The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 7
Myrtle Avenue


Notas iniciais do capítulo

Namaste amigos.
Confesso que estou um pouco triste, porque praticamente, tem ninguém lendo (uma exibição em cada capítulo: uma minha que sempre tem depois de um capítulo postado). Mas não vou deixar de postar, acho que um dia, algum dos leitores das primeiras temporadas queiram continuar a ler, então vou continuar postando mesmo assim.
De qualquer jeito, nesse capítulo temos a apresentação de um personagem peculiar. Quem leu a segunda temporada, sabe a peculiaridade desse personagem. Peço que, em prol da leitura de outras pessoas, NÃO DIVULGUEM SPOILERS NOS COMENTÁRIOS. Obrigado.
Enfim, era só isso. Boa Leitura (:



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Clair Montgomery

— Tá de brincadeira, né? — perguntei, impaciente.

Bom, o negócio é que eu estava me sentindo frustrada.

— Eu não acredito que viemos de Nova York até Chicago de metrô pra isso! — reclamava Sarah.

— Calma, vamos achar um jeito de entrar... — disse Gale.

Ele ergueu as palmas das mãos e se concentrou.

— É só colocar um pouquinho de... Força — grunhiu.

A barreira mal tremulou.

— Desiste, Gale, isso está além da sua Graça — falou Kaitlyn, suspirando com impaciência.

Sentei no meio fio. Sarah andou de um lado para o outro, tentando imaginar a razão da barreira e como passar por ela.

— Precisamos de ajuda — concluiu.

— Não! — irônica, disse eu.

Sarah bufou.

— Precisamos descobrir quem e por que colocou a barreira em Wayland — disse Kaitlyn. — Isso me cheira a coisa dos Lobos.

— O que eles querem afinal? — perguntei.

Sarah deu de ombros.

— Controle, riqueza... — respondeu, sentando ao meu lado.

Suspirei.

— E agora?

Kaitlyn pensou por alguns instantes.

— Repito: precisamos de ajuda — disse Sarah.

— Rafael? — sugeriu Gale.

— Não. Ele está em Aslyn — respondeu Kaitlyn.

Gelei.

— Rafael tipo, Arcanjo Rafael?

Kaitlyn assentiu, dando o assunto por encerrado.

— Gabriel ficou — lembrou Gale. — Foi um dos únicos a ficar.

Sarah o encarou com desdém.

— Lembra o que aconteceu da última vez que pedimos ajuda daquele dali? — disse. — Ele nem respondeu.

— Eu conheço alguém — falei.

Todos se voltaram para mim, agitados.

— O homem que me fez o colar — contei. — Ou pelo menos me deu. Ele ficou.

Quase pude ver os olhos de Kaitlyn brilharem de esperança.

— Aonde ele mora? — disparou Sarah, ansiosa.

Ri com a ironia.

— Ele mora em Nova York.

Dessa vez, até Kaitlyn concordou em tentar umas passagens aéreas. Com umas mentiras incrivelmente estruturadas e uma ameaça, conseguimos as passagens para um voo direto a Nova York.

Eu simplesmente não entendo como eles conseguiam passar horas no avião, fazendo nada. Eu passei as três horas de voo como uma câmera de segurança, procurando perigo em todos os lugares. Afina, estávamos sendo ameaçados por lobos e Demônios. Mas eu não conseguia deixar de, por um instante, desejar que eles aparecessem.

Eu sentia falta de Ryan.

Ele sempre estava na sua, calado, mas sua presença acalmava. Eu queria que ele estivesse ali, do meu lado, como prometera. Assim que a lembrança cruzou meus pensamentos, meu olhar caiu sobre o bracelete que ele me dera naquela noite. Senti um nó se formar em minha garganta. Apertei o bracelete em meu pulso, esperando senti-lo ao meu lado. E assim, adormeci.

Sonhei que eu estava em uma rua. Era noite e as estrelas pontilhavam o céu. As casas em minha volta estavam quietas e a rua estava deserta, exceto por um carro. Ele estava capotado a alguns metros de um poste caído. Por um momento, procurei por qualquer outro sinal de vida no lugar, mas estava tudo muito quieto. Receosa, me agachei ao lado do veículo, atenta ao seu interior.

Na porta, estava Ryan. Seus olhos fechados e uma gigante barra de ferro empalada em seu estômago, além de uma poça de sangue cercando o metal. Eu sabia que estava sonhando, mas o desespero se mostrou real. Tentei puxá-lo, mas algo me impediu.

Eu senti como se algo me atraísse para trás. Levantei aos poucos e me voltei em direção a fonte da atração.

— Clair?

A poucos metros de mim, estava meu pai. Ele estava com a mesma aparência de sua morte, mas sem os ferimentos e o sangue. Seus cabelos estavam mais sedosos e seus olhos com um azul mais vivo. Ele estava mais... Intenso.

— Pai? — respondi. — O que faz aqui?

Ele me olhou com compaixão.

— Não se culpe. Não podemos escolher o que sentimos.

Eu não fazia ideia do que ele dizia. Pra ser sincera, eu sabia exatamente o que ele dizia. Só queria estar errada.

