The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 14
Escape From Wayland


Notas iniciais do capítulo

Leiam, por favor.

Bom, aqui estamos nós. Pra começo, eu tenho um anúncio a fazer. Eu pensei bastante e, como muitos sabem, meu computador deu problema. De novo. Dessa vez, foi algo mais sério e vai levar, de acordo com a loja, de sete à trinta dias para consertar. Tenho postado pelo computador do meu pai, mas aqui vai um problema: estamos nos aproximando de onde eu parei, que é o capítulo 17. Pois é, não saí dele ainda. Na verdade, eu já finalizei e estou terminando o dezoito. Contudo, não posso pedir o computador do meu pai emprestado por tempo o suficiente para passar tudo que escrevi em meu caderno para o pc e, de fato, postar pra vocês. Logo, eu precisarei do meu computador para postar do 17 em diante. Isso significa que eu pretendo fazer uma pausa do capítulo 16 em diante. Como estou postando diariamente, pretendo fazer uma pausa de até trinta dias a partir do dia 6. Então não se preocupem, antes de maio, postarei os capítulos que faltam.
Bom, sobre o capítulo... Esse aqui é um capítulo-ponte, pois ele prepara as estruturas da história para o próximo, que será bombástico. Quando digo bombástico, digo que será um capítulo com emoções, ação e mortes. Sim, eu disse mortes. Então, espero que gostem. Enfim, era tudo isso. Boa Leitura :)



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Clair Montgomery

Fiquei com Sarah por alguns minutos, consolando-a. Não houve palavras, não havia nada que eu poderia dizer para apagar a marca que aquele momento deixara. Demorei um pouco para me lembrar quem Will era, mas logo me lembrei do intenso momento mais cedo, o menino “verde”. Com o tempo, Sarah voltou para sua cama e adormeceu, afogada em suas próprias lágrimas. Eu me sentia tão inútil. Então, pela primeira vez em três dias, adormeci. Eu tive uma boa noite de sono.

Quem dera que isso fosse verdade.

Sonhei que estava em uma sala. Na verdade, parecia um depósito. Estantes e caixas estavam coladas ao teto. Sim, ao teto. Uma menina estava na parede mais distante. Seus cabelos loiros caíam em suas costas e ela escrevia algo na parede. No chão, havia um círculo de sangue rompido por um leve corte. De repente, ouvi gritos. Um menino adentrou o lugar.

Seus cabelos eram do mesmo tom da menina. Seus olhos, azuis como o mar. Ele usava uma blusa branca e calças jeans. Suas mãos estavam marcadas de sangue seco.

A menina girou a cabeça e posou-a em cima do ombro, encarando o menino.

— Olá, Peter — disse a menina.

Ela sorriu. Seus olhos piscaram e se tornaram pretos como os do taxista. Ela piscou de novo e eles voltaram ao normal, se tornando castanhos. Ela sorriu e voltou a escrever na parede. Foi quando percebi que ela estava escrevendo com o dedo. Não, ela escrevia com sangue. Peter abriu o livro que segurava em suas mãos, ofegante.

— Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incursio infernalis adversarii, omnis legio, omnis congregatio et secta diabolica..

Peter caiu de joelhos, tossindo sangue e segurando seu peito. Ele respirou fundo, o rosto contorcido em dor, e continuou.

— Ergo, draco maledicte et omnis legio diabolica, adjuramus te...

Ele começou a sufocar. A menina permaneceu onde estava. Então, voltou-se para o menino.

— O que está fazendo?

Ela andou devagar até o centro do círculo, um passo na frente do outro, um tanto sexy. Ela girou o pulso e o livro voou da mão de Peter, jogado contra a parede. Ela olhou pro objeto e colocou as mãos nos quadris. O livro pegou fogo.

— Arrependido? — perguntou, irônica. — Ué, você não me transformou nisso? Pra quê mudar de volta?

Senti o desespero tomar conta de mim. Meu coração batia mais rápido.

— Pobre Peter — ela olhou para o garoto com uma falsa compaixão. — Tão machucado, tão danificado...

Ela suspirou.

— Agora tem que matar a própria irmã.

Gelei. Eu tinha uma tia? E... Matar? Minha cabeça pipocava com perguntas, principalmente em como eu chegara ali e porque não conseguia ver a mim mesma.

— Que triste — continuou a menina. — Não consegue pensar em outra coisa a não ser o bem-estar da menina.

Ela bufou.

