Pretty little liars escrita por wendy


Capítulo 35
34. Bom encontrar você aqui!




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Na segunda-feira de manhã, em vez de estar sentada na carteira da primeira aula, que era biologia, Emily estava ao lado dos pais, nos bancos da Abadia de Rosewood, com seu teto alto e chão de mármore. Ela puxava, desconfortável, a saia Gap preta, pregueada e muito curta, que tinha encontrado no fundo do armário, e tentava sorrir. A sra. DiLaurentis ficou na porta, usando um vestido preto de gola alta, saltos e minúsculas pérolas de água-doce. Ela caminhou até Emily e a afundou num abraço.

— Oh, Emily! —A sra. DiLaurentis chorou.

— Eu sinto muito — Emily sussurrou de volta, com os próprios olhos lacrimejando. A sra. DiLaurentis ainda usava o mesmo perfume Coco Chanel. Ele, instantaneamente, trouxe de volta todo tipo de lembrança: um milhão de idas e voltas ao shopping no Infiniti da sra. DiLaurentis, entrar escondida no banheiro para roubar comprimidos de dieta TrimSpa e experi-mentar sua cara maquiagem La Prairie, entrar no seu enorme closet e experimentar todos os seus vestidos de festa, tamanho 36, da Dior.

Outros garotos de Rosewood pululavam à volta delas, tentando encontrar lugares nos assentos de madeira de encosto alto da igreja. Emily não sabia o que esperar da cerimônia em memória de Alison. A abadia cheirava a incenso e madeira. Lâmpadas simples em forma de cilindros pendiam do teto; e o altar estava coberto com um bilhão de tulipas brancas. Tulipas eram as flores favoritas de Alison, Emily se lembrou. Ali ajudava a mãe a plantar fileiras delas no jardim de sua casa todos os anos.

A mãe de Alison finalmente recuou e secou os olhos.

— Eu quero que você se sente na frente, junto com todas as amigas de Ali. Está bem, Kathleen?

A mãe de Emily concordou com a cabeça.

— Claro. — Emily ouviu cada dique dos saltos da sra. DiLaurentis, e o arrastar de seus próprios sapatos volumosos, enquanto elas andavam pelo corredor. De repente, ocorreu a Emily a razão pela qual ela estava ali. Ali estava morta.

Emily agarrou o braço da sra. DiLaurentis.

— Ah, meu Deus. — Seu campo de visão estreitou-se, e ela ouviu um uaaaah em seus ouvidos, o sinal de que estava prestes a desmaiar.

A sra. DiLaurentis a segurou.

— Está bem. Venha. Sente-se aqui.

Às tontas, Emily deslizou pelo banco.

— Ponha a cabeça entre suas pernas — ela ouviu uma voz familiar dizer.

Então, outra voz familiar bufou.

— Diga isso mais alto, assim todos os garotos vão poder ouvir.

Emily olhou para cima. Ao lado dela estavam Aria e Hanna. Aria usava um vestido listrado azul, púrpura e fúcsia, com decote canoa, uma jaqueta de veludo azul-marinho, e botas de caubói. Era tão Aria — ela era do tipo que pensava que usar cores vivas em funerais celebrava a vida. Hanna, por outro lado, usava um minivestido com decote em V e meias pretas. — Querida, você pode chegar um pouquinho para lá?

Acima dela, viu que a sra. DiLaurentis estava com Spencer Hastings, que usava um conjunto cor de carvão e sapatilhas tipo bailarina.

— Oi, garotas — disse Spencer a todas elas, naquela voz suave da qual Emily tinha sentido falta. Ela se sentou ao lado de Emily.

— Então, nós nos encontramos novamente — sorriu Aria.

Silêncio. Emily espreitava todas elas com o canto do olho. Aria estava remexendo em um anel de prata no polegar, Hanna fuçava dentro da bolsa e Spencer estava sentada muito ereta, encarando o altar.

— Pobre Ali — murmurou Spencer.

As garotas ficaram paradas e quietas por alguns minutos. Emily vasculhava seu cérebro procurando algo para dizer. Seus ouvidos estavam novamente tomados pelo uaaah.

Ela se virou para percorrer a multidão, procurando por Maya, e seus olhos pousaram direto em Ben. Ele estava sentado na penúltima fileira, com o restante dos nadadores. Emily le-vantou a mão num pequeno aceno. Perto de tudo aquilo, o que rolara na festa parecia insignificante.

Mas em vez de acenar de volta, Ben olhou para ela, seus lábios apertados, numa expressão de teimosia. Então, ele olhou para longe.

Tudo bem.

Emily virou-se de volta. A raiva encheu seu corpo. Acabaram de descobrir que a minha antiga melhor amiga foi assassinada, ela queria gritar. E nós estamos numa igreja, pelo amor de Deus. E a coisa toda sobre o perdão?

Então, ocorreu a ela. Ela não queria que ele a aceitasse de volta. Nem um pouco.

Aria bateu em sua perna.

—Você ficou bem depois de sábado de manhã? Quero dizer, você ainda não sabia, certo?

— Não, era outra coisa, mas estou bem — respondeu Emily, embora não fosse verdade. — Spencer. — A cabeça de Hanna apareceu. — Eu, hum, eu vi você no shopping, um dia desses.

Spencer olhou para Hanna.

—Hã?

—Você estava... estava entrando na Kate Spade. — Hanna olhou para baixo. — Eu não sei. Eu ia dizer oi. Mas, hum, eu fico feliz que você não tenha mais que encomendar aquelas bolsas em Nova York. — Ela abaixou a cabeça e corou, como se tivesse falado muito.

