The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 9
Freya


Notas iniciais do capítulo

Hi.
Tudo bom, pessoal? Mais um capítulo pra vocês. Esse aqui tem um diferencial: outro ponto de vista. Como vocês sabem, Ryan foi raptado pelos lobos no capítulo cinco. Neste, vamos descobrir onde ele foi parar e como ele vai reagir a tudo isso. Essa troca de ponto de vista vai acontecer algumas vezes nessa temporada, sempre com Clair e Ryan. Esse capítulo não foi muito grande, mas ele se aproxima de grandes revelações e descobertas sobre coisas que acreditava-se descobertas. Eu sei, enigmático, mas vou parar de falar e deixar vocês lerem.
Enfim, era só isso. Boa Leitura (:



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Ryan Montgomery

Acordei com meu rosto pressionado contra algo frio. Senti minha cabeça doer como se alguém tivesse passado a noite martelando-a. Eu estava em uma cela. O chão era empoeirado e cinzento e barras de ferro me separavam do corredor. Levantei devagar e me aproximei, tentando ver o que havia no fim do corredor. Não consegui, mas vi outras celas. Havia uma de frente a minha.

— Olá! — exclamei.

Era uma menina. Ela ergueu seu olhar para mim. Seus cabelos eram escuros e seus olhos eram verdes como a grama de um campo ensolarado. Ela era linda. Seus lábios carnudos se curvavam em um leve sorriso.

— Vejo que acordou — disse.

— Onde estou? — perguntei.

Ela desviou o olhar para os dedos, entristecida.

— Aslyn — respondeu. — O que sobrou dela.

Meu estômago revirou.

— Aslyn tipo... Ex-Éden? — lembrei da história de Kaitlyn.

Ela assentiu.

— Era um lugar lindo — continuou a menina. — A alegria e a paz reinavam. Todos eram felizes. Deveria ver as festas de primavera. Fogueiras, crianças correndo em volta de motinhos de vagalumes, a luz da Lua refletindo no Lago da Vida enquanto todos cantavam e celebravam mais um ano de paz.

Ela riu.

— Estou nesse mundo há séculos, mais do que posso contar. Mas nunca deixei de me impressionar com a facilidade que a mesa pode virar.

Ergui uma sobrancelha, pronto para argumentar, mas fui interrompido pelo som da porta se abrindo. Com um piscar de olhos, a garota na minha frente se tornou uma menina de oito anos, de cabelos loiros e olhos azuis, com um vestido florido. Ela ergueu um dedo em pedido de segredo. Assenti, apesar de perturbado.

— Olha só, o rico-pobre acordou.

Uma mulher entrara na sala. Era uma mulher de não mais que vinte e cinco anos. Ela tinha cabelos pretos e ondulados, caídos em seu ombro. Seus olhos eram cinzentos e sua pele era branca como sua camiseta. E devo ressaltar que a camiseta estava apertada. Muito apertada.

— Meu nome é Ellen — disse, abrindo minha cela. — Seja Mal-vindo à Aslyn.

— O que estou fazendo aqui? — disparei.

Ela me olhou com autoridade.

— A Alpha quer lhe ver — foi tudo o que disse.

Olhei para a menina, murmurando “Alpha?”. Ellen deu uma espiada na menina com nojo.

— Olá pra você também, Emma.

Emma encarou Ellen com uma expressão que não consegui distinguir. Parecia raiva, unida a nojo, desprezo, medo e perigo. Sei lá.

— Monstrinho — xingou Ellen. — Vem, Montgomery.

Ela me puxou pelo braço e me arrastou pelo corredor.

— Nem tente nada — falou, antes que atravessássemos a porta. — Eu sou dez vezes mais forte do que você.

Seus olhos brilharam em laranja. “Ótimo, mais lobos”, pensei.

— O que eu faria?

Ela me levou por mais alguns corredores, com paredes feitas de blocos de pedra e belas vidraças coloridas, por onde eu podia ver o pátio central do castelo. Era um dia ensolarado e sem nuvens, mas o clima era de monotonia e solidão. Não havia uma alma naquele pátio. Se o que Emma dizia era verdade...

