Inside escrita por maradyer


Capítulo 8
Pool Party


Notas iniciais do capítulo

Me digam o que vocês estão achando.



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Era um dia extremamente quente e Charlotte decidiu dar uma festa na piscina em sua casa após a aula de educação física. Hoje era quinta, afinal. Dia de ir para o sacrifício. 

—  Eu posso te deixar lá - Travis oferece. 

— Não precisa - digo, sabendo que ele tinha compromisso. - Nem sei se eu vou, para falar a verdade. 

— Por quê? 

— Não estou me sentindo muito bem, provavelmente cólica - minto. Eu só não queria ter que chegar na casa de Charlotte e fingir o meu sorriso mais falso. 

— Tudo bem então. Eu tenho compromisso, então vou mais tarde. Se mudar de ideia, me liga que eu passo te buscar. 

Concordo. Ele se aproxima para me beijar, mas viro o rosto, fazendo seus lábios tocarem minha bochecha. Ele parece levemente irritado, mas ignoro. Tudo estava indo rápido demais. Eu não queria que fosse assim. 

Só que ficar em casa sozinha me deixou extremamente deprimida. Eu não sabia o porquê, já que sempre gostei de ter a casa só para mim, dando graças a Deus quando minha mãe não estava. Mas hoje eu me senti tão sozinha, todos os meus amigos reunidos e eu lá... 

Coloco roupa de banho e uma toalha dentro da bolsa e visto um short jeans e uma blusa vermelha de alcinha. Pego o celular para ligar para Travis, mas lembro que a enfermeira disse para eu me exercitar. Começaria com caminhadas. 

Ao entrar, dou graças a Deus por achar os meninos rapidamente. Sabia que Charlotte me incomodaria assim que me visse. 

Ed vai pegar bebidas para nós enquanto Harvey e eu conversamos e rimos perto da piscina. Alguém pula e joga água em nós. 

— Vocês não vão entrar? - É Tom. 

Digo que depois. Só que não tenho muita escolha, pois assim que Tom vê Natalie entrando na casa de Charlotte, sai correndo da piscina, me pega nas costas e me joga. 

— Me perdoe por isso - ele sussurra antes que eu sinta o impacto da água. 

Quando volto à superfície, vejo ele me encarando temeroso. 

— Não fique brava, eu só... 

Dou risada do seu espanto. Vejo sua expressão se suavizar e ele começa a rir comigo. Harvey pula na piscina também. 

— Ei, vocês me fizeram ir atrás de bebidas pra entrarem sem mim? - Ed questiona, fingindo estar bravo. Nós damos risada enquanto ele entrega as batidas para nós e tira a camisa, também pulando na piscina. 

Fazemos algumas brincadeiras idiotas como jogar água uns nos outros e briga de galo. Harvey estava em cima de Ed e eu em cima de Tom. Ele acabou ganhando de mim. 

— A sua direita - Ed sussurra para Harvey, mas eu consigo escutar. Sigo os olhos dele e percebo que há uma garota muito bonita entrando na piscina pela escada, temerosa de molhar o cabelo. 

Harvey sorri para Ed e eles fazem um toque rápido com as mãos antes que ele nade até lá. Homens. 

Vejo Natalie na piscina, aos risos com outro. Também vejo o olhar magoado nos olhos de Tom. 

— Você ainda gosta dela? 

Ele desvia o olhar e eu percebo na hora a resposta. 

— Eu não deveria, né? Ela foi uma vadia comigo. Me usou pra se aproximar de Travis e quando ela entrou para nosso grupo, me traiu com um idiota qualquer do time de basquete. Aí Charlotte se machucou e ela virou chefe das líderes de torcida. Só então Travis reparou nela - ele dá uma risada debochada. - Ela não era ninguém quando a conheci. Tinha dinheiro, mas jamais teve alguém. Eu a trouxe para o nosso grupo, compartilhei meus amigos... no final ela conseguiu tudo o que sempre quis. 

— Só que ela perdeu uma pessoa maravilhosa - toco o rosto de Tom. - Mesmo que você ainda goste dela, vai chegar o dia em que você vai conhecer uma garota maravilhosa e antes que você perceba, já vai ter seguido em frente. 

Tom sorri para mim, mas vejo a tristeza escondida lá. Eu conhecia aquele olhar. Sabia como era sorrir, mas por dentro querer chorar.  

— Tom! - ouço a voz irritante de Natalie. Já tinha ouvido sua voz normal uma vez no vestiário feminino. Não era assim. Era claro que ela forçava para parecer artificial e estridente. - Não tinha certeza se você viria. 

— Claro que eu viria, Charlotte é minha amiga. Ao contrário de você, que foi convidada por conveniência. 

Eu sabia que ele estava falando com Natalie, mas, ainda assim, senti o golpe. Charlotte não era minha amiga, pelo menos não mais, depois da nossa discussão... tinha certeza que ela estava bem mais do que irritada comigo. 

