British Ghoul escrita por Doctor Seimei


Capítulo 1
Capítulo 1: Um demônio em pele humana.


Notas iniciais do capítulo

Estou com pouquíssimo tempo ultimamente, então me desculpem se o próximo capítulo demorar XD



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Ghoul, um ser que a princípio se assemelha a um humano, porém, nós temos algumas características básicas que nos diferenciam de vocês humanos. Em primeiro lugar somos muito mais fortes que qualquer humano, nossa pele é dura como metal e nossa capacidade de regeneração nos permite curar até mesmo machucados letais, logicamente com alimentação apropriada, em alguns dias.

Segundo, possuímos um órgão predatório especial que fica em nossas costas e forma, digamos, “armas” a partir de nosso sangue, como chamamos varia muito de lugar para lugar, eu particularmente prefiro chamar de “garra”. Em último lugar, o mais importante e o motivo de sermos odiados pela humanidade em geral, nossos hábitos alimentares, que resumem-se em carne humana.

O ano é 1542, auge da “caça às bruxas”, como os humanos gostam de chamar, quanta ingenuidade, coisas como magia não existem, o que algumas pessoas sem conhecimento tomam como “praticantes de artes das trevas” são na verdade apenas ghouls buscando alimento. Isso pode parecer algo anormal para um humano, ouvir isso desta forma, mas para vocês seria o mesmo que caçar animais na floresta para comer, no final, não tem muita diferença. Ao menos era isso que eu pensava naquela época.

Meu nome é Jack, caso me visse na rua eu não passaria de uma pessoa normal para você, apenas mais um comum com um nome comum vivendo uma vida comum em uma cidade comum no interior da Inglaterra. Nunca alguém imaginaria que eu seria por dentro dessa casca um ser que busca nutrientes em corpos humanos.

Caminhava pela praça em frente à igreja, mais um dia de terror, não apenas para minha espécie como também para qualquer cidadão, a igreja, cega com o poder, não fazia o mínimo esforço para distinguir um ghoul de um humano qualquer, e por isso muitos inocentes sofriam diariamente. Não morro de amores pela raça humana, e reconheço que também não sou muito amigo de outros “devoradores-de-gente”, mas o que eles fazem é uma crueldade que chega a me enojar. Hoje era a vez de uma mulher, a senhora Martha, conhecida dona de casa, mãe de três, casada com um honesto lenhador, viviam nos arredores da cidade onde ela costumeiramente colhia frutas silvestres, as quais vendia na feira e até mesmo eu chegava a comprar algumas para manter meu disfarce.

– Por favor, façam o que quiserem comigo, mas eu imploro, por favor, soltem meus filhos! – A súplica partia dela, em prantos, os olhos inchados de tanto chorar.

Ela estava amarrada em uma fogueira, onde seria cremada, a punição mais comum às mulheres, enquanto seus filhos seriam enforcados, o marido não se encontrava presente, eu saberia, não é difícil rastrear um humano pelo seu cheiro, provavelmente ele foi morto em alguma macabra técnica de tortura. Nada demais, estava colhendo frutas na floresta, uma patrulha a viu, sem perguntas, sem direito a um julgamento justo, sentença de morte apenas por perambular pela floresta.

E estava morta, uma humana comum, mas já me prolonguei demais nessa parte, agora, segundo o que expliquei acima, como eles poderiam matar um ghoul se temos capacidades tão sobre-humanas? Isso será explicado mais pra frente em seu devido tempo, o que importava naquele momento era que eu estava com fome.

E vocês humanos não pensem que podem entender o que é a fome de um Ghoul.

Pois eu afirmo com toda a certeza do mundo que não podem.

Ghouls ao consumirem um humano conseguem manter-se sem se alimentar por um mês aproximadamente, mas ainda assim é difícil saciar-se apenas com isso, isso seria o mínimo do mínimo, e quando um ghoul sente fome, sua mente sofre juntamente com seu estômago, é como estar cercado por um banquete e não poder tocar em nada, ou será caçado até ser morto.

Você começa a enlouquecer, começa a desejar carne macia e suculenta em sua boca, e seu cérebro esquece-se de todos os perigos que você corre. Saí da cidade, e esperei que a noite surgisse, já tinha em mente minha presa, um certo comandante que fazia sua patrulha todas as noites, o mesmo comandante que condenou uma família inocente à morte. Não me entenda mal, não estou fazendo isso por que gostava daquela família, nem mesmo por justiça, isso seria um ideal tolo que esqueci já faz muito tempo, mas talvez por uma certa vingança de minha parte, e apenas por mim.

