The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 12
I Promise


Notas iniciais do capítulo

Eaê gente bonita! Como 'cês tão?
Bom, aqui vai mais um capítulo. Esse aqui tem outra super revelação. Pois é, daqui em diante, é pura ação, agonia e corações acelerados. Ai do capítulo dezesseis em diante já vem uma calmaria, mas enfim. Espero que gostem. Enfim, era só isso. Boa Leitura (:



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Clair Montgomery

— Clair? Clair?

Acordei com alguém me empurrando. De novo. Ao abrir os olhos, minha visão estava turva e embaçada, melhorando devagar a cada instante. Era Kaitlyn. Sentei com cuidado. Ela segurava um pão em uma das mãos.

— Coma — estendeu. — É a única refeição que temos no dia.

Mordi o alimento, percebendo que estava faminta. Enquanto comia, corri meus olhos pelo lugar. Eu estava sentada em uma cama, onde duas outras estavam suspensas sobre mim. Estávamos em uma cela, muito parecida com a de um presídio: três camas penduradas de cada lado, uma acima da outra. Michael dormia em uma e Gale estava sentado em outra. Kaitlyn estava agachada ao meu lado e Sarah estava encostada ao lado da porta de aço, como se esperasse por algo. A porta tinha duas outras portinhas: uma por onde poderíamos ver o corredor e outra por onde a comida passaria.

— Estou viva? — perguntei, levantando a barra da blusa, revelando uma pele lisa, sem ferimento algum.

— Claro que está — riu Kaitlyn. — De todas as vantagens de ser sobrenatural, cura acelerada é a melhor delas. Mas aquela besta foi forte o bastante para nos derrubar por algumas horas.

— Onde estamos? — continuei.

— Ainda em Wayland. Presos, por sinal — respondeu Gale. — Mas vamos sair daqui.

Ele suspirou.

— Precisamos sair daqui.

Observei as camas.

— Quem é aquele?

Apontei para uma das camas. Um homem, de camiseta azul folgada e calças pretas, dormia em um sono profundo.

— Não sabemos ainda — respondeu Sarah. — Espero que seja alguém útil. Nem mesmo magia funciona aqui dentro.

Ela balançou a palma da mão sobre o rosto do rapaz.

— Nunca vamos sair daqui — lamentou, encarando o rosto do desconhecido. — Não a tempo. Se eles não estavam apressados, agora estão.

— Sejamos otimistas, por favor — pediu Kaitlyn.

Sarah deu um pulo que a levou a uma das camas.

— Quando chegar o próximo pão, me acordem — disse, antes de fechar os olhos.

— Gente?! — exclamei. — Vocês realmente vão desistir?!

— Desistir não — corrigiu Sarah. — Dar um tempo.

E adormeceu.

— Acorda, Sarah! — exclamei, jogando um travesseiro em sua cara.

Ela me olhou com indignação.

— Saiam dessas camas! — ordenei. — Agora!

Eles se entreolharam.

— Agora!

Desconcertados, obedeceram.

— Olha, eu não lembro muito de Aslyn — comecei. — O que eu tenho são só borrões. Mas eles são o suficiente. Eu lembro da minha mã...

Interrompi a mim mesma. Eles me olharam com intensidade.

— Eu me lembro de Sophie me pegando nos braços, sorrindo — continuei, sentindo a voz tremular. — Meu pai, rindo com um tal de Olsen. É por esses sorrisos que eu luto. Eu luto pelo dia em que eu vou abrir os olhos e vou receber o amanhecer de braços abertos, pois sei que estou em casa. É por isso que, nos momentos mais difíceis, eu não fraquejo. Não fraquejarei. Porque é isso que eles querem, que joguem pedras e que paremos de desviar. Mas precisamos continuar desviando, porque o que vem no final vale a pena. Vale muito a pena. Então, em vez de ficar lamentando nossa situação, vocês deveriam estar trabalhando em um plano para nos tirar daqui, porque eu não quero passar mas um dia nesse calabouço. Vocês querem?

Por um momento, não compreendi suas reações. Sarah e Kaitlyn assentiram. Gale me olhou com dúvida. Passei por eles e voltei para a minha cama, deitando para encarar o “teto”, pensando em alguma maneira de nos salvar.

