RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 4
Problem


Notas iniciais do capítulo

Things are getting burn!



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Londres; The West End; Departamento de polícia; 5pm.

Formulava e revia algumas perguntas a serem feitas para Lily Collins, a ex namorada de nossa vítima. Interrogar um parceiro era sempre mais difícil do que faze-lo com qualquer outro membro da família, ou um amigo. Parceiros se tornam cúmplices quando o segredo tem consequências incalculáveis, e para não ser declarado culpado, histórias são inventadas e verdades são modificadas.

– Lily Colins. – Entrei na sala do interrogatório e me sentei em sua frente, colocando minha pasta, com fotos e dados sobre Richard e sua morte, em cima da mesa. – Soube que terminou com Richard alguns dias atrás.

– Isso não é da sua conta.

– A partir do momento que o corpo dele entrou no meu departamento e o caso dele chegou a mim, isso é da minha conta sim. – Murmurei sem paciência para infantilidades. – Eu preciso saber se notou alguma coisa estranha acontecendo com ele no último mês.

– Eu não sei de nada.

– Olha, senhorita Collins, estou a mais de vinte e quatro horas sem dormir e sugiro que comece a falar antes que eu perca o pouco de paciência que me resta. – Seus olhos azuis se arregalaram e seu corpo se encolheu contra a cadeira de madeira em que estava sentada.

– Richard era uma boa pessoa, nunca quis o mal de ninguém. – Ela parecia extremamente atingida com a morte do rapaz. – Mas algumas semanas atrás ele recebeu uma encomenda que precisava ser entregue com urgência para uma máfia do lado oeste de Londres. Ele só finalizava as entregas após o pagamento e como isso não aconteceu, a caixa ficou lá por alguns dias até que o destinatário apareceu e quis pega-la a força. Alguém informou a ele que não era para a caixa sair de onde estava, porque se ela fosse entregue ele seria dado como cumplice de algum crime... eu não sabia o que fazer e não queria parar na prisão, ele não quis queimar a caixa, ou joga-la fora, e então terminamos.

– Você sabe o nome de alguém relacionado a essa entrega?

– Não... Eu o vi uma vez. Usava uma máscara preta que tampava metade de seu rosto e um casaco longo com capuz escuro.

– Nenhuma característica pessoal? Cor dos olhos, cabelo, altura...

– Muito alto. – Ela deu de ombros.

– Por favor, Senhorita Collins, qualquer coisa que lembrar nos ligue imediatamente.

Ela pegou o cartão em minha mão e se levantou indo em direção a porta cabisbaixa.

– Vocês vão pegar quem fez isso com ele, não vão?

– Faremos o possível.

Lily saiu do departamento acompanhada por um policial disfarçado, o caminho de volta a sua casa deveria ser de extrema segurança, assim como em qualquer outro caso.

Voltei para a sala de pesquisas, onde toda minha equipe de investigadores também ficavam, comecei a refazer anotações no quadro do caso e formular novas teorias sobre o destinatário 457.

– Aqui está a lista de químicos formados que passaram fazer uma visitinha a policia. – Ethan parou ao meu lado mostrando a pasta com dezenas de nomes. – Mas você só vai ver isso amanhã. – Ele colocou-a em cima de minha mesa e retirou a caneta e os papeis que estavam em minha mão. – Você precisa descansar detetive.

– Há muito o que fazer.

– Amanhã! Hoje você só precisa dormir... – Ele riu me empurrando delicadamente até o elevador. – Boa noite Lottie.

– Espera... eu também estou indo. – Jasper correu em direção ao elevador, segurou a porta e entrou graciosamente ao meu lado. – Boa noite investigador. – Ele sorriu fazendo uma reverência a Ethan enquanto a porta fechava novamente. – Como foi o interrogatório?

– Pensei que estaria lá.

– Reunião de emergência com meu novo chefe. – Sua voz continha alterações devido ao cansaço. – Nem acredito que, finalmente, vou dormir...

– Não se acostume.

~X~

Londres; Kensigton; Charlotte’s studio; Quarta-feira; 7:38 am.

Mais um dia em que acordo sentindo falta da infância, da inocência que o mundo parecia ter e dos problemas que um dia não existiram.

Durante esses oito anos que vivo sem meus pais, aprendi que a solidão não deve ser motivo de tristeza mas sim de tranquilidade.

Muitos dizem para eu deixar o trabalho sair de mim, para não passar tanto tempo resolvendo crimes e encontrando soluções para os problemas alheios, mas a verdade é que quem não quer deixar o trabalho de lado sou eu, pois ele é a única companhia que me completa de forma terna, mesmo que isso me cause insônia.

Nada é permanente neste mundo perverso, nem mesmo nossos problemas.” - Charles Chaplin

Pelas manhãs eu gostava de sentar na pequena varanda do meu apartamento e ler um bom livro acompanhado de um chá quente. Quando embarcava na leitura, uma parte de mim parecia se transportar para a história lida, como em um filme ou uma série de TV rumo a fama. Era o único momento em que eu não me preocupava nos assassinos que estavam soltos ou nas vitimas sendo feridas friamente.

Manter uma rotina era a coisa mais difícil de ser feita nessa profissão, tínhamos que estar a disposição em qualquer horário, principalmente de madrugada quando o sono, que sempre demora a vir, é perturbado pelo violento som do toque de celular. É claro que, como tudo nessa vida, ser detetive tem o seu lado bom e a equipe é uma delas. Minha equipe não era somente formada de bons profissionais, mas sim de bons amigos, amigos que eu sei que não importa quando, ou porquê, mas estarão sempre lá quando eu precisar.

