Pretty little liars escrita por wendy


Capítulo 33
32. Uma estrela caída




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No dia seguinte, Spencer ficou na janela de seu velho quarto, fumando um Marlboro, e olhando através do gramado para o velho quarto de Alison. Ele estava escuro e vazio. Então, seus olhos se moveram para o quintal dos DiLaurentis. As lanternas não tinham se apagado desde que eles a tinham encontrado.

A polícia havia colocado uma fita de NÃO ULTRAPASSE ao redor de toda a área de concreto do velho quintal dos fundos de Ali, mesmo depois de terem removido seu corpo da terra. Eles também haviam instalado grandes tendas em volta da área enquanto faziam aquilo, então, Spencer não tinha visto nada. Não que ela quisesse. Era mais do que terrível pensar que o corpo de Ali tinha estado na porta ao lado, apodrecendo no subsolo por três anos. Spencer se lembrava da construção antes de Ali desaparecer. Eles haviam cavado o buraco bem por volta da noite em que ela sumiu. Ela sabia, também, que eles o tinham preenchido depois que Ali desapareceu, mas não tinha certeza de quando. Alguém simplesmente a tinha atirado ali. Ela amassou seu Marlboro no tijolo lateral da sua casa, e se voltou para a revista Lucky. Mal tinha trocado uma palavra com a família desde o confronto do dia anterior, e estava tentando se acalmar, lendo metodicamente, marcando tudo o que ela queria comprar com os pequenos adesivos SIM da revista. Mas, enquanto olhava para uma página de blazers de tweed, seus olhos se embaçaram.

Ela não podia nem mesmo falar com seus pais sobre aquilo. No dia anterior, depois que eles a confrontaram no café da manhã, Spencer tinha perambulado do lado de fora para ver o que eram todas aquelas sirenes — ambulâncias ainda a deixavam nervosa, tanto por causa da Coisa com Jenna quanto pelo desaparecimento de Ali. Enquanto ela caminhava pelo seu gramado, para a casa dos DiLaurentis, sentiu algo e se virou. Os pais dela também haviam saído para ver o que estava acontecendo. Quando ela se virou, eles rapidamente olharam para o outro lado. A polícia disse a ela para se afastar porque aquela área estava fora dos limites. Então, Spencer viu o carro do necrotério. Um dos rádios comunicadores de um dos policiais estalou, "Alison".

O corpo dela tornou-se muito frio. O mundo girava. Spencer desabou na grama. Alguém falou com ela, mas ela não conseguiu entender o que lhe diziam.

— Você está em choque — ela finalmente ouviu. — Apenas tente se acalmar. — O campo de visão de Spencer estava muito estreito. Ela não tinha certeza de quem era, apenas sabia que não era sua mãe nem seu pai. O sujeito voltou com um cobertor e lhe disse para ficar sentada por um tempo e se manter aquecida.

Quando Spencer se sentiu bem o suficiente para se levantar, quem quer que a tivesse socorrido havia ido embora. Os pais dela tinham ido embora também. Eles nem mesmo haviam se incomodado em ver se ela estava bem.

Spencer tinha passado o resto do sábado e a maior parte do domingo em seu quarto, apenas saindo no corredor para ir ao banheiro quando ela sabia que não havia ninguém por perto. Ela esperava que alguém subisse para dar uma olhada nela, mas quando ouviu uma pequena tentativa de batida na porta, mais cedo, naquela tarde, Spencer não respondeu. Ela não

sabia ao certo por quê. Ela ouviu quem quer que fosse suspirar e caminhar de volta pelo corredor.

E então, apenas meia hora antes, Spencer tinha visto o Jaguar do pai sair de marcha a ré pela entrada da garagem e virar na direção da estrada principal. A mãe estava no banco do pas-sageiro; Melissa estava atrás. Ela não tinha ideia de aonde eles estavam indo.

Spencer desabou na cadeira do computador e abriu o primeiro e-mail de A, aquele falando sobre invejar as coisas que ela não podia ter. Depois de lê-lo algumas vezes, ela clicou em RESPONDER. Vagarosamente, digitou, Você é a Alison?

Ela hesitou antes de apertar ENVIAR. Será que todas aquelas luzes dos policiais a estavam deixando maluca? Garotas mortas não têm contas no Hotmail. Nem tinham nicks em programas de mensagens instantâneas. Spencer tinha que aceitar o óbvio: alguém estava fingindo ser Ali. Mas quem?

Ela olhou para cima, encarando o móbile Mondrian que tinha comprado no ano passado no Museu de Arte da Filadélfia. Então, ouviu um som. Plinc. E então, mais uma vez.

Plinc.

Parecia realmente perto, de verdade. Como se fosse na janela do quarto. Spencer sentou-se bem ereta quando uma pedrinha acertou a janela dela novamente. Alguém estava jogando pedras.

A?

Quando outra pedra bateu, ela foi até a janela — e ofegou. No gramado, estava Wren. As luzes azuis e vermelhas dos carros de polícia ficavam fazendo sombras listradas pelas faces dele. Quando ele a viu, abriu um grande sorriso. Imediatamente, ela escapuliu escada abaixo, não ligando para o quanto seu cabelo parecia horrível ou que estava usando calças de pijama Kate Spade manchadas de molho. Wren correu para Spencer quando ela apareceu na porta. Ele lançou os braços em torno dela e beijou sua cabeça suja.

