RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 3
Traces


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos podem demorar a sair, estou tentando postar um por dia. Faço faculdade de engenharia e com as avaliações e projetos meu tempo para escrever diminui severamente. Espero que entendam.

Boa leitura sunshines!



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– O novato irlandês. – Ethan sorriu indo cumprimenta-lo. – Seja bem vindo a nossa equipe.

– Obrigado. – Ele deu alguns passos pesados em minha direção. Sua postura era galanteadora, seu olhar fixo no meu parecia tentar me destruir, um jeito despojado era facilmente notado devido sua jaqueta de couro marrom jogada sobre seu ombro esquerdo, mãos nos bolsos, relógio caro no pulso e um perfume fortemente atrativo. O tipo certo de pessoa errada. – E você é quem? – Sorriu torto.

– Charlotte Reid. – Estendi minha mão para cumprimenta-lo. – A líder dessa equipe.

– Uma mulher na liderança. – Ele olhou para Derik que riu após cumprimenta-lo. – Isso será interessante.

Sorri friamente como resposta, duvidar que uma mulher pode estar no comando não me deixava fragilizada, mas me dava muita sede por mostrar do que o sexo frágil era capaz.

– Você estava dizendo que 457 é uma tática de batalha... – Não o encarei tentando ignorar sua presença perturbadora. – O que sabe sobre isso?

– Os soldados usavam números como identificação, esses números indicavam suas posições no campo de batalha, mas eu posso estar terrivelmente errado.

Comecei a fazer algumas anotações na lousa branca em minha frente, coloquei algumas fotos com a cena do crime, fiz mais algumas anotações e esperei até que alguém sugerisse mudanças ou novas teorias.

– Detetive Reid, o resultado da análise do vestido está pronto. – A nova funcionária do laboratório me entregou uma pasta verde clara. – Qualquer dúvida só me chamar. – Sorri em agradecimento e não esperei até que ela saísse para começar a ler os resultados.

– Polônio 210. – Murmurei em voz alta o que havia acabado de ler. Imediatamente inúmeras teorias começaram a surgir. – Um dos venenos mais letais que existem, uma pequena dosagem pode matar milhões de pessoas. É extremamente difícil conseguir essa droga, portanto, nosso assassino deve ter experiência em química.

– Todo o veludo estava contaminado? – Derik cruzou os braços e chegou mais perto de mim para analisar o quadro.

– Alguns vestígios foram encontrados na pequena amostra, se o tecido estiver contaminado estamos procurando alguém muito perigoso... o estrago será irrecuperável. – Pensei em alguma hipótese lógica para o uso dessa droga. – Também foram encontrados pequenas quantidades de ácido sulfúrico, é uma droga em mutação.

O silêncio permaneceu por alguns momentos. Todos, inclusive nosso novo mascote, procuravam alguma ligação ou forma de resolução para este caso. Ethan analisava as fotos retiradas, procurando alguma coisa escondida nelas. Derik estava em frente ao quadro com as informações e fazia anotações rápidas em seu caderno, sempre pensativo e gesticulando a cada nova teoria. Jasper estava ao meu lado analisando o resultado do laboratório, ele parecia querer entender o que estava acontecendo e mesmo confuso não tirava o sorrido torto do rosto.

– Derik, procure no sistema pessoas formadas em química que já foram fichadas. Ethan, volte na cena do crime e procure novamente qualquer tipo de radiação, dessa vez vá com toda a segurança necessária, a meia-vida do polônio é muito curta mas mesmo assim, todo cuidado é pouco. E você... – Encarei Jasper que me olhou malicioso. – Você me ajuda com a pesquisa de campo.

~X~

Londres; Brixton; Edificio Eyes; 2:20pm.

Voltamos ao edifício para entrevista de testemunha e para perguntar ao porteiro se ele conhecia todas as pessoas que haviam saído do prédio no horário do crime.

– Senhor, eu sou a detetive Reid do departamento de polícia, poderia fazer algumas perguntas? – Encarei gentilmente o senhor em minha frente, amedrontar nossas testemunhas nunca era uma boa opção.

– No que posso ajudar?