– Reid. – Atendi ao celular que tocava sem parar.

– Detetive, precisamos de você. – Lauren murmurou com tom de cansaço.

– Estou a caminho. – Respirei fundo antes de voltar para a realidade.

Enquanto caminhava em direção ao closet, ia jogando as peças do meu pijama no chão. Decidi rapidamente o que vestir, uma calça jeans confortável, botas de cano baixo com um salto moderadamente alto, regata preta sem nenhum detalhe e jaqueta de couro. Prendi meu cabelo em um coque mal feito, passei uma maquiagem leve, apenas com os olhos contornados em preto e o meu típico melhor amigo, batom vermelho.

Encontrei as chaves do carro em cima da bancada da cozinha e por onde passava ia capturando os objetos que deveriam estar em minha bolsa.

– Olá detetive. – Jasper me assustou estando em frente a minha porta no momento em que eu a abri.

– O que faz aqui?

– Pedindo uma carona, eu ainda não me acostumei com o metrô desse lugar... minha teoria estava errada. Droga! – Ele negou algumas vezes com a cabeça, como se eu tivesse entendido a segunda frase.

– Teoria?

– Tenho uma teoria pessoal de que mulheres com óculos não me atraem... mas você está, se me permite dizer, estonteante com quatro olhos Charlotte. – Sorriu torto e cruzou os braços encostando no batente da porta.

– Podemos ir? – Empurrei-o para poder trancar meu apartamento.

– Você é difícil. – Blefou ironicamente

– Você nem imagina o quanto.

~X~

Londres; The West End; Departamento de polícia; 11:28 am.

Jasper me seguia inquieto pelos corredores mal iluminados da parte de laboratórios e perícias médicas, algo parecia o incomodar.

– Lauren, qual a novidade? – Sorri ao vê-la cantarolando ao examinar um novo corpo, sem ligação nenhuma com o meu caso.

– Richard tinha uma marca no pulso, pós morte, portanto ela só apareceu agora. – Ela deixou de lado sua pinça e tirou as luvas para me entregar algumas fotos. – 457.

– Esse é o nome de quem encomendou os tecidos contaminados... – Jasper sussurrou baixo sem tirar os olhos do defunto ao nosso lado.

– Ele tinha marcas na costa, uma linha pontilhada e alguns números e letras que a mim não fizeram sentido. – Ela me mostrou a segunda foto. – 25L e 30N.

– Coordenadas? – Pensei por um momento. – Mas do que?

– Boa sorte com esse caso... – Lauren sorriu fracamente nos expulsando de lá para que a autópsia pudesse ser finalizada.

Meu salto batia contra o piso de mármore a cada passo que eu dava em direção a minha sala. Meus pensamentos pareciam não entender as pistas que eram nos dada e algo me dizia que isso não iria acabar tão rapidamente.

– Lottie... porque está aqui tão cedo? – Ethan me encarou confuso.

– O dever me chamou. – Sorri para ele que fez o mesmo.

Coloquei as fotos no quadro do caso, especifiquei as novas pistas e pedi para que alguém da analise comportamental investigasse a possível origem do significado de 457. Fazia marcações e remarcações, apagando e escrevendo novamente no quadro que já havia sido restaurado milhões de vezes.

Derik digitava tão rapidamente que cheguei a pensar que ele estava massacrando o pobre teclado. Ele estava envolvido no caso e queria dar fim ao assassino antes mesmo dele tentar se manifestar e causar outra vitima.

Ethan estava ao meu lado, me ajudando com as marcações e acrescentando anotações que haviam passado despercebido por mim.

– Pausa para o almoço, pessoal. – Harry abriu a porta da nossa sala para nos informar o horário.

Todos pegaram seus pertences e saíram da sala feito crianças saindo da escola.

– Você não vem? – Jasper perguntou.

– Não estou com fome. – Admiti sem encara-lo. – Você não vai? – Notei que ele voltou a se sentar.

– Também não estou com fome. – Coloquei as mãos na cintura frustrada por não saber nada sobre o assassino. – Bela arma. – Ele sorriu encarando o objeto mortal em minha cintura.

– 457 pode ser o número de alguma embarcação, pode ser coordenadas de algum lugar, ou alguma coisa com as letras D, E, e, G. – Ele chamou minha atenção. – Não podemos ter certeza de nada, então não há motivos para se frustrar.

– Não estou frustrada. – Menti. – Um pouco incomodada com essa história... – Sentei em minha cadeira extremamente macia.

– Ethan e você têm alguma coisa? – Encarou o quadro de evidencias desviando o olhar de minha direção.

– Somos muito amigos, desde sempre. – Sorri ao lembrar do quanto Ethan me ajudou quando meus pais se foram. – Sua namorada vem te visitar em breve? – Tentei esconder meus interesses em uma pergunta qualquer e uma postura desleixada.

– Namorada? – Ele riu. – Se ao menos eu tivesse uma...

Ignorei sua resposta e voltei a encarar o quadro, algo parecia muito estranho. Ninguém viu o assassino e isso era o que mais me perturbava, se Lily estava certa ele usava máscara e capuz preto, era impossível não chamar atenção com essas características.

– Charlotte. – Derik abriu a porta com os olhos arregalados. – Se eu contar você não vai acreditar...


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Notas finais do capítulo

As coisas estão começando a ficar " divertidas", espero que não me larguem no meio do caminho haha'
Não deixem de adquirir uma cópia do meu livro ( foi primeiramente publicado no Nyah! ) http://www.protexto.com.br/livro.php?livro=706

See ya later xx