— Mas claro que tem algo a mais, não? — pensou ela. — Seria... Atração? Você está com tesão pela sua própria irmã?

Ela passou por Peter, que agora de pé, tinha o dedo da menina cruzando seu peito. Sua linha de pensamento era ridícula.

— Não — finalizou ela. — Você saber o que quer dela. Não é o sacrifício ou o sexo, mas sim o sangue.

Segurei a respiração.

— Sim... Não consegue parar de pensar no sangue que corre em minhas veias — um sorriso brotou no canto de sua boca. — Enquanto isso, tenta suprir a sede com pensamentos protetores, mas o que mais quer é arrancar minha garganta aqui e agora.

Peter fechou o punho, tentando manter a raiva em controle. Ela riu.

— Tolo. Idiota. Burro. Dramático. Já percebeu como idiota você é?

Ela parecia contar as coisas que ela odiava no menino. Em seus olhos, eu via a sede em infligir dor.

— Você machuca todos em sua volta. Sua mãe morreu por você, Hanna morreu no seu lugar, Sophie terminou com você pois não suportou seu drama eterno, nem mesmo eu quem deveria estar do seu lado, te entender como irmã, segurei o trampo. Como é ser tão imprestável e inútil?

Peter jogou-a contra a parede, seus olhos tomando o mesmo tom escuro que os da menina, mas além disso, as veias quase saltavam da bolsa de seus olhos. A parede rachou levemente.

— CALA A BOCA! — gritou ele, em seu ouvido.

Ela riu alto. Ela segurou o pulso de Peter e torceu-o, com a mesma facilidade com que abria uma porta. Peter caiu de joelhos, grunhindo de dor. Eu ouvira muitas histórias sobre meu pai, mas nunca achei que ele seria tão fraco. Aquela menina estava colocando ele no chinelo.

— Fraco — ela continuou a contar. — Infantil.

A menina chutou Peter no estômago, empurrando-o para longe.

— Incapaz. Poupe-se o trabalho, Peter — ela continuou, sua voz parecia atacar Peter como flechas. — Não tente melhorar. Ninguém vai te aceitar ou te perdoar por tudo o que você fez. Você diz lutar pela vida dos seus amigos, que morreram naquele incêndio na sua casa, mas, na verdade, você só quer sua vida de volta. Assim que Deus vier, a primeira coisa que você vai pedir é pra que sua vida volte ao normal, que não haja Sophie, não haja Amber, não haja Hanna... Que você volte a ser o playboy odiado por todo mundo.

Ela hesitou.

— Bom, acho que não faz diferença.

Ofegante, Peter tentou levantar.

— O que aconteceu com você? — ele perguntou, segurando o peito.

Ela bufou.

— Você aconteceu — disparou a menina.

Aquela doeu até em mim.

— Você fez isso comigo. Sinceramente, acho que estou bem melhor. Mas, no seu ponto de vista, estou estragada. E o pior: você me estragou. É o que você faz. Estraga as coisas! Tudo que você toca, você destrói! Você não merece a vida que tem! Não merece a dor que as pessoas sentem por causa de você! Não vale o chão que pisa! Imprestável!

— CALA A BOCA!

Peter entrou em uma espécie de transe. Seus caninos se alongaram, seus olhos se tornaram completamente pretos e, como um ser selvagem, ele arrancou a cabeça da menina com apenas um ataque, com a mesma destreza com que jogaria uma bola de vôlei. O corpo caiu de joelhos, o sangue espirrando para o alto. As caixas e estantes caíram com um baque. Peter entrou em desespero.

— Não, não, não...

Ele pegou o corpo e abraçou-o, chorando alto. Era a primeira vez que eu via Peter, de verdade, em ação. Contudo, ele me parecia tão... Frágil. Por cima do ombro da menina, ele assentiu, como se concordasse com um pensamento interno.

— Me desculpa, Amber... — lamentou.

— Bella, eu... — outra voz.

Uma menina apareceu na porta. Seus cabelos castanhos e ondulados, caídos em seu rosto, pareciam brilhar a luz da fraca lâmpada acima de Peter. Seus olhos eram castanhos e ela usava um vestido branco rendado, com um colar prateado. Não aparentava mais de vinte anos. Ela suspirou.

— Peter — cumprimentou, com um olhar que dizia “de novo?”.

Peter continuou com a cabeça baixa, abraçando Amber.

— O que aconteceu?

