Accelerator e Last Order- 6 anos depois... escrita por Emili Elens


Capítulo 26
Não somos um casal! IV




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A pirralha continuava me abraçando, e eu estava passando pelo momento mais constrangedor da minha vida! Por que aquela foto era meu plano de fundo?! Eu nunca havia notado... Mas eu também não tinha vontade de tirar do fundo, ou simplesmente apagar.

– Quanto mais você consegue ser fofo, Accel?

– N-n-n-não sou fofo!

– É sim! – Disse a pirralha ficando na ponta do pé, e em seguida me dando um beijo na bochecha.

– Qual a sua foto do plano de fundo, Touma? – Disse Misaka Mikoto e a freira ao mesmo tempo.

– Q-q-quê? – Retrucou o Kamijou, com uma expressão confusa no rosto.

Guardei meu celular dentro do bolso, antes que algo do passado ainda mais constrangedor aparecesse.

– Qual o seu plano de fundo?! – Gritou Misaka Mikoto tomando o celular que estava no bolso do Kamijou.

Era um celular rosa estampado de flores cor de rosa e outras amareladas. O visor estava detonado e nem vou falar da capa traseira...

– O-o-o quê houve com seu celular? – Disse Misaka Mikoto.

– Pisei nele sem querer quando estava tentando fazer panquecas, e tive que pegar o celular da Index por uns dias...

– D-d-desta freira?! Por quanto tempo ela vai continuar morando no seu apartamento?!
– Não faço ideia...

– Por que está incomodada com a minha presença na casa do Touma? – Disse a freira.

– Por que você ainda não foi embora de lá?!

Eu estava perdendo minha paciência com aqueles três. Não estava mais aguentando a freira canibal e a “faísca”.

– Eu e o Touma somos apenas amigos. – Disse a freira encarando Misaka Mikoto.

– Amigos de sexo diferente não moram juntos! – Gritou a “faísca”.

Neste mesmo instante, eu e Last Order nos olhamos ao mesmo. Ela estava com uma expressão confusa no rosto, e depois voltou a prestar atenção na discursão das duas escandalosas.

– Index! Mikoto! Parem por favor. – Disse Kamijou.

De repente, um carro estacionou em nossa frente, a porta dos bancos traseiros abriu e saiu uma garotinha de cabelos cor de rosa usando um vestido cor de rosa, bem reconhecível...

– Touma! – Gritou a garota.

– Komoe Sensei?

– Outra garota do Kamijou. – Eu disse.

– Ela é minha professora! – Disse o Kamijou.

Espera... Aquela garotinha era uma professora?! Lembrei-me rapidamente do dia em que ela me levou para morar com a Aiho... Esqueci totalmente da professora criança...

– Bom dia a todos. – Disse a Komoe com uma expressão animada.

– Freira! Quanto tempo não te vejo... E vocês dois também. – Disse a Komoe apontando para mim e para a Last Order.

– Estou ficando sem paciência. – Disse Misaka Mikoto.

– Você está tão bonita Misaka Last Order. É impressão minha, ou sempre vejo vocês dois juntos? – Disse a Komoe olhando para e para a pirralha.

– C-c-como?! – Retruquei.

– É uma bela dupla! Pena que a Last Order é bem mais nova...

Comecei a ficar envergonhado de novo! A pirralha começou a sorrir e depois olhou para mim, e isso fez minha vergonha piorar, na frente daqueles palhaços!

– Isso não importa! – Disse a Last Order corada.

Foi a primeira vez que vi pirralha envergonhada. Sempre pensei que ela fosse do tipo de pessoa que soubesse lidar com qualquer sentimento, evitando assim, a pior sensação já sentida: a vergonha.

– Tem uma luzinha vermelha no aparelho que está em seu pescoço, Accelerator.

– É-é-é... Isso é normal!

– Ele acionou essa coisa. – Disse o Kamijou.

– Calado. – Eu disse voltando-me para o Kamijou.

– Você continua jovem, Accelerator! Até parece ainda ter dezesseis anos.

