Venéfica - Série Híbridos escrita por Musa


Capítulo 21
Debacle


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
nossinhora, que saudades.
eu sei, eu sei, vocês estão com paus e pedras nas mãos para atirar em mim,porque eu estou há MUITO tempo sem postar, provavelmente muitas de voces acharam que eu tinha abandonado a história,mas nãoo kerydas, NUNCA. O que aconteceu foi que primeiro bateu a famosa bad, e deu aquele bloqueio chatíssimo, e pra piorar, meu notebook caiu no chão e tá com uma mancha na tela quase impossível de escrever, um porre, e não dos bons. Maso que importa é que cá estou eu,com um capítulo quentinho, novinho cheio de muito Katered pra vocês.Mano, sério, eu tava morta de saudades, então espero que curtam muito esse capítulo, nos vemos lá em baixo.
Boa leitura.



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A verdade era que eu não havia conseguido pegar no sono a noite inteira, minha barriga doía, minha cabeça doía, minha mente doía, meu coração doía. Estava tudo uma bela confusão dentro de mim em relação ao Jared e Naveena. Primeiro, devia ser Naveena em primeiro, mas depois do que havia acontecido na noite anterior com aquele desprovido de melanina eu só conseguia pensar no seu toque, nos seus beijos, seus lábios sobre minha pele, seu corpo definido e suado sobre o meu, sua boca em mim, só de pensar naquilo todos os pelos do meu corpo se eriçavam, e ficava tudo mais impossível ainda com ele respirando na minha nuca, a boca encostada no meu ombro soprando seu hálito quente, um braço passado pela minha barriga, enquanto ele estava deitado de bruços todo aberto na posição de sempre quase me empurrando pra fora da cama. Eu estava com um pouco de inveja dele pelo modo como conseguia dormir tranquilamente.Se não fosse pela inquietude dos meus hormônios e mente, seria a primeira vez que eu teria uma boa noite de sono, sabia disso pelo modo como meus olhos pesavam e como meus músculos, mesmo que doloridos, estavam relaxados, mas a mente não. Depois de não parar de pensar em Jared, não conseguia não me sentir um pouco “errada” por ter traído meu namorado pela segunda vez, sendo-se que na primeira vez havia sido com o Owen. Jared não podia nem desconfiar que isso havia acontecido, daria um baita alvoroço.Não, pior, uma guerra.

     Revirei os olhos, irritada comigo mesma. É, era como se eu tivesse pulado em areia movediça e em vez de ficar quieta para que ela não me engolisse, eu rebolava e me remexia toda para afundar cada vez mais, até ser engolida por completo.

   Quando eu pensava que estava cansada demais por pensar em Jared e nas conversas que havíamos tido, quando estava perto de finalmente pegar no sono, me lembrei de Naveena.                                                                                                    v   Onde ela estaria?

    O que estariam fazendo com ela?

    O que será que ela estava pensando?

    Merda, eu havia falhado com ela, eu disse a ela que ia levá-la para casa, mas em vez disso, fui burra – mais uma vez – de confiar num demônio sua segurança. Lembrei-me que o fato dela não estar ali havia sido culpa do Jared que não sabia seguir ordens. Grunhi ao me lembrar de que seu braço estava me envolvendo. Tentei, inutilmente, afastá-lo, mas ele apenas me puxou mais contra si,deixando sua boca mais grudada na minha pele, enviando correntes elétricas pelo meu corpo, me atiçando, me confundindo. Era culpa dele.Eu tinha que me lembrar disso. Mas não apenas dele, eu sabia que havia minha parcela de culpa por confiar nele quando eu sabia que ele não era confiável. Pobre Naveena. No dia seguinte eu ia procurá-la por todos os cantos daquela maldita Ásia, se fosse preciso eu a procuraria em todos os cantos do mundo.Eu havia prometido á ela que não precisava mais se preocupar, que ia ter uma família, um lar, e eu ia cumprir. Assim que o sol realmente se expôs eu me levantei da cama com um pouco de dificuldade por causa da barriga, mas isso não me impediu de empurrar o Jared pro lado, fazendo-o cair da cama.Ele murmurou um palavrão e se levantou coçando a cabeça, mas voltou a deitar na cama. O empurrei de novo. Ele me encarou com raiva.

      “Quando eu te empurrar pela janela você não vai gostar.” Falou mal humorado.             “Levanta.Temos que consertar a merda que você fez e não temos muito tempo.”

    Jared voltou a se sentar na cama cruzando os braços atrás da cabeça recostando na parede, como se estivesse numa cadeira de praia, como se tivesse todo tempo do mundo pra ficar ali. Semicerrei os olhos para encará-lo mostrando que eu estava irritada, ele apenas ergueu uma sobrancelha com um olhar debochado e divertido. Grunhi. Aproximei-me da cama para puxá-lo, mas parecia ser exatamente o que ele queria.Ah, ele ia me puxar pra cama e me prender ali, e eu sinceramente não sei se poderia me controlar, não com ele sem camisa exibindo seu corpo pálido e torneado, a calça pendida na cintura mostrando suas entradinhas, ai que saudade de delineá-las com a minha língua. Revirei os olhos, irritada comigo mesma por pensar naquilo.

      “Sério Jared, levanta.” Falei sem paciência.

     “Me tira você então.” Falou indiferente.

     “Tudo bem, já que você quer assim.” Dei de ombros antes de murmurar um impetus empurrando-o para fora da cama de novo. Tentei segurar o riso, mas nem foi preciso já que ele me deu um susto quando rapidamente se levantou pulando a cama, que era uma barreira entre nós e se aproximou de mim, me encurralando e prendendo contra as grades da pequena janela do quarto.

     Seus olhos percorreram por todo o meu corpo antes de parar na minha boca e ficar alternando para meus peitos, eu respirava devagar com calma, sentia que qualquer á movimento brusco eu seria atacada.Ou atacaria. Então seus olhos se alinharam aos meus, a luz que vinha de fora deixava seus olhos incrivelmente verdes, eu tinha me esquecido como eram lindos com pintinhas de cobalto por sua íris, depois me deixei observar o resto de seus traços que já estavam guardados na minha memória há muito tempo, mas não custava nada relembrar. Seu nariz fino e arrebitado, o queixo triangular e másculo, e porra, a boca, a boca nem fina nem muito carnuda, perfeita, desenhada em um tom rosado tão inocente que não combinava com o demônio que estava á minha frente, e a pinta no canto próximo ao seu lábio superior. Não pude deixar de lamber meus próprios lábios sentindo sede de Jared, uma sede absurda que precisava ser saciada logo, mas não podia. Era como se eu antes fosse uma alcoólatra e estivesse em recuperação, e Jared fosse a bebida ali, tão perto, tão fácil de ser tomada até a última gota e ainda sim não eu estaria satisfeita.

    Senti seu hálito quente contra meu nariz, já que ele era mais alto que eu mesmo estando um pouco curvado, quando soltou uma pequena risada de deboche da minha cara. Era visível meu desespero por querer ter ele, mas não poder? Eu ia enlouquecer. Engoli o gemido que se criou na minha garganta quando seu dedo tocou a pele do meu seio, embora eu falasse pra ele não me tocar, o modo como minha pele estava eriçada como se estivesse gritando “toque-me” me traia.

     “Não lembrava de ter feito isso ontem.” Murmurou com os olhos focados numa pequena mancha meio rosa e meio púrpura que estava na superfície do meu peito. Um chupão.

 Não lembre de ontem a noite. Não lembre de ontem a noite.

   Esqueça.Esqueça.Esqueça.

   Mas como?

   “Jared...” comecei, mas porque eu havia começado? O que eu ia falar mesmo?

