Já eram 02h30min da manhã. Meus olhos ainda estavam ardendo. Os lençóis ainda estavam molhados, minha respiração aos poucos, voltava ao normal. A angústia do meu peito continuava. O choro já havia cessado, Não por que eu queria, mas por que não havia mais lágrimas para liberar.

            Eu havia entrado em estado de choque logo que entrei em meu quarto. Obviamente eu escondi meus sentimentos na frente dele. Não iria demonstrar minha fraqueza na sua frente. Não na sua frente.

            Obviamente que logo depois de suas palavras meu coração parou. Meu pulmão se esvaziou de tal forma. E o ar nem entrava nem saia. A dor em meu peito estava avisando que um choro compulsivo histérico veria logo a seguir. Tudo isso, durou alguns segundos. Graças a uma força maior, meu orgulho, talvez, consegui me recompor.

            Sei que o problema não sou eu. Talvez seja ele. Deve ter percebido que eu ainda não estava preparada naquele dia e pensou que não confio nele. Ou talvez por que ele não consiga ficar com uma só garota... Sei lá. Mas talvez... Talvez não seja para ficarmos juntos.

            Eu queria continuar. Queria ficar com ele. Queria abraçá-lo de manhã e ver sua cara ainda inchada de sono, na porta de casa. Queria beijá-lo logo após de unir nossos corpos. Queria sentar no carro e sentir seu perfume masculino e delicioso passear pelo carro. Queria sentir nossos corpos colados, debaixo das cobertas, enquanto sua mão segurava a minha e acariciava meu braço e pacientemente, parava, me respeitando.

            Não sei o que aconteceu. Mas ele me amava. Disso eu tenho certeza. Ele me amava.

            Mas... Se ele quis terminar, o problema é dele. Chorei sim por ele. Amei sim, e demais. Mas se ele não quer foda-se. Não sou mulher de chorar por homem. Nunca fui. Não é agora que vou ser. Não por ele. Nem por ninguém.

#Flashback básico! =)

(Pela co-autora perfeitona aqui *-*)

            Gabi e Gustavo estavam no carro. Gabi estava estranhando Gustavo tão quieto. Ele não havia dito nada. O dia todo.

            Eles chegam à casa de Gabi. Ela ia beijá-lo, mas ele se esquivou.

- Preciso falar com você. Pode ser? – Ele perguntou, frio.

- Claro amor.

- Fora do carro. – Aparentemente, ele estava com raiva ou algo assim. No início, Gabi pensou que fosse com ela. Mas não. Na verdade, Gustavo estava com raiva dele mesmo. E de toda essa situação. E por dentro, uma dor inevitável e poderosa o consumia. Mas ele não podia fazer nada. Tinha que terminar com isso. Antes que acabasse com ela. E conseqüentemente com ele.

- Gabi, - Ele a encarou e parou. Um bolo apareceu em sua garganta quando viu a face de sua amada tão... Confusa. Não soube onde arranjou forças para continuar. Mas no fundo, sabia. “É para o bem dela.” - Não ta dando mais. – Soltou tudo de uma vez. Para Gabi, parecia um alívio. Para Gustavo, uma tática para não chorar.

- O-o que?

- Gabi, não dá. Não dá para... Ficarmos juntos. Eu... não...

- Você tá dando um tempo? – O desespero tomou conta do corpo de Gabi quando ela descobriu a verdade. Mas ela ainda não queria acreditar.

- Não Gabi. – Ela finalmente pode respirar. – Eu estou terminando com você. – Uma vontade louca de chorar atingiu Gabi, da mesma forma que atingiu Gustavo. Ambos estavam segurando as emoções para não entregá-las de bandeja para o outro. Além da tristeza, a culpa atingiu Gustavo. Foi muito mais difícil para ele do que para ela segurar as lágrimas.

- Tá.

- O que?

- Se você quiser terminar... Tudo... – Ela parou lembrando-se que não estava NADA bem. – Tá.

- Tá?

- Tá.

- Então tá. – Ele aproximou para abraçá-la. Mas parou no meio do caminho pensando no quanto seria difícil virar as costas e ir embora. Mas ele precisava. Precisava sentir pela ultima vez a maciez sua pele quente, o cheiro de seus cabelos sedosos. E seu beijo. Mas isso seria impossível ter.  

            Ele a abraçou. Foi uma força sobrenatural exercida por ambos para não se agarrarem lá mesmo. Não podiam. Um pelo orgulho. Outro, pela proteção. Gustavo beijou o topo da cabeça de Gabi.

- Desculpa. - Uma lágrima caiu de seus olhos, queimando seu rosto.

            Virou as costas e foi embora.