“Nathaniel assentiu á distância entrando logo em seguida num carro, arrancando com o mesmo, sendo seguido por outros carros parecidos.Flash.Dedos longos, finos e pálidos fizeram uma ligação direta no carro.Sentia dedos apertando meus braços, uma falta de ar se instalar em minha garganta, minhas têmporas doloridas...”

Até meus olhos voltarem a ter foco, tudo o que consegui enxergar, turvamente, eram dois bancos pretos, alguém dirigindo, e além do vidro uma extensa estrada estava á ser percorrida com a neve moldurando-a nas laterais, como um estranho quadro.Onde eu estava? Mãos fortes apertavam tanto meus braços que até doíam, estava abafado, quente demais.Quem me segurava? Então tudo voltou a minha mente num supetão, eu estava na casa de Gafar até que Jared deslizou para meus pés e um homem estranho chamado Farley havia falado de uma suposta casa, corri e apaguei.Eu devia estar no carro deles.Aonde estaria Jared? Nathan?

“Para onde estão me levando?” perguntei sentindo minha garganta e lábios secos.

O homem que estava no banco do carona se virou para mim, dando-me o desprazer de rever sua cara bizarra, assim como seus cabelos verdes e o estranho olho com cicatriz, Farley.

“Olha, a princesa acordou.” Sorriu com seus dentes amarelados “Se eu fosse você voltava á dormir, vai ser longa a viagem.” Deu uma piscadela com seu olho deficiente.

“Para onde estamos indo?” perguntei altiva

“Para Casa.” Seu sorriso se alargou.

Cerrei os dentes e inclinei-me para aproximar meu rosto de seu, mas mantive um palmo de distância pois dali já era possível sentir o odor pútrido que saia de sua boca causando-me enjôo.

“Eles irão matar você.” Murmurei

“Eles quem...”

“Que porra!” o motorista gritou e todos olhamos para a frente, um carro cinza de porte bem menor comparado ao nosso, corria á toda velocidade ao nosso encontro, um outro carro preto 4x4 passou por nós e se chocou contra o cinza antes que se chocasse com o nosso, mas de nada adiantou já que logo em seguida havíamos levado uma forte batida na traseira.Se eu não tivesse conjurado um impulso contra o movimento do meu corpo, teria sido lançada para frente e contra o vidro com muita violência.

Houve tiros e gritos de comando, tentei sair do carro mas os tenebris que estavam ao meu lado ainda me seguravam firmemente pelos braços, Farley se recuperava da batida do air-bag contra seu nariz que agora estava inchando e sangrando.Sem nenhum planejamento, dei uma cotovelada na tenebris a minha direita, que soltou meu braço para levar as próprias mãos no seu nariz que jorrava sangue escuro e viscoso, aproveitei para dar um soco na garganta do tenebris á minha esquerda e depois um gancho no seu queixo, dei uma cotovelada na tenebris e empurrei o tenebris com meus pés no mesmo momento em que conjurei para que o ar empurrasse a porta para fora, empurrando-o para alem do carro e liberando meu caminho, porém , para meu azar, a tenebris passou seu braço musculoso em meu pescoço, sufocando-me, e para piorar minha situação, Farley havia passado para o banco de trás, prendendo minhas pernas em baixo de seu corpo.

“Acho que está na hora de você dormir de novo.” Falou enquanto mexia os dedos em um tipo de onda sincronizada, até que seus olhos começarem á ficar mais contaminados por veias pretas e um tipo de nuvem negra sair das pontas de seus dedos, indo a minha direção.

Comecei á me debater e afastar minha cabeça até o máximo que eu conseguia á medida com que a nuvem serpenteava em direção ás minhas narinas,mas de repente não havia mais Farley sobre mim, como um borrão, havia sido puxado e arremessado para fora por um, á primeira vista, gigante da neve, mas era apenas Jared camuflando-se á paisagem fria e mortal assim como ele, que olhou-me e deu um sorriso lascivo, afinal eu estava com minha saia erguida quase que na altura do útero e as pernas abertas, se eu pudesse, reviraria os olhos, mas o aperto em meu pescoço estava ficando maior fazendo com que eu conseguisse sentir meu coração pulsar fracamente em meus ouvidos e minha visão começasse a ficar turva novamente.Um homem se aproximou de Jared, envolvendo-o numa briga, eu teria que me livrar sozinha dela, ou não.A porta atrás dela se abriu e logo ouvi seu grunhido, seus braços se afrouxaram e tive a esplêndida visão de Nathan com uma adaga ensangüentada na mão, os cabelos iluminados por um fraco sol, agora, pareciam dourados, seus olhos pareciam aliviados embora sua expressão fosse séria e letal.

Puxou-me contra si e me avaliou por inteira, tocando-me por tudo que era parte do meu corpo, pegou em meu rosto e ficou avaliando-me, mas perdi o foco para a guerra que acontecia atrás de nós.Pessoas aparentemente triviais lutavam com o que parecia um tipo peculiar de gangue gótica, Jared estava batendo em dois góticos estranhos assim como Farley, mas haviam muitos mais, alguns já abatidos no chão e outros lutando por suas vidas.