   “Hmmm?” olhou-me nos olhos, visivelmente entretido com aquela tortura.

    Como é que me afasto ele? Eu quero isso? Eu tenho que querer. Ele ferrou com tudo. Naveena.

    “Saia de perto de mim agora ou vou usar meu poder pra te fazer atravessar aquela merda de porta.” Rosnei, olhando-o no fundo de seus olhos. Ele sorriu exibindo todos os dentes,sonso.

    Lembrei-me também de quando havia me mordido. Quando havia me queimado, me batido.         Todas as merda voltaram. Dei-lhe um empurrão com os punhos cerrados, afastando-o de mim para que eu pudesse me desvencilhar dele. Peguei num canto a camisa dele e a vesti. A camisa batia no meio das minhas coxas e ficava muito larga.

    “Kate.” Chamou-me. Virei mostrando impaciência.

    “Quê?”

   “Tira a blusa.” Falou se aproximando de mim novamente. “Não.” “Tira.” Ele tentava conter a diversão no seu olhar, tentava não sorrir.

 “Não.”

 “Então eu vou tirar.”

 “Não! Arranje você outra blusa...”

 “Tem uma sacola no chão, peguei alguma merda pra você.Agora tira a porra da minha blusa e me dá.” Falou.

   Não havia mais diversão na sua expressão, agora ele estava sério, até um pouco tenso. Senti algo estranho na boca do meu estômago, uma pequena pontada de dor. Sem tirar a camisa, rondei o quarto com os olhos até achar a sacola branca, me aproximei e tirei lá de dentro uma blusa azul escura e um lenço grande o suficiente pra enrolar na minha cabeça, camuflando-me na multidão. Grunhi. Por que ele havia feito aquilo? Tirei a camisa e joguei em qualquer direção só por pura implicância.Ouvi ele xingar baixo enquanto eu me vestia com a blusa após limpar o resto de sangue que havia em mim. Seus olhos me avaliaram de novo enquanto eu amarrava meu cabelo num coque, ele não parecia satisfeito com alguma coisa.

      “Me deixa ver seu braço.” Falei há pelo menos um metro de distância dele. Ele respirou fundo.

     “Nem pense em dar uma de louca e vir me atacar. Estou sem paciência com você. Sério.” Avisou me olhando nos olhos e depois respirou fundo mais uma vez “Não temos mais sinal dela no mapa.” Falou

   QUÊ?

   “O quê?!” perguntei tentando não hiperventilar. Ele ergueu o antebraço e eu pude ver, apenas um ponto vermelho no mapa queimado em sua pele, nenhum sinal do ponto azul que identificava Naveena.

  “Puta que pariu!” gritei alto, e comecei a andar em círculos. Vi pelo canto do olho que Jared se divertia com meu desespero.Eu tinha que me acalmar e pensar. Mas como eu ia achar Naveena agora?

   Foda-se.

   “Foda-se. Vamos rodar essa merda inteira atrás dela até encontrar.” Falei olhando seriamente nos olhos de Jared, que apenas se levantou em direção à porta.

     ******

   Três dias. Três dias sem comer direito. Sem dormir. Sem tomar banho. Sem parar para descansar.

   Três dias rondando Dhaka e seus vizinhos e nada.

   Nada de Naveena.

  Três dias que aquela criança devia estar apavorada se ainda estivesse viva. Minha boca estava tão seca quanto minha esperança de encontrá-la. Precisava de água. Caminhei até uma pequena mercearia e entrei, havia duas pessoas, um senhor no caixa e uma senhora que fazia pequenas compras.Fui até á pequena parte de frios e achei a água.Peguei a de dois litros e sai dali o mais rápido possível fazendo com que os gritos do vendedor soassem como murmúrios. Depois de correr um pouco mais, encontrei um lugar para me sentar e saciar minha sede. Ouvi passos se aproximando sob a areia que levantava e soprava para perto de mim, fiquei em alerta, estava em alerta desde que havia lutado na noite anterior contra um pequeno grupo de baalihans que estavam atrás de Jared, que havia acabado de aparecer na minha frente, encarando-me como se eu fosse um bicho esquisito.

   “O quê? Quer água?” perguntei ofegante após dar longos goles na garrafa.

    “É, pode ser.” Falou dando de ombros mas sem tirar os olhos dos meus. Estiquei a garrafa até ele, que bebeu no gargalo, ainda sem tirar os olhos de mim.

  “O que é?!” perguntei irritada.

  “Nada estressadinha. Estou só pensando.” Falou e se sentou onde antes eu estava.

   “No que? Por que fica me olhando ai como se eu fosse esquisita?” as palavras saiam rapidamente da minha boca, eu estava nervosa, não sabia porque, estava á 220 volts.

    Jared riu, mas a diversão não chegou ao seus olhos.

    “Você está surtando.” Murmurou. Eu queria bicar a cara dele.

   Muito.

  Bicar.Bicar.Bicar.Bicar.

  “Você esta vendo Naveena aqui? Não né? Então eu tenho toda a porra de direito de surtar quando eu quiser nessa merda de lugar quente!” gritei e ele me olhou semicerrando os olhos, me avaliando

    “Para de me olhar ou juro que chuto a sua cara seu merdinha!” Então ele riu.

    Gargalhou. Sua cabeça foi pra trás enquanto seus ombros se chocalhavam á medida com que ele ria e suspirava sem ar.

     “Merdinha!” falou rindo

      “Jared!” rosnei.

       Mas ele continuava rindo, o que de repente me deu vontade de rir também, e eu ri, e depois chorei enquanto escorregava pela parede de tijolos até o chão. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu oscilava em risos e soluços.

    “Eu estou pirando.” Murmurei e me abracei secando minhas bochechas na minha calça jeans.

    “Eu também devo estar.” Confessou Jared. Deitei minha cabeça de lado nos meus braços que estavam apoiados em meus joelhos, para observar Jared.

    “Por quê?” perguntei.

    “Por quê?” ele me olhou soltando um riso sem humor “Porque eu acho que você deve ligar pra aquele tal de Nicolas e pedir ajuda.” Ele riu, mas agora parecia realmente estar achando graça “Viu? Louco.”

   “Nicolas?” perguntei

   “É, aquele merda lá que diz ser seu namorado.” Ah.

   “É Nathaniel, Jared. E ele é meu namorado.”

  “Foda-se Katherine.” Falou e começou á resmungar baixo.

  “Por que você acha que eu devo ligar pra ele?” perguntei curiosa para saber se ele estava tirando sarro com a minha cara, ou estava ficando realmente louco, ou sei lá o que.

   Ele estava com a cabeça encostada na parede, os olhos fechados, sua pele pálida estava suja em alguns pontos, assim como seu cabelo branco, suas bochechas estavam coradas por causa do calor.

    “Porque ele sabe caçar pessoas sem magia, eles usam todo tipo de tecnologia para poder encontrar as pessoas, ou fazê-las sumir, como fizeram com a sua mãe. Então, na minha insanidade, acho que ele seria útil, porque eu to cansado pra caralho.” Confessou e riu de verdade ainda sem abrir os olhos

  “Deve ser esse calor, to pirando.” E voltou a resmungar baixo. Talvez Jared estivesse certo.Não. Ele estava.Nathaniel sabia como encontrar alguém usando satélites e tudo mais, porém eu não podia ligar para ele, a missão era para que eu viesse sozinha,mas eu já estava no erro por Jared estar ali. E quando eu ligasse para Nate, ele ia contar á todos da minha família, que logo viriam e depois me trancariam pra sempre em casa.

    “Não posso. Era para eu estar sozinha nessa.” Falei.

    “Você já falhou. Game Over. Agora é aquela hora de “jogar de novo”, ai você tem novas vidas etc...” murmurava Jared “Que porra eu to falando?”

