A Vida Além dos Jogos escrita por stereblane38


Capítulo 26
Capítulo 26 - KATNISS


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii! Eu disse que não iria demorar tanto para postar e aqui estou eu. Então, gostaram da nova capa da fanfic? Espero que sim. Bom, esse capítulo está legal na minha opinião, tem até luta. Não vou enrolar muito, sorry, espero que gostem do capítulo! Rayssa Braga .



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                                Katniss

 

― Acordem!  − Eles se levantam com os olhos semiabertos. – A névoa é venenosa! – Eles pegam apenas as armas e começamos a correr, não estamos muito longe da praia, Peeta cai no chão e eu o ajudo.  Finnick já está cheio de bolhas, Johanna, Beetee e Wiress não estão mais no meu campo de visão. Peeta cai novamente, mas dessa vez eu caio junto.

 

― Você está bem!?

 

― Sim – Digo me levantando.

 

― Por que vocês pararam? – Finnick indaga olhando para nós.

 

― Nós caímos. Peeta precisa de ajuda, eu não consigo. – Mags desce das costas de Finnick, beija ele nos lábios e vai em direção a névoa, Finnick chama seu nome, porém, Mags já se foi, e em um minuto ouvimos seu canhão, os olhos de Finnick Odair se enchem de lágrimas, mas ele apenas diz.

 

― Eu ajudo você Peeta.

 

A névoa nos alcança e queima boa parte dos meus braços e rosto. Voltamos a correr, estou completamente cheia de bolhas, parece que cada parte do meu corpo está sendo queimada.  A névoa começa a nos ultrapassar, mas já estamos na trilha que dá direto na praia. A dor das queimaduras está insuportável, Finnick e Peeta caem, mas dessa vez não foi culpa de Peeta. Finnick nem tenta se levantar, continuo de pé, porém com muita dor.  Finnick não demonstra vontade de se mexer. Mags não demorou muito para morrer, quanto tempo levaria minha morte?

 

Gale   já deve ter tirado Prim da sala, Prim. Lembro da promessa que fiz a ela na primeira vez. As lembranças de Prim me dão forças, ela não merece me ver morrer assim, se for para morrer, que seja lutando.  Ajudo Finnick a se levantar, eu e Peeta apoiamos ele em nossos corpos e começamos a andar, ele geme de dor e sua pele está irreconhecível. A névoa começa a nos engolir. Piso em solo molhado, paro de andar já desistindo, mas antes da névoa me matar, como se uma parede invisível estivesse ali, impedindo que a névoa atravessasse, mais uma vez a Capital se superou. A pelo menos um metro, está nossos outros três aliados, na mesma situação deplorável.

 

Me jogo no chão, a dor fica mais insuportável. Percebo a presença de uma poça de água. Tiro forças de algum lugar e me arrasto até a água, vou entrando de vagar, minha pele arde à medida que entro, vai saindo algo, talvez o veneno, a água fica cheia do químico que sai da minha pele. Apesar de arder, depois que o veneno sai, sinto um grande alívio. Peeta faz a mesma coisa, e os outros também, exceto Finnick. Quando terminamos, tiramos a roupa dele e começamos a molhá-lo, ele geme cada vez mais alto a medida que molhamos, mas em seguida começa a aparentar alívio. Sentamos em silêncio em torno da pequena fonte de água salgada, minha vontade era de berrar para Johanna onde eles estavam quando precisamos de ajuda, Mags poderia ter sobrevivido talvez. Na verdade, pensar que com ajuda deles Mags ainda estaria viva é uma grande idiotice, afinal, são os Jogos, o objetivo é a morte. De repente, começamos a ouvir o som de passos, mas eles param. Preparo uma flecha no arco, esperando a ameaça aparecer, porém, não adianta nada, alguém me puxa com uma força extraordinária pelos ombros, com as duas mãos, uma em cada lado, deixo o arco cair no chão.

 

― Como vai garotinha? – Ele indaga com a boca muito perto do meu ouvido. A voz soa sarcástica e é grossa, é a voz de Brutos. Ele envolve seu braço em torno do meu pescoço e começa a apertar praticamente me estrangulando, Enobária, Gloss e Cashmere estão ao lado dele. – É realmente uma pena ter que matar você agora, poderíamos ter sido aliados, mas você não aceitou. – Finnick, Peeta e Johanna estão em posição de ataque, enquanto Beetee e Wiress apenas tentam se proteger – São tantas formas possíveis de matar, mas acho que vou dar um pouquinho de dor a você.