– Não me pergunte porquê ainda aparento ter dezesseis...

– Você aparenta ter vinte e quatro anos, Touma. – Disse a Komoe rindo.

– V-v-vinte e quatro?!

– Não sou um adolescente. Tenho vinte e dois anos! – Retruquei.

– Mas, não mudou nada, Accelerator.

Era só o quê faltava para me deixar mais “animado” ainda!

– Você continua sendo o mesmo branquinho de sempre.

– Albino? – Retrucou a pirralha.

– Pare de me chamar de albino!

A pirralha continuava segurando minha mão, e eu tinha totalmente esquecido desse detalhe! Olhei para nossas mãos, juntas e fiquei corado de novo!

– Preciso comprar logo minhas bebidas, até outro dia pessoal. – Disse a Komoe, se retirando.

– Não sabia que a Komoe conhecia o Accelerator. – Disse o Kamijou com uma expressão confusa no rosto.

– Todos me conhecem! Esses babacas não tem mais nada para fazer na vida!

– Touma... Todo mundo conhece os nível cinco... – Disse a Misaka Mikoto com uma expressão decepcionada no rosto.

– Por que os níveis cinco são tão prestigiados? – Perguntou a freira.

– Por que são nível cinco! É lógico... – Respondi sem paciência.

– É como ser famoso? As pessoas fazem uma fila enorme para pedir autógrafos, você precisa de empresários, mora em uma mansão rodeada de pessoas que fazem seus trabalhos pessoais, passa pelas calçadas de Hollywood, vai à festas de pessoas famosas, colam pôsteres e cartazes com sua foto em toda a parte e come lagosta todos os dias! – Disse a freira animada, ainda com brilho nos olhos.

– Não me faça rir. – Eu disse, tentando esconder a risada.

– Sim, é como ser famoso. TODOS te conhecem. – Disse Misaka Mikoto.

– É um inferno! – Retruquei.

– Inferno... – Disse a freira em tom baixo.

– Que imaginação! – Disse a pirralha.

– As garotas correm atrás de você com pôsteres escrito: Eu te amo; e usando tecidos coloridos sobre a cabeça, o pescoço e o braço?

– Como é que é?! – Retruquei.

– Não! – Disse a Last Order me puxando para mais perto dela e pegando em meu braço.

Ela estava apertando meu braço do mesmo jeito quando estávamos no mercando comprando curativos...

Misaka Mikoto começou a rir das besteiras que a freira havia falado, e logo olhou para o Kamijou com uma expressão mais desanimada do quê o gato da Kikyou em dias de segunda-feira durante a manhã.

– Você está com a cara de que comeu e não gostou. – Disse a freira apontando para a cara da Misaka Mikoto.

– Será que você não pensa em mais nada além de comida, ou algo relacionado?! – Disse Misaka Mikoto encarando a freira.

– Gosto de comprar comida...

– Maldição...

Aquela freira só podia estar louca. Calçadas de Hollywood, garotas com pôsteres, Lagostas?!

– Index! Volte para casa!

– Não, Touma! Eu tenho mais perguntas para o Albino. – Disse a freira pulando.

– Deixe-me em paz, freira!

Eu não estava aguentando as perguntas daquela freira! Nem a Last Order era tão insistente.

Olhei para trás, e mesmo assim não avistei a Aiho por perto. Será que ela passaria a manhã inteira dentro de um supermercado?! A pirralha continuava quieta e paciente, apenas olhando o “teatro” daqueles três babacas no meio do estacionamento.

Eu queria entrar no prédio do supermercado e chamar a Aiho de uma vez por todas! Ficar parado no estacionamento com a pirralha sendo “obrigado” a ver e ouvir brigas e conversas inúteis de três bobões não é para qualquer um! A freira fazia perguntas inúteis, Misaka Mikoto brigava o tempo todo e o Kamijou ficava me encarando como se eu fosse um assassino! Malditos...

– Albino, qual sua comida preferia?

– Tanto faz.

– Você pergunta isso como se estivesse interessada no Accel. – Disse a Last Order.