Emily estava impressionada — ela não via Hanna fazer aquela expressão há anos. Spencer franziu a sobrancelha. Então, um olhar triste e meigo veio ao seu rosto. Ela engoliu em seco e olhou para baixo.

— Obrigada — murmurou. Seus ombros começaram a tremer e ela os apertou com força. Emily sentiu sua própria garganta fechando. Ela nunca havia visto Spencer chorar.

Aria colocou a mão no ombro de Spencer.

— Tudo bem.

— Desculpe — Spencer secou os olhos com a manga da blusa. — Eu só... — Ela olhou em volta para todas elas e, então, começou a chorar ainda mais.

Emily a abraçou. Parecia um pouco estranho, mas pela maneira como Spencer apertou sua mão, Emily podia dizer que ela havia gostado.

Quando elas se sentaram de novo, Hanna tirou um pequeno cantil prateado de sua bolsa, e estendeu a Emily para passá-lo para Spencer.

— Aqui — sussurrou.

Sem nem mesmo cheirá-lo ou perguntar o que era, Spencer tomou um grande gole. Ela estremeceu, mas disse:

— Obrigada. — E passou o frasco de volta para Hanna, que bebeu e o estendeu a Emily. Ela tomou um gole, que queimou em seu peito, então, o passou a Aria. Antes de beber, Aria puxou a manga de Spencer.

— Isso vai fazer você se sentir melhor também. — Aria puxou para baixo a manga de seu vestido, revelando a alça de um sutiã branco tricotado. Emily imediatamente o reconheceu.

Aria tinha tricotado sutiãs de lã pesada para todas as garotas no sétimo ano. — Eu o usei em memória dos velhos tempos — Aria sussurrou. — Está pinicando pra caramba.

Spencer deixou escapar uma risada.

— Ah, meu Deus.

—Você é tão imbecil — acrescentou Hanna, rindo.

— Eu nunca pude usar o meu, lembra? — disse Emily. — Minha mãe achava que era sexy demais para a escola!

— Sim! — sorriu Spencer. — Se você acha que coçar seus peitos o dia inteiro é sexy. As garotas abafaram o riso. De repente, o telefone celular de Aria zumbiu. Ela o procurou em sua bolsa e olhou a tela.

— O quê? — Aria olhou para cima, percebendo que todas a estavam encarando.

Hanna brincou com o pingente de sua pulseira.

—Você, hum, acabou de receber uma mensagem de texto?

— Sim, e daí?

— Quem era?

— Era minha mãe — respondeu Aria, lentamente. — Por quê?

Uma música instrumental baixa começou a cadenciar através da igreja. Atrás delas, mais jovens entravam na nave em silêncio. Spencer olhou nervosamente para Emily. O coração de Emily começou a pular.

— Deixa pra lá — disse Hanna. — Estamos sendo intrometidas.

Aria lambeu os lábios.

— Espere. Sério. Por quê?

Hanna engoliu em seco, nervosa.

— Eu... eu só pensei que talvez coisas estranhas também estivessem acontecendo com você.

A boca de Aria se abriu.

— Estranho não define bem o que vem acontecendo.

Emily apertou os braços em torno de si mesma.

— Espere. Vocês também? — sussurrou Spencer.

Hanna concordou com um gesto de cabeça.

— Mensagens de celular?

— E-mails — acrescentou Spencer.

— Sobre... coisas do sétimo ano? — sussurrou Aria.

— Gente, vocês estão falando sério? — guinchou Emily.

As amigas se encararam. Mas antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, o som sombrio do órgão encheu a igreja.

Emily virou-se. Um bando de pessoas estava caminhando vagarosamente pelo corredor central. Eram a mãe e o pai de Ali, seu irmão, seus avós e alguns outros, provavelmente seus pa-rentes. Dois rapazes de cabelos vermelhos eram os últimos a vir pelo corredor. Emily os reconheceu como Sam e Russel, primos de Ali. Eles costumavam visitar a família todos os verões. Emily não os via há anos, e se perguntou se eles ainda eram ingênuos como costumavam ser.

Os membros da família deslizaram até a primeira fila e espepram a música parar.

Enquanto Emily os observava, ela percebeu um movimento. Um dos primos espinhentos, de cabeça vermelha as estava encarando. Emily tinha quase certeza de que era aquele que se chamava Sam — ele era o mais estranhos dos dois. Ele encarou as meninas e, então, vagarosamente, e de um jeito paquerador, levantou uma das sobrancelhas. Emily olhou para outro lado depressa.

Ela sentiu Hanna cutucar suas costelas.

— Isso não! — sussurrou Hanna para as garotas.

Emily olhou para ela, confusa, mas então, Hanna indicou os dois primos magrelos com os olhos.

Todas as garotas entenderam ao mesmo tempo.

— Isso não! — Emily, Spencer e Aria repetiram juntas.

Todas elas riram. Mas então Emily parou, pensando no que "isso não" significava de verdade. Ela nunca tinha pensado sobre aquilo antes, mas era um tanto cruel. Quando ela olhou ao redor, percebeu que as amigas tinham parado de rir também. Todas elas se entreolharam.

—Acho que antigamente era mais engraçado — disse Hanna, calmamente.

Emily sentou-se direito. Talvez Ali não soubesse tudo. Sim, aquele podia ser o pior dia da vida dela e estava terrivelmente devastada por Ali e completamente apavorada quanto a A mas, por um momento, ela se sentiu bem. Estar sentada ali com suas velhas amigas parecia o pequeno começo de algo.


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