Isso é um Yuri escrita por Leo Guedes


Capítulo 6
Capítulo 6- As Respostas de Sarah


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Boa leitura...



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O dia estava começando com o frio de sempre enquanto Sarah tomava banho, mas seu coração batendo euforicamente deixava o sangue em suas veias quente e consequentemente seu corpo também. Só mais um dia e poderia assumir seu verdadeiro eu para o mundo.

Como sempre, lastimou a hora de se vestir, aturou a implicância de Jack e ouviu a chuva de "hey, viadinho" pelos corredores, mas nada iria tirar sua empolgação.

Último dia de Josh Arthur Lockart.

Cumprimentou Jamile com um beijo e fez menção de se afastar, mas ela segurou seu braço e sussurrou em seu ouvido "na hora do almoço, fica na sala. Quero conversar com você, Sarah". "Tudo bem" murmurou de volta e se encaminhou para seu lugar.

A aula não foi estressante e o tempo não passou muito rápido nem muito devagar, tudo estava na devida ordem quando o horário do almoço chegou, fazendo os alunos saírem da sala atropelando uns aos outros como se fossem uma manada de bois, exceto por Jamile e Sarah que apenas esperaram a total privacidade para começar a conversar.

–Não se arrependeu de ontem, né?

Não mesmo. Só tenho algumas dúvidas que gostaria de suprir.

–Perfeitamente compreensível, eu também teria nessa situação. Pode perguntar.

–Você tem sonho de fazer faculdade, né? Isso... An... Seu estilo de vida vai te permitir realizar o seu sonho?

–Bom, nessa cidade ainda estão em processo de aprovação os projetos que permitem a utilização de nome social...

–Nome social?

–É o nome que pessoas como eu, que não se identificam com o gênero atribuído ao nascimento, escolhem usar.

–Ah. Continua.

–A utilização do nome social nos documentos internos como lista de chamada, carteira de estudante, etc. e o nome de registro somente nos diplomas. Mas fiz pesquisas fora também e você já sabe onde realmente quero me formar, o que você não sabia era que eu queria porque, além é claro de ser uma faculdade excelente, eles já adotam essas práticas com alunos transexuais.

–Você não tá falando da...

–Columbia. Sim.

–Eu digo que vou ficar do seu lado quando você se assumir e você conta que vai me abandonar quando for pra faculdade? Isso é sério, Sarah?

–Não disse isso. Quero que você faça o que realmente quer fazer ou invés de "uma profissão segura". Quero que venha estudar comigo na Columbia.

–Tá doida? Sabe o quão instável normalmente é a vida de um fotógrafo?

–Sabe o quão instável é a vida de uma transexual? Entenda, essa minha decisão de me tornar a mulher que sempre me senti por dentro não é simples, eu vou enfrentar muita coisa só pra ter o direito de ser como sou. Eu quero que faça o mesmo, Jamile. Eu sei o quanto você ama fotografar e isso já é parte de quem você é. Fazer outra coisa é matar a verdadeira Jamile um pouquinho a cada dia.

–Woah. Você tem muita coragem.

–Me sinto mal desde os quatro por não poder ser eu por não ser "normal", com profissão é bem mais sutil que com gênero, mas eu sei como é ruim.

–Certo. Eu vou pensar sobre a Columbia. Tenho outra dúvida.

–Pode perguntar.

–E quanto ao nosso futuro? Planejamos nos casar e...

–Ainda vamos. Depois que eu fizer a cirurgia, vou poder assinar a certidão de casamento como Sarah Lockart*. Podemos nos casar no Canadá como um casal homo afetivo normal.

–Você pensou em tudo, né

–Eu precisava fazer essa pesquisa depois que começamos a namorar. Como te disse, não queria abrir mão de você e também não queria abrir mão dos nossos planos, caso você me aceitasse.

–Claro que ia aceitar. Eu te amo.

–Mas tem que admitir que não é uma decisão fácil.

–Nada na vida é fácil. Mas o amor é uma das coisas extremamente complicadas que vale a pena. Mas por falar em difícil, como vai ser pra mudar seu nome pra Sarah oficialmente?

–Muita burocracia. Muita mesmo. Só por precaução vou querer filhos com nome unissex tipo Taylor, Dominique, Spencer, Frankie ou Joey.

–Frank e Joe não são unissex.

–São se você escrever com y ou ie.

–(risos). Quando adotamos uma criança, ela já tem nome, não?

–An... Adotar?

–É. Quer dizer. Você produz esperma tomando hormônio feminino?

–Produzo. O meu corpo continua produzindo hormônio masculino apesar de eu tomar os femininos porque sou fisiologicamente homem.

–Ah. Tá certo. Mas... Você já deixou claro que pretende tirar o... O seu... O Joshinho.

–Sim, em meados do ano que vem. Mas antes disso, vou criogenizar o meu esperma pra quando estivermos prontas pra ter filhos, eles serem biologicamente seus e meus.

–Mas quanto tempo esse esperma pode ser mantido, não quero ser mãe tão nova, quero curtir um pouco a vida antes.

–Não se preocupe. Segundo as minhas pesquisas, não há um tempo determinado pra durabilidade do esperma criogenizado, mas há casos registrados em que o esperma foi usado após até 28 anos e tudo deu certo.

–Uau. Você pensou em tudo mesmo.

–Sim. Uma mudança pra vida toda, tem que ser planejada nos mínimos dos mínimos detalhes. Mas enfim, a gente pode ir comer? O fim do almoço tá pra chegar e você sabe como fico quando to com fome.

–Sei. Melhor a gente ir logo então.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nada contra favoritos e recomendações...
xoxo
Atenciosamente, Déborah Santana...



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