Isso é um Yuri escrita por Leo Guedes


Capítulo 10
Capítulo 10- Entenda, Eu Preciso Desse Espaço


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Enfim, boa leitura...



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O segundo dia de Sarah na escola foi tranquilo até, mas como Jamile era muito popular, logo a notícia de quem seria aquela garota se espalhou pela escola, parando nos ouvidos de Jack que quis tirar essa história a limpo.

–QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA?!?!?!?! –o garoto gritou empurrando o ombro de Sarah na hora do almoço.

–Me deixa em paz, Jackson! –a garota replicou levantando da cadeira e olhando nos olhos do irmão, sem se intimidar com os músculos ou o tamanho dele.

–E o que você vai fazer, viadinho?

–Eu não sou viado, sou uma garota! Não quero brigar com você, Jackson. Vai Embora.

–Tá com medo de apanhar, princesinha?

–Só não quero te machucar, irmão.

–Você não é meu irmão. E eu não vou apanhar de um viadinho.

–Sou sua irmã, Jack. Ultima chance pra você ir embora que eu arrebente a sua cara de mauricinho.

–Então vem pra cima, sua bicha.

Jackson não sabia que Sarah praticava artes marciais desde os 14 anos, então foi pego desprevenido pela habilidade de sua irmã, superior a sua força.

Mas a briga não durou muito, William Hester High School era um colégio muito rígido e logo os coordenadores haviam separado a briga e arrastados Jack e Sarah para a diretoria.

Depois de muita insistência de Sarah, a diretora decidiu não chamar Mary para falar sobre o assunto e apenas aplicar uma detenção.

Depois da aula, Jackson e Sarah estavam sozinhos na sala de detenção, ninguém aprontava em WHHS e Jack teve muito tempo para digerir a própria raiva.

–Por quê? –disse de repente fazendo o som ecoar pela sala silenciosa.

–O que? –Sarah estava muito distraída pensando em Mary para entender o que o irmão tinha dito.

–Por que isso, Josh? Se você quer ser gay, tudo bem...

–Eu sou lésbica, Jack. Amo a Jamile do fundo do meu coração, então...

–Mas então o que diabos você pretende com isso?

–Não pretendo nada, só estou sendo eu mesma.

–Não te entendo, cara.

–Eu me sinto presa no gênero errado desde que aprendi a diferença entre meninos e meninas. Isso aqui não é enchimento, eu tomo hormônios desde os 12 anos e daqui a sete meses quando tirar o... Você sabe. Vou me sentir completamente eu de verdade.

–Você vai... Nossa, véi. Credo.

–Você diz credo porque se identifica com seu gênero. Imagine se um dia você acordasse preso num corpo feminino?

–Cara, vei. Não. Ia ser muito escroto.

–Eu me sentiria assim todo dia se não tivesse começado a tomar hormônios cedo, presa num corpo masculino. Só falta tirar o último item pra me sentir finalmente no corpo certo.

–Eu ainda to confuso com isso, mas eu nunca te entendi mesmo. Pelo mesmo agora você tem um pouco de sentido pra mim, Josh.

–Sarah. Por favor, me chame assim.

–Sarah é? De onde você tirou esse nome?

–Sarah Baker, 12 é Demais. Tava em dúvida entre Sarah, Jessica ou Kim, mas depois eu assisti Camp Rock e terminei de me apaixonar ela atriz. Foi meu primeiro amor e eu nem sabia na época.

–Haha. Sarah é minha favorita, tão pestinha. Mas diz aí, Sarah: se você é lésbica, por vai tirar o meninão? Ele não seria “útil”, digamos assim, pra você?

–Porque não me sinto eu com ele. Quando olho me dá até nojo.

–Então você não faz homenagens?

–Isso é pergunta que se faça?

–Qual é? Você não quer ser minha irmãzinha? Então vamos conversar.

Sarah sentiu as bochechas corarem, mas quando era Josh nunca tivera uma conversa tão à vontade com Jackson sem receber ao menos duas dúzias de insultos, então resolveu responder a pergunta.

–Faço. Como qualquer outro ser humano, sinto tesão e você sabe que depois de ficar muito tempo com aquilo rígido, começa a doer tipo muito, então às vezes tem que...

–Aliviar a tensão, to sabendo.

–Podemos mudar de assunto, por favor?

Sarah já estava parecendo uma pimenta e Jack soltou uma gargalhada antes de assentir.

–Então, an... Mamãe já sabe?

–Porque acha que não to dormindo em casa?

–Pra ela não descobrir?

–Não. Eu contei pra ela no meu aniversário e ela não tem querido me ver desde então.

–Ela brigou com você.

–Não exatamente. Ela só... Tá digerindo a informação.

–Tendi. Boa sorte.

Dois Dias Depois...