— Do que está falando?

— Sabe muito bem do que estou falando — disse. — Eu te amo. Não importa o que você seja.

Senti um nó se formar em minha garganta, enquanto meu estômago revirava dentro de mim.

— Não faz isso — chorei, com a voz embargada. — Você não pode fazer isso! Não pode agir como se... Isso não mudasse nada...

— Não muda...

— Muda sim! — interrompi-o, as lágrimas pingando sobre o asfalto. — Muda sim e você sabe!

— Não vim aqui lhe crucificar por algo que não é capaz de controlar — falou ele, sério. — Não chore.

Ele segurou meu rosto em suas mãos, enxugando as lágrimas em minhas bochechas.

— Eu preciso que você seja forte — disse. — Precisará de força para vencer os perigos que ainda hão de vir.

Assenti. Segurei sua mão e afastei-a do meu rosto.

— Como me encontrou? — perguntei, com medo da resposta.

Ele hesitou, se afastando de vez e me dando as costas.

— Uma noite, eu cheguei cansado do trabalho — contou. — Joguei-me na cama, exausto. Meu corpo estava cansado, meu emocional estava destruído. Foi quando ouvi um alto choro vindo do armário.

Ele se virou para mim, com lágrimas nos olhos.

— E lá estava você! — sua voz carregada de emoção. — Enrolada em um pano vermelho, com seu nome: Clair R.

— Clair Rosalyn Montgomery — recitei.

Ele desviou o olhar por um instante. Foi quando entendi.

— Clair... Roman.

Victor assentiu.

— Era impossível que você tivesse chegado lá sozinha — continuou. — Desde o início, eu sabia que você era diferente. À medida que você crescia, isso se confirmou. As coisas em sua volta ocorriam do exato jeito que você queria. Foi aí que eu te levei para alguém que conseguisse te ajudar.

— O colar — lembrei.

Ele assentiu novamente.

— Agora me escute — disse, segurando meu ombro. — Preciso que encontre Ryan.

— Eu sei, pai... — respondi.

— Não, não sabe — retrucou. — Não do jeito que eu sei. Você precisa encontrá-lo antes que seja tarde demais.

— Pai, do que-

Fui interrompida por uma luz vinda do outro lado da rua. Meu pai a olhou, apavorado.

— Pai, o que...

— Não tenho muito tempo! — exclamou, assustado. — Encontre-o! Rápido!

— Pai!

A luz se aproximou e tudo ficou branco, se apagando aos poucos, enquanto eu voltava a adormecer.

— Clair. Clair.

Demorei para perceber que estava acordada. Eu ouvia a voz de Kaitlyn me trazendo à tona. Pisquei algumas vezes, atordoada. Eu sentia como se tivesse acabado de fechar os olhos, ainda tentando entender o que meu pai tentara me contar. Voltei meu olhar para a redonda janela do avião. Estávamos em terra.

— Chegamos — anunciou Kaitlyn.

Peguei minha bolsa e fiz meu caminho para fora do veículo. Na verdade, eu não prestei atenção em nada. Tampouco me importei quando um menininho passou voando por mim, quase me derrubando escada abaixo.

Eu sabia que Ryan estava em perigo. Era tudo o que eu conseguia pensar. Eu só pensava nisso, na verdade. Eu perdera Ryan uma vez. Não posso, não consigo colocar em palavras a dor e a escuridão que me tomou ao ver seu corpo frio. Não sei se aguentaria uma segunda vez. Eu faria do impossível possível para encontrá-lo e estar ao seu lado de novo.

Mas a maneira com que meu pai me dissera aquilo, o pavor em seus olhos... Era assustador. Tinha alguma coisa que eu não sabia. Algo que tornava Ryan especial. Então, decidi que não me preocuparia com isso. Meu pai viera dos mortos para me pedir aquilo. Eu honraria seu pedido, não importava se as suas razões eram diferentes da minha, não importava o quão curiosa eu estava.

— ...ele mora? Clair, onde ele mora?!

Gale me trouxe de volta à realidade. Estávamos em outro táxi. Eu estava na janela direita.

— Eu não me lembro — respondi.

Gale me olhou perplexo.

— Mas eu me lembro do nome da loja.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Loja?

— Sim, ele trabalha em uma loja — contei. — Morrinson's. Lembro que a placa era vermelha e brilhante.

Sarah esticou o pescoço para os bancos da frente.

— Para a Loja Morrinson’s. — disse.

O motorista tamborilou os dedos sobre o volante.

— Tem certeza? — perguntou, desconfiado.

— Por quê? — disse Kaitlyn.

— Casa de loucos, se quer saber.

Kaitlyn riu, uma risada que dizia que era exatamente o que procurava.

O sino tocou quando adentramos a loja. Era exatamente como eu me lembrava. Objetos e diferentes relíquias empoeiradas no topo das estantes e dentro dos balcões de vidro. No alto de uma prateleira, avistei o esqueleto onde o colar estava naquela noite. Sarah espirrou com toda a poeira.

O homem estava de costas, arrumando algumas coisas em um balcão interno.

