The Last Taste - Season 3 escrita por Henry Petrov


Capítulo 11
Sinners And Saints


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, a capa tá uma droga. Juro que quando fiz da primeira fez ficou maravilhosa, mas como muitos sabem, estou com problemas técnicos e minha única saída resultou nisso aí, mas acho que dá pra ter uma ideia boa da personagem. Sim, Hayley é uma personagem nova que vai ser introduzida logo no começo desse capítulo. No fim, temos uma GRANDE revelação, tipo daquelas mesmo. Espero que gostem. Enfim, era só isso. Boa Leitura (:



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Ryan Montgomery

Acho que eu tenho um dom. Um sexto sentido. Sempre que estou sozinho em algum lugar, eu tenho uma sensação estranha. Em pouco tempo, alguém aparece. É como se meu corpo previsse a presença de outro ser perto de mim.

E foi graças a esse dom que acordei.

Eu estava em uma maca, isso eu tinha certeza. Eu sentia algo quente em minha testa. Abri os olhos devagar, ainda com sono. Eu estava em uma Ala Hospitalar rudimentar. Além das minhas pernas, eu via os leitos espalhados pelo lugar. Uma mulher, comum, pulava de leito em leito, checando os feridos. Sentei, sentindo minha cabeça doer.

De novo.

Foi aí que notei uma presença ao meu lado. Era uma mulher. Seus cabelos eram negros e lisos, com leves mechas claras. Ela tinha lábios carnudos e um olhar penetrante. Ela sorria pra mim.

— Oi. Estranho — cumprimentou. — Que bom que acordou.

“De novo”, pensei.

— Eu sou Hayley.

Ela estendeu a mão. Apertei.

— Sou... — comecei.

Foi aí que aprendi uma lição: minha irmã era quase Deus. Com certeza me usariam contra ela. Não podia sair por aí contando isso.

— Jake — falei. — Jake Raymon.

Eu sei. Idiota. Mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Era o cantor favorito de Clair, fazer o quê. Se eles estavam em Aslyn por mais de vinte anos, com certeza nem saberiam quem ele era, então eu estava limpo.

— Seja bem-vindo à Terra Nova, a Casa sob o Rio — anunciou, se levantando do banquinho de três pernas.

— Terra Nova? — perguntei.

Ela deu de ombros.

— Depois da guerra, as matilhas se fundiram para manter o controle sobre a facção de lobos de Aslyn. Todo mundo queria que o nome da sua matilha fosse o nome oficial, então para acabar a briga... Escolheram esse nome — explicou.

— Matilha? Ainda estou em território dos lobos? — bufei, impaciente.

— Sim, mas não daqueles lobos — explicou. — Está no território dos lobos “do bem”. Estamos do lado da verdadeira Aslyn, aquela que significava paz entre as espécies, e não esse latrocínio.

— Quer dizer que existem dois grupos de lobos em Aslyn?

Ela pensou um pouco.

— Mais ou menos — disse enfim. — Meio que éramos todos um só. Porém, um Demônio apareceu, fazendo uma proposta para nos juntarmos a ela. Parte aceitou, parte recusou. A maior parte foi com ela, claro. Eles prometeram o domínio de toda Aslyn. A menor parte estava determinada a cumprir a lealdade do Rei e da Rainha. Porém, alguns meses depois, teve o ataque e eles tomaram conta do castelo, enquanto os habitantes fugiram pra Grande Praia. A Alpha não se sente bem em dividir território com os humanos, então parte do vilarejo subterrâneo é dos lobos, parte é dos humanos, como era antes.

— Espera aí — meu coração começou a bater mais rápido. — Está me dizendo que o Rei Peter e a Rainha Sophie são vizinhos de vocês?!

Ela assentiu.

— É por aí.

Mordi um lábio.

— Bom, pelo que vejo, não está muito familiarizado com a história de seu povo — ela riu. — Mas saiba que assim que estiver melhor, nós te jogaremos na praia, de olhos vendados claro, e você estará em casa rapidinho.

— Eu não sou um lobo — falei. — Eles me raptaram.

— Oh — murmurou. — Você é humano?

Assenti.

— Então, vou te levar até a Alpha e vamos decidir o que fazer com você — ela disse. — Foi ela quem te encontrou.

— Ela era o lobo?

Hayley assentiu. Tentei levantar, mas cambaleei e tudo pareceu girar.

— Mas vamos te dar alguma coisa para comer primeiro.

Depois de dar uma passadinha na enfermeira, Hayley me levou até uma cafeteria que tinha ali perto. Aquele lugar parecia ter saído de um filme de Era medieval. Na verdade, mas parecia um bairro de uma cidade interiorana, só que tudo era feito de madeira e barro, como se fosse algo temporário. Tinha tudo: supermercado, lanchonete, hospital, até mesmo uma igreja. Mas claro, todos tinham aparências medievais, o que era confuso.

A lanchonete onde Hayley me levou era um lugar bom de se passar o tempo. Havia um balcão logo na entrada, onde eram anotados os pedidos e eram feitos os pagamentos. Mais à frente, haviam várias cadeiras em volta de uma mesinha, que eram separados do resto do lugar com uma pequena barreira de bambus. Na lateral, pequenas mesinhas para dois eram colocadas. Hayley e eu nos sentamos em uma delas, enquanto ela pedia um café com creme de canela para nós dois, com alguns pãezinhos recheados com algo que não reconheci, mas era muito bom.

— Então, como é a Alpha daqui? — puxei conversa.

— Ela é uma pessoa maravilhosa — respondeu, tomando um gole do café. — É como uma mãe para todo mundo.

— Não foi a ideia que tive de Freya — falei, mordendo um dos pães.