O dia se passou e qualquer ideia que surgiu, foi tragicamente jogada no lixo por um detalhe. Maldito detalhe. Só paramos de pensar em um momento.

— Psiu!

Fui até a porta para ver quem nos chamava. Na pequena janelinha superior, estava um rapaz, de cabelos cacheados e castanhos. Sua barba era um tanto espessa e seus olhos transmitiam medo. Ele empurrou algo pela porta inferior.

Outro pão.

— Obrigada...? — agradeci, desconfiada.

Ele pediu silêncio com gestos e desapareceu no corredor, amedrontado. Dei de ombros e dividimos o pão em cinco pedaços iguais.

A noite caiu e eu não preguei o olho. Nos últimos dias, eu me sentia acordada, ligada como se estivesse sob efeito de drogas. Eu não dormia, eu não descansava. Aquelas horas que eu passara repousando foram apenas para me recuperar. Eu não conseguia dormir pelo fato de que era noite e eu precisava descansar, como toda pessoa fazia. Eu não me sentia no direito de descansar. Não quando eu sabia que, naquele momento, Chris estava tendo belos sonhos com arco-íris e pôneis azuis. Chegara a hora de eu revidar. Só faltava saber com o quê.

De repente, ouvi algo ranger. Meu pescoço quase quebrou com a velocidade com que virei meu rosto. Era o desconhecido. Ele se levantara. Se espreguiçou e se aproximou da pequena janela no alto da parede. Levantei da cama e me aproximei, mas ele não notou minha presença. O rapaz deu um leve suspiro. Todos os outros estavam dormindo.

— Oi? — chamei.

Ele não respondeu.

— Oi, nós somos colegas de cela — dei de ombros.

Ignorada. De novo. Ele cruzou os braços e continuou a encarar a Lua.

— Então você dorme de dia e acorda de noite?

Ele piscou algumas vezes. Suspirei e desisti, retornando com impaciência para a minha cama.

— O Sol me deprime.

“Ele fala!”, lembro de ter pensado. Voltei para o seu lado.

— Todos os dias, eu costumava levantar e olhar para o Sol, ver aquela bola redonda de luz como um símbolo de esperança — explicou, com melancolia. — Mas com o tempo, se tornou um lembrete do meu erro. A Lua não. Ela me traz conforto. Segurança. Tranquilidade. Além disso, posso olhar diretamente para ela sem nenhum problema. Sei que não vai me machucar.

Sorri levemente.

— Sou Clair — apresentei.

— Thomas — respondeu. — Thomas Reed.

Meu estômago deu uma cambalhota.

— Reed?

Ele assentiu.

— Você não é aquele cara que matou a família inteira?

Ele riu.

— É isso que estão dizendo de mim?

Ele descruzou os braços e sentou em sua cama, indicando a minha para eu sentar. Sentei a sua frente.

— O que aconteceu?

Thomas suspirou.

— Depois da morte de um dos nossos oficiais, eu, um recém-formado policial, tirei sorte grande e ganhei o melhor trabalho do mundo, segundo alguns dos meus amigos — contou. — Foi aí que eu descobri porque eu tinha sido escolhido. Era o pior trabalho de todos.

Franzi o cenho.

— Detetive Graham era o representante dos humanos em relações sobrenaturais — disse Reed, engolindo seco. — Naquele momento, me deram a missão de conversar com um Demônio para resolver alguns ataques.

— E...?

Ele deu de ombros.

— Vim parar aqui — completou. — E o Demônio matou toda a minha família, deixando o caminho livre pra qualquer um inventar que eu matei minha mulher e filha, tudo para manter o segredo em sigilo.

Ele bufou.

— Nunca tentou sair daqui?

Ele engoliu seco, hesitante.

— Uma vez — ele encarava o chão. — Mas não fui muito longe. Não passei do corredor.

Foi com aquelas palavras que eu me senti renovada. Tinha uma saída. Eu só precisava fazer isso do jeito certo. Afinal, Thomas não era um ser sobrenatural. Tínhamos uma vantagem. Dirigi-lhe um sorriso de compaixão.

— E você? — perguntou. — Como veio parar nesse buraco?

