The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 5
Kyra


Notas iniciais do capítulo

Hey oh :3
Aqui vai mais um capítulo pra vocês. Não é um dos maiores, mas eu posso lhes assegurar: a bagunça começa aqui. Não tenho muito o que dizer, sinceramente ;D
Enfim, era só isso. Boa Leitura :)



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Clair Montgomery

— O colar te impedia de lembrar?

Assenti. Sarah andava de um lado para o outro do quarto, enquanto Gale preparava um café para todo mundo. Kaitlyn estava sentada em uma cadeira que trouxera do outro quarto, roendo uma unha com apreensão. Ryan encarava o chão, um tanto desapontado.

— Ele lascou durante o acidente, mas acho que não foi o bastante para me devolver as memórias — expliquei. — Mas começou a parar de impedir que as coisas que eu via, fossem camufladas na minha mente.

— Era essa a barreira? — perguntou Sarah para Kaitlyn.

Ela negou.

— A barreira é algo mais interno — explicou. — A barreira está dentro dela, não em um colar mágico.

— Mas ela pode usar magia?

Kaitlyn assentiu. Ryan ergueu seu olhar para mim instantaneamente.

— O quê?! — me levantei, assustada. — Tá de brincadeira, né?

Kaitlyn riu.

— É impressionante a ironia disso tudo... — murmurou pra si mesma. — Claro. Só algumas semanas de treinamento e será melhor do que nós três juntos.

— Lembra quando Peter nos treinou pra guerra? — disse Sarah, sorrindo com melancolia.

Kaitlyn assentiu. Gale apareceu à porta, com uma bandeja com xícaras de café.

— Eu lembro da Lana — riu Kaitlyn, olhando para Gale com o canto do olho.

Gale corou.

— Vai começar. — murmurou. — Só porque uma pessoa erra uma vez, ela é crucificada pelo resto da vida.

Sarah riu.

— Não acho que preciso falar de Fay, preciso?

Sarah continuou a rir.

— Pelo menos o Fay não era um boto cor-de-rosa de rabo de cavalo — riu Kaitlyn.

— Ok, você tá sendo maldosa — disse Gale, com um sorriso no canto da boca. — Ela não era assim.

— Não, só passou a guerra inteira de salto alto — lembrou Sarah.

Mesmo sem querer, Gale não conseguiu segurar riso. Ele soltou um sorriso largo enquanto bufava com os comentários de Kaitlyn e Sarah.

Thump.

— O que foi isso? — perguntei, apurando minha audição.

— Isso o quê? — perguntou Sarah.

Levantei da cama e fui até o corredor, o coração batendo mais rápido a cada segundo.

As portas estavam abertas e alguém entrara. Corri de volta para o quarto e desliguei a luz.

— Tem alguém aqui! — sussurrei.

Kaitlyn, Gale e Sarah se entreolharam.

— De novo? — murmurou Gale. — Fiquem aqui.

Eles saíram do quarto, com uma expressão impaciente. E eu obedeci, claro...

Só que não.

Levantei devagar, tentando ver.

As luzes estavam apagadas em toda a casa. Eu me agachei no balaústre do corredor, tentando ver o que acontecia lá embaixo. Eu via as sombras de Kaitlyn, Gale e Sarah se mexendo em volta de outra sombra.

— Isso é muito fofo — a sombra disse.

Clap Clap.

Kaitlyn acendeu as luzes. Os três cercavam a pessoa do meio. Quando a vi, não pude deixar de me assustar, soltando um baixo grunhido. Era ela. A ruiva que causara o acidente.

— Kyra — cumprimentou Kaitlyn.

— Tudo bom, Kate? — respondeu a outra. — Há quanto tempo.

— Menos do que eu gostaria — respondeu Kaitlyn. — Como entrou aqui?

Kyra sorriu, erguendo um papel amarelo. O mesmo que Kaitlyn colocou em meu vaso de flores.

— Sabe como funciona. — continuou. — Se uma pessoa souber o endereço exato, o feitiço de ocultação perde o efeito nessa pessoa.

Foi quando lembrei do motorista do táxi. Ele ficara com o bilhete e me agradecera. “Ótimo”, pensei.

— O que você quer? — replicou Sarah.

Kyra se voltou pra ela, um tanto impaciente.

— Vai mesmo fazer a sonsa? — perguntou Kyra. — Eu vim pela garota, sabem muito bem disso.

— Que garota? — retrucou Gale.

— A menina dos Roman, vocês não escutam não? — respondeu Kyra. — Onde ela está?

— Ela morreu, sabe disso — disse Kaitlyn.

— Ah, e isso é verdade. — Kyra cruzou os braços. — É melhor essa menina aparecer, ou cabeças vão rolar. Eu tenho um batalhão de lobos furiosos ali fora.

Estremeci. Pessoas morreriam. Eles morreriam, depois de terem feito tanto para me proteger, proteger meus pais. Eu sei que parece loucura, acreditar naquilo tudo. Mas não era questão de acreditar. Eu sabia. Não precisava ouvir isso de ninguém. Eu sabia, dentro de mim, a verdade. Eles não mereciam se sacrificar por mim. Era a minha vez de fazer o sacrifício.

E assim, levantei, decidida. Algo me puxou, antes que eu falasse algo.

— Nem pense — ouvi o sussurro Ryan atrás de mim. — Eles que são brancos que se entendam.

Franzi o cenho.

— É uma expressão. — se apressou para dizer. — Meu ponto é: Não vamos nos meter nisso.

