“Um brilho, um corpo luminoso no meio da escuridão tomava formas de uma mulher, os cabelos loiros quase brancos, olhos verdes radiantes que pareciam kriptonita, lábios finos e rosados como pétalas de rosa, traços faciais finos e determinados como os de uma rainha, ela me é familiar.Vestia um vestido longo e simples branco, a luz ainda a rodeava, pareceria um anjo se tivesse asas, sua boca se mexe mas não ouço sons.Flash. Sentia dor e tristeza, meu corpo estava encolhido de forma com que minha cabeça estivesse em meus joelhos, havia apenas uma fresta de luz, logo fora fechada e senti uma pontada de dor.Tinha levado um chute, as pequenas mão cor de jambo estavam esticadas pedindo para que o homem á minha frente parasse de me chutar, ele vestia roupas masculinas típicas da Índia, tinha um rosto amargurado tomado por marcas de expressão, havia ódio em seus olhos.Chutou-me mais uma vez, e eu só conseguia pensar o quanto queria minha mãe.Flash.Um pescoço branco marcado por hematomas cor de púrpura, afastei-me e uma mulher loira arqueava o corpo nu para trás, a boca em forma de “o”, seu corpo indo para trás e pra frente com agressividade, seus pulsos segurados por mãos que eu bem reconhecia.Ela abriu os olhos para vê-lo, olhos cheios de desejo e súplica para mais do que ele estava dando, olhos negros, ou vinhos? Queria acordar.Acorde Kate! Sua voz ecoa na minha mente, um rosnado em meu nome e xingamento.Katherine, é o que ele pensa em quanto trepa naquela mulher.Queria acordar.Acorde Kate! Bruxa.Ele sibila como se meu nome fosse um veneno. Preciso acordar! Kate, acorde!”

Uma voz me puxou do meu maldito sono, pesadelo, Luna, que porra foi essa?

Emma está me olhando com o cenho franzido, os cabelos dourados amarrados num rabo de cavalo, suas bochechas estão coradas, parece que ela correu uma maratona.

“Amiga, seu nariz...” ela falou fazendo uma careta que me deu vontade de rir.

Toquei em meu próprio nariz sentindo um liquido viscoso, meus dedos estavam vermelhos, sangue.

“Merda.” Grunhi

“O que houve?” perguntou sentando-se em minha cama, ao meu lado.

“Nada.” Menti, sabia o porquê estava sangrando.Maldito demônio.Tirei meus livros de bruxaria do colo, havia dormido fazendo as pesquisas de Mathieu.

“Devia falar com seu avô sobre isso ou com o gato do seu namorado, ele com certeza será um ótimo enfermeiro.Imagina, ele com aqueles uniformes, ficaria ótimo no elenco Greys Anatomy.” Falou divagando olhando para o nada á sua frente,de repente deu-me um tapa na perna e suspirou “Ai amiga, você tem sorte, um pouco de azar, mas ainda sim muita sorte.” Disse olhando-me

Ri.

“Por que está falando isso?” perguntei

“Caramba, o Nathaniel é um gato, parece um modelo ou uuuh uh um lenhador, aquelas mãos másculas, as carrancas que ele anda fazendo por causa do Jared, outro gostoso, aaaai, é tão sexy!” riu “E o Owen, gostoso que nem o irmão, só que um príncipe, mas eu sei que você gosta de brutalidade.” Piscou pra mim e riu “Mas sério, dê uma chance a ele.Eu já me joguei mas o foco dele é você.Que mandinga boa foi essa que tu fez mulher?”

Gargalhei e de repente toda a merda estranha que eu tinha sonhado, foi esquecida. Ali estava minha melhor amiga sendo ela mesma , como sempre, falante e dizendo para eu pegar todo mundo.

“Ems, você é demais!” suspirei por rir demais.

“Não, para.Demais é o Jared! Como ele pode estar mais gostoso? Não, sério. Parece que ele está maior, mais forte, mais com cara de mal, ele supera qualquer badboy, isso molha qualquer calcinha só com aquelas olhadas e sorrisos dele, eu seeeei que você ta master puta com ele, mas não negue” eu devo ter mudado de expressão pois ela rapidamente pulou na cama e falou “ou negue, se isso te fizer muito mal, negue, negue pra sempre, não olha, ele nem tem cor amiga” Ela suspirou “Ainda dói?’ perguntou.

Suspirei e encostei minha cabeça no ferro da cama, fechando os olhos.Doía? Não sabia dizer.Incomoda, tudo.

“Tenho ódio por ele.” Falei

“E tesão.” Disse e eu ri.

