O Grande Palco da Vida - Live escrita por Celso Innocente


Capítulo 46
Era uma vez um menino cantor




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Já fazia mais de seis meses que não o via ou tinha quaisquer notícias certas suas; sabia pelo rádio ou televisão que ele continuava fazendo shows e que estava gravando seu quarto long-play.

Era sete de Julho, sábado, às dez horas da manhã, a campainha de casa tocou e ao atender, me deparei com ele, sozinho em frente meu portão de grades:

— Regis! Quem o trouxe aqui?

— O ônibus! — disse ele sério.

Abri o portão, o abracei e entramos. Sentei-me a seu lado no sofá da sala.

— Quanto tempo não vejo você! — disse-lhe. — Como está?

Ele começou a chorar e disse:

— Agora vou abandonar pra sempre minha carreira e nem adianta você pedir pra não fazer!

— O que há, menino? Nunca mais vou ver você feliz?

— Aquela música que você escreveu; como te disse, passei a cantar em todos os shows. Meu pai dizia que era música boba e que não era pra cantar, mas eu cantava mesmo assim. Ao gravar meu novo disco, ele disse pra não gravá-la, mas eu desobedeci e a gravadora deu o nome dela ao disco. Ontem, quando mostrei o disco a ele, ele o quebrou, dizendo que era um lixo. Aquilo doeu em mim mais do que a punhalada que sofri um dia. A gente faz um trabalho com tanto esforço, dedicação e carinho e o próprio pai o despreza. Isso significa que realmente chegou à hora de parar.

— Não, menino! Isso significa que chegou a hora de enfrentá-lo!

— Não posso! — negou ele ainda chorando. — Tenho só treze anos de idade! Se tivesse ao menos dezoito...

— Regis, estou disposto. Vou a sua casa e vou convencer seu pai em me deixar viajar com você! Eu juro! Ele não vai mais nos impedir.

— Não precisa, Willian! Tenho outro sonho que vou fazer virar realidade. Tenho a vantagem de ter dinheiro e posso pagar uma faculdade de medicina. Vou estudar e virar médico, depois vou me especializar em pediatria ou cardiologia. Acho que esta é a missão que Deus me reservou aqui na Terra. Se um dia souber que consegui salvar uma vida, me sentirei agradecido ao milagre de minha cura.

— Você pode servir a Deus mesmo sendo cantor!

— Acabou, Willian! Agora você não mudará mais minha ideia! Quando você me conheceu e eu era pobre, sonhava em ser artista e ficar rico pra viver bem e ser feliz. Puxa! Tudo veio rápido demais e eu fiquei rico! Fui feliz também! Só que o que eu não sabia era que minha riqueza e felicidade despertaria a inveja e cobiça em alguns... Parece que alguma coisa ficou perdida depois daquele cativeiro... e eu não consigo ser mais o mesmo...

Ele continuava chorando sentido.

Depois de alguns segundos, continuou:

— Deus me deu a voz e o dom de transmitir mensagens de amor e paz. Eu amo cantar! Amo aquilo que Deus me deixou fazer!

— Então meu amiguinho! Você mesmo diz! Você ama o que faz! Você é tão inteligente, garoto! Não se deixe levar por coisas poucas! Batalharemos juntos!

Já não consigo mais!

Calou-se por alguns segundos, depois prosseguiu:

— Vou mudar pra São João. Pelo menos poderemos ser mais amigos! Todos gostam de manter seus amigos de infância. Quem é meu principal amigo desta infância que já se foi? Faz seis meses que não nos encontramos!

— Às vezes ligo pra você, mas não o encontro; deixo recado, mas você não retorna...

— Nem recebo seus recados!

— Vai ficar alguns dias aqui comigo?

— Meu pai me autorizou ficar uma semana por aqui! Acho que assim consigo refrescar minha cabeça.

— Quem sabe em uma semana consigo convencê-lo a continuar sua carreira.

— Não acredito! Acho bom nem tentar!

— Dê um sorriso, carinha! Não gosto de vê-lo assim, sempre triste!

Atendendo meu pedido, ele deu um leve sorriso, me abraçando; mas era um sorriso triste.

— Eu queria ver seu sorriso de felicidade!

— O sorriso é o reflexo de um espelho chamado coração!

— Percebo claramente que seu espelho coração esteja um tanto embaçado.

— Vou tentar limpá-lo. Prometo!

— Hoje vou levá-lo na Eapic como mero expectador! — Exposição agropecuária, industrial e comercial de São João da Boa Vista, realizada todos os anos durante dez dias no início do mês de Julho.. — Ao invés de você estar no palco, estará na plateia. E ninguém saberá de sua presença!

— É assim que serei a partir de agora.