Foi só nesse momento que Peter pareceu reconhecer a voz. Ele ergueu o olhar para a menina.

— Sophie?

Meu coração bateu três vezes mais rápido. Era ela. Minha mãe. Gale estava certo. Ela parecia muito comigo. Bom, não tanto quanto eu esperava, mas parecia. Ela tinha uma pele mais bronzeada do que a minha, mas os cabelos, os lábios... Era quase igual.

Ela se agachou ao lado de Peter e abraçou-o, consolando-o. Ele chorou em seus braços, abraçando-a forte. Eles se separaram e Peter afagou seus cabelos.

— Eu te amo — falou. — Você sabe disso, não é?

Sophie piscou por alguns instantes.

— Sim — enfim, respondeu. — Eu te amo.

Ela sorriu. Um sorriso largo e caloroso, o mesmo sorriso que eu me lembrava. Um sorriso que, assim como era pra mim, era para Peter: algo que valia a pena lutar.

Aos poucos, tudo escureceu. Eu sabia que aquilo tinha sido uma memória. Mas não minha, disso eu tinha certeza. Acordei com a luz do Sol invadindo a cela pela janela. Kaitlyn notou.

— Hey! — ela estava sorridente e radiante. — Feliz Dia de Vamos-Dar-O-Fora-Daqui!

— Que bom que não escolheu o nome grande — irônico, disse Gale, passando por Kaitlyn.

Ri de leve. Sentei na cama e me espreguicei, me sentindo de fato, acordada. Apesar da noite turbulenta, da memória e tudo, eu me sentia renovada. Eu sei, é meio idiota, mas minha cabeça ainda estava cheia de perguntas. Então, não medi esforços para respondê-las.

— Kaitlyn! — chamei. — Posso te perguntar uma coisa?

Ela parou de andar e sentou ao meu lado.

— O que sabe sobre Amber?

Kaitlyn piscou.

— Ok... — começou, pensativa. — Ela era meia-irmã de Peter. A mãe dele teve um caso com esse cara e ela nasceu. Pra deixar tudo encoberto, a menina, que na época se chamava Crystal, foi mandada pra adoção, onde foi trocado o nome para Amber. Alguns anos depois, o pai quis adotar a menina. O pedido foi recusado e ele a sequestrou, obrigando-a a acreditar que tudo que ela viveu tinha sido um sonho e que ela era filha dele, que eles sempre haviam morado juntos.

— Hum — resmunguei, indicando que continuasse.

Kaitlyn deu de ombros.

— É isso.

Ergui uma sobrancelha.

— Eu sei que meu pai a matou, Kate. Sonhei com aquele dia — falei. Ela estremeceu. — Não estou com raiva dele. Só quero saber o que aconteceu com ela.

Kaitlyn suspirou.

— Bom, um grupo de Demônios tentou recrutar Peter para o lado de Lúcifer — começou.

“Mas Peter foi forte, ele negou todas as tentativas de recrutamento. Até mesmo quando ofereceram trazer sua mãe de volta dos mortos, ele recusou. Em uma dessas tentativas, eles tacaram fogo na mansão dos Roman e mataram todos que estavam na festa. Apenas Peter e Hanna sobreviveram.”

“Então, eles fizeram da quebra dos selos, seu maior objetivo. Se Deus retornasse, eles poderiam trazer todos aqueles inocentes de volta. Porém, um dos selos só se quebraria se um inocente fosse corrompido. Amber era a única a quem Peter poderia corromper, pois por compartilharem quase o mesmo sangue, facilitava o processo. Peter não era forte o bastante para fazer tal coisa com qualquer um. Tinha que ser ela.”

— Corromper?

Ela molhou um lábio.

— O que quer dizer com corromper?

— Transformar em um Demônio — respondeu ela. — Apenas Lúcifer era capaz de fazer isso, só ele poderia tecer o Poder do jeito que queria. Mas com energia o bastante, Peter foi capaz de transformar a Humanidade de Amber em Poder, tornando-a um demônio completo. Creio que tenha sonhado com isso.

Assenti.

— Ela estava... Horrível.

Ela deu de ombros.

— É assim que um Demônio completo se parece. Principalmente um que foi tão machucado anteriormente.

— Peter estava tão... — hesitei. — Selvagem. Amber disse algo sobre ele desejar sangue.

Kaitlyn mordeu um lábio.