“Kate” a voz de Nathaniel fez com que eu me voltasse para ele, assim como o toque quente e delicado de seus dedos em minhas maças faciais.

“Sim?” Respondi

“Preciso que saia daqui com Maura, ela vai te levar pra casa em segurança...”

“Não.” O interrompi no ato pondo a mão sobre seu peitoral

“Katherine isso não é um debate, você vai e pronto.” Disse imperativo

Afastei-me tirando sua mão de meu rosto.

“Não Nathaniel, eu vou ficar e lutar, essa luta é minha.” Falei

“Você só pode estar maluca.,,” deu um falso sorriso trêmulo;
“Maluco está você se acha que pode mandar em mim!”

Ele deixou o queixo cair mas logo o fechou, pegou-me pelo braço fazendo com que nos chocássemos novamente e seus olhos quase pudessem entrar nos meus.

“Sou responsável por te proteger e sou seu namorado, então não...”

“Katherine, por que diabos você ainda não ta lutando? Parece que esses merdas de preto não param de aparecer!” falou Jared ao se aproximar de nós.

“Ela não vai.” Respondeu Nathan sem olhar para Jared, ainda avaliando-me profundamente, na tola esperança de que seu olhar fosse me intimidar.

Devolvi seu olhar tão profundamente quanto o dele próprio.

“Eu vou.” Disse entre meus dentes cerrados

“Você não sabe se proteger, sempre volta furada para casa!” gritou

“Me solta!Eu sei me proteger sim! Vou provar pra você embora não precise!” remexi-me até me soltar do aperto de sua mão em meu braço.

Era visível a fúria em seus olhos e o divertimento nos olhos de Jared, sedentos por discórdia.

“Vamos bruxa, tem umas bichas depressivas que precisamos matar.” Falou o demônio dando uma piscadela.

Nathaniel o olhou com mais raiva ainda, mas passei por Jared puxando-o para o confronto antes que ocorresse um entre eles.

Mal havia me aproximado e três tenebris vieram em minha direção, Jared decidiu ficar com o maior deixando os outros dois para mim, ambos usavam socos ingleses próximos aos nós dos dedos, finalmente uma boa luta, e antes que eu percebesse um sorriso nascia em meus lábios.

Um com tatuagens na cabeça carente de cabelos foi o primeiro á se aproximar, acertou um soco no ar, eu o chutei nas costelas, ele tentou me dar uma rasteira e eu falhei ao tentar socá-lo, pois pegou meu pulso e me puxou, acertando uma sequência de golpes na minha barriga, eu odiava apanhar, e odiava saber que Nathaniel estaria vendo aquilo, odiava o fato dele achar que podia mandar em mim, que tinha posse sobre mim, eu odiava estar apanhando como eu estava naquele momento, eu queria mostrar á todos o que eu sentia, e feri-los.

Houve um relampagueio, um estrondoso som estalado no céu avisando que uma forte tempestade estava por vir, nossas sombras eram quase inexistentes no chão, o céu parecia ter virado breu de repente, e eu sentia tudo aquilo em mim, o poder emanar de mim, cada célula do meu corpo estava eletrizada, uma energia hiperativa com necessidade de se colocada para fora.Conjurei um impetus afastando o tenebris de mim, ele sorriu e abriu as mãos fazendo com que sombras negras saíssem de suas palmas e se arrastassem até mim, então fechei os olhos e imaginei minha raiva como um raio, algo tão forte e mortal que precisava ser descarregado em algo, no solo ou em alguém.Lembrei-me sobre o que havia estudado com Mathieu após minha pequena tempestade na banheira, conjurei um raio e palavras começaram á transbordar de minha boca.

“Caelum caelum hominum oh, vos utr pro máxima demostratio mea laeta, Luna benedicat ihi to electrify, tonitruum, pluvia et inundaret usque hotibus meis.Venefica sum nurus filiam sum quiesque sciat!” murmurava sem saber ao certo o que dizia, mas sentia que estava pedindo algo á Luna e então aconteceu uma das cenas mais impactantes na minha vida.

Um belo raio arroxeado desceu dos céus acertando-o em cheio, atingindo o alto de sua cabeça, iluminando todo seu corpo por dentro, radiando, queimando enquanto ele gritava horrorizado, a luz diminuiu e finalmente seu corpo antes branco, ficasse queimado por inteiro no ato.

Repeti o raio com o outro que me olhava assustado, apenas dei-lhe um singelo sorriso antes de acertá-lo.Mais tenebris se aproximaram, mas agora que eu me sentia tão forte e curada, queria feri-los com meus próprios punhos, e foi como nos não tão velhos tempos no Texas, um por um sendo tombado, só que dessa vez com o auxílio da bruxaria já que eles também a usufruíam.

