The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 15
A Family Bound By Blood


Notas iniciais do capítulo

Pra começo de conversa, nem venham me avisar. Eu sei que a pessoa que tá na capa, a "atriz" que faz a Pearl, é a mesma da Sophie (mini-spoiler pra quem não leu as outras temporadas). Mas o negócio é: eu não me baseio na atriz, eu me baseio no personagem. Logo, se aparecerem personagens com "atores" iguais, podem ter certeza que não são gêmeos/clones nem nada do tipo. De qualquer jeito, como podem ver, nesse capítulo, nossa diva Pearl aparecerá. Bom, na verdade, ela já apareceu. Vocês que não perceberam hahahahaha -- tá, parei.
Enfim, era só isso. Boa Leitura (:



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Clair Montgomery

Caí no liso chão, sem nenhum apoio. Eu esperava que meus poderes conseguissem me salvar da queda, mas acho que não era recarregável. Senti uma indescritível dor no joelho, mas logo passou. Eu estava no pátio de um castelo malfeito, como se ainda estivesse em construção. A minha volta, os outros estavam caídos, desacordados. Na verdade, o lugar mais parecia um pavilhão. Eu conseguia ouvir o som de ondas quebrando e ver a luz do Sol nos iluminar através de um enorme buraco circular no teto de pedra. Um Sol jovem e brilhante. A minha volta, havia estradas de terra e altas casas de madeira. Porém, estavam vazias.

O buraco acima de mim não me parecia assim tão natural. Em volta do pavilhão, os restos de uma batalha estavam espalhados pelo chão. Eu reconhecia alguns dos lobos que haviam atacado o galpão, mas um em especial me chamou a atenção.

— Ryan! — exclamei, correndo em sua direção.

Caí de joelhos ao seu lado, as lágrimas já se formando. Havia uma faca em seu peito, fazendo-o o sangrar muito. O sangue quase espirrava de seu corpo.

— Clair... — grunhiu.

Arranquei a faca com dificuldade. O sangue que sobrara na lâmina evaporou, como se a superfície do metal fosse ácida. Reconheci-a como uma das adagas encantadas de Aslyn.

— Em... Cima — ele tentou falar.

— O quê?

Com dificuldade, ergueu seu dedo para o alto do pavilhão. Havia uma escada que dava em um corredor com três portas. De uma delas, pude ouvir o pesado som do tilintar de espadas.

— SUA VAGABUNDA! — uma rouca voz rugiu.

Rapidamente, suspendi minha palma sobre o ferimento de Ryan, colocando todas as minhas forças naquilo. Uma amena luz surgiu de minha mão, curando o ferimento devagar.

Assim que o sangramento cessou, corri de volta ao pavilhão, escada acima feito louca, quase deslizando no último degrau. Escancarei a porta e, realmente, não esperava encontrar o que vi. Mal tive coragem de respirar.

Um homem de capa preta, roupa branca com medalhas douradas lutava com uma mulher. Ela tinha cabelos louro-escuros e usava um vestido preto. Ambos empunhavam espadas um contra o outro. Reconheci Peter, ao notar a cicatriz em seu queixo. Ele mudara bastante. Mas eu não tinha tempo para olhar para suas características faciais.

Havia um corpo caído alguns metros além do duelo.

“Não pode ser”, lembro de pensar. Ela usava uma jaqueta de couro preta, sobre uma camiseta roxa. Seus cabelos castanhos estavam caídos como vinhas de uma fina planta e seus olhos estavam fechados, enquanto sua mão repousava em seu estômago, como se estivesse dormindo. Eu diria que estava dormindo, se não fosse pela mancha vermelha em sua camiseta e o feixe de sangue escorrendo de sua boca. Sophie mantinha o mesmo rosto, mas agora pálido e sem vida.

Peter ergueu a espada acima de sua cabeça, sem notar minha presença. Foi seu erro. A mulher foi mais rápida e cravou a espada em seu coração.

Peter caiu de joelhos, os dentes cerrados e a mão sobre o peito. Seu olhar, lento e doloroso, me avistou. Sua boca se contorceu freneticamente. Acho que ele tentara sorrir. Foi seu último movimento antes de cair ao lado de Sophie, com uma única lágrima caindo em seu rosto.

A mulher se voltou para mim, presunçosa. Sua mão pousou sobre sua cintura, enquanto andava alguns passos em minha direção. Seus passos tinham um movimento sensual, um tanto arrogante também.

— Pearl — deduzi.

Ela sorriu.

— Vejo que soube de mim — respondeu. Sua voz era macia e irritante ao mesmo tempo. — Maravilhoso. Assim, me economiza saliva. Você deve ser a menina: Clair.

Ela me olhou dos pés à cabeça.

— Você realmente é a mistura dos seus pais — disse. — Mas confesso que esperava mais. Bom, quem não tem gato, caça com Clair.

Ignorei seu comentário.

— O que você quer? — indaguei, dando de ombros. — O que toda essa carnificina vai te trazer?

Ela suspirou, me rodeando por um instante.

— Vamos dizer que isso não é nada mais do que um acerto de contas.