— Eu vim com meu namorado - ela olha ao redor, provavelmente procurando alguém, mas como não o acha, volta a olhar para nós. - Ele provavelmente foi buscar as bebidas. 

Meu namorado, as palavras de Natalie ecoam na minha cabeça. Olho para o relógio prateado na parede e vejo que já está ficando tarde. Travis devia ter chegado. Não seria possível... falo para mim mesma, seria? 

Mergulhada em meus pensamentos, só percebo que Tom e Natalie discutem quando já é tarde demais. 

— Pelo amor de Deus, não vamos resolver esse tipo de coisa aqui. Tenham decência. 

— Decência? Você não teve nem um pingo de decência quando deu para o meu namorado. 

— Do que você está falando? - essa menina só pode estar ficando louca. 

Obviamente ela falava de Travis. Só que ao contrário do que ela pensava, eu não tinha dormido com ele. 

— E se não me bastasse, roubou Tom e meus amigos - ela rosna. 

— Nós jamais fomos seus amigos, Natalie - Ed intervém. - Você era namorada do nosso amigo, nada além disso. E agora que vocês terminaram, você não é nada para nós. 

— Agora eu sou namorada de outro amigo de vocês. Todos teremos que nos suportar. 

— Todos sabem que Travis não tem namorada - Harvey aparece com a garota de mais cedo em baixo do braço. - Ele tem distrações. 

— Além do mais - me aproximo de Tom, lembrando na nossa farsa -, eu estou com Tom. 

Natalie dá risada. 

Vejo Tom se retesar perto de mim. Essa menina não deveria ter o poder de afetá-lo tanto. Isso tinha que parar. 

Entrando completamente na nossa mentira, fico na ponta dos pés e viro a cabeça de Tom para mim, o beijando. 

Quando eu abro os olhos e vejo o mundo voltar a entrar em foco, enxergo todos nos observando. 

Todos, inclusive Travis. 

—-- 

— O que você pensava que estava fazendo? 

— Ajudando um amigo - sussurro, puxando a alavanca da máquina de Frozen Yogurt.  

— Você... 

— Travis, você não tem o direito de reclamar de qualquer coisa que seja. 

— Eu tenho todo o direito!  

Me viro para encará-lo. 

— Talvez tenha sob a sua namorada.  

— Court... - ele tenta tocar meu braço, mas o afasto. 

— Não... E para de me chamar de Court. Você sabe que eu odeio. 

— Eu disse que terminaria com ela, não disse? E é isso que eu vou fazer. 

Seus olhos brilhantes e seu aperto na minha cintura quase me convencem. 

Quase. 

— A sua vida é uma teia, Travis. E eu não quero mais estar presa a ela.  

—--- 

— Natalie... 

— T! - ela enlaça os braços ao redor do pescoço dele e o beija.  

E ele deixa. Ainda a puxa pela cintura. 

Ele sorri quando eles se separam. 

Não sei porque isso me afeta tanto. Eu me sinto tão, tão irritada. Desvio o olhar. 

— Nós precisamos terminar. 

O quê? 

— O quê? 

— É isso mesmo: nós precisamos terminar. 

— T, eu não estou entendendo... 

— Eu gosto de outra pessoa. 

Não é possível, penso. 

— Não é possível! T, você jamais... 

— Sim, você está certa. Eu jamais gostei de alguém, mas dessa vez é diferente. 

— Eu não consigo acreditar nisso. 

— Isso vai de você. 

— Eu não quero. Eu não aceito! 

— Você está livre, Natalie. Vá viver a sua vida. 

— Eu não quero ser livre, eu quero você! 

— Você quer a popularidade que eu posso te promover - ele sussurra bem baixinho, mas eu ainda consigo ouvir. - Podemos andar juntos no intervalo ainda. As pessoas não vão deixar de falar de você. 

— Você não entende, Travis. Mesmo que você não fosse popular... 

Eu não conseguia acreditar que ela iria falar aquilo. 

—... mesmo que você não me proporcionasse nada disso, ainda assim... 

Ela não fala, mas ele entende. 

Ele entende e ri. 

— Nós não somos capazes disso - ele coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. - Gostar, talvez. Mas amar... não podemos nos dar tamanho luxo. 

— Travis... você foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido nesses últimos meses. Eu preciso de você perto de mim. 

— Sinto muito, mas eu não tenho nada a te oferecer. Não é recíproco. 

— Então por que você fez tudo aquilo por mim? Se não foi real, nem por um momento, pra que todo aquele esforço? 

Ele não fala nada. 

— Você foi me ver no hospital inúmeras vezes, foi até minha casa conferir se eu estava bem... Me deu comida na boca quando eu cai daquela árvore na sua casa e quebrei o braço, segurou meu cabelo quando eu vomitei depois do meu primeiro porre! Quem faz isso?  

Ele continua em silêncio e eu sinto meu coração apertar. Sinto que Natalie jamais foi um jogo para ele, não como as outras. Ele se importava de verdade e agora ele estava partindo-a ao meio. 

— Por que, Travis? 

— Não é óbvio? - ele questiona. - Pra dormir com você. Mas agora enjoei. 