Jared lutou com seus punhos puros enquanto Nathaniel mostrava-se um grande espadachim, deixando-me impressionada com a maneira como ele movia aquelas katanas, parecia uma daquelas cenas típicas e épicas feitas pelos mais famosos atores asiáticos, os olhos centrados no que faziam, cortando artisticamente cada obstáculo em seu caminho e saindo ileso das pancadas contra ele, os golpes controlados e alternados entre katanas, joelhos, cotovelos e pés, seus músculos se retesando sob a malha de sua camisa de mangas compridas.Eu nunca esperei tanta desenvoltura de Nathaniel numa luta já que ele não era violento, mas agora eu via o quanto estava enganada e senti-me feliz por isso.Havia esperança!

Levei uma coronhada nas costas, achei até que fosse Jared ao ler meus pensamentos, mas era um inconveniente tenebris querendo brigar, e pelo o incrível que pareça, Farley havia sumido, talvez meu demônio o tivesse matado. O tenebris de cabelos lilás picotado que estavam perdendo a cor me atacou com um feitiço que se chocou em meu abdômen e me paralisou ali, causando uma tremenda dor, fazendo com que eu gritasse e o atingisse com o eumeunet, lhe torturando com um forte zumbido em seus tímpanos, porém ele retrucou acertando-me de novo, só que no braço, e parecia que meus músculos estivavam todos doloridos demais para que eu continuasse com o braço erguido que conjurava o feitiço nele, que aproveitou a situação e me chutou para que eu caísse de joelhos no chão.Pegou-me fortemente pelos cabelos arqueando minha cabeça para trás, olhou-me com seus olhos quase totalmente negros como os de um demônio, sacou uma adaga de sua cintura e esfaqueou minha barriga.

“Só para evitar com que se debata mais.” Falou friamente.

Logo foi acertado com uma adaga em seu crânio, fazendo com que todo seu corpo tombasse para o lado, fazendo uma poça de chão em volta de seu corpo.

“Só pra avisar que só eu a coloco de joelhos!” gritou Jared para o corpo já sem vida do tenebris.

Ele olhou-me e ajudou á levantar, mas nunca que seria dando-me a mão.Pegou nos cabelos da minha nuca e foi me levantando, enquanto exibia um sorriso lascivo no rosto, descendo o olhar por todo meu corpo, então seus olhos se arregalaram por um segundo e se voltaram para os meus olhos.

“Merda.” Falou

“É”Grunhi enquanto pressionava a ferida na minha barriga que jorrava sangue “Merda.”

“Continue pressionando e vamos dar o fora daqui.” Falou olhando tudo á nossa volta.

“Seria mais fácil se você me curasse, mas oh!” falei teatralmente “Você não pode mais não é? Por que será? Que merda você fez no inferno para que isso acontecesse?!” meu tom estava se elevando á medida com que eu ia fazendo as perguntas, mas logo abaixei “Que merda você fez para que eu me tornasse uma tenebris?” rosnei entre meus dentes cerrados.

Jared avaliou-me com seus olhos verdes semicerrados e então colocou um dedo pressionando na minha ferida, fazendo com que eu me contorcesse de dor e grunhisse contra seu peitoral.Senti seu hálito quente em meu ouvido.

“Não é uma boa hora, local ou situação para falarmos disso agora, se é que vamos falar disso um dia, então controle-se, bruxa.” Mordiscou a ponta da minha orelha

e isso fez com que eu quase gemesse de tanta frustração, em toda a situação.

Seu dedo saiu do machucado e a palma de sua mão ficou sobre a minha, ajudando-me a pressionar mais forte.Passou meu braço por seu pescoço e foi caminhando comigo até um carro que não estivesse batido, os poucos tenebris que haviam sobrado, tinham fugido, vi Nathaniel procurar por mim e finalmente correr até nós.

“Deixe-a comigo.” Falou Nathaniel já tirando meu braço da curva do pescoço do Jared, que claro, não deixou que Nathan completasse a ação, dando-lhe um empurrão com o ombro.

“Fica na sua que dessa aqui cuido eu.” Falou

Nathaniel parou na frente de Jared e ambos ergueram o peito para se encararem, o ar foi tomado por testosterona, deixando-me enjoada e irritada.

“Ela é minha namorada.” Falou Nathaniel firmemente “Burra e teimosa, mas é minha namorada.”

Jared deu um falso sorriso.

“Grandes merda, ela é minha de qualquer forma, até mesmo, supostamente, por loucura da sua cabeça, sendo sua.Agora saia da minha frente ou vou te mostrar que nem sua morte lhe pertence.” Falou Jared.

“Você se acha demais.” Grunhiu Nathaniel.

“Nunca me perco,sempre bom ter um GPS consigo, porque não procura um, vai achar a porra do seu rumo e sai da porra da minha frente?!”

Grunhi de dor e senti minhas pernas perderem as forças, mas antes que eu caísse de joelhos no chão, Jared pegou-me no colo, passando seus braços pelas dobras dos meus joelhos.

“Se ela morrer de tanto sangrar aqui, faço o mesmo com você, só que muito mais lenta e dolorosamente.” Disse Jared ameaçadoramente para Nathaniel que praticamente rosnou para Jared, que , em resposta, mostrou os dentes como um felino, sendo a ultima coisa que ouvi e vi antes de adormecer na curva quente do seu pescoço.