      Ri.

     “É, acho que você está certo.” Falei levantando-me. “Vamos procurar um celular.” Falei.    

     Jared roubou com telefone de uma mulher usando a persuasão, bastava ele olhar bem nos olhos dela e falar imperativamente, e BAM, ela dava a ele o telefone toda cheia de sorrisos.                                                                  

     “Você já me persuadiu?” perguntei á ele.

      “Já.” Respondeu.

      Quê?! Quando?

     “Quando?” perguntei.

   “Não lembro,mas foi muito tempo atrás.” Falou enquanto mexia no celular.

   “Jared, você já me persuadiu a transar com você?” perguntei já com medo da resposta.

    Mas ele riu. Estava todo risadinhas.Me irritando.Eu ia bicar a cara dele.

    “Kate, fala sério, você acha mesmo que preciso disso pra poder fazer alguma mulher querer transar comigo? Você acha que eu preciso disso pra você querer foder comigo? Sabe que não.” Riu e deu uma piscadela. É, ele estava certo.

    “Toma.” Falou entregando o celular na minha mão “Desativei para que lá apareça número desconhecido e ele não consiga saber aonde estamos caso não coopere em vir em silêncio.”  

     “Ok.” Falei enquanto digitava o número do Nathaniel.

    O que eu ia falar? Oi amor, sou eu, sua namorada, estou em outro continente com o cara que você odeia e precisamos da sua ajuda. É, não ia funcionar.

     “Alô?” atendeu Nathan  depoisde dois toques, com sua voz grave e rouca.

     “Nate?” perguntei

        Silêncio.Longos segundos de puro silêncio.

     “Katherine?” meu nome parecia que estava entalado em sua garganta.

    “Sim.” Suspirei.

    “Porra! Onde você está?! Ele te machucou? Nós vamos...”

    “Nathan, não.Acalme-se. Preciso que respire fundo e confie em mim.Não pode contar a ninguém da minha família o que vou te contar.Por favor. Ninguém mesmo.”

     “Você esta me assustando, fala logo.”

    “Jared não me raptou.” Falei e vi Jared revirar os olhos na minha frente “Estamos em Dhaka, Bangladesh. Vim numa missão dada por Luna, eu precisava encontrar uma outra venéfica, ai...”      

    “Peraí. Você está me dizendo que está em outro continente com esse bastardo de demônio por livre e espontânea vontade?” perguntou, eu podia ouvir sua respiração forte, tentando controlá-la.

     “É, quase.” Mais silêncio, mas ouvi algo se quebrar do outro lado.

    “O que você quer de mim?” perguntou e eu senti a dor na sua voz, mas ignorei o real significado da sua pergunta.

     “Preciso de você, você sabe como rastrear alguém, e precisamos encontrar essa menina logo...”

     “Menina?” perguntou

     “É, ela só tem 9 anos e os tenebris a pegaram. Estou há dias procurando por ela, mas não acho, estou desesperada...”

     “Me encontre no aeroporto dai daqui á algumas horas.” Falou e parecia que estava prestes a desligar na minha cara.

    “Nathaniel!” chamei

    “Oi.” Ele suspirou

    “Você não pode contar pra ninguém.Por favor. Venha sozinho.” Falei

      “Entendido.” E então desligou na minha cara. Pisquei deixando uma lágrima, duas, e uma cachoeira escorreu por meus olhos.

       “O que foi? Ele não topou?” perguntou Jared enquanto fazia uma careta ao me avaliar chorar.

      “Não. Ele vem.”

      “Então não vejo motivo nenhum pra chorar. Para de palhaçada. Ele vai vir de avião né? Imagino que sim. Vamos esperar aquele idiota.” Falou Jared enquanto caminhava apressadamente na minha frente, sem me deixar ao menos falar.

      Já deviam ser umas dez da noite e nada de James.Jared brincava entretido num jogo que estava no celular que havia roubado, ás vezes ele parecia uma criança, o modo como se portava, não só quando ficava de implicância, mas como ele estava naquele momento, os olhos entretidos e concentrados, um V se formava entre seu cenho franzido, e ás vezes ele chegava a colocar a ponta da língua para fora. Segurei um sorriso que teimava em se formar em minha boca, mas não consegui me segurar para não tirar os cabelos que estavam quase entrando nos seus olhos. Seus brancos e indomáveis cabelos.

     Ele me olhou de canto com o cenho mais franzido ainda.Ah, agora ele ia me falar alguma merda pra me magoar, mas não foi preciso. Senti o olhar de alguém queimando em mim, e quando olhei para frente lá estava Nathaniel, com os olhos alternando entre mim e Jared. Ele estava há uns 5 metros de mim e dessa distância eu conseguia ver seu peito subir e descer lento mas ainda sim intenso sob sua camisa cinza. Levantei-me e corri até ele quase sendo atropelada por uma bicicleta.

    O clima estava muito, muito tenso. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorri sem jeito.

     “Oi.” Falei

    “Oi” ele falou num suspiro depois de me avaliar.

    Segundos constrangedores se passavam por nós. Eu devia beijá-lo? Sabia que ele estava bravo, mas estava ali, né? Ele é meu namorado.

    “Como chegou aqui rápido?” perguntei

    “Jatinho.” Falou

    “Hmm.” O avaliei, ele segurava uma alça da mochila sobre um ombro e na outra mão segurava a alça de uma mala grande de rodinhas.Respirei fundo. “Olha, sei o que parece, mas...”

      “Não estou aqui por você.” Falou Nathaniel friamente e sua palavras me atingiram como um tapa na cara “Estou aqui porque fui treinado pra salvar pessoas, e a vida de uma garotinha está em perigo pelo visto...” ele suspira “ Bom, se você não estiver mentindo.”

      “Claro que não estou!” falei irritada, indignada. Ok, ele podia estar magoado, mas duvidar de mim era demais. Não era?

     “Enfim, só quero fazer meu trabalho e ir embora.” Falou olhando para o chão.

    “Sem mim?” perguntei e ele me olhou, abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas logo fomos interrompidos por uma batida de palma.

      “Bom, lindo o reencontro, de verdade, mas precisamos descansar.” Falou Jared ao se aproximar de nós “Katherine não dorme e nem se alimenta direito há uns 3 dias, tenho quase certeza de que os ferimentos na barriga dela abriram de novo e ela não quer ir no hospital, e só to te dizendo isso pra você ficar com o papel de chato.” Disse

       Nathaniel apenas revirou os olhos enquanto colocava a mochila no chão antes de levantar minha blusa.

     “Caralho.” Murmurou “Onde...quem...” Vai começar... Olhei feio para Jared que apenas me avaliava...irritado? Com o que ele estava irritado? Eu quem deveria estar irritada.

       “Numa luta contra uns tenebris, ai ontem houve outra luta ai abriu mais.Mas nada com que precise se preocupar.” Falei abaixando minha blusa.

     “Pelo amor de Deus, larga de ser teimosa mulher! Se você não quiser ir por bem, eu juro Kate que vou te levar em cima do ombro.” Falou me olhando irritado com seus olhos de caramelo. Grunhi.

     “Ta! Minha Luna! Dois chatos!” grunhi e fiz bico. Ambos me olharam meio perdidos, mas depois encararam-se com raiva ao perceber o olhar que cada um estava me enviando.Tirei Nathaniel dali antes que as coisas esquentassem entre eles.

      Depois de receber vários pontos na minha barriga, Nathaniel nos levou para um hotel, um dos bons, e de repente tudo o que eu mais desejava era tomar um banho e me jogar na cama.

     Mas de quem?