— Estava tentando alcançar a praça para ir... — hesitei, corrigindo a mim mesma. — Digo, voltar pra casa. Acabamos presos.

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Como exatamente você tentou fugir? — perguntei, atenta.

Ele me olhou com desconfiança, me analisando.

— Desculpe, mas prometi não falar sobre isso — respondeu. — Espero que entenda.

— Claro — falei, com um sorriso tímido.

Ele levantou e voltou a observar a lua. Deitei na minha cama, pensativa. Eu concordara em não perguntar, mas isso não significava que eu não podia pensar.

Ele conseguira sair da cela. Agora porque ele não podia me contar? Medo que eu tentasse? Medo que eu conseguisse? “Prometi não falar sobre isso”. Ele prometera a alguém. Alguém o ajudara. Mas, quem? Cabia a mim descobrir isso. Aliás, eu já tinha meu suspeito. Eu precisava descobrir. A vida de meus pais, de Aslyn e até a de Ryan dependiam disso.

Apesar de ainda ser noite, Thomas voltou a dormir. E claro, eu não consegui. Logo, tratei de contar as “novidades” para os outros.

— E ele te deixou sem resposta? — perguntou Gale.

Assenti.

— Que filho da mãe! — xingou Kaitlyn.

— Eu acho que ele está protegendo alguém — sugeri.

— Tem que ser alguém daqui das celas — disse Sarah. — Alguém que se for descoberto, pode se meter em muito problema.

Meu cérebro piscou.

— Aquele cara! — lembrei. — Ele trouxe um pão a mais, mesmo que a refeição diária já tivesse sido entregue.

— Leo? — estranhou Sarah, um tanto risonha.

— Ele é que é o tal Leo? — perguntei.

Ela assentiu.

— Aquele cara tem medo da própria sombra! — exclamou Michael. — Ele não aguentaria fugir. Duvido até mesmo que ele seja um Demônio completo.

Franzi o cenho com o termo. Kaitlyn tratou de explicar.

— Demônios completos são os que tem a alma composta só por Poder, assim como tem os Anjos completos, que tem a alma composta só por Graça. Por exemplo, eu e Gale não somos completos, pois temos parte da alma formada por humanidade. Os Demônios e Anjos caídos quando os selos foram erguidos não são completos também, a não ser que tenham feito parte dos exércitos de Miguel e Lúcifer, que tornaram todos os seus soldados, Demônios e Anjos completos.

Resmunguei um “ah” em concordância.

— De qualquer jeito, você ouviu ele insistindo com Chris — indaguei, cruzando os braços. — Não parece feliz com a liderança atual. Vamos dar outro líder pra ele seguir.

Michael respirou fundo, em negação.

— Isso não vai dar certo — disse.

Bufei com impaciência.

— Se Will estivesse aqui, seria tão fácil — resmungou Gale. — Ele balançaria os braços, flutuaria no céu, os olhos dele brilhariam naquele verde mágico e estaríamos salvos.

— Verde? — confusa, indaguei.

Kaitlyn revirou os olhos para Gale.

— Will era descendente de uma poderosa linhagem, os Morgan — explicou ela. — Eram bruxos capazes de tipos de magia que está fora de nosso alcance, como necromancia, imortalidade e coisas do gênero. Era mais poderoso que Peter e Sophie na época. Na época, claro. Duvido que uma cela como essa o segurasse.

— Verde? — repeti.

— Era a cor da magia para os gregos. Talvez seja daí que dizem que os Morgan eram descendentes da Deusa Hécate. — respondeu ela.

Ela hesitou um pouco. Gale suspirou.

— Quem dera que Will estivesse aqui.

— Mas ele não está aqui, está?! — exclamou Sarah, irritada.

Ela cruzou os braços e deu as costas, escondendo a mágoa. Kaitlyn repreendeu Gale com um olhar, ele resmungou algo sobre ela também ter culpa. Michael foi até Sarah e colocou a mão em seu ombro. Aos poucos, ela se virou, com lágrimas nos olhos. Michael segurou seu rosto com ambas mãos. Ele a olhou com compaixão.

— Não chore — disse, sério.

Por um momento, Sarah estremeceu. Eles ficaram ali, paralisados, encarando um ao outro.