— É uma das características dos Demônios — contou. — Foi assim que nasceu o mito dos vampiros. Veja, para nós, sangue é como chocolate. Comemos por diversão, não precisamos dele para viver. Mas alguns de nós se tornam obcecados, a um ponto em que precisam do sangue para viver. Outros, quando a raiva toma conta, um interruptor se desliga dentro deles e eles se tornam criaturas monstruosas, incapazes de ter misericórdia ou piedade. Então, eles voltam ao controle e tudo o que lhes resta é lamentar as coisas horríveis que fez. Peter é uma dessas pessoas.

— E você?

Ela hesitou.

— Já bebi sangue, não vou mentir — revelou, fazendo meu estômago revirar. — É bom. Mas não uso isso como diversão. Só bebo o sangue quando sei que a luta corpo-a-corpo ou a magia não vai funcionar.

— E Amber? Ela morreu? — finalmente, aquela era a pergunta que eu mais ansiava.

Kaitlyn pensou um pouco.

— O plano era transformar Amber em um Demônio e depois matá-la com a adaga de Sophie, o único objeto da época capaz de, de fato, matar um Demônio — explicou a loira, encarando o nada. — Mas eles nunca chegaram a essa parte. Amber deixou Peter louco e ele acabou matando o corpo, libertando a alma. Nunca mais houve notícia dela. Talvez tenha morrido na guerra, ou tenha de algum jeito torcido sua mente maldosa e se tornado uma pessoa boa, ou simplesmente está se escondendo por aí.

Ela suspirou.

— Mas isso faz muito tempo — disse, sorrindo. — Antes do seu tempo, até. Não tem que se preocupar com isso, ok? São coisas do passado. Não vale a pena pensar nelas.

Assenti.

Então, ouvi o som da portinha abrindo. Era Leo, empurrando o pão por debaixo da porta. Corri até o prato e peguei o alimento. Quando parti-o ao meio, havia uma chave. Uma chave para nos tirar dali. Sorri para os outros três.

— Agora, temos que ter muito cuidado — lembrei. — Qualquer deslize... E podemos acabar presos aqui pra sempre.

— Ok, qual o plano? — perguntou Gale.

— Bom, vamos sair pelo corredor, tentar passar despercebido pelos corredores da delegacia e correr o mais rápido que podemos para a praça, caindo naquele portal na primeira chance que tivermos — explicou Kaitlyn.

— Will deixou o portal ativo — disse Sarah.

— Ótimo — assentiu Gale. — Vamos, então.

Devagar, posicionei a chave na fechadura, tentando fazer silêncio.

— Dane-se.

Girei a chave e sai da cela, sem nenhum tipo de censura. Não havia ninguém no corredor.

— Espera! — pedi.

Voltei para a cela. Thomas dormia, imóvel, em sua cama. Sacudi-o com força, mas ele não acordou. Devagar, depositei a chave sob seu travesseiro. Já com todos do lado de fora, fechei a porta, que fez um click quando a trava foi ativada.

Finalmente, estávamos no corredor. Era um lugar sujo e escuro, iluminado apenas pelos leves raios que vinham das portas. Devagar, seguimos em direção à porta da qual vi Leo passar centenas de vezes. Era uma porta de aço, como as outras, mas tinha uma maçaneta comum. Devagar, abri-a. Estávamos na delegacia, em uma sala vazia apenas por cadeiras almofadadas, mesas lotadas de papéis e computadores antigos. As janelas eram de vidro, cobertas por persianas verdes. Havia outra vidraça que dividia a sala do resto do lugar, onde havia o brasão da polícia de Wayland estampado em azul. Acho que com o tempo, aquele brasão perdera o sentido inicial.

— Vamos na loucura e corremos até a praça? — perguntou Sarah, falando baixo.

— Porque isso funcionou da última vez — ironizou Gale.

— Não faz diferença — falei, dando de ombros. — Vamos estar ali fora, para todo mundo ver. Cedo ou tarde, vamos ser avistados.

Kaitlyn ergueu uma sobrancelha.

— Na loucura? — sugeriu aos outros.

Gale, relutante, assentiu. Sarah também. E assim, com Kaitlyn me puxando pelo braço, corremos em velocidade sobrenatural para fora da delegacia.

Era visível que estávamos longe da praça. Ouvi o som de uma sirene alta.

— Eles nos descobriram! — exclamei.

— Não importa mais, vamos conseguir! — gritou Kaitlyn de volta.