Ele realmente estava decidido a abandonar para sempre, sua bonita carreira de artista.

— Falando nisso — disse-lhe. — Durante todo esse tempo em que somos amigos, você nunca me deu uma coisa!

— O quê? — espantou-se ele.

— Uma foto autografada!

— Só isso você quer!? Te dou um milhão de fotos autografadas!

— Que exagero! Só se for uma diferente da outra!

Abriu a bolsa sobre o sofá, apanhou seu disco número quatro e me deu dizendo:

— Vê se parece um lixo!

O disco estava bonito e seu título era “Homenagem”: a música que fiz a pedido dele, para prestar-me uma homenagem durante seus shows. Esta música e outra, intitulada “Minha oração”, eu escrevi e pedi para que ele registrasse em seu nome; além de outras duas: “Amor Criança”, registrada por Pedro Moura e “Para ter tudo na vida”, registrada por João Batista. Com isto, neste disco não havia nenhuma música de minha autoria. Confesso que ao ver, senti um pouco de ciúmes. Após tanta batalha com o menino, tudo aquilo que tinha acontecido, estava me deixando de fora de seus trabalhos.

— Está lindo o disco! — elogiei-o. — Parabéns! Só estou com ciúmes!

— Sei disso! — disse-me ele, sério. — Foi meu primeiro trabalho que você não participou! Só teve prejuízos nos doando diversas músicas. Meu pai deveria ser honesto e lhe devolver o dinheiro que ele ganha com suas músicas!

— Não se preocupe com isso não! Não é isso que me deixa com ciúmes!

— Sei também! Seu ciúme é por você não estar comigo!

— Realmente! Outro dia você esteve em Presidente Prudente! Lá do outro lado do estado de São Paulo. Fiquei sabendo desse show. Passei um dia muito chateado. Eu queria estar lá! Não porque você precisava de mim! Não sei explicar! Mas é porque estas viagens faziam parte de mim! Sei que você se sai muito bem nos shows; mas mesmo assim… queria ver de perto! Queria estar junto!

— Sabe o que é isso? Mais de seis anos juntos! Você aprendeu a me amar! Eu te amo também! Você quer me paparicar... Estar do meu lado... Ajudar-me... me carregar no colo…

— Acho que ainda te vejo como se você tivesse apenas seis anos de idade.

— Para os pais os filhos nunca crescem!

Apanhou uma foto; das mesmas que costumávamos distribuir a seus fãs durante a saída dos shows, escreveu uma mensagem e me entregou:

(Eis a foto autografada de Regis. Não consegui postar a foto por isso deixo o link)

— Obrigado! É o melhor presente que você poderia me dar!

— Melhor do que a Mitsubishi que encomendei do Japão? — riu ele.

— Muito melhor! Não troco.

E ainda olhando a contra capa do disco, lhe disse:

— Tem até uma música em inglês, do Michael Jackson!

— É “Ben"! Gravei pro doutor Marcio Hernandes.

— É! Ele não gosta de suas músicas!

— Agora tem que gostar!

— Cante ela pra eu ouvir?

— É só por o disco no som! — disse-me ele.

— Quero ouvir de seus lábios!

— Cadê o violão?

Apanhei o violão no guarda roupas e entreguei-lhe. Ele sentou-se novamente no sofá da sala, afinou-o e cantou:

Ben, the two of us need look no more
We both found what we were looking for
With a friend to call my own
I'll never be alone
And you, my friend will see
You've got a friend in me
(You've got a friend in me)

Ben, you're always running here and there
(Here and there)
You feel you're not wanted anywhere (anywhere)
If you ever look behind
And don't like what you find
There's something you should know
You've got a place to go
(You've got a place to go)

I used to say "I" and "me"
Now it's "us", now it's "we"
(I used to say "I" and "me"
Now it's "us", now it's "we")


Ben, most people would turn you away
(Turn you away)
I don't listen to a word they say
(A word they say)
They don't see you as I do
I wish they would try to
I'm sure they'd think again
If they had a friend like Ben
(A friend)
Like Ben
(Like Ben)
Like Ben

— Muito lindo, Regis! — elogiei-o emocionado. — Está mais lindo do que o Michael Jackson!

— Você me ama, eu sei, mas não precisa exagerar na puxação de saco!

— Sua voz é muito linda! Eu estava brincando, quando disse que sentia ciúmes! Ciúme é pecado.

— Só existe um pecado no mundo, roubar!

— Tá doido!?

— Quando alguém mata outra pessoa, ela não peca por matar e sim por roubar-lhe a vida. Quem mata um homem casado, está roubando a vida de um esposo e de um pai. Quando alguém estupra uma mulher, está lhe roubando sua dignidade. Quando abusa de uma criança, está lhe roubando sua inocência e assim por diante.

