Accelerator e Last Order- 6 anos depois... escrita por Emili Elens


Capítulo 28
Não somos um casal! VI




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Acordei sem entender o que estava acontecendo. Lembrei-me que estava no prédio da Anti Skill, com a pirralha. Eu estava deitado no sofá da sala, minha cabeça estava no colo da Last Order e ela continuava mexendo em meu cabelo. Fiquei mais envergonhado do quê quando QUASE nos beijamos no elevador.

– P-p-p-pirralha...

– Ah, Acce. Que bom que acordou. – Disse a pirralha sorrindo.

Levantei-me devagar, e percebi que eu estava um pouco tonto. Mas logo lembrei o quê tinha acontecido há um tempo antrás, antes de eu cair no sono.

– O-o-o-onde... E-está a Aiho?

– Faz duas horas que estou aqui sentada esperando por ela, mas desde que ela foi para a “tal reunião” ainda não voltou.

– D-d-d-duas horas?! Eu... Dormi por duas h-h-h-horas?!

– Sim. – Disse a pirralha sorrindo.

Quando ela disse aquilo, eu fiquei sem palavras. Como assim eu dormi por duas horas?! Aquilo era demais... Será que a Aiho nos esqueceu de novo?!

– Que palhaçada... Pra mim já chega! – Eu disse levantando do sofá.

– A-Accel... Para onde você vai? – Disse a pirralha com uma expressão preocupada no rosto.

– Eu vou embora, pirralha.

– N-n-não me deixa sozinha...

Peguei na mão da Last Order, e fomos andando lentamente até a saída.

– V-v-você está com fome? – Perguntei olhando fixamente para Last Order.

– Não. Você está sendo fofo de novo, Acce. – Disse a pirralha sorrindo.

– Q-q-q-quê?!

– Você está preocupado com meu apetite. – Disse ela olhando para mim, e me abraçando em seguida.

– M-m-maldição... – Murmurei.

Ao sairmos do prédio da Anti Skill, fiquei prestando atenção em cada passo que a pirralha dava. Ás vezes eu pegava ela olhando para mim, ou até eu mesmo olhando para ela. Desde que eu havia acordado, minha respiração havia ficado mais forte do quê o normal, e eu não estava conseguindo ficar calmo. Estávamos de mãos dadas, e isso me deixava mais envergonhado do quê eu já estava!

Saímos pelo portão da frente da Anti Skill, e fiquei imaginando o tanto que teríamos que andar para chegar em casa! Fomos andando lentamente pela calçada, eu com as mãos nos bolsos e olhando para o chão, e a pirralha segurando meu braço e olhando para frente. A pirralha parou de segurar meu braço, e tirou uma “moeda Railgun” de dentro do bolso do casaco branco que ela estava usando por cima do vestido, e começou a olhar. Ela olhava para a moeda com uma expressão de desapontada e desanimada. Ela jogava a moeda para cima e pegava, ficou fazendo isso durante um bom tempo.

Fiquei pensando: O quê será que fez a pirralha mudar de ideia tão rápido? Antes de eu “cair no sono profundo”, ela ficava dizendo para esperar que logo a Aiho iria chegar... Mas nunca chegava! Não consigo acreditar que a Aiho demorou duas horas na sala de reuniões da Anti Skill, e tinha nos deixado esperar! Para nada! Ela com certeza vai levar o maior susto ao ver que já havíamos ido embora sozinhos... Ou não...

O celular da Last Order começou a tocar, mas ela não atendeu. Já havia tocado duas ou três vezes hoje de manhã! Poderia ser a Aiho? Acho que ela ligaria para mim, e não para a pirralha...

Last Order continuou andando normalmente pela calçada, com seu celular tocando.

– Não vai atender, pirralha? – Perguntei olhando (com vergonha) para ela.

– Não é necessário... Deve ser alguma... Besteira da Yue.

– Hum...

– Ou deve ser... Shirai.