Aslyn era um lugar maravilhoso. Era.

Finalmente, alcançamos uma enorme porta dupla, feita de madeira com detalhes de prata. Ela empurrou uma delas e esticou seu pescoço para dentro.

— Alpha Freya? — ouvi-a chamar.

Também ouvi alguém responder, mas não entendi, foi muito baixo. Ellen se voltou para mim, séria, e abriu a porta para que eu entrasse. Engoli seco e entrei na sala.

Era gigante. O chão era de mármore e reluzia com a luz do Sol, que entrava por janelas no alto da sala. Cortinas azuis com a cabeça de um lobo estampada pendiam sobre as janelas. Um longo tapete azulado, com o mesmo emblema, se estendia até o trono. No caminho, o tapete subia alguns degraus de uma pequena escada e depois mais degraus de uma escada circular, em volta do trono. O trono era feito de ouro, com um almofadado azul. De cada lado, tronos semelhantes, porém com a cabeceira menor, estavam colocados. Entre os tronos, havia castiçais de velas. No alto da parede onde o trono estava encostado, havia um enorme estandarte com a estátua de uma águia, só que parecia estar fora da luz, como se tivessem tentado tirar o foco da águia. No trono maior, estava sentada uma mulher. Seus cabelos pretos e ondulados caíam em seus ombros como uma cachoeira. Ela usava um longo vestido branco, com detalhes de renda. Em seu pulso, braceletes de prata refletiam a luz do Sol. Seu nariz era extremamente grande, mas a beleza de seus olhos ofuscava este detalhe.

— Alpha — cumprimentou Ellen, fazendo uma leve reverência.

— Aproxime-se, Rian — disse a mulher. Sua voz era alta e traduzia poder.

— É Ryan — retruquei.

Ela deu de ombros, como se dissesse “tanto faz”. Dei alguns passos à frente, até estar a alguns centímetros da pequena escada.

— O que quer comigo?

Ela hesitou.

— Tédio — respondeu. — Vontade. Não tenho certeza direito. Espere lá fora, Ellen.

— Mas...

Freya ergueu uma sobrancelha. A menina saiu da sala, relutante. Freya me encarou como se eu fosse uma pintura que ela tentasse entender. Um sorriso perverso surgiu em seu rosto.

— Sua mãe fez um ótimo trabalho com você. — comentou.

Bufei.

— Você não me fez de hóspede por causa de sexo — deduzi.

— Inicialmente, não. — respondeu, levantando do trono e dando leves passos em minha direção. — Mas quando Chase te trouxe, dizendo que você tinha um cheiro diferente, eu pensei: talvez eu possa me divertir um pouco.

— Eu não vou transar com você — retruquei. — Qual era a ideia inicial?

Já a poucos metros de mim, ela revirou os olhos, desapontada.

— Você não é nem um pouco divertido. Eu posso encontrar diversão em outros lugares — lamentou, me dando as costas e dando poucos passos de volta. Então, se voltou pra mim novamente. — Bom, eu soube que você é irmão... Adotivo do prodígio dos Roman. Quando Kyra pediu alguns dos meus lobos para um ataque, Chase achou mais do que justo que tivéssemos um bônus além do que ainda há por vir.

— O que há por vir? — perguntei, cruzando os braços, instantaneamente interessado.

— O quê? Acha que nós lobos somos os vilões da história? — ela me olhou com maldade. — Não. Somos o topo do iceberg. Nosso verdadeiro mestre, Argo, está se preparando para o Grand Dia. E nós somos os seus soldados, logo, seus protegidos. Ele está vindo. E você vai querer estar do lado dele quando ele chegar.

Cerrei os dentes, preocupado.

— O que eu sou pra você? — mudei de assunto. — Você me chamou de bônus?

Ela riu, voltando para o trono.

— Sim — explicou. — Você não é um rapaz comum, Rian, dentro de você...

— Ryan — corrigi.

— ...há algo maior do que um aspirante arquiteto — continuou, me ignorando. — Quer ver só? Fique umas semanas conosco e logo, logo, verá.

Ela sorriu, sentando no trono.

