Isso é um Yuri escrita por Leo Guedes


Capítulo 12
Capítulo 12- Igualzinho


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Chegando bem pertinho do final...
Enfim, boa leitura...



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Uma vez por semana, Jamile estava dormindo no apartamento com Sarah, pois a castanha não estava habituada a viver sozinha e a companhia da loira lhe fazia sentir melhor. O combinado era que Jackson e Mary fossem àquele condomínio ao menos duas vezes por semana, mas na terceira semana foram três, na quarta também, na quinta foram cinco e daí em diante passaram a fazer uma refeição juntos todos os dias, sendo no apartamento de Sarah ou em The Lockart's House, o que deixava a castanha muito feliz.

Aquilo provava que mesmo se vestindo como se vestia, agindo como agia e sendo como era, continuavam a ser uma família, mesmo que ainda fosse chamada de Taylor e, em raríssimas ocasiões (devido às roupas), acidentalmente de Josh por Mary.

Já seu relacionamento com Jack estava indo de bom para ótimo desde a conversa na detenção, se soubesse disso antes teria se assumido para o caçulinha muito mais cedo.

Jackson e Mary tiveram uma conversa muito tensa sobre o motivo pelo qual o garoto havia sido privado de uma informação tão importante quanto aquela (a adoção), mas depois de ficar três dias emburrado e finalmente começar a pensar sobre o assunto, Jackson acabou entendendo o lado de sua mãe e a perdoou.

Agora, três meses depois da mudança de Sarah, todos os Lockart e Jamile estavam sentados ao redor da mesa redonda do apartamento comendo pizza e tomando Fanta Uva. As risadas dos três adolescentes ecoavam pelo apartamento 3F devido às brincadeiras de Jack e Sarah, mas Mary estava quieta. Não de um jeito triste, ela apenas estava pensativa enquanto observava os filhos e a nora.

Josh parecia tão mais feliz e normal ali com aquelas roupas femininas estilosas que em qualquer momento em sua vida de menino e Jack simplesmente parecia amar e respeitar muito mais o irmão agora que era irmã do que qualquer outra época de sua vida, embora ainda fizesse piadinhas com ele/a o tempo todo, não era mais para ofender, apenas para zoar e era instantaneamente retribuído tornando aquilo um ritual que durava horas e fazia Jamile morrer de rir.

E Jamile? Parecia tão apaixonada e feliz como se nada de relevante tivesse acontecido para abalar a relação. Alias, Mary já havia entendido que para a loira aquilo realmente não importava, ela o amava exatamente como ele havia decidido ser.

E Josh? Ou, no caso, Sarah. Ou, em seu caso, Taylor. Bom, ele continuava sendo inteligente, educado, respeitoso, amável, dedicado zos estudos, prestativo, sensível e talentoso com seus textos.

O que estava diferente? Seu modo de vestir, a voz que não forçava mais a sair mais grossa do que realmente era, o humor já que estava mais feliz e extrovertido por não ter mais medo de se mostrar. E, é claro, o nome pelo qual preferia ser chamado/a.

Mary sempre soube, no fundo de íntimo ela sempre teve noção de que seu menininho de ouro era diferente, mas o namoro com Jamile definitivamente não parecia nem um pouco ser uma fachada, então Mary se deixou convencer de que o menino era apenas tímido e retraído, mas nunca acreditou 100% nisso.

Então quando Josh entrou em seu quarto naquela noite, o primeiro pensamento que veio a sua mente foi "Aceite, Mary, você tem um filho gay". Seria um baque? Mas é claro que sim! Sinceramente ninguém quer realmente ter um filho gay, mas já estava preparada para isso e decidida a aceitá-lo.

Porém o choque de descobrir que seu menino era transexual, E PIOR, já estava em tratamento hormonal em suas costas há anos para se tornar uma mulher de fato foi forte demais para suportar imediatamente.

Mas depois desses meses, observando a vida da autointitulada Sarah Lockart, Mary refletiu dia após dia e noite após noite. A única diferença era a aparência e a felicidade dele/a.

Mary observou atentamente Jamile também. Ela, que era apenas a namorada, amava-o de tal forma que o aceitava sem nenhum protesto e respeitava o desejo dele de ser chamado de Sarah. Porque ela, Mary, que era a mãe não podia aceitar isso? Afinal, a única coisa que ela realmente sempre desejou para o filho foi que o mesmo fosse feliz. E desse jeito, ele estava sendo.

–Taylor. –chamou abruptamente, interrompendo as risadas à mesa.

–Sim?

–Eu preciso conversar com você.

–Agora?

–Sim, imediatamente.

–An... Okay.

Sarah levantou e conduziu Mary a um cômodo vazio onde seria o quarto se a adolescente tivesse levado sua cama ou guarda-roupa para o 3F.

–Pode falar, mãe.

–Bom. Daqui a duas semanas você e o Jack entram de férias, certo?

–Andei ajudando Jackson a estudar, então provável sim, ele e eu entramos de férias em duas semanas.

–E daqui a uns dois meses, dois meses e alguma coisa você vai pra faculdade, certo?

–Isso mesmo. Columbia, como sempre sonhei.

–Quando você for pra faculdade, Jack e eu vamos passar meses a fio sem te ver, talvez alguns anos.

–Bom, eu tenho Skype, então...

–Você me entendeu.

–É. Vamos passar um tempo sem jantar em família.

–Eu odeio ficar longe de você, por isso venho aqui todo dia. Então eu queria te convidar pra fazer uma viagem comigo e seu irmão nas férias como uma despedida antes da faculdade.

–Bom, eu... An... Eu adoraria.

–Essa viagem, na verdade, não seria só uma despedida, seria uma reconciliação. Eu quero começar a fazer parte da sua vida, a vida que você escolheu. Embora não tenha sido o futuro que eu imaginei pra você, eu só quero que você seja feliz. Eu sei que a sua vida daqui pra frente não vai ser nada fácil, mas eu vejo pelo seu olhar - e pelo corpo que você criou com hormônios - que a decisão já está tomada e você não vai voltar atrás. Você vai precisar do apoio das pessoas que você ama e por te amar também eu vou ficar do seu lado mesmo que seja difícil pra mim.

Sarah desde o começo do discurso de Mary já sentira os olhos ardendo e naquele momento as lágrimas de emoção banhavam suas bochechas naturalmente rosadas e tudo o que conseguiu fazer foi se atirar nos braços da mãe e apertá-la como se ela fosse sumir se a soltasse, mas aquilo era muito intenso para não ser real.

–Eu te amo, mamãe. –Sarah finalmente conseguiu murmurar depois de algum tempo naquele abraço.

–Eu também de amo. Te amo muito, Sa... Sarah.

Do lado de fora da porta, Jamile e Jack desencostaram o ouvido da madeira e fizeram um hi5 o mais silenciosamente possível. As coisas estavam indo pelo caminho certo e parecia que a vida de Sarah, embora difícil, poderia sim ser muito feliz.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Emoções como estão?
xoxo
Atenciosamente, Déborah Santana...



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