— Não adianta você fingir que não é uma pessoa boa. Eu sei que você é. E também não adianta machucar um coração que está bem mais danificado do que isso. Você sabe de tudo que suportei, que você me ajudou a suportar... 

Ela toca o rosto dele. 

— Vamos esquecer tudo isso, sim? Se você quiser, pode dormir com aquela garota. Eu finjo não ligar. Apenas, por favor, não faça o que está tentando fazer. 

Mas ele a afasta. 

— Fiz tudo o que fiz para dar uma última alegria a uma garota praticamente morta. Agora que você está curada, podemos parar com toda essa mentira. Nós nunca daríamos certo, nem mesmo por conveniência. 

As lágrimas enchem os olhos de Natalie e eu sinto minha visão embaçada também. 

— Travis... 

— Acabou, Natalie. Já disse. Vamos esquecer tudo isso. 

— Eu não consigo esquecer - ela segura o braço dele. - Por favor... 

Ele se afasta. 

— Isso já é problema seu. 

—-- 

— Court! 

Me afasto imediatamente. 

— Não se dê ao trabalho. 

— Eu terminei com Natalie. 

— Sim, eu ouvi. 

— E eu... o quê? 

— Eu ouvi - repito. - Foi horrível. 

— Court...  

— O que você disse a ela... nunca ouvi nada mais horrível. Você é desprezível, Travis. 

— Courtney - ele me chama assim pela primeira vez. - Eu não... 

— Você tinha começado tão bem, mas então... você fez tudo desandar. Você afundou com tudo! 

— Você tem que entender - ele coloca suas mãos em meu rosto - que eu gosto de você e que eu preciso de você. 

— Pra quê? - pergunto. - Pra você me dar comida na boca quando eu quebrar o braço e segurar o meu cabelo para eu vomitar depois de um porre, só pra quando você cansar de mim, me descartar igual um lixo? 

— Você está com ciúme? 

Sim! Eu estava, mas aquilo era algo que jamais admitiria. 

— Não, eu estou enojada. 

— Você disse que se eu terminasse com ela, poderíamos ficar juntos... Eu fiz isso por você, Court. 

— O jeito que você a humilhou, Travis, só me mostra quem você realmente é. Eu estive cega, mas agora eu posso ver. E eu sinto muito que as coisas tenham que ser desse jeito. 

Me preparo para sair dessa conversa, mas ele me puxa para um beijo. Pela primeira vez, não o quero perto de mim. Não sinto o gosto refrescante dos seus lábios e nem correntes elétricas percorrendo o meu corpo. Tudo o que eu consigo sentir é nojo. 

O afasto de mim. 

— Travis, não torne tudo ainda mais difícil. 

— Você não precisa fazer isso - ele tenta segurar meu rosto, mas não deixo. - Eu sei que você sente o mesmo que eu. Essa conexão que nós temos é difícil de ser encontrada. 

— Qualquer conexão que tivemos foi rompida no exato momento que você tratou aquela garota como lixo. 

—-- 

Quando o sol já está se pondo, encontro Charlotte tomando uma batida, sentada em uma espreguiçadeira, rindo com Enzo. 

— Courtney! - ele me vê e me chama. Me aproximo e Charlotte fecha a cara. - Não tinha a visto. 

— Você que sumiu o dia todo - faço uma expressão maliciosa e dou risada quando ele fica vermelho. Quase me esqueci de como as conversas com Enzo eram boas e leves.  

— Estou morrendo de sede, vou pegar algo. Você quer? 

— Eu estou bem, obrigada. 

Enzo olha para Charlotte, mas ela faz que não com a cabeça. 

— Já venho. 

O silêncio constrangedor se instala entre nós. 

— Charlotte... 

— Sim? 

Engulo meu orgulho e respiro fundo. 

— Você estava certa. 

Ela tira os óculos escuros para me encarar. 

— Eu avisei. 

— Sim e eu não escutei. Sinto muito por isso. 

Ela sorri. 

— Tudo bem, podemos continuar com nosso plano agora. 

Me mexo, desconfortável. 

— Depois da discussão de hoje, acho difícil nós voltarmos sequer a nos falar. 

— Peça perdão, mesmo que não seja sua culpa - ela diz. - Fale que foi TPM, eles sempre acreditam nisso. 

— Eu não sei se conseguiria agir como se ainda quisesse algo com ele depois de tudo. 

— Você tem que conseguir se quer vê-lo pagar. 

Penso em tudo o que ele já fez com aquelas garotas. Penso em Charlotte e no seu relacionamento com Enzo, uma pessoa tão boa, que quase foi destruído; penso em como ele ficou com Natalie, mesmo sabendo que Tom, um dos seus melhores amigos, era loucamente apaixonado por ela; penso na humilhação que ele a fez sofrer depois de tudo... penso em mim e em como ele me enrolou por dias, dizendo que terminaria com ela. 

— A ideia foi minha - digo. - Vamos terminar com isso.


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Notas finais do capítulo

E então?



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