— Bem analisado! — elogiei.

— Não analisei! Li no livro “O caçador de pipas” e gostei.

— Você sempre gostou de ler muito. Não foi mesmo?!

— Conselho seu! — franziu os lábios. — Depois... minha vida se passou praticamente dentro de um ônibus na estrada. O que eu poderia fazer em todo este tempo ocioso? Eu era a única criança lá! Ninguém se atrevia a brincar comigo! Só me restava os livros!

— Vejo que valeu a pena! O livro dignifica o homem! Ajuda a formar seu caráter. Desperta sua criatividade e sua inteligência.

— Sabe, Willian, você gosta muito de escrever e com certeza, algum dia irá escrever minha história. Pode ser que demore, mas que vai escrever, eu tenho certeza.

— É! — concordei com sorriso. — Boa ideia!

— Boa ideia nada! — forçou os ombros. — Você já tinha pensado nisso!

— Tem razão! Vou mesmo escrever!

— Posso mandar um recado pro seus leitores?

— O quê!? — “esse menino tá ficando maluco”!

— Já li centenas de livros e em nenhum deles, nunca um personagem falou comigo! Não assim... diretamente!

— Você tem seus milhares de fãs que não são fãs e sim amigos! Agora você quer também falar com meus leitores?

Ele, que já tinha parado de chorar, franziu o nariz com um sorriso maroto e emendou:

— Éh!

— Tá bom! Pode começar.

Ele olhou para o nada e ficou parado como a se concentrar em atravessar barreiras de tempo e dimensões diferentes para enfim, começar com sorriso especial:

— Olá! Que bom que posso falar com você. Só sinto não poder ouvi-lo, devido às barreiras do tempo. Mas não importa! Estou feliz que esteja acompanhando minha história... e acredito que esteja gostando. Papai Willian me enfeita como menino prodígio. Bem... Acho até que seja mesmo um! Não porque seja mais inteligente! Todos o somos. Eu apenas sigo, a princípio um sonho de criança e se crio passagens extraordinárias para uma criança é porque tive ótimos professores neste período; como papai Willian, a estrada, João Batista, Pinduca... Epa! Você poderá protestar. “João Batista só lhe falou bobagens e Pinduca lhe ofereceu drogas”! Sim! Por isso eles também foram bons professores, que me mostraram um jeito para que pudesse saber escolher entre dois mundos. É claro que a inocência infantil o fará adotar o caminho que ele lhe oferecer, pois é um caminho de ilusão, fácil de entrar e sem retorno jamais. Porém, antes de ter aulas com... Pinduca por exemplo, tive outro professor muito especial a quem adotei com carinho e ele é este mesmo em que você está usando para me ouvir; as páginas mágicas de um livro. Quase tudo o que você me viu falar ou fazer em minha história, tirei das páginas dele. O livro pode ser usado para muitas coisas. Muitos o usam para preencher espaços vazios na estante ou enfeitar bibliotecas. Triste, não? Ainda bem que você o usa do jeito em que ele quer que seja usado. E não seja fã de livros! Essa palavra é feia! Seja amigo dele! Pois ele é seu amigo. Agora vou parar de falar com você, para que continue acompanhando minha estória. Não vou lhe contar o final porque... eu ainda não sei! Ainda não aconteceu! Tomara que papai Willian consiga um final feliz para ela! Ah! Desculpe-me se vou deixar de ser cantor! É que então tenho outro sonho. Quero ser herói! Não heroizinho bobo como Super Man, homem aranha, Hulk... nos desenhos animados. Também gosto deles e torço por eles sempre. É que quero ser herói de verdade!

Olhou para mim, que estava anotando em velho caderno o que ele falava.

— O que está fazendo? — perguntou-me.

— Gravando sua prosa! — respondi animado. — Sua história será escrita no futuro. Como vou mandar sua mensagem se não a tiver gravado?

Voltou a revirar sua bolsa, apanhou um envelope fechado e me entregou dizendo:

— Iria rasgá-la, mas resolvi ver o que você acha.

— É uma carta de Paulo — aleguei. — Não pretende ler?

— Já devia ter rasgado! — disse ele triste. — Se você quiser ler... Mas não precisa me falar o que está escrito!

Abri o envelope e li em silêncio:

Olá Regis, .

Aqui onde estou agora, pude compreender, quando você dizia que para Deus não existe amanhã. Aqui a gente tem muito tempo para meditar e foi assim que pedi perdão a Ele, do mal que fiz a você e a muita gente que faz parte de sua vida e Ele me disse, que só poderá me perdoa, no dia em que você próprio puder me perdoar primeiro. Sei que não sou digno de ter seu perdão e embora esteja arrependido do que lhe causei, sei que não será nada fácil para você, embora como tenho visto por aí o quanto você é uma pessoa boa. Vou esperar, sempre pedindo a Deus, quem sabe um dia posso ter essa benção vinda de você .