Clanc.

Era Leo. Ele empurrou a refeição diária pela portinha.

— Hey! — chamei-o.

Ele esticou o pescoço na janela superior.

— Eu quero te fazer uma proposta — comecei, me sentindo uma criança preparando uma brincadeira.

Ele permaneceu em silêncio, indicando que eu continuasse.

— Eu notei que você não está muito confortável com as ordens que recebe. Por quê?

Ele hesitou.

— Não vim aqui pra isso — replicou, seguindo pelo corredor.

— Espera! — exclamei.

Ele não voltou. Desesperada, não tive outra escolha.

— Imagina que interessante se Chris descobrisse que seu braço-direito é um traidor!

No mesmo momento, ouvi seus passos cessarem. Ele retornou com pavor, mas tentando camuflar com autoridade.

— Calada! — ordenou.

— Nos ajude a fugir e eu prometo não contar nada — respondi.

Ele mordeu um lábio.

— CHRIS! — gritei de novo, fazendo-o tremer.

— Tá, tá! — disse ele. — Eu ajudo. Assim que o Sol nascer, eu venho tirá-los daqui. Estejam prontos.

E saiu, resmungando algo sobre chantagem. Sarah e Michael se entreolharam por um instante. Passamos algumas horas conversando, enquanto Kaitlyn me ensinava tudo sobre batalha, inclusive como distinguir as armas encantadas das normais. Ela disse que depois de descobrirem a Lâmina de Cain que Sophie tinha, todas as armas de Aslyn foram confeccionadas para terem o mesmo poder de matar qualquer coisa apenas com uma facada no coração.

Animados com o plano, tentamos dormir para ter certeza que estivéssemos preparados para a fuga. Exceto eu.

De novo.

Então, comecei a devanear sobre Aslyn. Tentei imaginar como meus pais seriam. Imaginei Sophie com cabelos longos e sedosos e uma pele lisa e macia. Peter, eu já tinha uma boa ideia, mas Sophie ainda era um borrão na minha mente.

Meus devaneios foram interrompidos com o ranger de uma das camas. Abri os olhos devagar. Era Sarah. Ela seguia Michael, que também estava acordado. Ele segurava a parede.

— Aonde você vai? — perguntou Sarah.

Michael engoliu seco. Ele ergueu o olhar para a mulher.

— Preciso ir.

A parede tremulou, revelando o passe livre para fora da prisão, mas aos poucos, a parede retornou, mesmo com Michael fazendo força. Eu estava perplexa. Não só por sua magia funcionar ali, mas por não ter feito aquilo antes.

— Michael! — chamou Sarah.

Ele continuou a empurrar até que a parede se dissolveu de vez. Ele colocou um pé para fora.

— Michael! — ela chamou novamente.

Ele a ignorou. Ela começou a ofegar.

— Will.

Ele parou. A temperatura pareceu cair cerca de dez graus. O homem retornou à cela de cabeça baixa. Aos poucos, ele ergueu o olhar para Sarah. O lábio inferior dela tremia. Os olhos de Michael brilharam em um tom verde, sob a escuridão da cela.

— Há quanto tempo você sabe?

Ela engoliu seco.

— Eu não tinha certeza. Mas agora tenho.

Ele hesitou por um instante. Eu assistia tudo da minha cama.

— Como?

— Quando um Morgan morre, o dono do último nome proferido por ele, ganha seu Poder; o meu foi para Peter. Gabriel pediu meu Poder à ele. Em troca, ele salvaria Sophie — contou Will. — Ele me disse que com a volta de Sophie, o futuro poderia estar em perigo e minha presença era essencial para que permanecesse nos trilhos. Ele criou a Humanidade e tinha meu Poder, o necessário para recriar minha alma e me trazer de volta.

Então, ele correu para Sarah e os dois se beijaram. Foi um beijo longo e intenso, como duas metades se tornando uma só. Eles se afastaram com relutância, com os cabelos de Sarah ainda entrelaçados nos dedos de Will.

— Não vou te soltar — murmurou Sarah.

— Mas tem que me soltar — sussurrou Will. — Eu preciso ir. Mas eu volto.

Ela assentiu.

— Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

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