– Gostaria que olhasse atentamente todas essas fotos e me dissesse se conhece todos que estão nela, isso será muito importante para nós. – Entreguei as fotos e esperei até que ele as olhasse.

– Esse rapaz aqui... – Ele apontou para imagem onde um homem de capuz preto aparecia. – Eu nunca o vi.

– Tem certeza senhor? – Jasper o questionou.

– Tenho rapaz, isso é sobre a morte do Richard? Ele era uma boa pessoa, sempre me ajudou com as compras e com as entregas de correspondências.

– Ninguém nunca veio atrás dele? – Perguntei cuidadosamente.

– Somente sua namorada Lily, mas eles terminaram a uns dois dias atrás.

– Sabe o sobrenome dela? – Jasper e eu murmuramos juntos.

– Collins. – Havia medo em sua voz. – Essa pessoa que matou Richard, não voltará aqui, não é mesmo?

– Faremos o possível para que não... – Disquei o número de Derik e esperei até que ele me atendesse. – Derik, preciso que encontre Lily Collins e a convoque para o departamento ainda hoje. – Desliguei o celular e encarei Jasper, muito próximo de mim, analisando cada detalhe em meu rosto. – Com fome?

– Que bom que perguntou.

~X~

Londres; Soho; Nando’s; 3:50pm.

Jasper devorava um imenso pote de frango frito gorduroso enquanto eu me saciava com um wrap de frango e creme de abacate saudável.

– Por que quis ser policial? – Perguntou durante alguns goles em seu refrigerante com açúcar extra.

– Curiosidade. – Respondi terminando de comer.

– Somente isso? – Seus cotovelos apoiados sobre a mesa, o permitiram a se inclinar em minha direção. – Ninguém da sua família seguia essa carreira? – Ele parecia interessado demais.

– Meus pais.

– Então eles te influenciaram.

– Não tiveram muito tempo para isso. – Observei um jovem casal na mesa do lado trocando carinhos e beijos constrangedores. – Faleceram a alguns anos.

– Sinto muito. – Seus olhos se arregalaram e por um momento ele parecia ser sincero. – Meu pai era policial e também faleceu, a muito pouco tempo na verdade.

– Causas naturais? – Me interessei em sua história.

– Gangues naturais da Irlanda. – Ele sorriu limpando os lábios, como se tentasse esquecer esse fato ocorrido. – Bom, se vamos trabalhar juntos devemos nos conhecermos melhor, certo?

– Defina melhor. – Sorri irônica encostando minha coluna no estofado macio do banco.

– Quantos anos tem? Onde mora? A quanto tempo trabalha no departamento e o que achou de mim?

– Vinte e quatro. Kensigton street. Três anos. Um pé no saco. – Ele riu ao ouvir minhas últimas palavras. – E você senhor West?

– Vinte e seis. South Wark, por enquanto. Trabalhei por cinco anos no departamento de Dublin e você... um problema! – Seu sorriso torto voltou a surgir em seu rosto me deixando completamente sem graça.

– Um problema?

– O maior de todos. – Ele riu pegando a carteira e deixando o dinheiro, de ambas refeições, em cima da mesa. – Temos uma testemunha nos esperando, e não adianta me olhar com essa cara porque eu não vou cair nos seus encantos... – Jasper deu de ombros fazendo uma cara incompreensível e começou a caminhar em minha frente, em direção a porta.

Olhares eram disparados em direção a ele a cada passo que era dado, e ele parecia não se importar em ser o centro das atenções, na verdade ele parecia gostar.

O caminho de volta para o departamento se tornou cômodo a partir do momento em que apenas o som vindo do rádio era audível. Jasper observava atentamente as paisagens que se passavam conforme eu dirigia, seu corpo desleixado jogado sobre o banco do carona mostrava o quão esgotado ele parecia estar.

– Cuidado! – Gritei assim que percebi que ele estava prestes a fechar os olhos para um breve cochilo. – Você não pode perder a pose de galã, isso seria o fim da sua popularidade. – Ri ao vê-lo assustado.

– É isso que pensa de mim? Um galã. – Ele sorriu convencido.

– Há milhões de péssimos galãs espalhados pelo mundo, não seja um deles.


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Notas finais do capítulo

O que esperam dessa estória?
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See ya later xx