Estavam todos quase boquiabertos provavelmente sem entender como eu fui parar ali.

“Mas que porra é essa?” perguntou um de gorro que segurava Jared pela gola da blusa.

“Qui est-ce?” perguntou um barbudo quer se preparava para socar o bastardo.

“Aprés nous aurons fini avec elle, nous pouvons jouer avec elle.” Falou o mais baixo que segurava Jared por trás, seu sorriso malicioso e um pouco do meu entendimento de francês me informavam que ele não tinha uma ideia muito boa.

“Elle est Le mien, Le toucher et doir aller mendier à mourir.” Rosnou Jared antes de rapidamente se soltar e atingir o careca atrás dele, o que o segurava e o que se preparava para acertá-lo.

O frio estava me congelando, sentia minhas vias nasais ressecar, assim como minha garganta, não sentia meu pé que estava de encontro ao chão.

“Se você me ajudar aqui, o frio vai passar!” Gritou Jared enquanto dava uma sequência de socos no barbudo.

“Nunca seu bastardo!” gritei com raiva, esfregando meus braços desvairadamente para manter-me aquecida.

Fui agarrada por trás pelo quarto homem, murmurava algumas coisas em meu ouvido que não eram de meu entendimento, e quando eram, queria que não fosse.Começou á passar a mão em mim e beijar meu pescoço com sua barba me arranhando,incomodando e me deixando enojada.Concentrei-me no meu poder embora o frio e a repulsa me dominassem, mas finalmente senti o anel sugar meu dedo e parei de me debater.

“Impetus!” murmurei e logo o homem fora lançado para longe de mim, chocando-se com um carro que havia começado á apitar, e o filho da puta estava inconsciente no chão.

Com a adrenalina tomando meu corpo, Jared , infelizmente, estava certo, o frio já não me incomodava tanto assim, então corri para a luta que ele participava.Quando me aproximei o primeiro candidato á lutar comigo foi o homem do gorro que sorria lascivamente para mim, causando-me nojo e uma vontade imensa de fazê-lo sentir dor, e antes que ele pudesse dizer alguma merda para mim eu já o havia feito cair no chão urrando de dor devido ao barulho que estava somente em seu cérebro fazendo com que suas orelhas sangrassem.

Jared parecia estar indo bem com os outros dois, mas eu não podia deixar a adrenalina se esvair do meu corpo, então aproximei-me da briga e acertei Jared em cheio com meu punho em seu maxilar fazendo com que os dois homens parassem boquiabertos de novo olhando-nos com curiosidade.

O demônio me olhou com certa incredulidade, mas principalmente diversão, fazendo sua boca, já manchada com sangue, se torcer um pouco para cima esboçando um pequeno sorriso.

Cretino.

Os homens começaram á falar coisas que soavam como estímulo para eu bater mais em Jared, que socou um derrubando-o no chão, enquanto eu começava á lutar com o careca que agarrou-me pelo cabelo tacando meu crânio contra parede e deu-me um chute nas costelas.O afastei com um fraco Impetus,estava zonza e não queria acabar aquela briga cedo, estava louca por uma havia semanas! Ele correu para me confrontar novamente e eu preparei meu melhor soco, porém ele veio com uma faca em punho, consegui desviar rápida das primeiras vezes, mas devida minhas tentativas falhas de tirá-la de sua mão, esfaqueou-me no estômago.Havia acabado a brincadeira, com o Levitus, feitiço de levitação, o levantei o mais alto que pude, uns 3 andares e o deixei cair.

Arrastei-me até a parede pressionando meu ferimento encharcado de sangue com minha mão, enquanto Jared terminava de lutar com o homem que eu havia arremessado e o barbudo.

O frio voltou com tudo para meu corpo e agora a dor me dominava também, comecei á tremer e tossir sangue, o ferimento tinha sido profundo e eu só tinha uma chance de sair ilesa daquilo, com Jared me curando.

Chamei-o fracamente no exato momento que nocauteou o homem barbudo, agora todos estavam apagados no chão, ele os olhava com algum tipo de fome.

“Jared!” chamei novamente e ele olhou-me, mas parecia indeciso se terminava de vez com os caras no chão ou me ajudava, quando tossi mais uma vez correu pro meu lado. “Me cure.” Pedi fraca contorcendo minha cara de dor.

“Não posso.” Falou secamente tirando sua jaqueta e colocando-a em mim, seus dedos tocaram em mim muito rápido, mas foi o suficiente para minha pele se aquecer ali com seu toque e meu coração acelerar.