    Fui para o quarto com Nathaniel embora uma parte minha quisesse ir com o Jared, mas a verdade é que eu também sentia falta do meu namorado, quando ele não estava sendo um idiota superprotetor. Nathaniel era carinhoso, atencioso e muito gostoso. Gostava quando assistíamos a filmes agarrados, ou brincávamos de cócegas ou outras coisas de casais que eu nunca, nunca teria com Jared.

    Liguei o chuveiro e deixei com que a água fria caísse sobre mim, relaxando meus músculos, tirando a camada espessa de suor, sujeira, lavando meu sangue e meu cansaço enquanto eu continuava á pensar nos meus meninos. Nate era minha salvação, meu bote salva vidas quando eu estava afogada no meu demônio. Foi ele que me tirou da pior quando eu já não tinha mais vontade de viver, e quando tinha, era para matar Jared, uma vida com apenas esse objetivo, agora com Nathaniel eu podia ser e querer tantas coisas, bom, desde que não fossem perigosas.

     De repente fui tomada por várias sensações estranhas, a primeira era de que eu estava sendo vigiada, e a outra era de que a temperatura no banheiro havia esquentado, mudado, não sei, estava abafado, mas rapidamente voltou ao normal e pensei ter visto sombras, que cobriam todo o banheiro, escorregarem para fora, deixando o ambiente mais claro. O que era aquilo? Talvez fosse só o cansaço e o remédio que haviam me dado no hospital, surtindo efeito. Desliguei o chuveiro e sai do banheiro enrolada numa toalha. Nathaniel estava sentado na cama, concentrado, mexendo em vários computadores ao mesmo tempo, vestindo apenas sua calça jeans deixando seu peitoral definido e dourado á mostra. Fui até a mala e peguei as mudas de roupas limpas que ele havia trazido.

     “Obrigada.” Falei e ele apenas elevou os olhos, deixando sua testa franzida.

         “Pelo o quê?” perguntou

         “As roupas.Obrigada por pensar em mim.” Murmurei ante de me virar de costas e começar á me vestir ali mesmo, sabendo que ele estava olhando. Quando olhei para ele, seus olhos ainda estavam em mim, perdidos nos próprios pensamentos.

      Caminhei até o lado da cama que estava vazia e me sentei olhando para as telas dos notebooks.

       “Algum sinal dela?” perguntei.

        “Não.” Falou

       “Nate, olha...” como eu poderia mentir, dizer a ele que não aconteceu nada se três dias atrás a boca de Jared estava no meu peito. Meus pelos se eriçaram no ato só de lembrar.

    “Não quero conversar sobre isso agora. Já falei que não estou aqui por você.”

      “Então porque se preocupar em me levar para o hospital, me trazer pra um bom hotel, hein?!” perguntei exaltando a minha voz.

    “Porque eu te amo,” senti uma breve falta de ar “e embora esteja muito puto com você, não vou deixar de me importar.” Falou olhando nos meus olhos, mas depois voltou a olhar para o computador. “Já você, parece não se importar. Nunca nem disse que me ama.” Merda.   

     “Nathan eu...”

      “Se não for pra falar ‘Nathaniel eu te amo’ nem termina.” Falou me olhando de canto.

       “Você não vai me deixar explicar?” perguntei

       “Já ouvi pelo telefone que você preferiu confiar nele em vez de mim.” Seu dedos digitavam loucamente no teclado.

       “Não foi isso. Ele me chantageou.”

       “E como ele descobriu da sua “missão?” Puta merda.

       Porque eu fiz um pacto com ele, somos um só. Eu sou dele.Ele é meu.

      “Acho que ele me ouviu murmurar sozinha, questionando á mim mesma para onde eu ia, quando e como, só.” Disse

     “Desculpa Kate, mas não consigo acreditar.” Grunhiu e xingou baixo, mas parecia ser para o notebook.

    “Por quê?” perguntei. Nathaniel se virou para me encarar, sério.

   “No dia que você entrou naquela biblioteca eu vi que estava perdido, o modo como ele te olhava e você retribuía.O modo como você olhava pra ele hoje...”

   “Um olhar cheio de mágoa e raiva?”

    “Pro meu azar amor, na verdade é um olhar que mostra que vocês tem muita história que só os dois sabem, e isso, isso...” ele começou a grunhir. Passei a mão em seu rosto com carinho.

      “Pro meu azar, sim, tive uma história com ele, mas é passado...” Nathaniel se afastou do meu toque, tirando minhas mãos de seu rosto e jogando no meu colo, me olhando como se estivesse com nojo, incrédulo.

    “Passado? Passado?! Ele esta do outro lado do corredor! Foi com ele que você veio.Foi com ele que você foi embora no dia daquele ataque. Foi com ele que você chegou em casa com uma facada na barriga. Isso é passado? Pra mim isso foi ontem. Pra mim foi agora á pouco os dois trocando olhares!” gritou. Ele parecia estar respirando com dificuldade. Por que tanto drama?! É o que eu quero perguntar, mas não posso arriscar perder ele.Não posso.

   “Desculpa.” Murmurei. Mas ele apenas grunhiu e engoliu seco, depois voltou a atenção para os computadores tentando me ignorar.

     Droga eu só queria dormir enroscada nele ou tranquila, porém agora eu tinha que pensar em Naveena, em Jared e em Nathan.

   Não, eu podia fazer alguma coisa ainda. Tirei os notebooks do caminho e coloquei no chão, Nathaniel me olhou confuso e com o cenho franzido, mas não falou nada.Quando não havia mais nada pra cair no chão, me posicionei no colo dele colocando a mão em seus ombros.

     “O que?” ele começou a questionar mas eu o interrompi dando um selinho na boca “Katherine..” comecei a descer os beijos pelo seu pescoço enquanto minhas mãos deslizavam e arranhavam sutilmente seus braços.

    “Hmmm.” Respondi.

    “Para.” Ele falou, mas continuei a beijá-lo pelo pescoço, extensão do ombro, clavícula e voltei a trilha de beijos até sua orelha enquanto ele se remexia embaixo de mim.

    “Vai dizer que não quer?” murmurei ao pé dela, mordiscando sua ponta, o senti estremecer levemente.

     “Não...” suspirou quando chupei sua orelha. “Não Katherine” pegou-me pelos ombros e me afastou “Não quero. Sexo como desculpas deve funcionar com ele, não comigo.” Falou secamente.

      Quê? Meu sangue ferveu nas minhas veias, eu estava constrangida, magoada e com raiva. Nem percebi que havia levantado a mão para bater na cara de Nathan até ele segurá-la no ato.   

      “Pelo visto nosso respeito realmente acabou.” Murmurou e me tirou de seu colo, praticamente me jogando de lado.

        Meu coração parecia estar sendo pisoteado.Tudo estava perdido. Levantei rápida e irritadiçamente da cama, calcei meus coturnos e sai do quarto sem nem olhar para Nathaniel. Bati a porta com força, deslizei pela parede e fiquei ali no chão.Esperei ele vir.

    Esperei.Esperei.Espere.

   Nada.

   Lágrimas quentes começaram a rolar de meus olhos que fervilhavam de raiva, angústia, vergonha. Eu nem sabia o que pensar. Precisava caminhar e espairecer. Ouvi uma porta se abrindo e me levantei rapidamente achando que seria Nathan, ele não podia me ver no estado em que eu estava, mas foi pior, Jared apareceu.

     “Que isso?” perguntou com o cenho franzido.

      “Arg, me deixa.” Falei e sai andando pelo corredor em direção ao elevador. Era impressionante como eu sentia o toque dele antes mesmo de ter sido tocada. Seus dedos se fecharam em volta do meu braço com força, me fazendo para no meio do caminho.

