British Ghoul escrita por Doctor Seimei


Capítulo 2
Capítulo 2: Uma gota de pureza em um mar sombrio.


Notas iniciais do capítulo

Então né? Depois de taaaaaaaanto tempo sem postar, cá estou eu novamente na maior cara de pau do mundo e voltando com vontade neste meu projeto, espero que curtam pessoal, farei meu melhor para não baixar o nível!



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Alguns dias haviam se passado desde a minha última caça, o céu apresentava-se em um tom cinza melancólico, desde a morte daquele porco não cheguei a ver mais ninguém levado ao tribunal, e por ingenuidade minha cheguei a pensar que enfim estava habitando um local mais pacato, o que não necessariamente seria uma vantagem, as suspeitas de que um ghoul vivia nos arredores tornariam-se cada vez maiores cada vez que eu precisasse caçar, enquanto aquele covarde matava pessoas por aqui, eu poderia facilmente alimentar-me dos cadáveres despejados. Porém, eu sabia que em algum momento a igreja iria agir, mas não imaginava que seria tão depressa.

Ontem um grande contingente de homens fiéis à igreja chegou na cidade, o que fez com que o padre ficasse realmente aliviado, pois ao mesmo tempo em que ele era somente respeitado por ser um representante do tão aclamado "Deus onipotente e onisciente", ele poderia tornar-se uma figura autoritária e temerosa ao ter ao seu lado uma força física incontestável e disposta a obedecê-lo.

Bastardos hipócritas, pregam o amor por um Deus bom e justo, que justiça é essa que não consigo ver? Que justiça é essa onde pessoas boas morrem sem motivos, enquanto os poderosos, soberbos e gananciosos, desfrutam de seus benefícios? Que Deus é esse que é bom e justo somente com humanos? Se ele criou tudo, por que criar uma criatura como nós ghouls, uma criatura que tira a partir da morte a força para continuar vivendo, que é odiada somente por existir?

Mas irritar-me por isso de nada adianta, tenho mais com o que me preocupar, com este reforço dos guardas e com os rumores de um "ser das trevas" espalhando-se com uma velocidade alarmante, nada com o que me preocupar durante o dia, somente outro ghoul com um olfato tão apurado quanto o meu para me distinguir do humanos, os problemas virão em noites de caçadas, e ainda há a possibilidade de terem trazido mais partizans com eles.

Enquanto estava na praça da cidade a alguns quarteirões da catedral, perdido em meus pensamentos, fui abordado por uma jovem garota. Ela tinha cabelos louros, tão claros que pareciam brancos à luz do sol, sua pele era clara e seu rosto possuía feições finas e ela exibia um sorriso leve que fazia emanar dela uma sensação calmante, mas o que mais chamava atenção nela eram seus olhos lilás, o que me dava uma sensação de que havia algo que eu tinha de lembrar, mas que não conseguia. Era somente uma humana, mas algo nela me trazia um certo fascínio, um misterioso fascínio.

Ela permaneceu ali por um tempo me encarando, como se tivesse esquecido o que queria dizer, depois de um tempo desviou o olhar para o lado e corou um pouco, sem dizer nada, ela então inspirou fundo e se recompôs:

– Desculpe tomar o seu tempo senhor, gostaria de comprar uma maçã? - Disse exibindo um leve sorriso - Eu garanto que estão boas! - Disse estendendo a mão com uma grande maçã vermelha.

– Obrigado. - respondi - Acho que irei levar uma sim - disse enquanto pegava a maçã de sua mão e dava-lhe um pouco de dinheiro.

Ela continuava olhando-me como quem espera algo, decidi então morder o fruto.

– Hum, está bem doce! - Menti, enquanto forçava um leve sorriso. Caso não saiba, o sistema sensorial dos ghouls é extremamente desenvolvido, porém nosso organismo não tem a capacidade de suportar alimento algum, com exceção logicamente da carne humana, nosso corpo tem a reação natural para evitar que passemos mal, todas as comidas comuns para as pessoas, por mais belas e deliciosas que deixem transparecer, não tem um gosto melhor do que merda. Mas para disfarçar e para que possamos nos misturar na sociedade, temos de aprender a aturar isto.

– Fico feliz que tenha gostado! Passarei por aqui de novo amanhã senhor! Estou sempre por esta região vendendo as frutas que minha família cultiva! - Respondeu com um sorriso.