Filho da puta!

“Demônio!” quis parecer com um grito, mas saiu mais para um choramingo. “Me ajude.” Pedi

“Kate eu não posso, e não porque não quero.” Pareceu um tanto abalado, havia uma ruga entre seu cenho enquanto me avaliava “Consegue voltar pra casa do mesmo modo que veio parar aqui?” perguntou

“Não sei como vim parar aqui” choraminguei encostando minha cabeça na parede por causa da dor que vinha tomando meu corpo.Grunhi.

“Merda!Vamos, vou te levar pra casa.” Falou pegando-me em seu colo, coloquei meu rosto na curva de seu pescoço pálido e familiar, ele cheirava á perfume forte, masculino e suor.Seus braços já tão familiares me seguravam firme contra seu corpo, aquecendo e confortando-me.

Como eu ainda podia me sentir assim com ele? Meus sentidos estavam me traindo.

Ele furtou um carro e colocou-me dentro, lembro-me de estarmos na rua da minha casa antes de apagar, e então mais nada.

*** ***

“Ninguém foge mim Kate, não quando eu realmente estou perseguindo.Sua voz ecoara então estávamos com nossos corpos e línguas entrelaçados, Jared mantendo-me firme contra seu corpo, seus beijos desciam por minha garganta enquanto eu me torcia para trás dando-lhe mais acesso.Flash.Ele vestia apenas um jeans pendido na cintura enquanto olhava na geladeira, eu puxava seus cabelos brancos entre meus dedos, então ele dizia alguma coisa dando-me um sorriso cafajeste.Flash.Estávamos no lago nos beijando com volúpia.Flash.Eu estava rindo de Jared enquanto ele decepava a cabeça de um urso de pelúcia.Flash.Estávamos gritando um com o outro, a chuva caia sobre nós, Jared me tocava com uma estranha delicadeza.Flash.Arqueei minhas costas de prazer e depois nossos olhos ficaram alinhados, seus verdes olhos acesos e famintos, sua boca vermelha pelos beijos, sua pinta sob o lábio superior, seu corpo nu idêntico ás esculturas de Michelangelo sobre o meu.Flash.Ele estava de joelhos na minha frente tentando se levantar, parecia sentir dor.Um turbilhão de flashes nossos se beijando, gritando e se agarrando.”

Despertei com calor, mas pela primeira vez em três meses eu me sentia bem após o sono, não me sentia tão mortificada.Sentei-me com um pouco de dificuldade e senti uma pontada em minha barriga fazendo-me respirar fundo.Pisquei os olhos algumas vezes para acostumar meus olhos com a claridade e avaliei meu quarto enquanto tentava focar minha visão, ele era espaçoso, as mobílias eram brancas e antigas, as paredes eram enfeitadas por rosas em dourado e prata, no centro do teto pendia um luxuoso lustre, haviam poltronas com estampas iguais as da parede, uma mesinha de centro onde eu jogava meus livros e ipod, acima da lareira rústica estava minha televisão e minhas caixas de som, próximo ás janelas que ficavam uma cada lado de minha cama com dossel, haviam minhas prateleiras com livros, e por fim a porta de meu banheiro, que se abriu com Emma saindo de dentro, com Fleur.

Pigarreei e elas arfaram assustadas, arqueei uma sobrancelha.

“Que bom que acordou amiga.Estávamos todos preocupados.” Falou enquanto me abraçava, Fleur fez o mesmo.

“Preocupados com o que?” perguntei

Fleur avaliou-me.

“Com o fato de ontem você chegar esfaqueada nos braços do Jared, talvez?”

Droga!Não havia sido um sonho, realmente havia acontecido, Jared estava lá!De repente meu coração se encheu com um turbilhão de emoções fazendo-me arfar e suar frio.

“Kate, você está bem?” perguntou Ems preocupada enquanto colocava uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

“Na-não sei, como eu deveria me sentir?” continuava estranhamente sem fôlego, grunhi “Desde que saímos do inferno eu só pensava em matá-lo assim que o visse, mas agora nem quero vê-lo e ao mesmo tempo quero.” Urrei alto “Que droga!” coloquei meu rosto entre minhas mãos com minhas unhas coçando o topo de minha testa.

“Minha tia e Harahel estão loucos discutindo sobre o que fazer com ele.” Falou Fleur.