    “Foi expulsa do quarto?” perguntou indicando a outra porta com o queixo, e eu tentava não ficar olhando pro seu corpo nu da cintura pra cima.

    “Não, sai pra dar uma volta.” Me virei pra continuar meu caminho mas ele manteve o aperto no meu braço me fazendo grunhir. Delicadeza mandou saudades.

    “Assim?” gesticulou para mim. É, eu só estava vestindo um micro short de dormir e um blusão que o tapava todo praticamente deixando entender que eu só estava vestindo aquela camisa. Os olhos de Jared percorriam e incendiavam meu corpo por onde passavam. Dei-lhe um empurrão pelo peito.

    “Não me olha assim.” Grunhi

    Ele riu.

    “Assim como bruxa?” perguntou

    “Assim tipo “quero te comer”” revirei os olhos.

     Jared ria expondo todos seus esbeltos dentes.

     “Você também me olha assim, então se você parar eu paro.” Falou

     “Não olho não.”

     “Ah, olha.”

     “Não.”

    “Olha.”

    “Não.”

    “Não.”

   “Olho!” sussurrei irritada e quis me bater.

    Ele riu em silêncio jogando a cabeça pra trás e tudo mais, estava zombando da minha cara. O que eu estava fazendo ali mesmo? Grunhi e me virei pra seguir meu caminho.

     “Aonde você pensa que vai?” falou puxando meu rabo de cavalo, e me puxando pra trás.

     “Que droga, me solta, você estragou tudo. TUDO! Tudo o que você toca você fode...” Ele me avaliou divertido. Merda.Palavras erradas. “Tudo que você toca você estraga!”

    “Ta bom, agora vai me xingar de merdinha de novo?” perguntou fingindo segurar o riso.

      Comecei a chorar que nem criança quando não ganha o que queria, com direito a beicinho de tudo.

       “Para de implicar comigo.” Choraminguei.

       Jared ria.

      “Você precisa dormir, você ta um lixo.” Falou

     “Porra, obrigada Jared. Agora me deixa ir, que saco!”

    “Nem brincando. Você vai entrar, deitar naquela cama e dormir! Se você ficar sem dormir mais um dia vai ficar se comportando que nem o Rain Main!”

    Soltei um riso meio esbaforido por imaginar Jared assistindo aquele filme.

     “Tá, mas dormir.” Apontei meu dedo na cara dele. Ele sorriu, revirando os olhos.

      “Ta, dormir depois de...” começou e eu o soquei no peito “Ta bom, ta bom Rain Main, dormir.” sussurrou e me pegou pelo pulso me puxando pro quarto.

    Era exatamente como o meu e de Nathan, só que estava frio, o ar condicionado estava ligado, deixando minha pele toda arrepiada. Jared me deu um tapa na bunda que me fez soltar um gritinho.Jared brincalhão me assustava as vezes.

    “Pra cama.” Falou apontando pra cama de casal.

     “Você vai dormir aonde?” perguntei.

     “Na cama.”

     “Não vai não.”

     Ele riu.

     “Acho que já passamos por isso antes.” Murmurou enquanto tirava os jeans e eu nem me incomodei de virar, esperava ver sua bunda pálida e malhada, mas ele estava vestindo uma boxers preta. Caralho.

    “É.” Respirei fundo e me sentei na cama.

    De novo tive a sensação de estar sendo abafada, e as sombras no quarto deixando o ambiente mais escuro. De repente eu queria brigar com Jared. Por quê? Pelo o quê? Ele se deitou de barriga pra cima e os braços cruzados atrás da cabeça, que se virou para me encarar.

     “Que?” perguntou

     “O que você fez Jared?” perguntei irritada.

     “Fiz o que?”

     “O que você fez pra eu virar uma tenebris?”

      “Ah não. Vai dormir.”

      “Me fala!” gritei Ele deu meio que um pulo na cama e me deitou ficando sobre mim, com a mão tapando a minha boca.

      “Não.Vai dormir, agora. Não to com saco pra discutir, e você está muito irritante, então sabemos que o fim não vai ser bom.”

    “Hmhm hm” murmurei com a boca tapada. Jared tirou a mão e se deitou do meu lado. “Apaga as luzes.” Ordenou.Abri a boca pra falar mas ele me interrompeu “Sem discutir.”   

     Grunhi e fiz o que ele havia pedido. Voltei pra cama e me deitei me enrolando no edredom já que o quarto estava frio. Havia uma baita tensão entre nós. Meu corpo sentia a familiaridade do de Jared na mesma cama há pouquíssimos centímetros de distância, o modo como dormíamos antes era tão natural quanto a respiração branda e assoviada dele quando pegava no sono de verdade.Remexi-me inquieta na cama e apalpei meu travesseiro na esperança de que ele ficasse melhor, mas não ficou, então comecei a socá-lo com raiva por lembrar que eu estaria deitada em Nathan se ele não tivesse sido idiota, isso se eu tivesse sorte dele não me tirar e falar que se sente apertado. Grunhi. Num ato Jared puxou-me pelo pulso virando meu corpo pra ele, colocando minha mão em seu peitoral, depois deslizou sua mão por minha perna ate minha coxa, dobrando e colocando ela sob sua cintura, do modo como sempre dormíamos antes.Olhei para ele em busca de resposta para aquela atitude, mas ele estava de olhos fechados, respirando lento e profundamente. Aconcheguei-me mais no seu corpo, deitando minha cabeça quase que no seu peitoral deixando meu nariz encostado na sua pele quente, e o apertei contra mim com minha perna.

        “Assim vou desistir da ideia de dormir.” Murmurou me dando um susto. Ri baixinho.

        “Shhh.Obrigada.” rocei meu nariz no seu peitoral e fechei os olhos pra finalmente dormir, e pela primeira vez em tempos eu achei que realmente conseguiria fazer aquilo sem ter nenhum pesadelo, ainda mais depois que Jared passou os braços por minhas costas me apertando mais. Cai no sono ao som de sua respiração arrastada.

    Despertei com a claridade incomodando meus olhos.

     “Jared fecha a cortina!” murmurei com a voz embargada de sono.

    Mas ele, obviamente, me ignorou. Virei o rosto pro outro lado para tentar voltar a dormir, o que foi inútil.Sentei-me irritada na cama, piscando os olhos atrás de foco, até enxergar Jared encostado na janela, me encarando, olhando no fundo dos meus olhos mas sem qualquer foco, estava perdido nos próprios pensamentos.

     “Bom dia?” falei enquanto bocejava.

     “Saia daqui.” Falou e virou o rosto pra janela, olhando ao longe.

      “Quê?!” perguntei ofendida.

      “Saia, antes que seu namorado bata aqui e te encontre na minha cama, dai ele vai querer dar uma de macho alfa, o que é patético como tudo naquele bosta, e tentar me encarar, e adivinha bruxa? Vou matá-lo, você não tem noção do ódio que tenho daquele filho da puta! Então se ainda quer encontrar a tal bruxinha, saia daqui.”

    “Por que você o odeia tanto? O que ele fez pra você?” perguntei fingindo não saber a resposta. E eu realmente sabia? Foda-se, só queria ouvi-la em alto bom som, saindo da boca dele. Jared riu para o nada sem nenhum humor, então se virou para mim, era visível a fúria em seus olhos, o que em parte amaciava meu ego.

     “Por que? Porque ele encostou no que é meu, ele acha que você é dele, mas nós dois sabemos que não. Porque ele é um ‘empata foda’.” Ele respirou fundo contraindo seu maxilar. “Porque ele transou com você!” rosnou e então se virou pra janela de novo, riu mais uma vez, de maneira maníaca. “Pensando bem, pra que adiar não é mesmo? Vou me livrar dele agora!” falou caminhando rapidamente em direção á porta, corri para alcançá-lo a tempo de virar ele pelo braço.

