Miranda continuou segurando a mão de Andy, enquanto o seu choro aumentava gradativamente. Andy delicadamente retirou a sua mão e a colocou na cintura de Miranda, ao ver que a mulher mais velha não se afastou, Andy passou os braços pela cintura de Miranda, a envolvendo em um abraço reconfortante.

Miranda precisou de um momento para compreender o que estava acontecendo, e foi ai que ela percebeu que ela gostava daquela sensação, da sensação de ter os braços da menina em volta do seu corpo. Miranda relaxou nos braços de Andy. ‘É melhor do que eu pensei que seria! Não que eu tenha passado muito tempo pensando em como seria o abraço da minha assistente, é claro que não, isso seria ridículo.’ Miranda se via travando um batalha contra a sua própria razão. Miranda não conseguia encontrar nenhum motivo racional para perder o controle dessa maneira quando está próxima de Andy. Miranda Priestly não sai por ai abraçando pessoas, muito menos as suas assistentes, Miranda Priestly não chora na frente de suas assistentes, não chora na frente de ninguém, mas, se ela fosse por esse caminho, ela veria que existem muitas outras coisas que ela nunca permitiu, mas que quando foi Andrea quem estava fazendo ela não via nenhum mal. ‘É tudo culpa dela! Dessa menina que eu resolvi contratar como assistente. Por que eu fiz isso afinal? É culpa dela, e desse sorriso lido que ela tem, e esse perfume inebriante, esse cabelo macio que cai sobre os seus ombros, aquele sorriso, o olhar sonhador, encantador... E o sorriso dela, ela sempre me recebe com esse sorriso, mesmo eu nunca retribuindo. Ela tem esse jeito gentil, carinhoso e amável de ser, sempre buscando ver o melhor das pessoas e eu já falei do seu sorriso? Ahhhhhh! Eu estou realmente perdida!’ Depois de alguns debates internos, Miranda chegou à conclusão de que talvez fosse melhor deixar os debates para um momento mais oportuno. Ela colocou os braços envolta do pescoço da Andy, retribuindo o abraço.

Elas ficaram assim por alguns minutos, Miranda ficou esperando que Andrea saísse do abraço, mas ela notou Andy apoiar o queixo em seu ombro e abraça-la mais forte.

Andy descobriu que gostava de abraçar Miranda, ela não queria que esse momento acabasse, sabe-se lá quando Miranda iria estar respectiva a ser abraçada por Andy de novo. Andy gostaria que fosse em circunstancias mais felizes.

— O que estamos fazendo? Miranda perguntou, em um tom que não deixava nenhuma dúvida sobre o que exatamente ela estava perguntando.

— É só um abraço. Andy tentou manter simples, como se não fosse nada de mais, mas ela sabia que não era verdade.

Poderia significar um monte de coisas, e ao mesmo tempo poderia não ser nada, e Andy sabia disso. No momento Andy estava com medo de que Miranda fosse expulsa-la caso ela tentasse colocar em palavras toda a complexidade dos seus sentimentos. Sentimentos que nem ela entendia totalmente. Nos últimos meses estar com a Miranda parecia ser a coisa mais certa do mundo. Não que isso fosse errado, talvez fosse apenas complicado. Andy sabia que valia a pena, mas saber disso não lhe dava a coragem necessária para poder contar isso a Miranda.

— Eu sei. Miranda disse.

Andy tentou sair do abraço, mas foi impedida por Miranda, que a segurou mais forte.

— Eu quase não contratei você. Miranda sussurrou.

— Eu estou muito feliz que você tenha me contratado. Andy respondeu.

— Eu também. Miranda falou enquanto libertava Andrea do abraço.

As duas ficaram se olhando por alguns minutos, como se estivem desafiando uma a outra para ver quem iria falar primeiro.

— Você se lembra, no início, quando não conseguia falar uma frase inteira pra mim sem gaguejar? Miranda falou, desviando o olhar.

— Sim. Andy respondeu rindo.

Andy ficou esperando que Miranda concluísse o pensamento, mas ela não fez.

— Por quê? Andy perguntou sorrindo.

Miranda voltou a olhar para Andy, com um quase sorriso nos lábios.

— Não há nenhuma razão para ser destacada, apenas me lembrei dessa época. Miranda respondeu, tentando não sorrir.

— Certo. Andy falou, sem entender muita coisa.

— Você tinha medo de mim? Miranda perguntou seria.

— Talvez. Um pouquinho, no início. Andy falou um pouco envergonhada.

Miranda sorriu.

— Você pode ser bastante intimidadora quando quer. Andy disse na defensiva.

— Eu sei. Miranda continuava sorrindo.

— Eu sei que você perdoou muitos deslizes meus. Emily costumava me lembrar disso a cada meia hora. Por que fez isso? Andy perguntou apreensiva.

— Eu exigi mais de você, do que de qualquer outra assistente que eu já tive. Miranda disse normalmente.

— Por quê?

— Porque você é muito mais capaz do que qualquer outra assistente que eu já tive. Miranda respondeu calmamente.