The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 2
Woke Up As A Monster


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente? O mundo conspira contra mim, falando sério. Quando eu postei o capítulo um anteontem, eu disse nas notas que iria postar todo dia, pois eu já escrevi até o capítulo dezessete. Logo no dia seguinte, quinta-feira, a fonte do meu notebook, aquela caixa preta que fica ligada a dois fios que carrega o pc, queimou. Resultado: notebook descarregou porque eu jurava que a joça do carregador estava carregando o notebook, logo não deu pra postar o capítulo que eu tinha prometido. Mas aqui estamos. O capítulo dois.
Esse capítulo foi é um dos mais surpreendentes, pois é um capítulo inteiro de calmaria e uma super loucura no final. A loucura vai ser explicada adiante, não se preocupem. Enfim, era só isso. Boa Leitura (:

PS: Tenhamos nojo da minha fonte porque, se não fosse por ela, eu estaria, neste momento, postando o capítulo 3.



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Clair Montgomery

Ouvi um som irritante assolar meus ouvidos. Era um bipe constante. Aos poucos, abri meus olhos, sentindo aquele cheiro horrível de hospital. Eu estava naquelas roupas brancas, toda enrolada em um lençol verde. O som irritante vinha de uma máquina ao lado de minha cama. Do outro lado, havia uma estreita mesa branca, onde flores em um vaso e um urso de pelúcia estavam. Já não bastava aquele negócio me olhando, ela também estava lá.

A loira da escola. A loira do acidente.

— Você — minha voz saiu rouca, proveniente das horas de sono.

— Olá, Clair — sorriu a mulher.

— Quem é você? — perguntei, sentindo que ainda não estava completamente acordada.

— Não tenho muito tempo — ela ignorou minha pergunta. — Clair, você está em perigo.

— Por quê?

— Não é seguro o bastante — outra pergunta sem resposta. — Tudo o que posso falar é que há muito o que você não sabe.

— Não sei de quê? — insisti.

— Há muito mais que você não sabe sobre o acidente — respondeu, finalmente.

— O da minha mãe? Ou o meu?

A mulher deu de ombros.

— Os dois.

Ela se aproximou da mesa e colocou um bilhete entre as flores do vaso.

— Depois que receber alta, me encontre neste endereço — disse.

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, voltei a desmaiar, por conta dos remédios que estava tomando. A mulher desapareceu de minha vista aos poucos, me olhando como uma mãe olha para sua filha.

— Vai ficar tudo bem — ouvi-a dizer.

— Srta. Montgomery? — alguém me chamava.

Eu me remexi, tentando acordar. Ao abrir os olhos, encontrei um médico ao lado da cama. Ele usava o jaleco comum, óculos e tinha um rosto quadrado. Notei que as máquinas haviam sido desligadas e o bipe indicava a falta de pulso. Eu estava completamente desligada de qualquer coisa.

— Olá, Srta. Montgomery — cumprimentou, apertando minha mão. — Sou o Doutor Henricksen e tenho cuidado de você desde que chegou aqui, após o acidente.

Assenti, sem muita vontade de falar.

— Com o acidente, você acabou batendo sua cabeça muito forte. Isso causou uma hemorragia cerebral, o que pode levar um tempo para se desenvolver, isso explica como conseguiu tirar seu irmão de dentro dos destroços após acordar. Nós efetuamos uma cirurgia de urgência na Srta. e foi um sucesso, tendo recuperação em algumas horas. O resto do tempo foi só observação. Você teve alguma alucinação?

Ergui uma sobrancelha.

— Por causa dos remédios? — repetiu a pergunta.

— Ah — murmurei. — Acho que sim. Na verdade, acho que tenho alucinações desde a manhã do acidente.

— Ah é? — perguntou Henricksen. — Bom, talvez a hemorragia começou mais cedo do que pensávamos. Você bateu a cabeça em outro momento? Em qualquer lugar?

Pensei um pouco.

— Bom, eu caí no banheiro — contei.

O médico deu de ombros.

