School of Life escrita por Lola Brachovinsk


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Passando para falar que esse capítulo demorou por motivos de: 1 - Provas da faculdades; 2 - Desanimo; 3 - Bloqueio criativo.

Pretendo finalizar a história em menos de um mes.
Isso se sobrar tempo.

No mais, desfrutem do capítulo. É curtinho, mas tem uma surpresinha.



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0Capitulo 6.

Beatriz

Beatriz estava no sarau da escola. Tinha deixado a mochila com mudas de roupas no terceiro andar, pois iria para a casa de Dani depois da festa.

Desceu para a festa e lá ficou com Daniele e os outros de sua sala conversando e comendo. Conforme a hora de acabar foi passando, Bia resolveu pegar sua mochila para que não esquecesse no final. Subiu ao terceiro andar e se dirigiu a sala onde havia deixado a mochila. Ouviu as vozes de Fernanda e Carlos. Ficou feliz, afinal de contas, poderia conversar com eles um pouco antes de ir embora. Mesmo tendo a certeza que as vozes eram dos dois, Bia não saberia dizer o que eles conversavam, pois estava longe demais para saber e falavam relativamente baixo, foi então que Beatriz se deu conta que sua mochila estava justamente na mesma sala que os dois. Enquanto caminhava pelo corredor a conversa ficava mais nítida:

– ... sabe, mesmo bêbados, nós fizemos e foi bom. Eu gostei! A gente se dá bem.

Beatriz chegou a porta quando ouviu Fernanda dizer claramente

– ... Você é gay, eu sou lésbica e não iria dá cer...

Beatriz ouviu e por um instante pensou em dar meia volta e sair de lá antes que fosse percebida, mas era tarde demais, Carlos já havia notado sua presença e agora Fernanda a olhava fixamente.

– Gente, desculpa. Eu vim pegar minha mochila que eu deixei aqui. Eu não achei que teria gente...

– Bia, você ouviu, não foi?

– Fê, desculpa...eu cheguei na hora errada...

Fernanda pulou da cadeira e foi em direção a Beatriz que deu um passo para trás com receio que a menina fosse voar em sua garganta e ameaça-la. Carlos fez menção de segui-las.

– Fica ai, Carlos! Desce, vai para casa, sei lá. Eu resolvo. Vem comigo, Bia, por favor.

Fernanda pegou na mão de Bia, então percebeu que a menina não lhe faria mal algum.

– Fernanda, olha, relaxa, viu? Eu não vou falar.

– Eu preciso falar com você, Bia. Por favor, só precisamos ir para onde não nos vejam.

Enquanto Beatriz a seguia Fernanda vária coisas passava pela sua mente. Finalmente tinha descoberto alguém como ela, alguém que entenderia suas inseguranças e seus desejos. Então foi ai que Beatriz se deu conta, aquela garota de cabelos curtos da véspera do encontro muito provavelmente era namorada de Fernanda.

– Bia, olha, o que você ouviu...é segredo.

– Eu não vou falar nada pra ninguém.

“Na verdade, quero contar sobre mim para vocês dois. Quero que me ajudem com isso”.

– Desculpa mentir pra você e para a Dani assim. Mas o Carlos está grilado com o fato das pessoas desconfiarem dele. Por mim, eu quero que essa escola se dane! Eu não faço questão de esconder, mas se eu contar sobre mim vão saber dele. Eu sinto muito, Bia. Você é uma pessoa ótima, não queria que ficasse com raiva de mim.

Beatriz percebeu o quanto a situação era grave e o quanto Carlos poderia estar perdido. Até mais perdido que ela.

– Eu não quero contar e não quero perder a amizade de vocês dois.

Naquele momento Bia sentiu Fernanda relaxar. A cabeça de Beatriz ainda rodava. Ela não poderia acreditar que duas pessoas próximas a ela eram exatamente como ela. Fernanda a entenderia? Ficaria brava porque não tinha contado antes? Acharia que Bia estaria dando em cima dela? Aliás, ao que tudo indicava, Fernanda tinha uma namorada. Beatriz queria perguntar muita coisa: como era o beijo? E o sexo? Como as se comportavam quando estavam em público? Como Fernanda descobriu...

Mas tinha algo que Beatriz precisava dizer antes de tudo, e isso mudaria radicalmente a relação delas:

– Eu ficarei quieta, independente de qualquer coisa. Mas eu preciso de te pedir uma coisa. Você e o Carlos vão em festas GLS?

– O Carlos mais que eu, mas semana que vem, por exemplo, tenho uma...

– Me leva?

– Como é que é?!

Fernanda

Por um momento Fernanda pensou que tivesse ouvido mal. Depois achou que tinha interpretado mal a pergunta.

“Ok! É apenas um pedido para ir junto como forma de mostrar que ela me apoia. É isso! Só pode ser isso...”

– É....ah...Bia...eu não sei se você sabe, mas...essas festas vão pessoas gays. A maioria, para falar a verdade. E....se você for...eles vão achar que você também é...

– E...?

– E elas vão dar em cima de você.

– Tá! É isso que eu quero.

– Como assim é isso que você quer?

Fernanda se afastou um passo de Bia, olhando-a desconfiada por um segundo. Depois começou a rir.

– Ah cara! Fala sério! Isso é possível? Isso é impossível! Cadê o Carlos? Só pode ser obra daquele corno! Ele te contou, não foi?

– Hã?

– Contou sobre mim e pediu pra fazer isso tudo. É bem a cara dele.

– Acho que ele deve tá na sala ainda. E pela cara que eu vi ele fazer, ele deve tá bem chocado ainda...