E começou a minha caçada.

Vesti um manto negro que tenho guardado, não posso arriscar ter sangue em minhas roupas, e parti. Eles estavam realizando sua patrulha, o covarde estava bem no centro dela, cerca de dez homens armados com bestas, espadas e lanças, nada demais, o que mais me preocupava eram duas coisas, a primeira delas era o fogo, fogo é algo que surte efeito no corpo dos ghouls da mesma forma com que ocorre com humanos, a segunda estava mais para uma probabilidade do que para uma certeza, uma “partizan”, que em resumo, trata-se de uma arma montada a partir das sobras de certas garras de um ghoul, mas não com todos os tipo, explicarei sobre isso mas para a frente, continuando, essa partizan é a única arma humana capaz de matar um ghoul, ela não necessariamente precisa ter o formato da lança de mesmo nome, mas ao ser feita a partir da garra de um ghoul, ela pode ser usada para nos ferir, e isso é muito, muito irritante.

Mas vamos à caça, estava à espreita na floresta, apenas esperando, sabia que viriam, primeiro consegui sentir seu cheiro, cheiravam a álcool, vinham conversando como se estivessem extremamente seguros, pouco depois consegui vê-los. O comandante, meu alvo, era o que parecia o mais distraído de todos, não poderia simplesmente avançar, não planejava matar os outros, comportamento considerado extremamente benevolente para um ghoul, mas não podia deixar que vissem meu rosto, conclusão: o primeiro passo seria apagar as luzes das tochas.

Escondi parcialmente meu rosto até o nariz com o manto e corri, o mais veloz que pude, ghouls do mesmo tipo que o meu sem ambientes abertos são os mais letais, além de possuírem uma velocidade muito maior que o normal, mesmo para um padrão ghoul. Os derrubei-os aos poucos e apagava suas tochas, logo depois retornando para a escuridão, tinha de terminar mais rápido, pois apesar dessa velocidade, cansamos mais rapidamente que os outros tipos, não somos lutadores, somos assassinos. E assim, a cada avanço meu, sua formação se desfazia cada vez mais, logo estavam em completa escuridão, a pouca luminosidade da lua não passava através da densa copa das árvores do local previamente escolhido e planejado para meu ataque.

Seria simples então, infiltrar em meio a eles e arrastar seu líder para a escuridão, e consequentemente a morte. E foi o que fiz.

Corri mais rápido que seus simplórios olhos poderiam acompanhar, e arrastei apenas o porco líder comigo, não possuía interesse nos outros, quando já estava bem longe o larguei no chão, ele estava assustado, não conseguia proferir nem mesmo uma única palavra, ele começou a recuar de medo até topar com uma árvore.

– M-m-m-monstro! Como é possível que possa haver um aqui, imaginei que com o número de mortes que causamos teríamos assustado a todos vocês! – Gritava o capitão com uma voz rouca.

– Outro motivo para eu continuar aqui, porco, agora me alimentarei de você, já faz duas semanas desde minha última refeição, estou faminto...

– E por que logo eu? Olha, eu posso te pagar, o quanto for preciso, pegue qualquer um dos outros soldados, eles são mais jovens, talvez te satisfaçam mais...

– Desculpe, mas só tenho interesse em você, não me leve a mal, mas eu tenho um pequeno rancor de oficiais como você, que acham que estão sempre acima dos outros. – Ao dizer isso, ativei minha garra, o que pareciam penas negras e rubras começaram a formar-se atrás de mim como uma energia etérea misteriosa em formato de asa, o capitão ficou pasmo olhando para esta minha forma e finalmente disse:

– V-você é um demônio! Um demônio em pele de humano!

– Talvez eu seja, para você, mas do meu ponto de vista não sou mais que um mero caçador buscando seu alimento, além disso, se eu fosse um humano eu poderia continuar com minha consciência limpa ao saber que o meu alimento nada mais é do que um escárnio para os inocentes.

Foi rápido, cristalizando e lançando uma parte da minha garra atingi sua garganta e ele morreu. Alimentei-me e procurei algo de valor em seu corpo, encontrei algumas moedas e surpreendentemente uma partizan em formato de adaga.

– Que desperdício, além de usar algo assim contra mim ser inútil ainda dão uma partizan para um covarde desses? – Disse destruindo a arma.

Ao voltar para a cidade, subi no telhado da igreja e fiquei observando o céu estrelado, pensando se realmente existia um deus, por que motivos ele deixaria a humanidade tomar este caminho.

– Um demônio na pele de um humano não é? Talvez eu seja. Talvez eu seja.


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