— É aí que você se engana — retruquei, enquanto ele ainda segurava meu braço. — Já estou metida.

Saí do quarto e apareci no topo das escadas.

— Deixe-os em paz — ordenei, descendo os degraus. — Eu vou com você.

Kyra sorriu.

— Uau, você realmente é uma Roman — disse, analisando cada detalhe de meu rosto. — Ou não... Pelo menos a mãe.

Ela pendurou a cabeça, pensativa.

— Você é clone da sua mãe — disse Kyra. — Bom, mas os olhos são do pai, isso é certo. Esses olhos azuis...

Ela soltou um “uau” e se virou.

— Vamos, temos uma longa viagem a fazer — disse por cima do ombro.

Gale surgiu à sua frente, barrando sua saída.

— Acho que não.

Kyra ergueu seu pulso. Gale se debruçou em seus joelhos, urrando de dor. Kyra sorriu. Contudo, Gale se recompôs com simplicidade, observando a ruiva começar a se desesperar.

— Eu sou um Anjo, docinho — falou Gale, sorrindo. — Vai precisar mais do que isso para me derrubar.

E ele girou seu pulso, jogando Kyra para longe. Ela só precisou assoviar.

As janelas foram quebradas e pessoas adentraram o lugar. Usavam roupas comuns, mas seu andar, seu olhar e sua expressão era selvagem. Eles cercaram os três como caçadores em volta de um javali.

— Clair, suba! — ordenou Kaitlyn, pulando em cima de um deles.

Assim, a batalha começou. Os lobos pulavam em cima de Gale, Kaitlyn e Sarah. Eu tinha certeza que eles perderiam. Certeza. Os lobos tinham uma força voraz, mas os outros três se mostraram mais poderosos do que o imaginado. Eles desapareciam e reapareciam em locais diferentes, pegando os lobos de surpresa e os atacando com suas bolas de fogo e golpes corpo-a-corpo. Tudo se tornou uma confusão borrada, onde eu via as sombras dos três correndo entre os lobos, enquanto tentavam atacar e sobreviver ao mesmo tempo.

De repente, um dos lobos parou de lutar. Ele parecia ter sido alertado por algo. Seu olhar se voltou para mim. Ele pulou de onde estava, caindo na base das escadas, com as costas curvadas. Engoli seco e corri escada acima, apavorada. Pude ouvi-lo se aproximando em sua velocidade lupina. Quando cheguei ao fim do corredor, notei que ele ainda me seguia. Eu não tinha para onde ir. Ou eu pulava do balaústre para o andar de baixo, ou tentava cavar um buraco na parede atrás de mim. Ele se aproximou devagar.

Thud.

Era Ryan. Ele socara o lobo, fazendo-o rolar alguns metros para trás. Ele se posicionou em minha frente, me protegendo, apesar do punho machucado.

— Saia! — ordenou o lobo.

— Só por cima do meu cadáver — retrucou Ryan.

O lobo correu em nossa direção, mas algo o impediu. Ele apurou seu olfato novamente.

— Olha, olha... O que temos aqui — disse, encarando Ryan.

Ele pulou em cima de Ryan.

— Pule! — exclamou meu irmão, de costas pra mim.

Foi a última visão que tive, antes de me jogar para o andar de baixo. Enquanto eu caía, senti algo tomar conta de mim, como se cada célula dentro de mim se agitasse em um mesmo ritmo. Um branco tomou conta de minha visão, enquanto palavras desconhecidas, saiam de minha boca. Não sei como escrevê-las, nunca soube, mas foi mais ou menos:

Hyumegan!

Foi tudo o que vi, antes do branco tomar conta de minha visão por completo, enquanto eu perdia os sentidos.

Acordei com o som de uma ambulância. Pisquei por alguns instantes, me certificando que estava acordada. Eu ainda estava caída. Sentei devagar, correndo meu olhar pelo lugar. Era de manhã, eu via a luz do sol atravessar as janelas sem vidro. Caídos, os três, Kaitlyn, Gale e Sarah, estavam desacordados. Levantei e fui até cada um deles, sacudindo-os até que acordassem.

— Os lobos se foram — falou Sarah, assim que Kaitlyn, a última, acordou. — Kyra também.

Kaitlyn suspirou, tocando os restos de um ferimento em sua cabeça, que já curara.

— Ótimo — disse Gale.

— O que aconteceu? — perguntei. — Eu caí e... Não lembro mais de nada.

— Você expulsou todos — respondeu Sarah. — Você ativou algo dentro de você que expurgou os lobos. Pela falta de corpos, acho que eles conseguiram fugir.

Então, o desespero tomou conta de mim. Algo estava faltando.

— Ryan?! — gritei.

Não houve resposta. Subi as escadas feito louca, quase escorregando no último degrau.

— Ryan! — gritei novamente, adentrando o quarto onde dormiríamos.

Voltei para o corredor.

— Eles levaram ele! — gritei para os outros.

— Pessoal... — começou Gale. — Olhem.

Ele apontou para algo no chão. Eu me aproximei do balaústre para ver.

Uma silhueta de poeira contornava o lugar onde eu caíra. Um par de largas asas surgia de cada lado, pulsando em luz.

— Eu... — gaguejei. — Eu fiz isso?

Kaitlyn assentiu.

— Se essa é você com a tal da barreira... — disse Sarah.

Gale suspirou.

— Imagina sem.


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Notas finais do capítulo

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