— Ah, aquela ali é uma prostituta de esquina, se quer saber — disse Hayley. — Quando ela ainda morava na Terra, contam que ela sempre aparecia na matilha bêbada. Agora, deu para posar de Rainha do Gelo, Alpha dos Lobos traidores.

Ri levemente.

— A daqui não é nem um pouco assim — continuou, arrancando um pedaço do pão com as mãos. — Tenho certeza que Freya te fez de gato e sapato quando esteve lá.

— Exatamente isso.

— Bom, a Alpha de Terra Nova é bem antiga, ela se tornou Alpha pouco tempo antes do ataque. Ela era filha do Alpha anterior, mas fugiu pois não queria se tornar Alpha. Então, sem motivo algum, ela surgiu, desafiou o Alpha da época e venceu, sem nem descer dos saltos. Enquanto isso, Freya virou Alpha porque ninguém queria ser Alpha da nova matilha. Tá vendo a diferença?

— Tenho uma pergunta — falei, após alguns instantes de silêncio. Ela ergueu o olhar para mim. — Não estamos em Lua Cheia. Como a Alpha se transformou?

— Os Alphas tem algumas vantagens — explicou Hayley. — Eles podem se transformar quando querem, fácil, rápido e indolor. Mas quando é na Lua Cheia, eles se transformam lenta e dolorosamente, mas são capazes de controlar suas ações. Entendeu?

Assenti. Ela tomou um último gole e suspirou.

— Pronto?

Assenti e nos levantamos, saindo da lanchonete.

Hayley me arrastou pelo vilarejo em direção à igreja. Não era uma igreja de verdade, mas tinha o design de uma. Na verdade, era o Palácio do Alpha. Tinha todas aquelas cadeiras largas, aquelas janelas compridas... Mas nada muito santo. No lugar do santuário, havia um pódio e, além do pódio, uma porta de madeira que dava em outro cômodo.

— É ali — apontou Hayley.

Ela me levou até o pódio, onde me pediu para esperar do lado de fora. Ela bateu na porta e entrou, com cuidado. Ela falou alguma coisa e voltou para fora.

— O Rei e a Rainha estão aí — disse, nervosa.

— O quê?! — exclamei, sentindo meus dedos esfriarem, como sempre acontecia quando eu ansiava por algo.

— Parece que encontraram um lobo da Freya tentando penetrar o vilarejo — explicou Hayley, cruzando os braços. — Eles estão discutindo uma teoria.

Eu me mexi, inquieto, ansioso para o fim da conversa. Afinal, eu conheceria os verdadeiros pais de Clair. A porta se abriu. Um casal saiu de dentro da sala.

Sophie tinha cabelos castanho-claros, como os de Clair. Sua pele era bronzeada como a de Clair. Ela era realmente muito bonita. Sophie usava jeans e jaqueta, como uma pessoa normal. Ao seu lado, estava Peter. Ele tinha cabelos loiros, uma pele clara e uma barba rala. Ele tinha uma cicatriz na base de seu queixo e seus olhos eram azuis. Iguais aos de Clair. Ele usava uma blusa preta e uma calça jeans. Clair era muito parecida com Sophie. Apenas os olhos. Os olhos eram de Peter.

Hayley os cumprimentou com um aceno.

— E aí? — perguntou.

Sophie suspirou, apoiando uma mão no cotovelo.

— Bolamos um plano — ela falou. Sua voz era doce e calma. — Pode funcionar.

— Vai funcionar — corrigiu Peter. Sua voz era grossa e transbordava autoridade.

Ele se voltou pra mim.

— Olá. Sou Peter, Peter Roman — ele estendeu a mão. — Eu não te conhecia.

Apertei-a.

— Jake, Jake Raymon. — naquele momento, desejei que não precisasse fingir que era um cantor pop.

Peter ergueu uma sobrancelha, como se analisasse o nome. Sophie não deu importância.

— Sophie, Sophie Hough — disse, apertando minha mão.

— Roman — corrigiu Peter.

— Vai ser Hough pra sempre. Ponto final — concluiu ela. Peter pareceu tomar a conversa como encerrada.

E saíram, com o braço de Peter atrás do pescoço de Sophie. Eles não me pareciam tão velhos. Pareciam um casal de jovens apaixonados. Eu queria ter falado sobre Clair, mas eu não podia. Kaitlyn, Sarah e Gale desobedeceram as ordens dos dois. Com certeza eu diria alguma coisa e tudo pioraria, então preferi me manter de boca calada.

— Jake?

Voltei meu olhar para Hayley. Ela abriu a porta e me indicou que entrasse.

A sala da Alpha não era tão impressionante assim. Uma mesa de madeira e uma cadeira comum. Além da cadeira, havia outra porta, que estava aberta para o lado de fora. Sobre a mesa, haviam centenas de papéis, mas a Alpha não estava sentada. Ela estava de pé, de costas para mim, dando ordens para dois homens carrancudos.

Ela tinha cabelos pretos, que caíam em suas costas. Ela usava uma blusa bege com calças jeans simples.

— E eu não quero mais ouvir essa história — ela ordenava.

Aquela voz... Eu a conhecia.

— Espero que entendam isso. Isso é muito sério, rapazes.

Os homens assentiram e saíram. Ela respirou fundo.

— O rapaz acordou — anunciou Hayley, chamando a atenção da mulher.

Ela se voltou, para me ver.

Foi aí que a reconheci. Não importava se fizesse um século que eu não a via. Eu a reconheceria em qualquer lugar, passara meses com sua imagem em gravada em minha mente toda vez que fechava os olhos. Eu nunca esqueceria aqueles traços, aqueles cabelos, aquele olhar doce.

— Olá — cumprimentou. — Meu nome é Leah, Alpha Leah.

Era ela. Minha mãe não-tão-morta.


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Notas finais do capítulo

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