Já eram umas sete horas, e desde que eu tinha acordado naquele hospital, estava achando tudo aquilo muito estranho. A Aiho começou a falar:

– Ei Accelerator, já estava quase esquecendo.

– O que?

– Feliz Aniversário.

– Ah, obrigada. Mas assim... Quantos anos estou fazendo mesmo?

– Vinte e dois, se não me engano. - Ela falou quase rindo.

Vinte e dois? Como eu estava velho...

– Não lembra que você entrou em coma com 16 anos?

– Eu não me lembro de muita coisa...

– Então, conte-me o que você mais ou menos lembra.

– E se eu não quiser?!

– Pode ter até ficado mais velho, mas a personalidade continua a mesma. Teimoso como sempre, não é, Accelerator?

Eu não disse nada, e ela continuou falando.

– Se você não quiser me contar, tudo bem, o problema vai ser seu. Ficará nas dúvidas e mais dúvidas. - Ela disse fazendo uma expressão calma.

– Dúvidas? O que ainda falta descobrir?

– Bem, eu explico mais tarde. - Ela parou o carro em frente a uma casa.

Era uma casa grande, e tinha um jardim na frente. Ela fez o sinal para abrirem o portão e entrou.

– Então Accelerator, chegamos em casa.

– Não me lembro de ter morado aqui.

– Acho que quando entrar, deve lembrar um pouco do cenário. O seu quarto está do jeito que era antes de você entrar em coma. ?Agora eu tenho que voltar para o colégio, você entra e vai comer alguma coisa, a Kikyou vai lhe orientar em quanto eu estiver fora. Até - Ela falou acelerando o carro, que desaparecera no meio da cidade. eu olhei para o lado e vi que a mesma mulher de cabelos pretos e curtos havia decido do carro também, ela me olhou e disse:

– Vamos Accelerator?

Fui andando atrás dela, até chegar na porta da casa, ela abriu e entramos. a casa era realmente grande, e tinha até umas escadas na outra sala, ela disse que iria preparar um lanche e falou para eu esperar no quarto. Peguei minha muleta, e fui subindo de degrau em degrau, bem devagar. De acordo com as instruções da Kikyou, o meu quarto era na terceira porta do segundo andar da casa, quando finalmente cheguei lá (não que as escadas eram muitas, tive que subir devagar para não correr o risco de terminar de me arrebentar XD), ví que tinha cinco quartos, e uma numeração na porta. Entrei no quarto número 3, provavelmente seria o meu. Entrei e vi que tinha uma cama, uma porta dava acesso ao banheiro do quarto, um armário, um sofá e até uma televisão. Era bem espaçoso o meu quarto, e com certeza mais confortável do que o quarto do hospital.

Me joguei na cama, deixando a muleta que eu carregava com o braço direito cair no chão. Vi que tinha uma janela do lado da cama, e fiquei observando a chuva cair lentamente. Percebi que o portão estava abrindo e entrara o mesmo carro que havia me trazido do hospital até essa casa, obviamente era a Aiho, mas quando ela desceu do carro, notei que ela não estava sozinha. Tinha uma garota junto a ela.

Ouvi a voz da Kikyou me chamando. Fingi não ter ouvido nada e continuei deitado. Depois de uns cinco minutos ouvi batidas na porta do meu quarto, abri e vi que era a Aiho. Ela estava segurando o mesmo buquê que estava no quarto do hospital.

– Você esqueceu isso. – Falou me entregando o buquê.

– Valeu.

Pequei o buquê e coloquei em cima de uma escrivaninha.

– Mas, me responda. Quem é o remetente?

Nesse mesmo instante, uma garota veio correndo em minha direção e me abraçou fazendo com que caíssemos na minha cama. Eu levei um susto, e percebi que ela estava chorando.

– Acce! – Falou a menina com lágrimas nos olhos.

O rosto daquela menina era bem familiar, principalmente aquelas bochechas rosadas, ela me lembrava a mesma menina do meu sonho. Mas, quem era ela?

– Accelerator, lembra dessa garota? – Perguntou a Aiho sorrindo

– Ã... Eu... – Eu não lembrava muito dela, só me parecia familiar seu rosto.

Soltei a garota que me apertava tão forte que achei que fosse quebrar o resto dos meu ossos. Ela me olhou meio triste, mas depois limpou suas lágrimas. Fiquei um pouco envergonhado pelo fato daquela garota estar em cima de mim numa cama e Aiho nos observando.

– Accelerator! Sou eu, a Last Order. Sua pirralha. – Quando ela falou “Last Order”, lembrei de uma garotinha que costumava andar comigo e morava comigo, eu a chamava de pirralha.

De repente minha memória clareou, imagens daquela garota quando era uma pirralha, e agora estava lá, diante de mim. A Last Order estava diferente, estava com os cabelos longos, e a Order que eu conhecia, tinha cabelos curtos, a bochechas eram as mesma, o seu corpo havia mudado também...

– Last Order! – Voltei a abraça-la.

Eu não era muito voltado a essas baboseiras de abraço, mas nessa hora eu não sei o que deu em mim.

– Acce, depois de tanto tempo você finalmente acordou. – A Order falou voltando a chorar.

Pelo jeito que ela me chamava, já dava para saber que foi ela que me deu aquele buquê.

– Bem, vou deixar vocês conversando sozinhos. – Disse a Aiho saindo do quarto.

Fiquei olhando fixamente para a Order, e notando no que ela tinha mudado. Ela estava tão... Bonita. Ela trajava um uniforme escolar. Quem diria que a pirralha estava no ginásio.