         “Não, para! Por favor! Precisamos encontrar Naveena! E pra encostar nele vai ter que passo por cima de mim!”

       “Você acha que isso é algo difícil pra mim?”

        “Jared, estou te pedindo por favor...”

       “Demônios não fazem favores!” sua respiração sair rápida e curta por suas narinas dilatadas.

      “Jared se acalma! O que está havendo?” Sua pele estava febril, havia uma veia na sua testa que parecia que ia estourar á qualquer minuto, ele estava estressado demais, ele era estressado mas nunca descontrolado como agora.

    “Não manda eu me acalmar!” rosnou e mostrou os dentes. Senti uma súbita sensação de estar sendo sufocada, um calor, não como quando ficava perto de fogo, era algo novo, eu nunca havia sentido antes.Olhei para o tento e tive a impressão de que sombras deslizaram por eles até sumirem de minha vista. Voltei a olhar para Jared que ainda ofegava, estava pronto pra atacar alguém, suas pupilas estavam dilatando para seus olhos ficarem totalmente negros.

       “Ok eu saio.” Levantei as mãos em sinal de rendição e passei por ele até chegar num espelho próximo á porta, para prender meu cabelo que estava todo desmantelado.

     “O que?” perguntou meio rouco.

     “O que o que Jared?” perguntei olhando-o pelo espelho, enquanto ele olhava tudo á sua volta, meio perdido.

     “Por que você vai sair?” perguntou

    Han?

      “Porque você mandou.”

     “Eu? Não, eu...eu...” ele piscava e tentava controlar a respiração.

     O que estava acontecendo era muito esquesito, mas preferi seguir o conselho anterior, de sair, e ter sorte de Nathan não me ver saindo do quarto do Jared.

     “Te vejo lá em baixo para o café da manhã.” Falei para Jared antes de sair do quarto e deixado-o com sua confusão e esquisitice. Encarei a outra porta á minha frente. Será que ele me atenderia? Bom, só saberia se tentasse.

     Dei duas batidas com os nós dos dedos na porta, então ele abriu a porta, me encarando com seus olhos cor de mel cansados, como se não tivesse pregado o olho á noite inteira.

     “Onde você dormiu?” perguntou

     Puta merda!

    “Ah...usei um feitiço para destrancar a porta de um quarto no andar de cima, então consegui dormir um pouco lá...”

    De repente Nathan me puxou pela gola da minha camisa para dentro do quarto, fechando a porta atrás de mim e depois me jogando sem muita delicadeza na parede do lado da porta, antes de tomar meus lábios com os seus num beijo cheio de arrependimento.

      “Perdão.Eu não sei o que deu em mim ontem.” Falou ao terminar de me beijar e colar sua testa na minha “Não consegui pregar o olho depois que te expulsei, eu não queria, mas porra amor, isso tudo é tão...”

    “Foda.” Terminei sua frase e ele sorriu.Meu coração se aqueceu com aquilo. Era tão lindo sorrindo.

     “Isso. Toda essa situação, com esse bastardo...” o interrompi com um beijo.

     “Esquece ele. E me perdoa também por seu meio burra ás vezes.” Falei tomando seu rosto em minhas mãos. Ele sorriu e pegou minha mão para beijar o dorso da mesma.

      “Ok. Eu tenho uma boa notícia.” Falou

      “Naveena?” perguntei com a voz cheia de expectativa.

     “Sim. Ela está num hotel não muito longe daqui, passei a noite...” mas não deixei que ele terminasse já que pulei em seu colo enchendo-o de beijos.

      “Obrigada!Obrigada!Obrigada!” falei enquanto ele sorria.

      “Queria ouvir outra coisa, mas isso também é bom. Só fiz o meu trabalho.” Ignorei seu comentário inicial e fui trocar de roupa para descer pro café e depois ir buscar Naveena, o que não seria fácil, já que estava rodeada de tenebris pelo o que vi pela tela do notebook.

     Quando chegamos ao térreo, Jared já estava lá se empanturrando de comida, tomamos o café em mesa separadas, já que Nathaniel não queria chegar perto dele ou que eu chegasse perto dele, mas seus olhos ainda me alcançavam, e mesmo que por boa parte eu tivesse ignorado, uma boa parte do tempo ele conseguia encontrar meus olhos, e não parecia nada satisfeito.

     “Nathaniel encontrou Naveena.” Falei para Jared enquanto Nate fazia o check out. Jared apenas me ignorou enquanto dobrava as mangas de sua camisa azul escuro até o ombro deixando bem á mostra seus bíceps torneados. O percurso até o local onde Navee estaria foi todo em silêncio, Nathan parecia estar satisfeito de mãos dadas comigo, quando eu não queria estar daquela maneira por dois motivos: o primeiro porque estava muito calor pra se ficar de mãos dadas, o segundo porque estava preocupada com a reação de Jared depois da “briga” maluca que havíamos tido de manhã. Até que meu demônio estava bem controlado, o que eu não sabia se deveria ficar preocupada ou não. Havia mais uma coisa, eu estava com a estranha sensação de que estávamos sendo perseguidos desde que havíamos saído do hotel, mas toda vez que olhava discretamente para trás não encontrava ninguém ou algo suspeito. Estávamos já longe da cidade, num lugar mais rural, estradinhas de terra e casas distantes.Bufei irritada com o calor, mais uma vez senti a sensação esquisita que havia tido mais cedo, e com o suor que descia pela palma da minha mão junto com a de Nathaniel, já estava de saco cheio, decidi desentrelaçar nossos dedos, o que me fez receber uma carranca mal humorada.

      “O que foi?” perguntei

     “Por que fez isso? Por causa dele? Não quer que ele veja?” perguntou Nathaniel parando no meio do caminho, irritadiço.

           “O que? Fala sério Nathan, isso não tem nada a ver com ele, só está muito calor pra ficar andando de mãos dadas.” Falei Ele riu mas o humor não chegou aos seus olhos.

           “Nãaaao. Assume que é porque não quer que esse bastardo veja. Não quer que seu casinho acabe, não é mesmo?”

           “Opa, espera ai! Me respeita Nathaniel, eu já falei que isso não tem nada a ver com o Jared.”

        Jared riu alto mais á frente, já que se manteve caminhando enquanto Nate e eu havíamos parado. 

         “Depois você ainda diz que ela é sua! Ela não consegue parar de falar no meu nome nenhum segundo.” Gritou para Nate, que soltou um som que pareceu um rosnado. 

         “Ela é minha, seu bastardo! Eu vou acabar com você porque estou cansado de ouvir sua voz, e ainda mais dizendo essas coisas pra mim!”

       O meu demônio girou em seus calcanhares lançando um olhar incrédulo e cheio de deboche para Nathaniel, que estufou o peito e encarou de volta.Show! Guerra de testosterona de novo.                

      Jared começou á caminhar em nossa direção, sem tirar o sorriso do rosto.

         “Você acha que tem alguma chance contra mim?” perguntou

        “Você se acha demais! Se acha o todo poderoso, mas eu acabo com você com a minha katana em segundos.” Falou Nate caminhando até Jared, nem me dei ao trabalho de tentar segurá-lo, não conseguiria.

          “Que papo é esse?!” riu Jared “Ninguém quer saber que você tem ejaculação precoce! E sim, eu me acho porque posso, eu sou filho de Asmodeus, um Tomás, um demônio, eu acho engraçada a sua coragem de ainda querer brigar comigo. Vou te fazer queimar no inferno lentamente por ter tocado na minha bruxa seu merda!”

           “Pelo amor de Luna, parem com essa briga idiota agora!” gritei entrando no meio dos dois que pareceram nem me notar, não tiravam os olhos um do outro. “Já falei que ela não é sua!” gritou Nathaniel.