— Duvido muito — ele anotou algo em sua prancheta. — Não demora mais do que minutos para a hemorragia se manifestar.

Ele mordeu um lábio e bateu a caneta na prancheta, um tanto desapontado.

— Bom, eu vim lhe avisar que está de alta. Isso é bom — anunciou, olhando algumas coisas em sua prancheta. — Mas também para lhe trazer uma notícia... Ruim.

Cerrei os dentes.

— Aconteceu alguma coisa com o Ryan? — perguntei, sentindo o pavor tomar conta de mim.

— Ele está em cirurgia — explicou, erguendo o olhar. — Outro médico, amigo meu, bom profissional, está cuidando dele.

— Como ele está? — perguntei, sentando na cama com apreensão.

— Bom, eu não tenho um diagnóstico completo, mas só saiba que seu irmão está em boas mãos. Ali há uma maleta que seu vizinho preparou para sua saída. Não tem nenhum parente próximo, certo? — disse, apontando para uma maleta cinzenta sobre uma cadeira.

Assenti. Ele deu uma leve batida na prancheta e saiu da sala.

— A Srta. é bem-vinda a ficar, se desejar — falou, antes de fechar a porta.

— Posso ficar na sala de cirurgia? — esperançosa, perguntei.

Ele me olhou com uma expressão que dizia “Acho que não, hein?” e fechou a porta.

Bom, vou confessar.

Eu estava com muita preguiça de levantar.

Fiquei sentada na cama por um bom tempo, com o avental do hospital (avental, roupão, chame como quiser). Abracei meus joelhos, tentando relaxar. Pousei minha cabeça sobre um joelho e olhei para os presentes. No vaso, havia um cartão amarelo.

Pulei da cama instantaneamente. Não era possível. Era uma alucinação. Aquela mulher não existia. Puxei o cartão do vaso.

Décima Avenida, 1406. Brooklyn. Venha logo.”

Arfei, desconcertada. Estava tão certa que aquela mulher não existia...

— Eu sou uma criança mesmo — pensei alto, debochando de minha covardia.

Puxei a maleta de cima da cadeira e fui até o banheiro, onde me troquei. Na maleta, estava um suéter marrom com calças jeans, junto a um pente e todos aqueles trecos higiênicos. Usei a maioria e fiz meu caminho para fora do hospital, usando as placas espalhadas pelos corredores como guia. Do lado de fora, liguei para um táxi. Depois de uma longa meia-hora, o táxi apareceu.

Adentrei o veículo, altamente inquieta.

— Moça? — chamou o taxista. — Qual seu destino?

— Ah — murmurei. Que tipo de pessoa esquece de dizer para onde vai ao taxista?

Bom, eu.

— Décima Avenida, 1406. Brooklyn — respondi, entregando o cartão.

— Muito obrigado — disse o taxista, sorrindo para o papel.

Ergui uma sobrancelha, enquanto ele dava a partida.

— Você realmente aceitou o convite daquela vaca loira? — perguntou.

De repente, olhei para o retrovisor.

No lugar de olhos, ele tinha duas bolas pretas. Ele sorriu ao ver minha reação. Gritei e, em desespero, abri a porta e pulei, com o carro em movimento. Caí de joelhos na calçada, sentindo um arranhão arder em meu joelho. Sentei no parapeito para observar o ferimento, enquanto o automóvel amarelo desaparecia de minha vista.

— Droga, acabei de sair de uma cirurgia. — praguejei, cobrindo o arranhão com a calça.

Levantei, mancando, e observei a placa a alguns metros. “Quarta Avenida”.

— Não é possível.

Suspirei, enquanto mancava de volta ao hospital. Já era quase noite, Ryan já estaria fora da sala de cirurgia. Foi um tanto difícil, pois meu joelho não estava ajudando e eu não conseguia achar uma explicação para o que eu vira. Era um homem, disso eu sabia. Sabia que eu falara com aquela mulher, já começou a esquisitice. Ainda mais, tinha olhos pretos. Tentei me convencer que ainda estava sob efeito de medicações, mas era impossível. Eu estava de alta.