— Pode sair — disse, cruzando as pernas, enquanto olhava suas unhas. — Nem pense em tentar fugir, meus lobos têm ordens para matá-lo caso esteja desacompanhado.

Dei as costas para Freya e abri uma das portas, ignorando sua ameaça.

— Ah, diga para Ellen que está na hora do Ritual — disse, antes que eu fechasse.

Encontrei a mulher do lado de fora, passando a mensagem de Freya. Posso jurar que vi o pavor tomar conta dela, mas Ellen conseguiu se manter. Ela me arrastou por mais corredores e escadas, até que me encontrei no pátio que eu vira lá em cima.

— Pra onde vamos? — perguntei, enquanto a seguia pelo pátio.

— Você ouviu Freya. Vamos preparar o Ritual — respondeu, sem me olhar no olho.

Resolvi não perguntar mais nada. Eu estava me mordendo para fugir. Eu estava em uma área aberta, ninguém estava ali... Era a oportunidade perfeita. A ameaça de Freya ecoou em minha mente, mas cada nervo dentro de mim me dizia para fugir. E foi o que fiz.

Dei um chute na perna de Ellen e corri feito louco para fora do castelo, chegando a largos campos abertos, com o eco da mulher gritando por mim em meu encalço. Corri o mais rápido que pude, tão rápido que quase tropecei em meu próprio pé. Ellen corria atrás de mim a uma velocidade incrível. Quando adentrei a floresta, tomei direções contrárias, direita, esquerda, direita... Até que tomei-a por despistada.

Parei em uma clareira no meio da mata, com os pulmões ardendo em fogo. Minha camisa estava ensopada de suor, eu fugira de um lobo irritado. Eu estava impressionado com minha capacidade. Eu me virei para adentar mais a floresta, talvez conseguisse chegar à tal Grande Praia.

Ficou só no talvez.

Assim que me virei, dei de cara com Ellen, me olhando com impaciência.

— Quer tentar isso de novo?

Engoli seco.

— Você nem está suando! — exclamei.

Ela me ignorou. Sua perna descreveu um círculo no ar, atingindo meu rosto e me jogando no chão. Ela pulou sobre mim e sentou em meu peito, empunhando uma adaga em meu pescoço.

— Eu estou tentando te ajudar! — vociferou. — É tudo o que estamos tentando fazer! Não vamos te machucar! Mas se você fugir feito uma galinha louca fora do poleiro, vai acabar matando a si mesmo!

Eu estava com uma resposta na ponta da língua, mas quando você tem uma faca contra seu pescoço, as coisas mudam de figura.

Mas antes que eu pudesse responder, um som veio de dentro da mata. Um rosnado. Ellen saiu de cima de mim, esticando o pescoço para frente, tentando ver alguma coisa. Acho que ela não viu o que eu vi.

Eram dois olhos entre a escuridão. Dois olhos azuis.

Ellen se aproximou da parte escura da floresta, apurando seu olfato para qualquer movimento. De repente, um corpo cinzento pulou sobre ela, mordendo seu pescoço. Era um lobo. Aos poucos, recuei, temendo que me atacasse. Meu olhar caiu sobre o corpo de Ellen. As mordidas estavam espalhadas pelo seu corpo, enquanto sangue jorrava de cada abertura, inclusive do lugar onde há segundos havia um coração. O lobo ainda estava sobre Ellen, sangue pingando de sua mandíbula. Aos poucos, ele se aproximou. O toque de suas patas no chão era gracioso e seus olhos, azuis. Mas não era um azul comum, era um azul pulsante, brilhante como a Lua. Eu sei que a Lua não é azul, mas o brilho era semelhante.

Recuei devagar, tentando não alertar o animal. Eu sou o tipo de pessoa que consegue sobreviver a diversas maneiras de perigo, mas perigo humano. Naquele momento, por exemplo, minha ruína foi a raiz de uma árvore, onde eu tropecei e cai de cabeça no chão, fazendo um baque surdo ao bater contra as folhas.

Minha visão começou a se esvair, enquanto eu desmaiava.

De novo.


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Notas finais do capítulo

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