Com seus saltos altos (sim, altos), ela se agachou ao lado de Peter, checando seu pulso. Ela riu, vitoriosa.

— Ah, Peter.... — sorriu. — Se você soubesse o bem que o frio do seu corpo me faz...

Pearl se levantou, tomando o ar como se fosse a primeira vez.

— O que ele te fez?

— Ah, você não para de falar! — reclamou, seguindo até a janela do quarto. — Vai dizer que nunca te contaram sobre história da família.

— O quê?

Ela pousou a cabeça sobre o ombro, sorrindo com minha ingenuidade, seus olhos pretos como seus saltos. Era impossível não reconhecer.

— Não, não pode ser... — tentei me convencer.

Ela ergueu uma sobrancelha, se voltando completamente para mim.

— Amber.

Ela grunhiu em impaciência.

— E pensar que eu lutei tanto para que me chamassem assim... — bufou — De qualquer maneira, vamos cortar a conversinha de supermercado e vamos pro que interessa.

Recuei, amedrontada.

— Sua reunião com seu pai.

Ela desviou o olhar para a parede. E eu fui junto. Meu corpo se chocou contra a superfície de madeira, caindo de joelhos, tentando me recompor. Ela ergueu a palma e começou a fechar o punho. Meus ossos pareciam ser quebrados por um martelo de uma tonelada. Rugi em dor. Ela não mediu esforços para manter a tortura o máximo que conseguisse. Então, ela abanou a mão e a dor se foi.

— Vamos, Clary! — chamou, como uma criança implorando por um brinquedo. — Levante! Erga-se! Mostre seu sangue Roman!

Ofeguei, me levantando em um joelho.

— Você quem pediu — sussurrei.

Urrei, empunhando a espada de Peter. Ela desviou, conseguindo arrancar a sua do peito de meu pai. E assim começou o duelo.

Ela investiu em minha lateral, mas consegui desviar, partindo para uma cortada acima de seu ombro. Ela bloqueou e tentou uma estocada, que logo foi bloqueada por mim.

— Assim está melhor! — riu Amber.

Ela urrou e começou a me atacar com cortes sucessivos. Tive que dar meu máximo para manter aquela lâmina fora... Bom, fora de mim.

— Minha vez! — gritei. — Yah!

Ataquei-a sem hesitar, assim como ela fizera segundos antes. Amber recuou, amedrontada, até que tropeçou em um dos destroços do duelo anterior e caiu de costas, me dando abertura para desarmá-la. Sua espada voou e se chocou contra a parede, fazendo um alto baque. Amber engoliu seco.

— Nem tente — anunciei. — Vou degolá-la antes que consiga me torturar de novo.

Permaneci por alguns instantes, perguntando a mim mesma o que fazer. Sim, eu precisava matá-la, mas meu corpo todo hesitava. Ela riu, olhando para a lâmina sobre seu pescoço.

— Vamos, Clary — disse, com um sorriso maldoso. — Eu matei seus pais. Eu mereço.

Ela riu mais alto.

— Mas pode estar certa: isso não acabou — riu.

Estremeci.

— Ah, vai dizer que achava que eu era o “algo perverso”? — continuou. — Isso só prova o quão despreparados vocês são. Veja, Argo é dez vezes mais poderoso do que eu, mil mais poderoso do que você. A diferença: Ele não perde tempo com conversa ou duelos de espada. Ele é bem menos piedoso. E quando ele chegar, você vai implorar em seus pés por misericórdia.

Suspirei. Eu sabia disso. Contudo, estava tão animada em voltar pra casa, em ter uma vida nova, que realmente acreditei que Amber, que o mandante daquilo tudo iria se expor daquela maneira. Ela era apenas um gostinho antes do prato principal. Reúni forças para responder.

— Eu estarei aqui, esperando o momento certo que ele chegue. E eu vou fazer tudo em meu poder para mantê-lo confortável, mesmo que ele esteja se engasgando em seu próprio sangue — respondi. — Mas por enquanto...

Ela pareceu sentir a dúvida em minha voz.

— Ué, não vai me matar?

— Não é certo — respondi, encarando-a no olho com a espada sobre sua garganta. — Não está certo.

Ela estava pronta para fazer outro comentário.

Thud.

Amber sufocou de uma vez.

— Tem que ser no coração.

E assim, puxei a espada de seu peito, ensanguentando todo meu corpo, enquanto Amber tossia sangue e caía de vez no chão. Senti meu corpo todo vibrar com as energias de Peter, Sophie e Amber sendo absorvidas para mim. Ergui a palma para os dois corpos.

— Não.

E com a mesma facilidade que veio, senti-o voltar. Os corpos permaneceram imóveis, mas eu sabia que estavam mais protegidos em corpos mortos do que no meu, de onde qualquer um poderia tirar.

De repente, me senti cansada. Não estava certo. Eu não estava certa. Eu estava quebrada. Rompida. Destruída. Arrasada. Sem estruturas. Em um ato simbólico de desespero, caí de joelhos sobre o chão arenoso, com os corpos de meus pais em minha volta. Eu me sentia vazia. Não, vazia não.

Morta. Morta por dentro.


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Notas finais do capítulo

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