A pirralha não parava de olhar para trás, como se estivesse incomodada com alo, ou talvez tivesse o pressentimento de que estávamos sendo vigiados.

– Touma! Onde está o meu sanduiche extragrande?!

– Como é?

– Quero o meu sanduiche!

– Pensei que você já tivesse esquecido. – Disse a Misaka Mikoto colocando a mão na cara com uma expressão de decepcionada.

– Não mesmo! Eu estou com fome!

– Você sabe quanto custa um sanduiche extragrande?! – Disse o Kamijou olhando fixamente para a freira.

– Bando de idiotas. – Eu disse pegando na mão da pirralha e indo em direção ao prédio do supermercado.

– E-e-espera, Acce! A Aiho pediu para esperarmos no carro...

– Ela não chega nunca!

– Mas...

– Você não quer ver estes babacas discutindo o preço de um sanduiche extragrande, não é mesmo?

– Hum... Não.

– Vamos, minha paciência já esgotou.

Quando entramos JUNTOS dentro do supermercado, percebi que tinham mais pessoas do quê eu imaginava. Tinham muitos corredores, e também muitos balcões. Comecei olhando de balcão em balcão, mas não avistei a Aiho em nenhum deles. O primeiro corredor, era de laticínios e seus derivados, passamos por vários freezers, cheios de queijo e manteigas fedorentas, mas não conseguimos encontrar a Aiho. No segundo eram doces, esse foi o corredor mais enjoado que já passei! O terceiro era de biscoitos e cafés, não havia quase ninguém naquele corredor. Mas ao chegar no corredor de massas, avistamos uma Misaka Sister! A Last Order ficou desesperada e correu até o corredor de produtos de higiene. Fui atrás dela, e percebi que ela estava tentando se esconder na parte de sabonetes!

– Saia daí, pirralha!

– A-A-Acce... S-s-se a Sister me encontrar aqui...

– Ela não vai te fazer nada! – Respondi pegando na mão dela.

Ela percebeu que eu tinha feito aquilo, e começou a olhar para nossas mãos juntas. Fiquei tão envergonhado que soltei a mão dela, mas ela pegou em meu braço, e fomos andando devagar para terminar de olhar todos os corredores.

Depois de andar MUITO no prédio do supermercado, não conseguimos encontrar a Aiho. A Last Order percebeu que havia alguma estranha perto da sessão de desodorantes e perfumes... Uma escada rolante enorme! Ela me mostrou, e quase tive um ataque do coração. Estava totalmente quebrado de andar no PRIMEIRO ANDAR do prédio, imagine os outros?!

A pirralha foi me arrastando até lá, pois eu não queria sair do lugar onde estava, porque tinha assentos.

Ao chegarmos na escada rolante, a pirralha subiu no mesmo degrau que eu estava, e logo começou a me abraçar.

– A-A-Acce...

– O quê foi, pirralha?

– Eu... Detesto escadas rolantes... – Disse a pirralha sem jeito.

– Por que?!

– Tenho traumas... Me braça! – Disse a pirralha me apertando e fechando os olhos.

Pirralha medrosa! Coloquei minha mão esquerda no ombro dela, e fiquei olhando por mais quanto tempo nós ficaríamos subindo!

Quando finalmente chegamos ao fim da escada, não percebi que a pirralha havia ficado, enquanto eu tinha descido. Ela tropeçou em um dos degraus e acabou caindo em cima de mim. Na frente de todos! Aquele com certeza seria o dia do meu enterro... Acho que um tomate teria inveja da cor da minha cara naquele momento!

– A-A-A-Acce... M-m-me d-desculpa!

A pirralha estava em cima de mim, e eu estava deitado no chão do supermercado!

Uma estranha estendeu a mão para a pirralha, e ajudou-a a levantar. A estranha também me ajudou em seguida, mas quando percebemos quem era e quase caímos de novo. Era a Sister! A pirralha ficou desesperada e correu pelo segundo andar do supermercado. E mesmo sem dizer nada para a Sister, fui atrás da pirralha andando o mais rápido que pude.