— Senhor? — chamou Sarah.

Ele se voltou para nós. Ele estava exatamente igual a doze anos atrás. Pra ser sincera, ver seu rosto me apurou a memória. Tomei a frente dos outros três, para falar com ele. O homem parecia apavorado.

— Olá, Sr. Morrinson — cumprimentei. — Eu sou...

Seu olhar para mim me interrompeu.

— Clair — completou. — Eu sabia que viria.

Ele sorriu com bondade.

— Além disso, o nome da loja é Morrinson — corrigiu. — Sou Landon. Michael Landon.

Sorri. Eu não sei como explicar, mas seu olhar me trazia conforto, segurança, como um velho amigo. O que de fato, era.

— Você cresceu bastante! — exclamou.

— Você, nem tanto — repliquei.

Ele me olhou com desconfiança.

— Como posso ajudar você e seus... Ilustres amigos?

Seus olhos brilharam ao olhar para Sarah. Ela derrubou uma bugiganga do balcão, se desesperando para colocá-lo de volta no lugar. Sarah se voltou para nós, tentando parecer espontânea.

— Oi! — sorriu. — Sou Sarah.

Ela se aproximou e estendeu a mão pra ele.

— Michael. Michael Landon — respondeu, apertando a mão de Sarah.

Ela o observou por alguns instantes.

— Te conheço?

Ele negou.

Os outros se aproximaram e cumprimentam Landon.

Apresentações à parte, resolvi quebrar o gelo e partir logo para o que estávamos fazendo na loja.

— Sr. Landon-

— Por favor, Michael — ele interrompeu Kaitlyn.

Ela assentiu.

— Michael, nós precisamos de sua ajuda.

— Hum — resmungou.

— Nós precisamos entrar em uma cidade — continuou Gale. — Ela está protegida por uma barreira mágica.

— Ah! — suspirou Michael. — Estão falando de Wayland?

Kaitlyn e Sarah se entreolharam, desconfiadas.

— Como sabe de Wayland? — perguntei.

— Eu fui abençoado com o dom de sonhar com o que vai acontecer — explicou. — Há alguns anos, tive uma visão da cidade sendo coberta por um escudo protetor. Creio que vocês estejam em busca de uma entrada, certo?

Assenti, cruzando os braços, atenta às suas palavras.

— Esse é um feitiço de grande escala — contou, enquanto corria os olhos pela loja. — Alguém deve ter tido fortes dores de cabeça tentando conjurá-lo. Oh, ali.

Ele sorriu e se dirigiu para uma das estantes. Ele pegou um conjunto de tubos de ensaio e os colocou sobre o balcão.

— Quem? — perguntei.

Ele deu de ombros.

— Não sei — respondeu, puxando uma faca do interior do balcão.

— Hey, calma aí! — exclamou Gale.

— Não se preocupe, não vou machucá-los.

Ele fez um largo furo em seu dedo e derramou o liquido sobre quatro dos tubos de ensaio. Ao fim, ele sacudiu o dedo, expulsando alguns pingos e pressionou o ferimento.

— Eu acho que foi aquele homem, Christopher — falou, enquanto checava a espessura do sangue.

— Quem é Christopher? — perguntou Sarah.

— Um dos únicos Demônios a sobreviverem à guerra — respondeu Kaitlyn. — Lúcifer não conseguiu se ligar a ele, então quando morreu, Christopher sobreviveu. Depois de fazer um escândalo em Aslyn, bêbado, foi banido pra cá. Passou anos na Terra, como um mendigo. Achei que ele teria morrido a essa altura.

Michael riu.

— Vaso ruim, não quebra, Kaitlyn — disse.

Ele estendeu o tabuleiro com os tubos.

— Bebam — falou com simplicidade.

— Ficou louco?! — exclamou Gale. — Eu não vou beber seu sangue!

Michael pendurou a cabeça em impaciência. Ele puxou um anel de seu dedo.

— Vê isso?

Gale assentiu.

— Eu o criei há anos — explicou Michael. — Ele me torna imune de qualquer tipo de magia de bloqueio, incluindo magia protetora. Logo, se você beber meu sangue, vou poder me ligar aos quatro, tornando-os igualmente capazes de se tornar imunes à barreira.

Gale pensou um pouco, mas tomou o liquido com um único gole. Bebi o meu tubo com cuidado. E uma dica quando for beber sangue alheio:

Não beba sangue alheio.

Michael se alongou levemente e ergueu as duas mãos acima do peito. De repente, uniu-as brutalmente, produzindo um alto eco na loja. Senti algo subir pela minha espinha.

— Está feito — anunciou, guardando o conjunto embaixo do balcão. — Vamos.

Kaitlyn o barrou.

— Oh, calma aí! — exclamou, gesticulando para que recuasse. — Você não vem.

Michael ergueu uma sobrancelha.

— Se eu não for, vocês não serão capazes de entrar — replicou ele.

Michael correu os olhos para nós quatro, esperando alguma outra intervenção.

— Pronto? Ótimo. Vamos rolar umas cabeças.


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Notas finais do capítulo

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