“É, mas sei lá, não dá, ele me feriu demais de todos os jeitos, e não sei por que isso me chateia.”

“Porque você quer transar com ele, mas não pode porque se não tudo volta.Respondi pra você?” ergueu as sobrancelhas.

Tirei meu travesseiro das costas e taquei nela que caiu pra trás e riu.

“Ei!Sou sua protetora, respeito!” beliscou-me

“Você é uma safada! E uma vaca, anda me abandonando, agora só quer saber da minha prima.” Falei rindo

De repente as bochechas dela ficaram mais coradas e ela riu sem graça.

“O que é isso?!” perguntei alarmada

“O quê?!” ela olhou pra trás espantada.

“Vocês estão ficando?” perguntei

Ela fez uma careta, mas não de nojo, fez o tipo de careta de alguém que não sabe explicar alguma coisa, ou que fez merda.

“Vaca!” murmurei

“Amiga, calma, desculpa, olha, foi sem...”

“Por que não me contou? Que tipo de amiga é você? Eu te contei quando fiquei com a Zoey! Emma Hewit, estou tão furiosa!” grunhi e coloquei o rosto entre as mãos, eu andava tão estressada com tudo, qualquer coisa me fazia explodir, ainda mais depois que Jared havia chegado, falar comigo era como andar sobre ovos podres.

Ficamos em silêncio por um tempo, ouvindo só o som de nossas respirações e um eco de Harahel tocando piano lá em baixo.

“Está mesmo puta comigo?” murmurou

“Não.” Suspirei e a olhei “Estava com saudades da minha melhor amiga, só isso.” Peguei sua mão na minha “Mas agora meio que estou com medo de você, não vai me atacar e me beijar vai?Sabe, eu gosto de homens.” Brinquei

Ela riu.

“Vacaaa!” pulou em mim e começamos a nos estapear de brincadeira.

Emma e eu ficamos conversando por horas á fio, colocando o papo em dia, ela contando-me sobre como tudo começou á acontecer entre ela e Fleur, já ficavam desde que eu fora pro Inferno e quanto mais tempo se passava mais se gostavam.Fiquei feliz pelas duas, fariam bem uma para a outra.Contei á Emma sobre a Domusagae, sobre Kalev, as vadiazinhas e meus amigos de lá, ela não gostou de Astrid, disse que á odiaria assim que visse, apenas ri, e não contei á ela sobre Mathieu, ela ficaria preocupada, seu instinto protetor ia ser ligado e adeus aulas com Mathieu.

Depois que ela saiu ainda fiquei refletindo sobre minha decisão equivocada, mas não fiquei muito tempo nisso, pois recordei meus sonhos.Quem era aquela mulher iluminada? De quem eram as mãos morenas e o maldito que chutava a dona ou dono daquele pequeno corpo? Quem era a vadia que Jared estava comendo?! Grunhi de raiva e de repente eu queria matar alguém, lutar, lutar e matar o Jared.Um ódio incomum cresceu em mim fazendo meus olhos queimarem, levantei-me da cama e comecei á andar em círculos.Bufava á cada pensamento que continha aquele demônio.Por que ele me fez ver aquilo? Como, se eu havia aprendido a bloquear há um mês? Soquei a parede e encostei minha testa na mesma.A porta rangeu, me virei pronta para pular no pescoço do Jared, mas era Nate, com sua camisa cinza e jeans claros, olhando-me com o cenho franzido.

“Katherine, está tudo bem?” perguntou sem tirar a mão da maçaneta.

“Por que está com a mão na maçaneta?” perguntei deitando a cabeça um pouco para o lado.

“Você está com um olhar de louca, como se fosse me atacar.” Falou e aquilo me soou tão bem.Oh Nate, pobre Nate, você vai ser usado.

“Talvez” falei aproximando-me lenta e sensualmente dele “eu vá te atacar.” Mordi meu lábio e sorri, seus olhos cor de caramelo se ascenderam e deu-me um sorriso que fez meu corpo esquentar, não de tesão, mas por saber que ele havia caído na armadilha.

Ele tirou a mão da maçaneta, depois olhou para a porta teatralmente e se virou para mim.

“Merda, soltei, agora não tem mais volta.” Falou.Eu estava tão próxima dele que já podia sentir seu perfume e cheiro de quem passou o dia inteiro na rua.

Deslizei minhas mãos por todo seu peitoral, uma foi até sua nuca e outra para a borda da sua blusa, entrando com minha mão sob a mesma para sentir sua pele quente, deslizando sobre seu abdômen definido.

“Que bom, agora você é todo meu.” Murmurei roçando nossos lábios, e ele captou o meu em seus dentes, mordiscando-o e chupando.Finalmente senti fogo, era minha vingança se ascendendo dentro de mim.