– Volte aqui, pirralha! Onde pensa que vai?! – Eu disse quase gritando.

– A Sister vai me matar, Acce! – Disse a Last Order correndo, e atraindo a atenção de todos.

– Ela não está louca...

A pirralha parou de correr em frente à um bar de coquetéis. Era uma barraca bem arrumada cheia de cadeiras que lembrava muito cadeiras de barzinhos de praia. Haviam muitas taças com vários tipos de coquetéis, e cada coquetel havia uma fruta diferente na taça. A barraca era uma mistura de sisal com madeira velha, mas era bem arrumada. A pirralha encostou-se em um dos bancos e quase derrubou uma das taças. Fui até onde ela estava, e comecei a suar.

– Saia daí, pirralha!

– Acce... A Sister...

– A Sister não vai fazer nada contigo!

– Eu estou com medo! – Disse a pirralha quase chorando e me abraçando.

– Bom dia, jovens. Gostariam de alguma bebida? – Disse um homem que apareceu do nada em baixo da barraca.

Eu e a pirralha levamos um susto enorme.

– N-n-não... Obrigada senhor... – Disse a Last Order.

– Vem aqui, pirralha! – Eu disse morrendo de vergonha e pegando no braço dela.

Andamos até um lugar que ficava um pouco afastado de onde muitas pessoas ficavam andando para lá e para cá. Encostei (sem querer) a pirralha na parede, e percebi pela expressão no rosto dela, que ela estava assustada.

– Calma. Por que a Sister te mataria? – Eu disse tentando manter a calma.

– E-e-eu n-não sei! Ela disse que a “Misaka diferente não pode existir”! Acho que todas as Sisters estão pensando deste jeito... São todas iguais!

Realmente, são todas iguais! Exceto a pirralha...

– Vamos procurar logo a Aiho, e a Sister não vai te matar! – Eu disse sem paciência.

Ela pegou em minha mão, e fomos andando pelo segundo andar de mãos dadas! Havia um elevador há dez passos de onde estávamos.

– O quê tem lá em cima, Acce?

– Não faço ideia...

– Vamos lá ver! – Disse a pirralha correndo.

– C-c-calma!

Entramos no elevador. Não tinha exatamente ninguém, além de nós dois! Quando iriamos saindo, as portas fecharam.

– Ai... Meu Deus... – Disse a pirralha.

Olhei para os andares que havia, e apertei no número “3”. Haviam do três até o décimo primeiro!

– Acce... Estamos subindo... Para onde?! – Disse a pirralha desesperada.

– Para o andar três.

– O quê tem no andar três?

– Não faço ideia.

– Não gosto de elevadores...

O elevador continuou subindo e subindo... Estava demorando muito, e ficar sozinho com a pirralha dentro de um elevador é... Tenso! A Last Order me abraçou e ficou olhando para o visor do elevador, mas ao ver a altura em que estava, acabou ficando tonta e caindo em mim de novo, mas desta vez caímos sentados.

– Pirralha! O quê você tem?!

– M-m-medo de altura!

Minha muleta acabou caindo perto da porta, e a pirralha continuava sentada no chão comigo!

– Pirralha... Se você... Não sair de cima de mim... Como eu irei levantar?!

– M-m-m-me desculpa, Acce.

A Last Order tentou levantar, mas acabou caindo de cara para mim! Nossos rostos estavam a meio palmo de distância, e eu comecei a suar frio e os tremores também voltaram. Faltava muito pouco para a boca da pirralha estar junto à minha. Ela começou a ir mais e mais perto, e eu senti que estava em apuros! A pirralha colocou as duas mãos no chão, e continuou extremamente perto de mim! Os lábios da pirralha encostaram-se aos meus, e eu não sabia o quê fazer em seguida. Eu nunca havia beijado uma garota na minha vida! Nunca tinha me interessando em nenhuma mesmo...

O elevador parou e a porta começou a abrir devagar. A pirralha levantou o mais rápido possível, e em seguida me ajudou sem falar mais nada.


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