             “Claro que é! Toda minha, só minha! Vou arrancar todos os seus dedos, tudo seu que já tocou nela, vou te deixar sangrando lentamente implorando pra morrer, e vou te mostrar que nem a sua morte cabe á você decidir!” gritou

           E então começaram os dois á gritar ofensas um para o outro, uma disputa por mim, ou por orgulho deles mesmo, sei lá, uma hora parei de prestar atenção, porque um carro estava vindo na nossa direção e muito rápido, levantando a terra laranja por onde passava.. Um carro não, uma espécie de furgão.

         “Meninos, olhem lá. Ta vindo um furgão pra cá.” Falei

         Mas obviamente fui ignorada já que eles ainda gritavam e se empurravam, daqui a pouco estariam rolando no chão aos socos. O furgão parou subitamente bem perto de nós, então pessoas começaram a descer, todas vestidas de preto, alguns eu reconhecia de algum lugar. Claro, eram tenebris.

        “Merda! Dá pra vocês pararem de discutir e darmos o fora daqui?!” gritei me colocando entre eles, mas os dois me empurraram pra fora quase me derrubando no chão.

        Aquilo não podia estar acontecendo! Os malditos tenebris riam para mim enquanto caminhavam lentamente na minha direção.

       Eu tinha duas opções: esperar os meninos terminarem aquela discussão ridícula para sairmos dali, ou sair correndo e salvar minha própria pele não ligando pra eles. Óbvio que fiquei com a segunda. Ouvi gritos de comando de diferentes idiomas atrás de mim, enquanto corria sem direção, debaixo daquele sol quente, vestindo calças jeans e uma regata, queria estar de short, ou de biquíni, ia facilitar bastante.

     Algo se enrolou nos meus tornozelos me fazendo cair no chão. Senti alguém se aproximar e conjurei um impetus empurrando dois tenebris para trás enquanto eu tentava desenrolar o cabo do meu tornozelo, estava muito apertado, então usei um feitiço que havia aprendido com Kalev, que desintegrava as coisas, e com os recentes ensinamentos de Mathieu ficou muito mais fácil, não demorou nenhum segundo até que eu já estivesse solta para voltar á correr. “Não adianta correr Venéfica, vamos te pegar, você está praticamente no meio do nada!” gritou algum tenebris atrás de mim.

        “Eptunia!” gritou outra voz, então eu tombei novamente no chão sem nenhum controle sobre meu corpo, tonta, enjoada, com a visão sem foco. Vi sombras se aproximando de mim e me rodeando, antes de ter a sensação de que estava sendo carregada.Meus lábios se mexiam lentamente, eu tentava pronunciar um nome, começava com a letra J. De quem era aquele nome? Aonde eu estava? Por que eu queria falar Jared? Jared era o nome? Quem era Jared?  

                 Recomponha-se.Lute minha filha.

      Luna.

     Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar, desde o estado ébrio ao sóbrio, talvez até na morte.

 Me ajude. Pedi.

  Então uma série de imagens começou á invadir minha mente. O menino de cabelo branco era o que mais repetia, era o meu demônio, era o Jared, era com ele que eu tinha uma conexão. Precisava falar com ele.

  Jared. Chamei por minha mente, talvez ele me ouvisse assim.

   Não houve resposta, eu ainda estava sendo carregada tentando me debater, mas meu corpo estava tão pesado.

       “Ja-ja-jared.” Falei com muito esforço mas acho que não foi alto o suficiente.

     Virei meu rosto pro lado e vi duas sombras corpulentas meio que se misturando, e afastando, e juntos de novo e longe. Eram os meninos.Estavam brigando. Ainda. Queria gritar para que parassem, mas meus lábios não me obedeciam, eles não estavam me vendo? Eles não se importavam? Me deixariam ser levada pelos tenebris? Eu esperava aquilo do Jared, mas do Nicolas? Era Nicolas o nome do meu namorado? Merda. Continuei tentando me debater, mas era inútil, meus movimentos eram muito lentos, isso se eu realmente estivesse me movimentando, e não fosse apenas a sensação.

    Ouvi algo que parecia estar muito longe de mim, um tipo de grito de guerra, estava tudo tão confuso, não conseguia assimilar nada direito.Depois de algum tempo senti uma dor crescente e latejante na minha cabeça, e lentamente levei minhas mãos á mesma. Eu havia caído?

   “Ainutpe-bra!” ouvi e um grito saiu da minha garganta enquanto eu esfregava rapidamente minha mão na parte de trás da minha cabeça, onde parecia estar úmido. Tudo voltou ao normal.         Eu estava no chão, e ao meu lado um tenebris aparentemente morto, com a cara toda rachada como se fosse porcelana, vazando sangue das rachaduras, mais ao longe um pouco os meninos ainda brigavam entre si. Sentei com dificuldade e sentindo minha cabeça latejar. Não muito longe de mim, uma luta passava ainda sem foco por meus olhos, tenebris lutavam incansavelmente com alguém imbatível, derrubando um por um, mas eu não conseguir enxergar quem.

    Seria John Constantine de novo? Não, ele era alto o suficiente para que eu conseguisse enxergar seu cabelo loiro sujo de borralhas. Levei minha mão até meus olhos, meus dedos estavam pintados com sangue. Senti-me tonta e deitei de novo. Eu precisava levantar e lutar, precisava separar os meninos.

    “Katharine, acorde!” alguém me gritou, eu já havia ouvido aquela voz antes, mas onde?

    Pegaram-me brutamente pelo braço, me sentando novamente. As mãos que me seguravam eram femininas, devido ás unhas pintadas de café que ficavam sob o tom de sua pele negra, os braços levemente torneados cheios de marcas em relevos sobre ela, losangos e outras figuras construíam uma espécie de tatuagem sem cor, então olhos incrivelmente âmbares me encaravam. Eu a reconhecia.

    “Zalina?” perguntei rouca.

     “Graças á Luna!” disse e então me soltou, se levantando.

     “Impetus tite mabruska” gritou na direção dos meninos, me virei á tempo de vê-los sendo arremessados para lados opostos, os separando. Jared levantou rapidamente por instinto, olhando tudo á sua volta, confuso, até que seus olhos chegaram á mim. Nathaniel demorou mais um pouco, enquanto coçava a parte de trás de sua cabeça, igualmente confuso, então também me encontrou. Ambos correram até mim.

     “O que houve?” perguntou Nathaniel enquanto me avaliava, vendo se eu estava ferida.  

      “Quem é você?” perguntou Jared á Zalina.

     “O que houve?! Eu fui atacada por tenebris enquanto vocês brigavam que nem dois idiotas, se não fosse por Zalina eu nem estaria aqui.” Disse empurrando Nathaniel.

   “Não foi culpa deles.” Disse Zalina “Eles estavam sob os encantos dos Epracs.”

     “O que?” perguntou Nathanie

     “Vassalos do demônio Prufulas, o demônio da discórdia.” Respondeu Jared.

    “Eles os cegaram aos comandos dos tenebris, para que distraíssem vocês, assim poderiam levar a venéfica.” Continuou Zalina.

    “Foi você, não foi?” perguntou Jared.

    “Eu o que?”

    “Que matou os outros demônios cobras da última vez..” franziu o cenho como se estivesse concluindo sua linha de raciocínio “você é vodu não é?” Zalina assentiu.

    “Ela é irmã do Gafar.” Falei “Você que tem nos seguido esse tempo todo?” Ela acenou que sim com a cabeça.

    “Por que?” foi a vez de Nathaniel perguntar.

    “Para te dizer pra ficar longe do meu irmão!” disse Zalina com seus olhos cravados em mim.