 

Ele puxa a faca do cinto e diminui a força no braço e isso permite que eu respire. Brutos continua me segurando com toda a sua força, mas seu braço não está mais em meu pescoço e sim abaixo dele, ele pressiona a faca em meu pescoço a poucos centímetros da veia que é ligada ao meu coração, então ele começa a me cortar. A lamina da faca é bem afiada e dou um grito abafado e cheio de dor, ele não está apertando e mesmo assim sinto o sangue quente escorrendo.

 

― NÃO!!!!!! – Ouço Peeta gritar. Vejo ele correr em minha direção, mas Enobária pula em cima dele e segura seus braços no chão. O sangue continua escorrendo, ele não atingiu minha veia, e nem foi muito fundo, sei disso porque ainda estou viva.  Enobária morde o ombro esquerdo de Peeta, dando uso aos seus dentes assustadores. Como punição pela ação de Peeta, Brutos pega meu pulso e faz um corte na vertical, aí sim começa a sair muito sangue e a dor fica bem pior, sangue escuro, como se fosse um vazamento, a faca com certeza pegou uma veia. Peeta e Enobária começam a lutar no chão e Brutos comete o erro de olhar para eles.

 

Finnick lança um de seus tridentes que penetra o braço de Brutos, o que estava me prendendo. Brutos urra de dor e me solta, então Finnick me pega. Um canhão soa, não é o meu, o sangue continua saindo de meu pulso e pescoço. Procuro a vítima, e encontro Wiress jogada no chão com uma faca cravada em seu estômago e a boca cheia de sangue, em cima dela, Gloss. Uma onda de raiva surge e, não sei como, consigo pegar meu arco e disparo uma flecha, que perfura o pescoço de Gloss fazendo seu canhão soar imediatamente. Enobária pega sua faca, na intenção de perfurar o estômago de Peeta, mas ao invés disso, perfura o estomago de outra pessoa, uma mulher, a Morfinácea. Johanna ajuda Peeta tirando Enobária de cima dele. Enobária, Cashmere e Brutos percebem que é uma briga que eles não podem ganhar fácil, então saem de cena.

 

― Vou fazer um curativo no seu pulso e no seu pescoço, vai ficar tudo bem. – Finnick fala nervoso. Ele pega a faca e corta a manga de sua roupa e começa a amarrar com força em torno do meu pulso que está saindo muito mais sangue, o meu pescoço esta cortado superficialmente, nesse ponto posso dizer que tenho sorte, sei que um corte no pescoço pode matar uma pessoa imediatamente. Finnick se concentra em estancar o sangramento do meu pulso e quando vê que já está bem apertado, começa a trabalhar no meu pescoço, enquanto Peeta e Johanna se ocupam com a Morfinácea. – Você consegue andar sozinha até a praia? – Concordo com a cabeça. Peeta está com a mulher nos braços, ela ainda está viva e Finnick pega o corpo de Wiress, em consideração a Beetee.

 

Já chegando na praia, Peeta entra com a mulher na agua, me sinto culpada por não saber o nome dela e em menos de uma hora, duas pessoas salvaram a vida de Peeta.

 

― Gloss matou Wiress, você matou Gloss e… − Ele olha para a Morfinácea – Bom, vou ali… Admirar as árvores.  

 

Eu também gostaria de ir. Em casa fujo assim que alguém machucado chega, vou para floresta. Mas não vou dessa vez, Morfinácea segura minha mão com força, ela merece meu respeito, consideração e agradecimento. Gostaria de perguntar “ por que você fez isso, por que se sacrificou por alguém que nem conhece? Peeta acaricia seus cabelos e fala.

 

― Com minha caixa de pintura em casa, posso fazer todas as cores imagináveis. Rosa, pálido como a pele de um bebê, verde como a grama, azul, que brilha como o gelo na água. – Ela olha bem nos olhos dele, como se eles fossem seu refúgio. – Já passei três dias misturando tintas até encontrar o tom certo para a luz solar sobre a pele branca. Eu fiquei pensando que era amarela, mas era muito mais do que isso. Camadas de todos os tipos de cores, uma por uma. – A respiração da Morfinácea já está desacelerando.

