O doutor Bruce Banner estava trabalhando em seu laboratório havia dias. Aquele era o único lugar em que estava seguro. Apenas ele e Nick Fury sabiam como entrar em seu laboratório secreto. A S.H.I.E.L.D. dera aquele antigo bunker para ele em forma de agradecimento por uma pesquisa. Bruce acreditava que eles não sabiam sobre o Hulk, mas no fundo ele sabia que não era verdade.

Uma semana atrás, o General Ross havia colocado o esquadrão Anti-Hulk em movimento. A casa de Banner fora completamente destruída, e ir para seu laboratório foi a única opção de Bruce. Estava pesquisando uma forma de eliminar o Hulk de uma vez por todas. Queria ser apenas Bruce Banner.

Naquela tarde, havia terminado de recriar o soro que o transformara em Hulk. Mas havia algo de assustador nisso: a forma como conseguira recriar o soro. Banner usara o próprio sangue. Expondo ele a uma radiação gama elevada, observou o próprio sangue se transformando em sangue do Hulk. E aquele frasco de sangue do Hulk, quando o DNA de Banner foi removido, se transformou no mesmo soro que Bruce criara em sua adolescência.

Não foram necessários testes; Banner reconheceu o soro que, anos atrás, fora sua desgraça. Agora só faltava encontrar uma maneira de reverter o efeito do soro. Metade do caminho andado, pensou Banner. Foi quando alguém bateu na grande entrada de metal do bunker. Fury, concluiu Bruce. Apertou o botão que iria abrir a porta. Quem entrou, como ele imaginou, foi o diretor da S.H.I.E.L.D., Nicholas Fury.

– Doutor Banner.

– Nick Fury. O que faz aqui? Você tinha me prometido que a S.H.I.E.L.D. ia ficar longe do meu laboratório...

– Tempos difíceis exigem medidas drásticas. Doutor, você sabe o que é a Balsa, não?

– Sim. A prisão mais segura de todos os tempos.

– Exato. Ontem, pela primeira vez, houve uma fuga bem-sucedida.

– E que vilão seria tão inteligente para fugir da Balsa?

– O Barão Zemo. Mas ele não fugiu sozinho. A H.I.D.R.A. enviou seus mais fortes agentes para ajudá-lo. Víbora, Ossos Cruzados e Baltroc, o Saltador.

– Onde você quer chegar com isso?

– Precisamos de heróis para proteger a Terra. A S.H.I.E.L.D. entrou em estado de alerta. Vamos convocar os Maiores Heróis da Terra. Aqueles que vão nos vingar. Aqueles que vão nos defender. Aqueles que vão fazer a justiça. Hulk, você está sendo recrutado para os Vingadores. Venha salvar o mundo, Bruce Banner.

Banner olhou para a parede. Cerrou os punhos com força, chegando a machucar o pulso com suas unhas.

– Eu não posso confiar na S.H.I.E.L.D. – disse, meio que para si mesmo.

– E por que não? – perguntou Fury.

– Quando o esquadrão Anti-Hulk me atacou... Havia dois agentes da S.H.I.E.L.D. com eles. E não estavam do meu lado.

Nick sabia que era verdade. Alexander Pierce insistira que a S.H.I.E.L.D. participasse disso. Ele enviara Clint Barton e Natasha Romanoff para auxiliar o esquadrão Anti-Hulk. Fury suspeitava que Pierce estivesse tramando algo com o General Thunderbolt Ross, mas não podia provar nada.

– Como posso saber que você não trouxe Ross com você? – perguntou Banner.

– Acho que vai ter que confiar em mim – disse Fury.

– Confiança, diretor Fury, é relativa.

– Eu concordo. Mas saber em quem confiar é uma virtude.

Banner ponderou o assunto.

– Sem jogos de palavras, Fury.

– Dr. Banner...

– Cale-se! Eu cansei de pessoas como vocês. Se aproximam de mim e me apunhalam pelas costas!

Fury suspirou.

– Você não me deixa escolha.

Uma das paredes de pedra do bunker explodiu. Do lado de fora, uma quinjet da S.H.I.E.L.D. voava, mirando Banner.

– Não façam isso – disse Banner, enfiando as unhas em uma mesa de madeira ao seu lado. – Não despertem o Hulk.

Era tarde demais. Se jogou no chão, tremendo, e sua pele começou a esverdear. Sua coluna se esticou, deixando-o mais alto e rasgando a sua camisa. Seus braços e pernas ficaram mais fortes e grossos. Fury olhou nos olhos de Banner e não mais viu um cientista brilhante. Viu um monstro impiedoso e cruel. Viu uma fera capaz de destruir tudo. Viu o Hulk.

– Dr. Banner, espere. Por favor. Não tome decisões precipitadas...

Tudo o que recebeu em troca foi um rugido furioso.

– Não dispare – gritou para o agente na quinjet. – Eu sou Nick Fury, diretor da S.H.I.E.L.D., e ordeno um cessar-fogo.

Com essa ordem, o vidro do quinjet abriu. Dentro dele, quem estava era um conhecido de Banner e de Fury.

– Nicholas Fury – ele sorriu.

– Thunderbolt Ross.

O General Ross se virou e sussurrou algo para alguém atrás dele. Logo, entrou na quinjet e um piloto do esquadrão Anti-Hulk assumiu o comando. A rampa da quinjet desceu, ligando a nave ao bunker. Por ela, Ross desceu com dois soldados.

– Entregue-se, Hulk.

Os soldados dispararam no Hulk. Surpreendentemente, a fera não atacou. Em vez disso, o Hulk pulou pelo buraco e saiu de dentro do bunker.

– Ótimo – disse Ross.

O General pegou algo encima da mesa. Era o soro do Hulk que Banner recriara.

– Soldados, preparem o soro para injeção.

– General Ross – disse Nick Fury – não faça isso.

– Você vai tentar me impedir?

– Não.

– Imaginei. A S.H.I.E.L.D. não quer mais problemas com o governo, imagino.

O soldado voltou com uma injeção. Ross se prendeu a uma cadeira com cordas (que encontrou em um canto do laboratório), e arregaçou a manga para receber a injeção.

– Faça.

O soldado enfiou a injeção no braço de Ross, evitando ver. Pressionou a seringa para colocar todo o soro no sangue de Ross e descartou-a. Ele e o outro soldado guiaram Fury para a quinjet rapidamente, observando Ross do topo da rampa, quase dentro da aeronave. O General começou a se contorcer, e com uma força surpreendente rompeu as cordas. Como acontecera com Banner, ficara mais forte e mais alto. Mas, desta vez, a pele dele ficou vermelha.

– EU SOU O HULK VERMELHO! – bradou, furioso.

– General... – gaguejou um soldado, deixando sua arma cair.

– Diga olá ao General Hulk – disse o outro, tirando seu capacete. Apontou sua arma para Fury, pegando a que caíra no chão e apontando para o soldado. – Salve H.I.D.R.A., diretor Fury.

Fury quase caiu para trás. Reconheceu aquele rosto. Era quase impossível, mas aquele era o Caveira Vermelha original.