Num supetão levantei-me e corri para o andar debaixo ignorando a ponta de dor na minha barriga, desde a escada já era possível ouvir os berros descontrolados de minha mãe.Será que Jared estaria vivo ainda? Os gritos vinham da biblioteca, adentrei a mesma fazendo com que os insultos cessassem e todos olhassem pra mim, Jenna,Isaac,Owen, Nathan, Amodoro e Genevive mas eu buscava apenas por um par de olhos, e eles me encontraram, como sempre, olhos verdes como o prado, um tanto inquisitivos e cautelosos.Minha boca e garganta haviam ficado secas.

“Katherine saia daqui, não quero você próxima desse bastardo!” vociferou minha mãe tirando minha atenção de Jared.

“Não chame-o assim!Ele é meu filho Emily!” disse Harahel entre os dentes cerrados, eu nunca havia o visto bravo.

“Eu sou seu filho, não ele!” dessa vez foi Owen quem gritou.

Olhei para Jared esperando que ele soltasse alguma piadinha ou um insulto, mas ele apenas continuava ali casualmente sentado no sofá de couro me encarando como se nada estivesse acontecendo á sua volta, como se todos não estivessem quase se matando por causa de sua presença, pois Jenna e Isaac discutiam, Nathan, Amodoro e Genevive conversavam inquietos.

“Calado.” Rosnou Harahel para Owen, depois voltou-se para minha mãe. “Quando você abandonou sua filha, foi Jared quem a salvou, foi Isaac quem a acolheu...”

“Ele quase matou minha filha várias vezes, e não ouse dizer que eu a abandonei...”

“Sim mãe, você me abandonou.” As palavras fugiram num murmúrio de meus lábios fazendo com que ela me olhasse incrédula com seus intensos olhos verdes cheios de raiva.

“Katherine, vá para seu quarto.” Falou tentando não gritar, visivelmente abalada com seu cenho franzido, parecia estar engolido algo pontiagudo “E Harahel, ponha-se para fora junto com este demônio que eu nem sei como foi que entrou aqui dentro!” gritou na cara de Harahel.

“Basta Emily.” Foi a voz de meu avô que havia ecoado grave por toda a biblioteca, fazendo todos se calarem, apenas ouvia-se as respirações nervosas. “O menino fica.” Falou imperativo de modo para que ninguém debatesse.Vi Nathan passar as mãos nervosas pelo cabelo puxando-os enquanto olhava para as estantes de livros frustrado, minha mãe encarava meu avô boquiaberta, Jenna não parecia nada satisfeita e Genevive estava impassível.

Já Isaac e Harahel pareciam ter tirado pesos de seus ombros, agradecendo silenciosamente.

“Pai, está louco?” perguntou minha mãe sem fôlego.

“Não, mas sei o que Harahel passou enquanto não sabia do paradeiro de seu filho, coloque-se em seu lugar, como se sentiu quando não sabia onde Katherine estava? Independente dele ter ferido minha neta, ou ser um...demônio, ele também é filho, e Harahel é pai.Fim dessa discussão.” Falou indiferente “E você rapaz.” Dirigiu-se para Jared que o olhou com cautela “Espero que não seja louco em tentar alguma coisa contra mim e minha família, pois eu sei como matar um demônio e suas proles, e te caçaria até o inferno para fazê-lo queimar no poder de Luna.” Falou dando um olhar aterrorizante á Jared, que apenas assentiu indiferente. “Dispersem e sem mais contenda.” Falou meu avô sentando-se em sua cadeira acolchoada de couro atrás de sua imensa mesa de madeira escura e polida.

Todos saíram da sala arrasados como se tivessem estado em uma luta física por horas.Minha mãe estava furiosa, seu olhar estava sedento por morte, morte de Harahel e Jared, talvez até a minha, o olhar de Owen não estava muito diferente.

Virei em meus calcanhares e fiz o que meu avô havia mandado, voltando meu caminho para o quarto.Senti a mão quente e suada de Nathaniel em meu pulso mas ouvi minha mãe chamando-o apenas dando tempo de ele me dá um olhar preocupado e então continuei meu caminho quase que correndo, pois sentia Jared atrás de mim, sentia seu olhar queimando em minha nuca fazendo-me suar e arfar.

Entrei em meu quarto ainda tendo um vislumbre de seu olhar no meu.

“Venha querido, vou lhe mostrar seu quarto.” Falou minha Tatá, e foi a última coisa que ouvi antes de me trancar em meu quarto e convulsionar de estresse até cair no sono.