 

Com muito esforço, ela levanta a mão trêmula e pinta o que poderia ser uma flor na bochecha de Peeta.  Morfinácea sorri para ele, e aos poucos, sua mão começa a soltar a minha e seu canhão soa.  Colocamos o corpo de Wiress junto ao dela e começamos a andar para longe. Andamos por quase toda a extensão da praia, sem falar uma palavra, eu matei, mais uma vez.

 

― Você está bem? Ele cortou você.

 

― Saiu muito sangue do pulso, mas acho que já está parando, só estou me sentindo.... Fraca. – Digo a ele, paramos de andar e Finnick se senta na areia.

 

― Vamos até a Cornucópia pegar alguns curativos ou vocês preferem dormir? −  Indaga Finnick.

 

― A Katniss precisa descansar, todos nós precisamos, na verdade. Daremos um jeito depois, temos que tomar cuidado, o Brutos, Enobária e Cashmere não estão muito longe, eu e Johanna podemos vigiar. – Dessa vez não me ofereço e não sei quem ficou com o primeiro turno, em questão de minutos, adormeço.  Não faço a mínima ideia de quanto tempo dormi. Quando acordo Peeta não está ao meu lado e a um metro de distância, está Finnick ainda dormindo.

 

― Beetee? – Ele está sentando um pouco mais a frente, brincando com seu fio de cobre. Ele sorri para mim.

 

― Olá Katniss, que bom que acordou.

 

― Quanto tempo eu dormi? Ninguém me acordou.  

 

― Você e Finnick estão dormindo a 8 horas.

 

― Oito horas! Por que vocês não me acordaram? Que horas são?  

 

― Você e Finnick se esforçaram mais que todos nós, achamos justo, já que vocês são o ponto forte da aliança. Sobre a hora, não tenho certeza, mas acho que já deve ser duas horas da tarde, os idealizadores não estão interferindo muito no tempo.

 

Dormi 8 horas direto, geralmente tenho pesadelos. Estava muito cansada e Finnick também e agora estou morrendo de fome. Peeta e Johanna estão na água, não sei o que eles estão fazendo. Fico sentada, apenas observando, demora alguns minutos para que ele perceba que acordei.

 

― Hey Katniss, que bom que acordou! – Peeta fala acenando para mim.


― Vou acordar o Finnick, precisamos repassar o plano todo. – Johanna diz saindo da água, Peeta sai da água junto com ela e vem ao meu encontro, ele pega minha mão e vamos juntos até Finnick. Quando Finnick acorda ele pede um resumo do que aconteceu enquanto eu e ele dormíamos, apenas a onda do meio dia e um corpo sendo retirado da água, logo depois ele entra na água e volta com uma porção de ostras. Também recebemos uma pomada para pele, e junto 12 pães, Peeta começa a limpar as ostras e dentro de uma delas encontra uma perola. Peeta lava a perola e estende sua mão com um sorriso verdadeiramente bonito.

— Para você.

Eu prendo-a na palma da minha mão, sim, vou mantê-la por perto, nos últimos momentos da minha vida eu irei mantê-la por perto. Este último presente de Peeta. O único que eu realmente posso aceitar. Talvez ela vá me dar força nos momentos finais.

— Obrigada – Digo, fechando o meu punho em torno dela.

Comemos os pães as ostras, vamos até a Cornucópia, Peeta tentou me convencer a ficar na praia, usando o argumento de que minhas feridas iriam arder na agua salgada e realmente arderam, mas fui do mesmo jeito, Finnick ajudando Peeta cheio de armas, e o melhor, com água. Finnick se arma, pega facas e tridentes, Peeta se preocupa mais com a água, Johanna olha para os machados como uma criança olha para seu brinquedo predileto. Uma coisa me chama a atenção, Finnick pega uma coisa, uma caixa pequena, assim que põe os olhos nela, aparentou muito alivio, por ver que nenhum carreirista tinha pegado. Entra na Cornucópia e começo a me abastecer com flechas e facas.

 

Tudo está absolutamente calmo até que não ouvimos passos, mas a Cornucópia começa a girar, começa devagar, e aos poucos a sua velocidade começa a ficar absurda, todos somos derrubados no chão e eu caio entre algumas caixas, a velocidade aumenta, começo a ficar tonta e sentir náuseas. E em pouco tempo depois a tontura se torna insuportável, e isso contribui para que alguns objetos pontiagudos me atinjam. Sou arranhada e furada até a Cornucópia parar de girar. Finnick ajuda Peeta a sair da água e os dois vem me ajudar.

