- Bruna? – sussurrei.

- Oi... o que foi? – sussurrou ela.

- É que... eu quero fazer uma coisa... – sussurrei ainda mais baixo.

- O que você quer fazer Mi... Mig?... kk – comentou ela. Espero que o Chess não tenha escutado.

- Isso. – não sussurrei dessa vez.

Eu segurei seu rosto perfeito e lhe dei um sutil beijo. O meu sangue corria, meu coração batia, e minha boca sentia o mais doce dos beijos. Para a minha sorte, Bruna me correspondeu, hoje, dia 25 de outubro foi o dia mais incrível da minha vida. Acho que se o filme parasse e o som sucedesse todos iriam escutar meu coração.

- Uoow, parece que os pombinhos finalmente se beijaram! – falou o Chess atrás de nós, agora eu ri, mas continuei beijando a Bruna, acho que ela riu também – Ei, se vocês não perceberam o filme acabou.

Eu parei de beijar a Bruna e olhei pro Chess com cara de “uow, o filme já acabou!” percebi pelo canto do olho que a Bruna olhava do mesmo jeito para a Gabriela. Eu e a Bruna nos beijamos o filme todo?! Para mim foi um segundo, acho que foi o mesmo para a Bruna, talvez porque precisemos de mais beijos... A Gabriela estava encostada no ombro do Chess, que estava sorrindo para nós, que sorte que ele não estava pulando. O telefone da Bruna tocou.

- Ah, deve ser a minha mãe... – falou ela enquanto procurava o celular em sua bolsa – Alô?... Mãe, calma, eu estou no cinema com alguns amigos... Tá mãe, eu vou... Tchau, benção. – disse a Bruna – Mig... Chess e Gabriela... eu vou ter que ir.

- J... – o Chess ia dizendo mas foi interrompido por alguma coisa.

- Por quê? Fica mais um pouco – disse eu.

- Não posso, minha mãe precisa de mim em casa, Tchau Mig... – ela hesitou no meu nome.

Eu fiquei parado, ela também estava parada, mas depois de alguns
segundos ela começou a dar pulinhos pequenos e então ficou de ponta de pé e meu deu um beijo.

- Tchau Miguel – ela sussurrou.

- Tchau... Bruna – eu sussurrei também.

Ela me beijou de novo e depois foi embora, eu não tinha percebido que o Chess e a Gabriela tinham ido embora enquanto eu me despedia da Bruna. Eu os encontrei na Nagem, Chess estava vendo os novos jogos e a Gabriela, para não se afastar do Chess, estava vendo os novos The Sims, o Chess me notou logo entrando na loja.

- Ei Mig, a gente precisa conversar... Hm, e a Keila? Quando você for terminar com ela me avisa ok? – disse o Chess enquanto eu passava por ele.

- Certo Chess.      

Acontece que eu nem sabia se ia terminar com ela, se isso fosse acontecer ia ser lá para o ano novo, porque nas férias, não teria que ver ela todo dia, depois podia mudar de escola com a Bruna e estava tudo resolvido.

Gabriela foi embora alguns minutos depois que a Bruna, então ficou só eu e o Chess, provavelmente ele ia me encher de perguntas, mas não, ele ficou calado com cara de sério, novamente parecia que ele havia sido abduzido por ETs. Finalmente a gente parou na praça que fora adotada pelo shopping, até que era legalzinho lá, mas de repente Chess parou, sentou e ficou a me encarar.

- O que foi? – perguntei a ele.

Ele não me respondeu, agora fez uma cara de pensativo.

- Sério Chess,se você está assim por causa que eu não terminei com a Kei...

- Eu sou tão idiota! – gritou o Chess me interrompendo – Eu só me importo com o que eu quero, me importo tanto, que esqueço o que realmente importa! O que foi?! Acontece que a Gabriela acaba de terminar comigo porque sempre a deixo de lado, e nunca percebo, eu sou um monstro! – ele havia começado a chorar.

Agora eu entendi tudo, eles não me deixaram com a Bruna por privacidade, e sim, porque a Gabriela queria ter um tempo sozinha com o Chess para poder terminar com ele.

- Chess... Você não é um monstro – disse a ele, coitado – Vem, vamos.

Eu peguei ele pelo braço e o levantei.

- Eu vou de ônibus para casa, e eu sei que você não vem... – disse o Chess soltando o meu braço – hm, Adeus Miguel.

Ele praticamente nunca me chamou de Miguel, e o que ele quis dizer com o adeus? Ele saiu andando, eu não conseguir seguir ele porque, eu ainda tava abalado com a notícia e porque, ele nunca me chamou de Miguel! Enquanto ele caminhava eu escutei ele repetindo para se mesmo “Eu sou um monstro, eu sou um monstro” mas não consegui falar absolutamente nada, só acordei de meus pensamentos profundos por causa que meu celular tocou, eu peguei meu celular no bolso para ver quem me ligara, para variar, era a Keila.