Fernanda olhou para o fim do corredor e não viu ninguém, apenas o barulho do térreo da escola, onde acontecia o sarau. Ao voltar seu rosto para Beatriz, essa estava com o semblante bastante perdido. Foi ai que Fernanda percebeu que aquilo tudo era real.

– Eu...só não imaginava que você fosse. Não parece...

– Você também não aparenta...

– É porque não está escrito no rosto das pessoas “gay”

Beatriz levantou os ombros e as sobrancelhas e Fernanda percebeu o que tinha dito.

– Eu estou só meia que perdida...

– Olha Fernanda. Esquece isso. Não precisa...

Fernanda percebeu que a situação tinha ficado incomoda para Beatriz.

– Desculpa! Não! Olha, não tem problema te levar. A gente só...

– Não precisa.

– Eu te levo! Pensando bem, vai ser ótimo. Você é minha amiga. Vou te apresentar umas pessoas. Eu só tô digerindo isso lentamente. Nossa...quer dizer...Porra, isso é legal! Vamos ter mais coisas para falar. Quem diria. Nem a Dani tinha me...

– Não, não, não! A Dani não sabe!

Fernanda tinha percebido que novamente tinha entrado numa fria.

Carlos
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Carlos estava andando de um lado para o outro na sala. Seu desespero só aumentava com o passar do tempo. Se Beatriz resolvesse não guardar seu segredo ele estaria exposto. Seria taxado de mentiroso, falso, mas o pior não era isso. Perderia amigos, pessoas queridas só pelo fato dele gostar de outros homens. Nenhum garoto iria falar com ele achando que daria em cima deles. Meninas achariam que ele era promíscuo.
Se seu pai soubesse, bateria nele. Sua mãe o humilharia, seus irmãos não olhariam mais para sua cara. Não teria mais amigos ou família. Não seria querido, seria alguém apenas a margem da sociedade. Ofensas viriam logo depois, bicha, viado, afetado. Levaria um estigma pelo resto da vida.

Ouviu passos pelo corredor e seu coração parou. Fernanda surgiu na porta seguida de Beatriz.

Enquanto Fernanda e Beatriz foram explicando tudo que conversaram, o coração de Carlos foi ficando mais leve da preocupação, mas enchendo de uma dor sem precedentes. Ao final de tudo, quando ouviu que Bia queria ir junto a uma festa com eles, Carlos começou a chorar capciosamente. Não conseguiu falar, apenas estava tentando retirar aquela dor do peito.

Sentiu um braço passar por seu pescoço. Ele não enxergou nada, mas o perfume era conhecido dele, era de Fernanda que agora o abraçava de forma acolhedora. Mas o que mais havia o surpreendido foi uma mão acariciar suas costas de forma terna. Era a mão de Beatriz que também estava apoiando-o.

Carlos não podia mais aguentar a dor de esconder quem era.

Beatriz

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O dia da festa que Fernanda tinha falado havia chegado. Beatriz tinha combinado de encontrar Fernanda e Carlos na estação de metro. Levava a mochila com algumas roupas, pois iria dormir na casa de Fernanda.

Enquanto pegavam o metro em direção ao local conversavam distraidamente. Carlos parecia ainda mais espontâneo que o normal. Fernanda estava como de costume, mas para Bia ela estava diferente, mais adulta, mais charmosa.

– Então, achei que fosse uma balada...

– Não, não é. É uma festa que começou com o pessoal GLBT da Federal. Tenho uns amigos que conheci quando fiz um curso lá. É uma república, então essas festas rolam quase todo o final de semana. Menos nas épocas de prova, ai eles parecem ser alunos de verdade.

Carlos falava de forma, como se estivesse orgulhoso de ter contatos importantes.

Chegaram a casa, que por sinal era bem grande. Ao adentrar, Beatriz foi surpreendida pela música alta e quantidade de pessoas. Fernanda segurou sua mão para que não se desgarrasse dos dois.

Foram até a parte de fora da casa, na varanda. Lá Carlos avistou alguns conhecidos e foi cumprimentar. Fernanda virou-se para Bia:

– O pessoal daqui é gente boa. Logo te cercarão e perguntarão sua ficha técnica. Se você não se incomodar.

– Não tenho problemas com isso.

– Sobre ficar com alguma menina. Assim que souberem que somos só amigas elas virão para cima.

– Ah...

Beatriz tentou imaginar a situação e não se sentiu confortável. Pelo que deu a entender, ela seria uma presa para outras garotas. Queria algo bem mais tranquilo.

– Ei, não é que te encontrei de novo.

Fernanda

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Fernanda, junto com Beatriz, virou-se para ver quem era uma garota que vinha em direção delas. Olhava fixamente para Bia. Fernanda não a conhecia, mas tinha a sensação de ter visto em algum lugar. Quando voltou para Bia esta sorria.

A garota se dirigiu diretamente a Beatriz:

– De novo, heim?

– Que coincidência. Aaah. Essa é minha amiga, Fernanda.

– Olá...Eu não sabia que vinha em festas como essas...

– Aaah...Fê que me trouxe...

Fernanda olhava fixamente para a garota. Tinha visto ela em algum lugar...

– Camilinhaaaa. Vejo que conheceu a Fernanda.

Viviane apareceu no meio da multidão com o seu habitual sorriso sacana.

Fernanda gelou, vendo as duas percebeu de onde conhecia a garota que Viviane chamava de Camilinha. Era a mesma garota que Fernanda tinha visto acompanhando Viviane na festa em que acabou na cama com Carlos. Camila era mais um caso de Vivi.


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