 

― Vocês conseguem nadar até a praia?  Precisamos voltar, essa coisa pode voltar a girar novamente. – Finnick indaga enquanto me puxa.  Você está bem?

 

― Sim, estou só um pouco arranhada e furada e não vai girar novamente. – Digo a ele. – E aquele lance do relógio, lembra? – Ele concorda com a cabeça. Esperamos 10 minutos para que todos se recomponham e voltamos para a praia, com Finnick ajudando Peeta, ele está prestativo demais. Pelo resto da tarde apenas passamos pomada, comemos, e elaboramos estratégias e revisamos os tributos que ainda estão vivos. No fim da tarde, já anoitecendo, Peeta e eu nos oferecemos para o primeiro turno de vigia, em poucos minutos todos já estão dormindo, Peeta observa a mata e eu a praia. Ficamos algum tempo em silêncio, até que ele fala.

 

― Você já pode parar –Peeta olha para mim e continua – Pode parar de tentar dar prioridade para mim e não para você, achei que tínhamos concordado em EU não voltar e você sim. Fez algum acordo com Haymitch? Pois digo que não vai funcionar.

 

Ele volta novamente a examinar meu rosto e pega em meus cabelos.

 

― Peeta… − Digo seu nome, já que não sei o que dizer. – Você merece sua chance! Na primeira vez eu fui a beneficiada, dessa vez, é justo que seja….

 

― Desculpa, mas acho que você não intendeu a situação que estamos, você está sendo egoísta pondo minha vida como prioridade. − Egoísta? – Não se trata só da sua vida, ou você se esqueceu das nossas circunstancias? Também tenho direito de querer alguma coisa, e o que quero é que você volte para casa, com ela ou com ele - Ele menciona minha gravidez, mas não como se fosse gêmeos − O bebe vai precisar de você, de uma mãe. - Ele para de falar novamente, e puxa seu medalhão, consigo identificar o tordo, ele abre o medalhão, e lá estavam três rostos, Gale sorrindo de verdade, minha mãe e Prim. – A sua família precisa de você. Ninguém precisa de mim - Peeta diz, sem nenhum pingo de auto piedade.

 

Realmente, a família e amigos dele irão sofrer, e Haymitch vai superar sua morte com várias garrafas de vinho e outras bebidas, e se eu sair daqui de fato, nossos filhos nunca sentirão falta de um pai que nunca conhecerão. Eles apenas irão ver fotos e alguns vídeos e saberão que Peeta é um herói, eles serão confortados com isso, mas nunca sentirão falta de alguém que nunca conheceram, talvez eles tenham Gale, como um tio, ou quem sabe. Há apenas uma pessoa que sentirá o luto e a falta do garoto do pão para sempre, alguém que não vai suportar sua vida sem Peeta Mellark, alguém que realmente precisa dele.

 

― Eu, eu preciso de você. – Ele me olha com um olhar triste. Me aproximo dele, e o beijo. Não um beijo para as câmeras, ou para a Capital e nem para os patrocinadores, mas sim para mim, ele também me beija e continuamos a nos beijar. Começo a sentir algo diferente, que só senti duas vezes antes, algo que me faz querer mais, na caverna e outra no centro de treinamento, depois dos Jogos. Nos beijamos até perdemos o fôlego, ele continua com o mesmo olhar triste e diz.

 

― Você é a minha vida inteira, se eu voltar, não vou ter como continuar vivendo sabendo o que perdi aqui, você é a minha família, você e o bebê são tudo que tenho. – Peeta sempre quis ser pai, claro que não tão cedo e nem com mísseis e bombas apontados direto para nossas cabeças, talvez ele possa ter outros filhos, com uma outra pessoa, mas isso é realmente egoísta da minha parte, não consigo me imaginar criando alguém sem a ajuda dele.

 

― Eu não posso fazer isso sem você. − Digo a ele, pego sua mão direita e ponho sobre minha barriga, eles se agitam dentro de mim, os dois ao mesmo tempo, Peeta sente e sorri, também dou um sorriso nervoso, já que todas as vezes que isso acontece sou consumida por um terror que é extremamente familiar.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Espero que sim! Ah! E a fanart? Eu achei demais! Comentem o que acharam do capítulo é até o próximo galera!



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