- Oi. – eu disse.

- Você soube?! A Gabriela terminou com o Chess, hahahaha, o colégio inteiro vai saber amanhã! Hahahaha – ela falou com a maior cara-de-pau.

- O que você vai fazer? – falei com ar ameaçador

- Nada, só vou subornar o Gomes para eu anunciar na rádio que Chess, demente, burro e lezo, terminou com a Gabriela, bonita, poderosa e do nosso grupo. Hahahaha, e ainda vamos mudar totalmente a historia para que o Chess se dê mal. – disse ela no mesmo tom de cara-de-pau.

Ouvi elas batendo palmas do outro lado do telefone.

- E se isso não acontecer? – perguntei novamente ameaçador – talvez alguém não deixe vocês entrarem.

- Você?! Não, não, com você fica ainda mais fácil! – disse ela rindo – Adeusinho Miguelzinho. – e desligou na minha cara.

Não entendi o “você fica ainda mais fácil!”, mas deixei essa passar, estava mesmo preocupado com o Chess, eu fui andando até a minha casa, minha casa não era longe, mas antes, não queria fazer a Bruna andar... Mas esse não é o assunto certo, amanhã Keila anunciaria que Chess terminara com a Gabriela, e eu tinha que... Espera! Quem disse a ela que Chess terminou com Gabriela? Me deu uma vontade imensa de matar a Keila, a Bruna não foi, ela nem ficou tempo o bastante para ouvir, Chess nunca faria isso, mas, se a própria Gabriela tivesse dito a Keila? Bom, amanhã eu resolveria, minha casa estava com todas as luzes apagadas quando cheguei, isso era bom, não ia discutir com meu pai... Peguei minha chave rapidamente, sabe, meu bairro não é assim tão seguro, abri a porta e fui recebido por meu cachorro. Dei um sorriso e fechei a porta, comecei a alisar ele, o nome dele era Saturno, meu melhor amigo depois do Chess, eu tinha ele dês dos 9 anos.

- Isso garotão – disse eu, Saturno pulou em cima de mim e começou a me lamber – Ei, calma, hora de dormir não? – disse driblando ele e entrando na minha casa.

Ela havia ficado muito bonita depois da reforma, uma mesa de 8 cadeiras estava ao meu lado direito embaixo de um lustre de velas, acho que automáticas, um móvel de gavetas estava no caminho até a cozinha, uma salinha de estar no meio, e no meu lado esquerdo havia uma TV na parede, e o nosso velho sofá, um sofá verde escuro de 3 pessoas e 2 poltronas giratórias, 2 caixas de som uma do lado da televisão e a outra do outro lado, eu subi as escadas e fui direto para o meu quarto. Antes de dormir fui ver minha janela, a rua estava tranquila, mas tinha alguma coisa diferente, talvez mais esperança.

Eu sonhei que estava no colégio, e não havia nada diferente, a não ser, Chess nunca havia terminado com a Gabriela e eu não conhecia a Bruna, o sinal tocou e eu e o Chess nos levantamos, quanto saímos da sala a Bruna deu um esbarrão em cima de chorando, depois foi embora, eu vi o Marcos e sua gangue bem atrás dela, ele falou “Cê, tá ferrado.”.

Acordei suando, havia esquecido de ligar o ar-condicionado, fui ver a hora no relógio, eram 05:59, pensei um pouco sobre o meu sonho, mas me lembrei que devia ajudar o Chess e levantei rapidamente, tomei banho peguei minhas coisas e coloquei minha camisa de gola V branca e uma calça jeans, peguei uma das torradas que estavam na mesa e fui direto para a parada de ônibus, peguei meus dois ônibus para chegar no colégio, nem a Keila nem o Chess haviam chegado, mas para o meu azar, Marcos havia chegado, Connor e Croas também estavam com ele, ninguém fala na frente dele, mas, todo mundo chama Croas de Croissant, ele era um adolescente de 1,78 metros, tipo de adolescente rebelde, o cabelo louro dele estava coberto por... acho que pedaços de pão, devia pesar uns 1000 quilos, Connor era do mesmo estado físico dele, mas com o cabelo preto-escuro e espinhento, os dois estavam com fardas de futebol americano, eles sempre viam para a escola assim, já marcos não estava com roupa de futebol americano, ele provavelmente tinha a altura de 1,69 e estava arrumado, por incrível que pareça, ele vestia uma camisona, e uma calça meio... vamos dizer, estragada.