Cravei minhas unhas em sua nuca e com a outra mão arranhei todo seu abdômen, ele arfou e de repente me tacou com força contra a parede.Ai sim Nate!

Sua boca se encontrou com a minha num beijo ardente, cheio de línguas e sucções.Pressionou-me contra seu corpo e eu arfei fechando os olhos e aproveitando a sensação.Visualizei uma pia de mármore, água escorrendo na mesma,e então Jared se olhando no espelho, com ódio, seus olhos sendo tomados pela escuridão, socou o vidro que estilhaçou-se no ato, caindo gradativamente na pia.Sorri silenciosamente enquanto Nathaniel tomava posse de meu pescoço, mordendo-o e chupando.Puxei-o pelos cabelos, roçando minha boca por seu maxilar até sua orelha, mordisquei-a e o senti estremecer.

“Nate vamos fazer algo diferente.” Ele quase ronronou e me prensou mais contra a parede, louco por mim, eu adorava ter domínio sobre ele “Hoje eu quero que façamos de frente pro espelho.” Lambi a parte de trás de sua orelha sentindo o gosto salgado do seu suor, afastei-me o suficiente para ver seus olhos quase que em combustão e um sorriso quase que demoníaco se eu já não tivesse visto vários reais de um próprio demônio.

Nathaniel levou-me para o banheiro pela mão enquanto eu desejava que me puxasse pelo braço com força, tirou minha camisa com calma, enquanto eu queria que ela fosse rasgada, mas então puxou meu cabelo fazendo com que eu arqueasse a cabeça pra trás olhando-me no espelho, e começou a descer uma trilha de beijos, daí percebi que a noite estava longe de ser para crianças, muito menos para Jared.

*-*-*

Estávamos todos na cozinha tomando nosso café matinal como sempre, Vernon nos fogões, Tolec atacando tudo o que via pela frente, vovô tomando seu café preto e lendo seu jornal sentado á mesa na copa, Genevive tomando seu chá e conversando com mamãe, Jenna e Isaac.Fleur e Emma juntas murmurando coisas que eu não podia ouvir mas que eu imaginava, Owen olhava-me fixamente de um canto da cozinha, e Jared me encarava com ódio no outro, Vourgan tentava dar leite para Needle e Harahel havia sumido.

“Essa noite foi demais.” Murmurou Nate ao meu ouvido.

Virei para encará-lo e dei-lhe um beijo profundo de língua, ele sorriu em meus lábios e então nos afastamos.

“Também gostei muito.” Sorri.

Sua mão estava em minha coxa, alisando minha perna sobre o tecido da meia calça, atiçando-me enquanto eu comia um rocambole e ele tomava suco.Voltei meus pensamentos para a noite passada e logo estava excitada, Jared sentiria aquilo, e ainda olhei para a mão de Nate, sugestivamente para Jared, sensualmente para Nathaniel depos.

Está mexendo com fogo e sabe disso. A voz de Jared ecoou em minha mente.Merda, eu havia esquecido de bloqueá-lo novamente.

Você está mexendo com magia e tudo tem um preço nela. O respondi por minha mente, o vi revirar os olhos sobre a borda da minha xícara.

Comecei á pensar num quarto em que eu o trancava lá dentro, fechando a porta com uma chave e deixando-a ali para que ele não visse pelo buraco, não tivesse nenhum canal comigo.E o bloqueio estava feito.

Fora isso o resto do dia havia sido normal, pilotar até a Domusagae, ter minhas aulas, conversas com o Kalev que nos aproximavam mais e mais, e,finalmente, a hora da saída.

Saí correndo da igreja, pois não queria perder um segundo sequer com Mathieu.Acabei esbarrando com toda brutalidade em alguém, me virei para tocar em seu ombro e pedir desculpa mas havia apenas um grande blazer masculino de camurça marrom claro, que caiu no chão antes de eu tocar, tudo em menos de um segundo.Agachei-me para pegá-lo e dentro tinha um bilhete escrito á mão.

Vista-se pois fará frio.

Olhei á minha volta, todos estavam caminhando focados em seu próprio mundo, ocupados demais para perceber que alguém sumiu sob um blazer, que eu iria vestir.

Enfiei um braço e outro, quando se encaixaram em meus ombros foi como se eu tivesse sido sugada, senti todo meu corpo se retorcer e esfriar, apenas escuridão, fiquei enjoada e minha cabeça parecia estar rodopiando mil vezes.