—Você não devia estar aqui — murmurou ela.

— Eu sei. — Ele deu um passo para trás. — Mas eu percebi que o carro dos seus pais tinha saído, então...

Ela passou as mãos por entre o cabelo macio dele. Wren parecia exausto. E se ele teve que dormir em seu pequeno Toyota na noite passada?

— Como você soube que eu estava de volta ao meu velho quarto?

Ele deu de ombros.

— Um pressentimento. Eu também pensei ter visto seu rosto na janela. Eu queria ter vindo antes, mas havia... tudo aquilo. — Ele fez um gesto para o carro de polícia e as caminhonetes de notícias que vagavam por ali.

—Você está bem?

— Sim — respondeu Spencer. Ela encostou a cabeça na boca de Wren e mordeu o próprio lábio machucado para evitar o choro. — Você está bem?

— Eu? Claro.

—Você tem algum lugar para morar?

— Eu posso ficar no sofá de um amigo até encontrar alguma coisa. Isso não é problema.

Se pelo menos Spencer pudesse ficar no sofá de um amigo também.

Então, algo ocorreu a ela.

—Você e Melissa terminaram?

Wren pegou o rosto dela com as duas mãos e suspirou.

— Claro — respondeu ele, baixinho. — Era meio óbvio. Com Melissa não era como... Ele não terminou a frase, mas Spencer achava que sabia o que ele ia dizer. Não era como estar com você. Ela sorriu, abalada, e pousou a cabeça novamente contra o peito dele. Ela podia ouvir as batidas do coração dele.

Ela olhou para a casa dos DiLaurentis. Alguém tinha começado a construir um santuário para Alison na curva, cheio de fotos e velas à Virgem Maria. No meio, estava um pequeno alfabeto de ímãs que formavam o nome Ali. A própria Spencer tinha colado uma foto de Alison sorrindo numa camiseta azul Von Dutch, apertada, e novos e excelentes jeans Seven. Ela se lembrava de quando havia tirado aquela foto: elas estavam no sexto ano, e era a noite do Baile de Gala de Inverno de Rosewood. Elas cinco haviam espiado Melissa quando Ian foi buscá-la.

Spencer soluçou de tanto rir quando Melissa, tentando fazer uma grande entrada, tropeçou na calçada diante da casa dos Hastings, a caminho da cafona limusine Hummer. Foi, talvez, sua última lembrança verdadeiramente divertida, despreocupada. A Coisa com Jenna aconteceu não muito depois. Spencer deu uma espiada na casa de Toby e Jenna.

Ninguém estava em casa, como sempre, mas o lugar ainda a fazia estremecer.

Enquanto Spencer secava seus olhos com as costas de sua mão pálida e magrinha, uma das caminhonetes de noticiário passou devagar, e um sujeito num boné vermelho dos Phillies a encarou. Ela abaixou a cabeça. Aquela não era a melhor hora para fazer a tomada de colapso da garota emocionada com a tragédia.

— É melhor você ir. — Ela fungou e se virou para Wren. — As coisas estão meio confusas por aqui. E eu não sei quando meus pais voltarão.

— Tudo bem. — Ele levantou a cabeça dela. — Mas nós podemos nos ver novamente? Spencer engoliu em seco e tentou sorrir. Quando o fez, Wren curvou-se e a beijou, passando uma mão em volta da nuca dela, e a outra em torno da parte de baixo de suas costas que, até sexta-feira, doía como o inferno.

Spencer afastou-se dele.

— Eu nem mesmo tenho o seu telefone.

— Não se preocupe — sussurrou Wren. — Eu ligo para você.

Spencer ficou do lado de fora, na beirada de seu vasto terreno por um momento, olhando Wren caminhar para seu carro. Quando o carro começou a se afastar, seus olhos arderam com lágrimas novamente. Se ao menos ela tivesse alguém com quem conversar — alguém que não fosse banido de sua casa. Ela deu uma olhada de volta no santuário de Ali e se perguntou como suas velhas amigas estavam lidando com aquilo.

Quando Wren alcançou o fim da rua dela, Spencer notou os faróis de outro carro virando para dentro da via. Ela congelou. Eram seus pais? Eles tinham visto Wren?

Os faróis se aproximaram. De repente, Spencer percebeu quem era. O céu estava de um púrpura-escuro, mas ela podia bem distinguir o cabelo comprido de Andrew Campbell.

Ela ofegou, se encolhendo atrás dos arbustos de rosas de sua mãe. Andrew vagarosamente encostou seu Mini ao lado da caixa de correio dela, abriu-a, colocou alguma coisa dentro e fechou-a com cuidado. Seu carro se afastou novamente.

Ela esperou até que ele tivesse ido embora, antes de correr até a curva e puxar com força a portinhola para abrir a caixa do correio. Andrew tinha deixado um recado para ela num pedaço de papel dobrado.

Oi, Spencer. Eu não sei se você estava recebendo telefo- nemas. Eu sinto muito sobre Alison, de verdade. Espero que meu cobertor a tenha ajudado ontem. — Andrew.

Spencer voltou para a entrada da casa, lendo e relendo o bilhete.

Ela encarava a escrita inclinada do rapaz. Cobertor? Que cobertor?

Então, ela percebeu. Fora Andrew que a ajudara?

Ela amassou o bilhete em suas mãos e começou a soluçar novamente.


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