    “Por que?!” perguntei assustada com seu tom.

    “Apenas fique, ou se arrependerá amargamente.” Falou “epaiê tutemá cikeê-r matutelamá” murmurou antes de começar á desaparecer, se desintegrar ao vento. Fiquei observando o lugar que ela estava antes de se desintegrar por alguns minutos até que meus olhos começaram a arder depois de ficar muito tempo sem piscar.

   “Cada vez mais minha vida fica mais estranha.” Murmurei sacudindo minha cabeça.

    “Você está bem?” perguntou Nathan tocando meu braço gentilmente.

    “Sim.” Acenei com a cabeça “Só que está tudo uma bagunça..” grunhi irritada “mas não tenho tempo pra pensar nisso agora, precisamos achar Naveena.” falei Nathaniel assentiu laconicamente.

    “Vamos voltar ao hotel e recomeçar as buscar.” Disse

    “Ou sejamos mais rápidos, indo diretamente até o demônio Ausura, ou Pruflas, como a garotinha falou” falou Jared enquanto avaliava o mapa queimado sob seu antebraço.

     “Mas ele não está com a Naveena, o que faríamos lá?” perguntei “Ela pode nos ajudar a encontrar a tal bruxa...”

     “Mas sem querer nada em troca? Duvido muito!” falou Nathaniel

      “Cala a boca ai que ninguém te chamou na conversa.” Falou Jared antes de dar um suspiro “Mas ele ta certo, ele vai querer algo em troca, talvez uma alma, ai damos a do Daniel...”

    “Há-há, muito engraçadinho você, vamos ver se é engraçado assim sem os dentes. E é Nathniel!” rosnou

     “Não estava fazendo piada, mas até que a sua de “sem os dentes” até que foi boa, alguma parte do meu corpo deve ter rido, ai, mas, perai, acho que algo meu vai explodir de risadas” falava Jared enquanto se contorcia forçado meio engraçado “ih, olha” ergueu seu punho direito que expôs seu dedo médio “Foi ele ó!” falou apontando com o queixo o dedo médio para Nathaniel, que ficou vermelho de raiva.

     “Ta bom! Para vocês dois! Não aguento mais! Quase fui levada por esse briga idiota de vocês, se vocês querem continuar brigando, que fiquem por aqui, eu vou atrás desse tal demônio sozinha, sem vocês pra me atrapalhar!” falei e comecei a caminhar pisando firme.  

   “Boa sorte para achar aonde ele está!” gritou Jared. Bufei irritada e me virei dando-lhe o dedo médio, o cretino apenas sorriu e começou a caminhar até mim, assim como Nathan.

    Seguimos os mapas das regiões infernais no antebraço de Jared, o que nos levou há um hotel luxuoso nas extremidades de Dhaka.Era tão alto que, talvez, para enxergar seu topo precisasse se deitar no asfalto escaldante.Parecia uma espada negra reluzente, devido aos seus espelhos, enterrada no chão aonde uma recepção fria e soberba nos aguardava.

    “Tem certeza de que é aqui?” perguntou Nathaniel.

    “Sim” respondeu Jared, impaciente. Nathan assoviou.

    “Eu esperava sei lá, talvez um palácio, já que vocês demônios gostam de se mostrar, mas não um hotel.” Murmurou enquanto caminhávamos pelo saguão.

    Comecei a olhar tudo a nossa volta pra ver não estávamos sendo perseguidos ou encarados de maneira diferente, mas aquelas pessoas barulhentas nunca que nos notariam.Casais brigavam quase se agredindo perto de uma pilastra, a mulher o empurrou tão forte que quase o fez bater no imenso jarro de planta plastificada, enquanto no outro lado do saguão famílias discutiam calorosamente, mais á frente vi uma noiva jogar seu anel no homem, que por sua vez começou a ficar com as faces vermelhas enquanto arrancava o próprio cabelo. Aquilo parecia um circo de discórdia.

    “É onde ela consegue aumentar seu poder, hotéis hospedam famílias, casais e coisas do tipo, então ela se aproveita disso para causar desarmonia, destruindo felicidades alheias e assim aumentando seu domínio, e ainda fica rica, já que é um belo hotel.” Falou Jared enquanto avaliava as coisas á sua volta, mas não como se estivesse inspecionando o bom gosto do hotel, parecia preocupado, seu cenho franzido confirmava isso.

    “O que esta procurando?” perguntei.

     “Epracs.” Falou assim que chegou á recepção, onde foi atendido por um indiano de sorriso afiado.

      “Boa tarde, vocês já tem reservas ou só farão o check in? Pelo o que vejo passarão apenas uma noite. Desejam dois quartos ou irão fazer uma festa única?” perguntou Jared revirou os olhos e Nathan cruzou os braços,visivelmente incomodado.

    “Desejo apenas ver Ausura.” Disse Jared. O pequeno homem quase deixou seu sorriso tomar quase toda sua pequena rubra face.

      “E quem deseja?”

      “Alguém de muito interesse dela, não que não seja de todos” deu um sorriso nada modesto e simpático “mas...me leve até ela, isso não é um pedido.” Falou imperativo e rapidamente seu olhos ficaram totalmente negros tomados por sua pupila.

    O indiano sorriu amarelamente e acenou com a mão para que o seguíssemos assim que saiu de trás do balcão de granito branco.

    Seguimos o baixinho até um extenso corredor que levava á só um elevador, provavelmente o que nos levaria direto ao encontro do demônio, o que fazia meu estômago se contorcer um pouco,mesmo com Jared e Nathan estando ali.

     “Isso aqui nos levará para o inferno, ahh...” Nathaniel se esforçou para ler o crachá do recepcionista enquanto esperávamos o elevador. “ Komal.”

    “Não caro senhor, apenas se ele despencar do ultimo andar e o seu destino não for os céus”. Respondeu Komal.

     Nathaniel deu um sorriso meio torto e voltou a encarar,como todos nós, o visor que mostrava em qual andar o elevador estava, até que ele chegou. Todos entramos, fiquei entre Jared e Nate, com Komal á frente, que apertou no ultimo andar. Será que o plano era nos despencar e irmos para o inferno? Não queria ir para lá tão cedo.  Olhei apreensiva para meu demônio que apenas me olhou por um tempo antes de voltar seu olhar para frente. Queria segurar em sua mão, mas não podia. Segurei a de Nathan, que apertou a minha com força contra a palma da sua,ele estava tão nervoso quanto eu.

     O elevador subia os andares e um frio crescente na boca do meu estômago se tornava constante até o visor apitou alertando que estávamos no ultimo andar, a porta não abriu. Komal se virou para nós e sorriu com seus dentes amarelos.

       “Espero que aproveitem a viagem” e então apertou um botão. Meus pés não tocavam o chão e eu sentia que ia vomitar enquanto descíamos á toda velocidade, mal conseguia respirar.O elevador estava realmente despencando.


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Notas finais do capítulo

EAI? O que acharam?
o que foi a pegada pós barraco Katered?
Team Nathan existe? Gostaram meninas?
Curiosas pra saber o porque a diaba da irmã do Gafar ta fazendo na india e pq ela não quer nossa Safadage perto dele???
NÃO DEIXEM MEU ANIMO MORRÊ, NÃO DEIXA MEU ANIMO ACABAR,O ANIMOÉ FEITO DE COMENTARIOS, COMENTÁRIOS PRA GENTE GO..epa,
meninas comentem, me xinguem de mãe catirina por ter demorado á postar,mandem qualquer coisa,mas falem comigo! Dedos coçando para escrever o próximo capítulo, que virá com M U I T A treta!
Amo vocês
Beijared
XO
Musa,a que ama voces



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