Foi como se tivessem simplesmente me jogado contra um sofá, onde no qual caí sentada e com muita vontade de vomitar.Um sol forte e alaranjado invadia toda a casa, iluminando-a, devia ter muitas janelas, mas nem pude reparar, a bile estava se aproximando cada vez mais da minha boca.

“Faça-o aqui.” Falou Mathieu empurrando-me um balde roxo com o pé sobre o assoalho de madeira polida.

Apenas puxei o balde para mim e comecei á vomitar.

“Desculpa pela viagem, mas há muita gente de olho em você.Por que o Sero toma conta de você?” perguntou.

Limpei minha boca na manga sem perceber e fiz uma careta encolhendo os ombros para Mathieu como um pedido de desculpas.Ele riu e pegou o balde, mostrou-me com meu vômito dentro.

“Agora você vê.” Ele passou a mão por cima do balde, como se estivesse imitando um mágico de circo, depois mostrou-me novamente, vazio e limpo “Agora não vê mais.”

Ri e bati palmas, ele curvou-se fazendo uma breve reverencia e murmurando obrigado.Agradeci silenciosamente por ele ter esquecido sua pergunta anterior.

“Para onde foi?” perguntei e em seguida ouvi o barulho da descarga sendo dada ao longe. Ri “Bravo! Agora me responde uma coisa, porque aqui está fazendo tanto sol se na França esta frio?”

“Porque não estamos na França.” Disse casualmente.

“Onde estamos?”tentei não parecer desesperada.

“Acho que no Hawai.” Ele apontou para uma janela atrás de mim e era possível ver o mar extremamente azul e areia branca, só não tanto quanto a neve.Sorri maravilhada.

Ele puxou uma cadeira para próximo de mim o que voltou minha atenção para ele, o avaliei, usava uma blusa azul de mangas até os bíceps torneados, jeans escuros e estava descalço, sentou-se á minha frente e ficou avaliando-me com seus olhos cinza.

“O que sabe até agora?” perguntou-me

“São filhos de Ixbalanqué, só não sei de onde surgiu o nome Sol a partir disso.” Revirei os olhos “São mais antigos que as filhas de Luna,eram muitos, incontáveis antes da idade média, pois cada criança que nascesse no nascer do sol, viraria um mago.Merlim foi a primeira criança a nascer, então fora O Abençoado, cresceu rápido, tornando-se curioso com a mesma velocidade, estudando, buscando, tudo para logo poder ensinar.Houve um atentado no castelo de vocês, na Grã-Bretanha, matando todos.Segundo o livro.” Ergui uma sobrancelha e ele ficou avaliando-me perdido nos próprios pensamentos por um tempo, pigarreei e ele acenou com a cabeça para que eu prosseguisse “Um atentado feito por demônios.Daí acabou-se magos e fim!”

“Com o que trabalhávamos?” perguntou apoiando o queixo na mão, com o cotovelo do braço apoiado na perna.

“Com tudo, eram alquimistas, cientistas principalmente, buscando o início de tudo.” Mordi o canto da boca “Leonardo da Vinci era mago?”

“Não, mas foi um bom aprendiz.” Ele deu uma piscadela e eu sorri por algum motivo desconhecido, talvez animação.Eu seria foda assim também?

“E acho que só.” Bufei.

“Então hoje vamos começar com teorias, como, por exemplo, como curar seres vivos, como fazê-lo.” Levantou-se “Primeiro vamos fazer uma meditação para poder inibir qualquer sentimento.” Falou caminhando para dentro da casa, era toda de madeira com muitas quinquilharias pelas paredes, quadros, objetos inanimados de tudo que era cultura.Havia muitas plantas também, não via a hora de conhecer todo o resto da casa.

“Vamos fazer Yoga ou algo do tipo?” perguntei

Ele voltou com uma garrafa na mão e sorriu forçadamente.

“Não, vamos nos embebedar, afinal, que melhor jeito de esquecer o que sentimos senão estando bêbados?” perguntou

“É, comigo isso não acontece.”

“Então você já ficou bêbada?” perguntou-me com uma carranca.

“Já.” Murmurei, por que eu estava envergonhada em assumir aquilo para ele?

“Pois não devia.” Ficou sério.Ele ia me dar uma bronca?

“Você não ia fazê-lo agora?”

“Não, isso é água, só fiz isso para saber se já havia ficado bêbada.”
“Do que isso importa?” perguntei estressada

“Muita coisa. Não se embebede mais.Agora sente-se no chão e comece a relaxar, respirar fundo, tente limpar sua mente e pelo amor de Ix, tire esse blazer.Como não derreteu?”

Ri e fiz o que havia pedido, .Mathieu seria um bom professor, bom, era o que eu esperava.