Jamile percebeu que Sarah estava nervosa. Sem a escola para ocupar sua mente, tudo o que conseguia pensar era no que Mary deveria estar pensando. Não aguentando mais ver a namorada andar de um lado para o outro, decidiu chamá-la para ir ao cinema. Sarah aceitou sem pensar duas vezes, o que seria melhor que pegar um cineminha com a namorada mais linda do mundo em um sábado à tarde?

Já no shopping, as garotas estavam rindo e conversando na fila da pipoca quando, de repente, o celular de Sarah vibrou no bolso. Ao olhar a tela, seu corpo paralisou instantaneamente.

–O que foi? –Jamile franziu a testa em confusão.

–Minha mãe tá me ligando. Não ouço a voz dela há quase cinco dias.

–Então atende logo, amor.

Sarah respirou fundo e passou o dedo pelo touch, levando o celular ao ouvido logo depois.

"Mãe?"

"Oi. An... Quero conversar com você pessoalmente. Pode me encontrar no McDonald's em 30min?"

"Ah... Claro."

"Então, an... Até mais?"

"Até"

A ligação foi encerrada por Mary e Sarah deixou o braço baixar devagar com uma expressão atônita no rosto.

–O que foi?

–Ela quer me ver daqui a meia hora no McDonald's.

–Isso é bom, né? –Jamile sorriu torto.

–Acho que sim. –Sarah sorriu também. –Como eu estou?

–Linda, oras. Você É linda.

–É sério, Jamile. Única vez que mamãe me viu foi com uma regata de dormir, não quero causar uma segunda impressão pior do que a primeira.

–Sarah Lockart, você tá linda. Tenha confiança, mulher.

–Okay. Você vai pra casa?

–Não quer que eu vá com você?

–Eu até gostaria que fosse, me sentiria menos nervosa, mas... Eu e ela precisamos de tempo sozinhas, entende?

–Entendo. Então vou pra casa.

–Eu te levo.

O shopping não era muito longe da casa de Jamile e a casa de Jamile não era muito longe do McDonald's, então Sarah chegou bem na hora, logo avistando sua mãe em uma das últimas mesas com um copo de milk-shake de morango pela metade. Aproximou-se cautelosamente e murmurou um "oi" timidamente.

Mary ergueu os olhos e contemplou a figura de Sarah, uma garota completa vestida com botas de cano médio, uma calça jeans azul clara e uma blusinha preta com uma xadrez aberta por cima, além é claro das pulseiras e um uma maquiagem leve.

–Sente-se.

–Sim senhora.

–Como tem passado, Josh.

–Sarah.

–Não força. –Mary fechou os olhos com força e virou a cabeça para o lado contendo o impulso de chorar, em seguida tornou a olhá-la. –Posso te chamar ao menos de Taylor?

–É unissex. Pode.

–Como tem passado, Taylor?

–Bem, an... Na medida do possível. E a senhora?

–Também.

–Então... Sobre o que quer falar comigo?

–Eu estive pensando muito sobre você esses dias que te pedi pra ficar fora e...

–E?

–Eu te amei, Taylor, desde que você era um bebezinho. Eu cuidei de você e te vi se desenvolver dia após dia. Eu sempre soube que você era diferente, não tinha como não notar. E eu continuei te amando mesmo assim. Mas...

–Mas?

–Mas eu sinceramente não estava preparada pra isso, Taylor. E não estou pronta pra conviver com você dia após dia agora.

–Onde quer chegar, mãe?

–Eu nunca te abandonaria, NUNCA. E sei que você não pode ficar morando na casada Jamile, então eu vou bancar um apartamento pra você.

–Você quer que eu more sozi... Que eu more só com apenas 18 anos de idade?

–Não é bem assim. É só por um tempo enquanto me acostumo com... Você.

–Por um tempo? Esse é meu último ano, no próximo já vou pra faculdade e aí...

–Eu sei, Taylor! Eu posso te pedir pra voltar no mês que vem ou em uma semana ou posso mudar de ideia quando acordar amanhã, mas por agora... (respiração profunda). Apenas entenda, eu preciso desse espaço.

–Tudo bem. Segunda eu procuro um ap.

–Eu já achei um. Não é muito longe da escola, nem de casa pra quando eu sentir vontade de te visitar. Ou o Jackson.

–Uau.

–Amanhã você pode ir arrumar suas coisas e segunda-feira você já pode... Se instalar no apartamento.

–Sim senhora.

–Bom... Eu acho que já vou indo.

–Antes eu posso te abraçar?

–An... Bom... Pode.

Mary se levantou e, ainda de forma tímida, Sarah se aproximou e a envolveu com os braços. Sentir o corpo do/a filho/a ainda era estranho para Mary, mas havia prometido a si mesma que tentaria aceitar isso e era o que faria.

Um passo de cada vez.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Emoções como estão? Comentem...
xoxo
Atenciosamente, Déborah Santana...



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