– Desculpe-me, mas não é sempre que posso vir aqui, eu trabalho como artesão em uma oficina do outro lado da cidade, tirei o dia de folga para livrar um pouco minha cabeça do trabalho e me inspirar um pouco. - Por que estou dando tanta atenção para uma mera garota? Ela não passa de uma humana, mesmo que haja algo familiar nela não há motivos para continuar esta conversa - Falando nisso, desculpe-me, mas eu preciso ir, tenho assuntos para resolver ainda hoje e pretendo fazer isso antes do almoço. Até mais senhorita! - disse com um forçado serviço amigável.

– E-ei, espere! Senhor, poderia me dizer seu nome? Eu gostaria de visitar a sua oficina algum dia! Eu me chamo Rose. - Disse enquanto eu saía.

– Jack, é como sou conhecido. - Droga, por que motivos disse meu nome? - A oficina fica perto de uma estalagem bem conhecido por estas bandas, só pergunte pelo "Sonho da floresta", estará bem perto de onde trabalho. - Disse enquanto me despedia.

Que saco, fiz uma grande besteira, permitindo que mais uma pessoa me conheça, em tempos como estes isso é perigoso. Ou quem sabe talvez seja até mais seguro, afinal, não penso que dois jovens na casa de seus vinte anos atrairiam suspeitas dos opressores. Talvez eu deva tentar aproximar-me dela.

Enquanto dirigia-me em direção a um banco senti um cheiro incomum, não um cheiro humano, muito menos de comida humana, senti um característico odor acre que me era ao mesmo tempo familiar e diferente. Não pude evitar um sorriso, mas não um sorriso de alegria, pois o que eu sentia neste momento era nervosismo, ansiedade, tensão. Eu havia encontrado um ghoul, e ao perceber isso senti que o sorriso que eu esboçava tornou-se sombrio e sinistro.

– Se eu consegui sentí-lo, seria besteira admitir que ele não me sentiu, ambos sabemos da existência um do outro, o que fará então companheiro? - Disse enquanto corria tentando aproximar-me do cheiro. - Fugir não irá adiantar em nada agora.

Encontramo-nos em um beco de uma região isolada, estávamos um de frente para o outro, eu suava frio ao lembrar-me de outros encontros não muito amistosos com meus semelhantes, aprendi a nunca subestima-los. Ele por outro lado parecia calmo, era um jovem alto, não devia ser dois anos mais velho que eu, usava roupas simples, demonstrando não ser alguém de alta classe.

– Olá companheiro, bom descobrir que não sou o único aqui! - Disse dando um passo a frente, seus olhos semicerrados demonstravam ao mesmo tempo calma e uma atitude fria - Sou David, prazer em conhece-lo.

Recuei um pouco, tomando uma postura defensiva, mas sem levantar minhas mãos - Não vá dizendo seu nome com tanta facilidade, como podes provar que és de confiança? - Disse enquanto retribuía com um olhar ameaçador - Achas que pode chegar do nada e ser meu amigo?

– Ora ora, mas é claro que não, não vamos apressar as coisas, tem razão, agora vamos ao mais importante, como posso provar que sou de confiança? Isso somente tu podes responder, se tiveres o olfato aguçado o bastante sentirá que não há resquícios de sangue de ghoul em mim, aquele cheiro azedo e característico que dura meses e que somente pode ser sentido por nós, mas se achas que ainda assim não sou de confiança, digo que nada posso fazer, mas que juntos temos mais chances de sobreviver do que separados, o que acha?

– Sobrevivi sozinho até hoje, e acredito que posso cuidar de você sozinho também, além disso tenho certeza que se não se intrometer em minha vida, podes sobreviver por si só também, o que tu tens de tão diferente que posso considerar útil? E qual seu real objetivo?- Perguntei com suspeita.

– Informações, é o bastante?

– Que tipo?

– Contingente dos opressores, nomes, rotina, alvos, mas nada posso revelar, afinal não decidiu se queres ou não se aliar a mim, mas irei dar uma informação de graça, imagino que tu moras do lado oeste da cidade, cuidado, um homem conhecido como o "o silencioso" está chegando dentro de três dias, e lá será tua área de atuação, apenas espere e comprove se o que digo é verdade, semana que vem, neste mesmo beco, neste mesmo horário estarei esperando a sua resposta. - E dito isso saiu em meio às sombras do edifício mais próximo.

– Mistérios e mais mistérios - indaguei deitado no topo da catedral, local onde comumente vou quando estou pensativo. - Por que nada pode ser mais simples?

E assim fiquei por algum tempo no silêncio da noite, observando a lua e sua luz branca e clara que deixa a noite com este ar misterioso e fascinante.

– Estou ficando com fome. - Disse a mim mesmo...


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Notas finais do capítulo

Obrigado para quem teve paciência de ler até aqui, semana que vem tem mais!



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