Poderia escrever cem páginas, mas não sou digno de tomar tanto seu tempo .

Paulo .

— Não quer saber nada? — perguntei-lhe.

— Não!

— Ele quer seu perdão! — arrisquei.

— Chega, Willian! — recomeçou a chorar.

— Ele disse que já pediu perdão a Deus, mas que Deus só poderá perdoá-lo se você também puder!

— Mentira! — negou ele, chorando mais. — Deus perdoou até quem matou Jesus Cristo, seu filho! Eu não posso! Sou muito fraco!

— Mas será que compensa carregar essa mágoa com você? Esse veneno no coração?

— Pare, Willian! Você está me torturando!

Amassei a carta e joguei no lixo da cozinha. Regis, ainda com lágrimas, se acomodou no sofá e em menos de cinco minutos estava dormindo.

Conforme prometido, levei-o para visitar a feira agropecuária de nossa cidade, denominada Eapic, onde assistimos juntos ao rodeio e depois o grande show com Chitãozinho e Xororó.

E assim ele permaneceu comigo até o dia quinze de julho, descansando, passeando, revendo alguns amigos antigos e parentes, se divertindo e sentindo alguma alegria.

Aproveitamos para um breve passeio a Águas da Prata e Poços de Caldas e então dia dezesseis pela manhã, embora ele dissesse que não precisava... Que iria de ônibus; mas eu, sorrindo lhe disse, que sua visita me fora um ótimo presente e que seria um prazer retribuir, levando-o de volta à sua casa em São Paulo.

Durante todo percurso, tinha vontade falar sobre Paulo, mas não queria causar-lhe más recordações, porém ele era mais esperto do que eu imaginava e sabia de minha intenção, então, já estando na Rodovia dos Bandeirantes, pouco depois de Campinas, ele me falou:

— O que você quer falar?

— Eu?! — fingi surpresa. — Nada!

— Seria bonito e até me faria parecer santo, dizer, eu perdoo ele, mas seria da boca pra fora. Meu trauma foi muito grande naquele período e eu não sou santo!

— Vai viver com isso?

— Você se lembra de Tavinho? — perguntou-me ele.

— Tavinho! — surpreendi-me. — O que tem a ver?

— Ele comprou uma sonata sua, quando você ainda tinha minha idade e nunca te pagou. Você ainda não o perdoou. E olha que aquilo era apenas um bem material, de duzentos cruzeiros!

Dei um sorriso e não toquei mais no assunto.

De fato, quando tinha doze anos de idade, vendi um aparelho toca discos, marca Sonata para o tal Tavinho, que me prometera pagar em duas vezes, mas nunca pagou. Achei que ele era safado e que não tinha problemas, aquele dinheiro faria mais falta a ele do que a mim próprio. Mas aquilo não era questão de perdão.

©©©

Em São Paulo, reservamos uma manhã para juntos irmos ao INCOR e conseguimos sermos recebidos, em visita rápida, pelo doutor Hernandes, onde Regis, rindo, entregou-lhe um disco autografado, dizendo:

— Acho que agora o senhor vai gostar de minha música!

O doutor apanhou o disco, olhou-o, lendo inclusive a contra capa e sorriu dizendo:

— Você realmente é especial, menino! Gravou em inglês só pra cumprir o que me disse?

— Quero que goste de minhas músicas!

— Muito bem, meu paciente especial. Embora não lhe disse, já ouvi cada uma de suas músicas mais de uma vez.

— Em português?

— Todas! Mas fiquei sabendo que você vai parar!

— Vou ser médico! Assim como o senhor!

— Então que seja muito bem vindo a outros palcos da vida! Medicina também é uma arte! Uma arte onde não pode haver erros!

— Sei disso!

— Vamos dar uma olhada neste coração!

— Meu coração está ótimo! — riu o menino, batendo forte no peito.

— Tire a camisa e deite-se naquela cama. Vamos fazer um ultrassom!

— Oh, Owh! Não vou ter nenê! — espantou-se.

— Jura?! — caçoou o médico. — Não está grávido?

Doutor Hernandes, aproveitou a oportunidade e embora não tivesse sido combinado, fez rápidos exames no menino. Coisas simples, como o ultrassom, que quase não deixava ver o coração, devido à quantidade de ossos da caixa torácica e eletrocardiograma, que também não detectou anormalidades.

— Este coraçãozinho está lindo, igual o de um bebê! — brincou o médico.


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Notas finais do capítulo

Só faltam mais dois capítulos.



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