A pirralha pegou o celular, que estava no bolso do seu casaco branco, olhou o número, e desligou a ligação. Estou gostando do “novo estilo” da pirralha, ignorando os desnecessários...

– Acce... Acha que vamos demorar para chegar em casa? – Disse a pirralha com uma voz “infantil” e olhando fixamente para mim.

– Acho que sim. Tem algo de importante para fazer?

– N-não. Eu só estou um pouco cansada...

Ela com certeza deveria ter algo de importante para fazer, mas estava escondendo de mim...

– Você também está cansado, Accel?

– Sim... Um pouco...

De repente, o celular da pirralha começou a tocar novamente. A pirralha tirou o celular do bolso, e bateu a ligação de novo. Quem poderia ser o “insistente”? Confesso que fiquei um pouco curioso...

Continuamos andando em silêncio por um bom tempo, até que a pirralha resolveu, do nada, para de andar, e sentou-se no chão.

– Pirralha, o quê está fazendo?!

– Estou cansada, Acce. – Disse a pirralha com um tom de voz infantil.

– Levanta daí!

– Cansada... – Disse a pirralha levantando o braço esquerdo.

Segurei no braço esquerdo da pirralha e puxei-a, isso fez com que ela levantasse.

– Vamos fazer uma pausa...

– Não vamos não. – Eu disse segurando no braço da pirralha e andando.

– Vou desmaiar...

– Desmaie quando chegarmos em casa.

– Que maldade...

– Maldade?

– Eu estou tããããão cansada, e você ainda quer que eu ande mais ainda...

– Não reclama, pirralha. Andei o mesmo tanto que você. Tanto no supermercado, quanto agora...

– Eu não vou aguentar andar mais...

–Vai sim.

– Minhas pernas vão deslocar...

– Sem drama, pirralha.

– Mas, Acce...

– Se você aguentou correr no Daihasei, pode aguentar, sem problema algum, andar até chegarmos em casa.

– Você poderia ter pegado a chaves do carro da Aiho...

– Era só o quê me faltava!

– Estou brincando, mas não seria uma má ideia. – A pirralha disse rindo baixo.

Voltamos a andar lentamente pela calçada, e desta vez, a pirralha não ficou reclamando do cansaço ou algo do gênero. Entendo ela, mas não vamos parar no meio do caminho apenas para descansar, e nem estávamos tão longe assim! A cada passo, a pirralha sempre parava, e depois voltava a andar, eu estava quase pegando na mão dela e fazendo o quê ela sempre fazia: arrastar!

– Pirralha, se continuar deste jeito, nunca iremos chegar!

– Estou cansada...

– Faça o seguinte: pense que quanto mais rápido você andar, mais rápido chegará em casa.

– Vou tentar...

A pirralha acelerou os passos, e estava praticamente passando de mim. Comecei a andar no mesmo ritmo da pirralha, para acompanha-la, mas eu estava ficando para trás...

Depois de andar e andar... Finalmente havíamos chegado em casa! A pirralha logo foi subindo as escadas correndo, e nem percebeu que quase havia pisado no rabo do gato da Kikyou. Não tinha ninguém na sala da frente (a Kikyou sempre fica sentada em uma das poltronas lendo ou usando seu notebook). Subi as escadas lentamente, e ao encostar naquele SANTO felino, ele pulou em cima da minha perna e começou a me arranhar.

– Maldito gato. – Eu disse balançando minha perna, fazendo com que o gato me soltasse.

O gato da Kikyou tinha uma cara tão depressiva, quanto ela, e estava sempre descendo e subindo as escadas repetidas vezes. Na maioria das vezes, ele ficava sentado no corrimão da escada, mas agora ele enlouqueceu e fica descendo e subindo... Sempre atrapalhando a passagem!

Quando cheguei em meu quarto, a primeira coisa que fiz foi deitar na cama, eu estava quebrado! Fiquei deitado olhando para o teto, até que sem querer, acabei dormindo. De novo! Maldito sono...


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