Finalmente, alcançamos a praça. Porém, dessa vez, um batalhão estava lá, cercando o lugar. Paramos de frente para todo o povo. Sem dúvida, havíamos sido descobertos.

— Falei que não ia funcionar!

— Cala a boca, Gale! — ordenou Kaitlyn. Se não estivéssemos em perigo, eu riria. — Deixa que eu resolvo isso.

Ela suspirou. Veias surgiram abaixo de seus olhos, estes agora se tornando pretos. Ela estava com a mesma aparência de Peter. Seus lábios se partiram, revelando um par de presas afiadas. De repente, ela pulou e caiu sobre o batalhão, quebrando pescoços, drenando sangue, arrancando corações.

Gale riu alto.

— Opa, hora da festa — riu.

Ele desapareceu no meio da multidão, arrancando cabeças, corações, voando (sim, voando) alguns metros para atirar bolas de fogo, sendo atacado por flechas gigantes... Foi aí que eles pareceram notar que eu e Sarah também estávamos ali.

— Ataquem! — ouvi a voz de Chris no meio da multidão.

Engoli seco. Sarah me segurou pelo pulso. Eu não sei o que ela poderia fazer. Sarah era uma bruxa, era a mais fraca dos três. Nesse momento, percebi que eu era nossa única salvação.

— Não vamos correr — falei.

Fechei os olhos e respirei fundo.

— O que está fazendo?! — perguntou ela, enquanto os Demônios chegavam cada vez mais perto.

— Não sei — respondi. — Mas vai funcionar.

Senti que meus pulmões pareciam precisar mais de ar. Comecei a ofegar forte, a me sentir fraca e cansada. De repente, senti uma onda de calor subir dos pés à cabeça e uma rajada de vento me atravessar, erguendo meus cabelos para o alto. Abri meus olhos e vi aquele branco tomando controle de tudo. Mas dessa vez, eu estava no controle. Estávamos cobertas por um escudo branco de luz, que nos protegia dos Demônios. Eles tentavam nos atacar, mas toda vez que avançavam para dentro, eram reduzidos a pó. Sarah riu com o efeito.

Contudo, eu não me sentia tão alegre. Minhas pernas bambeavam com frequência e minha cabeça doía cada vez mais, enquanto eu sentia minhas energias sendo sugadas de mim. Com o tempo, vi Kaitlyn e Gale se juntarem a nós, até um ponto em que eu estava protegendo a mim e outras três pessoas. Era demais. Estávamos quase no portal, eu já podia ver o meu reflexo na água. Comecei a tropeçar em meus próprios passos, minha visão embaçando, lutando para se manter definida. Foi aí que não aguentei mais e caí de joelhos ao chão.

Ouvi Sarah gritar, mas foi só isso. Pisquei devagar, enquanto me recompunha do desgaste. Ergui meu olhar para a praça. Estávamos protegidos. Mas não por mim.

Era Will. Ele estava com ambas mãos erguidas, de costas para nós, fazendo uma enorme parede de energia impedir o batalhão de continuar. Eles empurravam, Will recuava, mas logo empurrava novamente, fazendo os Demônios recuarem. Naquele momento, reconheci. Will era, provavelmente, mais poderoso do que eu. Seus olhos faiscavam em verde.

— Vão! — rugiu, em meio a gritaria.

— Eu não vou sem você! — disse Sarah.

— Vão! Não vou segurar por muito tempo! — gritou.

— Vamos voltar por você, Will! — respondeu Kaitlyn. — Não vamos te perder de novo!

— VÃO!

Gale pulou no lago. Entretanto, eu não via seu corpo na água, ele simplesmente... Sumiu. Kaitlyn segurou minha mão e juntas caímos dentro do portal. Sarah ainda ficara lá. Antes de cair, vi Will desviar uma das mãos e criar uma rajada de vento, obrigando Sarah a tropeçar na borda e cair no portal.

Lembro de ser dobrada e desdobrada dentro do lago. Eu sei, não faz sentido, mas a água parecia um turbilhão me atravessando. Eu ainda sentia a mão de Kaitlyn colada na minha, mas foi por um instante. A água começou a invadir o espaço entre nossas mãos, fazendo com que ficassem escorregadias. Ouvi Kaitlyn gritar enquanto a água nos separava.

De repente, me vi sendo jogada de uma altura de mais de 100 metros, em queda livre, sem nada abaixo, apenas um chão. Um chão liso e dourado, onde um majestoso “A” estava desenhado.


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Notas finais do capítulo

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