo Munroe. – Fera, Lince Negra, Jean. Levem Xavier para o Cérebro. Encontrem novos mutantes. Ciclope, Homem de Gelo. Vocês ficam comigo.

Bobby criou algumas rampas de gelo pelo lugar. A Tempestade usou os ventos para aprisionar Hammer e Foom em um canto, enquanto Ciclope aproveitava um curto espaço de tempo para escolar Kitty, Henry, Jean e Xavier para o corredor da Sala X.

Assim que as portas se fecharam, algo pulou em cima de Scott. Sua pele era cheia de verrugas e um tanto esverdeada, e seus cabelos eram pretos e compridos.

–Mortimer! – gritou Ororo.

O Groxo desceu de cima de Summers e correu na direção da Tempestade. Ela sorriu, mas ele passou direto por ela. Chegou até o Mandarim e o soltou.

– Sabia que você viria, garoto.

Mortimer Tonybee sorriu e esticou sua língua, se erguendo para o teto. Entrou entre os canos e sumiu. Boquiaberta, Ororo Munroe andou para trás. O Mandarim arrumou seu terno e riu.

– Pensou que ele voltou para ajudá-los? Ele nunca gostou de vocês. Vocês, X-Men, falavam sobre lugares onde mutantes e humanos convivem juntos. Infelizmente, esses lugares nunca existirão. Mas falei com um amigo meu. Max... Ah, não. Fiz confusão. O nome dele é Erik Lehnsherr. Ele governa uma nação de mutantes chamada Genosha. Acho que Xavier deve conhecê-lo melhor como Magnus. Ou Magneto. Ele vai aceitar Tonybee sem problemas entre os seus.

Khan caminhou até o Barão Zemo e sussurrou algo para este. Em seguida, pulou para dentro do helicóptero. Laser Vivo pulou em Ororo com seus chicotes, enquanto a Víbora e o Saltador iam em Scott Summers. O Soldado Invernal disparava em Bobby, que apenas surfava em volta deles.

Dentro do helicóptero, Justin Hammer sentou ao lado de Matt Garret.

– Sabe se Anton está dando conta de Osborn e Stark?

– Ele não nos reportou ainda, senhor. Nem Ivan.

– Ah, e Strucker? Ele suspeita da traição de Helmut?

–Nem imagina.

– Perfeito. E Aldrich? Derrotado?

– Sim. Ah, e o corpo de M.O.D.O.K. foi encontrado no oceano e transportado para sua base na Califórnia.

– Melhor ainda. Agora só falta transformar Aldrich no novo M.O.D.O.K., pelo que vejo. Sabe, nunca acreditei no potencial de George Tarleton como Aldrich fazia.

– Também não. A propósito, Giorgio ligou atrás de Strucker e Killian. Me passei por um soldado qualquer e marquei o encontro entre Killian, Strucker, Owlsley e Fisk para amanhã. Adivinha aonde? Malibu.

– Estou impressionado, meu caro. Notícias sobre Whyndam?

– Surgiu o primeiro registro sobre o Alto Evolucionário. O Boletim.

– Acha que Herbert pode ser um problema?

– Não. Ele admira muito o senhor.

Com o auxílio de Norman Osborn, Tony Stark venceu o Dínamo Escarlate. Como não sabia o que fazer com aquele russo desmaiado em uma enorme armadura vermelha, preferiu levá-lo junto para Malibu. Se reuniu na Torre Stark com Pepper, Peter, May, Gwen, Mary Jane e o próprio Norman (que resolvera convidar, junto com o filho) e esperou por Murdock. Alguns minutos passados, uma enorme limusine preta se juntou a eles.

Custava crer para acreditar que Matt Murdock estava ali. Talvez Tony tivesse preferido que fosse só ele, mas não era. Stephen Strange desceu da limusine, seguido por Matt Murdock, um mordomo calvo, um homem de terno e uma mulher loira.

– Tony Stark! Faz muito tempo que não nos vemos, não é mesmo?

– Stephen. Não sei se sorrio ou choro ao ver você.

– Sorria! Tenho um meio de transporte muito mais eficiente para levá-los para Malibu.

– Uma limusine? – perguntou Peter.

– Oh, claro que não. Magia!

Um tornado de cores os cercou, e, quando tudo normalizou, estavam em uma praia. A água da costa oeste americana batia aos pés deles.

–Oh, Malibu, minha terra adorada! – gritou Tony.

Pepper Potts suspirou, cansada.

Na sala reservada para o Cérebro, Henry McCoy trancava a porta com alta tecnologia. Jean Grey e Kitty Pride ajudavam o Professor Xavier a sentar-se na cadeira equipada com um capacete prateado, o Cérebro. Ajeitaram o aparelho na cabeça calva do professor e aguardaram os resultados.

– Anotem tudo – pediu Xavier. O Fera pegou um bloco de notas. – Piotr e Ilyana Rasputin. Moscou.

McCoy anotou.

–James Howlett. Madripoor. Remy LeBeau. Paris. Emma Frost. Londres. Anne Marie Raven. Vancouver. Lucas Bishop. Berlim. Roberto da Costa. Rio de Janeiro. Santo Vaccarro. Roma. Kurt Wagner. Cidade do México. Jubileu Lee. Sidney. Por enquanto só esses, Henry.

Só?, pensou Mortimer Tonybee em meio aos canos no alto da sala. Felizmente tinha boa memória e poderia dizer com certeza para o Magneto os nomes e localizações de todos.

Um homem de óculos escuros estava sentado em um banco no Central Park. Seu nome era desconhecido por todos ao seu redor, exceto por aquele homem que se aproximava. Wilson Fisk.

– Leland Owlsley, meu velho amigo! –exclamou Fisk ao vê-lo.

O Coruja, assustado, puxou o colarinho do sobretudo mais para cima e se inclinou na direção de Fisk, cochichando.

– Quieto, Wilson! Eles podem te ouvir!

–Acha que eu me importo com eles?

– Você não tem medo da S.H.I.E.L.D.? Ficou louco?!

– Sou apenas realista, não louco. Não existe mais S.H.I.E.L.D., Coruja. Como Kletus Kasady previu, a era da A.K.A. começou.

– Como Kletus Kasady previu, a era da A.K.A. começou.

Assistindo atenciosamente às imagens da tela, um homem corcunda endireitou-se em sua cadeira. Ele riu ao perceber que nem Owlsley nem Fisk sabiam quem estava os monitorando realmente. Meus amigos, a hora de nos reencontrarmos está mais próxima do que nunca. Se permitiu rir alto e histericamente em sua pequena base secreta como nunca fizera antes. O medo nos olhos do Coruja e a coragem cega nos olhos do Rei do Crime o alegraram como nunca antes.