Foi quando meu celular tocou. Eu me impressionava com o fato de que ele ainda funcionava. Observei a tela trincada com impaciência e atendi.

— Alô? — falei.

— Srta. Montgomery? — uma voz no outro lado respondeu.

— É ela. Quem fala? — perguntei, apoiando o cotovelo com a outra mão.

— Aqui é o Dr. Witz — respondeu o homem. — A Srta. é a única familiar de Ryan Montgomery?

Parei de andar instantaneamente.

— Sim, aconteceu alguma coisa?

O homem hesitou.

— Conversaremos quando chegar aqui — foi o que ele disse antes de desligar.

Em um momento desses, o que é um arranhão? Corri feito louca pelas ruas, em direção ao hospital. Por sorte, eu não fora muito longe, apenas alguns quarteirões. Invadi o hospital sem gentileza e corri para a recepção.

— Meu nome é Clair Montgomery, eu sou irmã de Ryan Montgomery! — cuspi as palavras, ofegante.

A moça apontou para um grupo num canto da sala. Um médico conversava com um casal, que parecia receber uma notícia maravilhosa. Esperei a conversa terminar para me aproximar. Eles se despediram e corri para o médico.

— O que aconteceu com meu irmão?! — exclamei de uma vez.

— Srta. Montgomery, calma, por favor. — disse o homem.

— Ele está bem? — perguntei, desesperada.

O homem suspirou.

— Nós fizemos tudo o possível...

— Não! — exclamei, sentindo nó se formar em minha garganta. — Não me venha com esse discurso! Agora, não!

— Srta., eu sinto muito — continuou, enquanto eu me afundava em lágrimas. — Seu irmão não aguentou a cirurgia. Ele está morto.

Tapei minha boca com a mão e comecei a ofegar descontroladamente. Pus a mão na cabeça, desesperada.

— Estamos apenas aguardando a liberação do corpo. — continuou.

— Não, não... — eu murmurava para mim mesma. — Eu quero vê-lo. Agora!

O homem pediu calma com gestos.

— Eu vou levá-la até ele. Mas com calma, ok? — disse.

Assenti, enxugando as lágrimas. Cruzei os braços e acompanhei o médico pelo corredor branco. Passamos por diversos corredores e portas, até que alcançamos uma sala reservada, com o letreiro “Necrotério” escrito em vermelho acima das portas.

Adentrei a sala, ignorando o mau cheiro e o frio. Haviam duas mesas, cada uma em um lado da sala, e uma parede de metal, repleta de caixas, estava na parede oposta à porta. Eu conhecia aquele lugar apenas de filmes. Cada caixa era uma maca que, quando puxada, revelava um corpo lá dentro. O médico puxou uma delas até a metade, rotulada: Montgomery, Ryan.

Era ele mesmo. Seus olhos estavam fechados e seu corpo perdera a cor. Meu lábio inferior tremia enquanto eu tentava manter a calma. Acariciei seus cabelos, tentando recuperar um pouquinho de seu sorriso, de seu cheiro, de sua presença. Ryan era a pessoa que eu mais admirava naquele mundo. Nunca fomos o tipo de irmãos de passar o dia abraçados, ou de dizer “eu te amo”, mas estávamos lá um para o outro. Sempre que eu precisava, ele estava do meu lado. Sempre que ele precisava, eu estava do seu lado. Quando estávamos um com o outro, não haviam barreiras, tabus ou segredos. Era um momento em que poderíamos falar sobre o que queríamos, rir sobre o que queríamos, chorar sobre o que queríamos... Só bastava estar um perto do outro e a magia começava.

Imaginar que eu nunca mais veria seu olhar sério, nunca mais veria um de seus raros sorrisos, ou até mesmo abraçá-lo... As lágrimas voltaram.

De repente, escutei um grunhido. Algo sufocava. Foi aí que eu percebi.

Era Ryan. Seus olhos, arregalados. Sua boca, aberta, arquejando por ar.


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Notas finais do capítulo

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