Andy estava esperando por Miranda, ela continuava sentada, praticamente imóvel, ela sabia que havia coisas mais úteis para ela estar fazendo agora ao invés de estar ali sentada, ela poderia ir checar a Miranda, pegar uma toalha, roupas, um kit de primeiros socorros...

— Andrea? Miranda chamou.

Andy correu até o banheiro, parando na porta, que nunca havia sido fechada. De onde ela estava Andy não conseguia ter uma visão completa de Miranda.

— Miranda? O que aconteceu? Você está bem? A preocupação era evidente.

— Um conjunto de perguntas bastante complexo para o momento, você não concorda Andrea? Miranda disse, em seu tom habitual, enquanto delicadamente se virava na banheira para poder olhar para Andrea.

— Miranda? Andy chamou, sem saber exatamente por que Mirada a havia chamado.

Mirada se virou novamente, voltando a ficar de costas para Andy, que permaneceu na porta.

— Eu vejo que você ficou Andrea. Miranda comentou como se isso não significasse absolutamente nada para ela.

— Eu disse que ficaria. Andy se apressou a dizer.

— As pessoas dizem muitas coisas. Miranda falou, depois de alguns minutos.

Andy não sabia o que dizer agora, ou interpretar exatamente o que Miranda queria dizer com aquilo. Depois de alguns minutos o silêncio começou a ficar desconfortável.

—Miranda..

—Andrea.. As duas disseram ao mesmo tempo.

— Você primeiro. Andy ofereceu.

O tempo foi passando e nada da Miranda começar a falar. Andy começou a ficar ansiosa, a demora não estava ajudando. Miranda parecia estar se preparando, como se fosse muito difícil falar o que ela pretendia dizer agora.

Miranda respirou fundo.

— Não me deixe. Miranda disse, não foi mais do que um sussurro.

Isso foi uma surpresa. Melhor, isso foi um choque. Andy realmente não esperava por isso, nem por nada do tipo, mas ouvir aquelas palavras causou emoções diversas.

— Eu não vou. Andy afirmou.

— Todo mundo sempre diz isso. Miranda disse, seguido por um triste sorriso.

— Eu não sou todo mundo! Isso em sua voz era tristeza? Andy estava triste com as palavras que Miranda havia proferido? Foi o que a Miranda pensou, mas rapidamente se esforçou para afastar esse pensamento.

E o silêncio voltou a reinar.

Talvez a vida fosse mais fácil se uma pudesse ler os pensamentos da outra agora. Andy não gostava que Miranda duvidasse dela. Miranda não gostava de não saber por que Andy estava ali e nenhuma das duas perguntava o que realmente queria saber.

— Miranda... Andrea começou, um pouco apreensiva.

— Sim Andrea? Miranda chamou depois de um momento de silêncio, ela queria que Andrea continuasse o que começou.

— Eu... Humm, bem... Miranda, eu... Eu... Ninguém podia dizer que Andy não estava tentando.

— Andrea, elabore. Miranda estava impaciente.

— Existem muitas coisas que eu gostaria de dizer a você agora Miranda. Mas eu não sei como. O final não passou de um sussurro.

— Eu vejo. Miranda disse, casualmente.

E mais silêncio.

Miranda estava consciente de que Andy ainda estava na porta.

Andy ainda não tinha certeza do por que Miranda a havia chamado.

Miranda não fez nenhum movimento para sair da banheira. Nem Andy para sair do banheiro, tecnicamente, da porta do banheiro. Na verdade, ela decidiu entrar. Andy pegou uma toalha, colocou no chão, ao lado da banheira e se sentou, encostando-se a banheira.

— O que você está fazendo? Perguntou Miranda.

— Sentando. Explicou Andrea, como se fosse à coisa mais normal no mundo.

— Interessante escolha de local Andrea. Miranda disse, enquanto colocou uma das mãos na borda da banheira.

Andy não respondeu.

Os próximos minutos foram de um silêncio confortável, por mais incrível que isso pudesse parecer. Andy apenas queria estar ali para Miranda, que mesmo não admitindo, estava feliz com isso.

Miranda não sabia como lidar com Andy, a menina sempre foi diferente aos seus olhos, ela era... especial, e nos últimos meses, haviam esses novos sentimento que Andy vinha despertando em Miranda.

Miranda estava com medo, o fato de Andrea ter o poder de machuca-la, a deixava com medo, ela havia passado sua vida tentando controlar as suas emoções e estar no comando de tudo, e por um tempo, ela havia conseguido, mas então, em um dia qualquer, sem avisar, Andrea apareceu, e desestabilizou tudo.

— Andrea? Miranda chamou.

— Sim Miranda. Andy respondeu.

— O que você está fazendo? Miranda perguntou.

—Eu estou aqui, com você. Eu quero ajudar você... Cuidar de você...

— Eu não preciso que ninguém cuide de mim! Miranda não deixou Andy terminar.

— Todo mundo precisa... Andy sussurrou.

Miranda suspirou.

— O que você estava pensando Andrea? Miranda perguntou, no seu famoso, tom gélido.

— Eu não sei. Eu só queria que ele parasse de machucar você. Andy respondeu, calmamente.

— Ele poderia ter machucado você também. Miranda falou tão baixo, que Andy teve que se esforçar para conseguir ouvir.

— Talvez se eu tivesse intervindo assim que entrei na casa, ele não teria machucando tanto você. Andy parecia envergonhada. Miranda notou.

— Eu vou sobreviver Andrea. Miranda falou, suavemente.

Andy se virou, para poder olhar pra Miranda. Foi quando Andy notou que doía olhar para Miranda naquele estado, com todos aqueles hematomas, cortes, mas pálida que o normal, seus olhos não tinha a habitual força, eles tinham, dor e vergonha. Andy desviou o olhar, e segurou as lágrimas que ameaçavam cair.

— Me desculpe Miranda. Eu sei que eu deveria ter ido embora, fingido não ter ouvido nada, eu sei que era isso que você esperava de uma assistente, mas eu não sou assim, eu simplesmente não podia. Andy explicou, enquanto olhava fixamente para a parede a sua frente, mas ela podia sentir Miranda a olhando.

— Bem... Obrigada, Andrea. Miranda falou em tom tão suave que até ela ficou um pouco surpresa.

— O que?! Andy disse, se virando novamente.

— Eu disse, obrigada, Andrea. Miranda repetiu, pacientemente e com um pequeno sorriso nos lábios.

— Humm... De nada. Seu tom não escondia a sua surpresa, o que fez Miranda rir.

Andy não sabia o que a surpreendia mais, toda aquela situação, Miranda ainda não ter arrancado a sua cabeça, Miranda agradecendo, Miranda rindo (?).

Miranda levou a mão que estava na borda da banheira mais a frente, o que fez com que a ponta dos seus dedos tocasse o pescoço de Andrea.

Andy sentiu um arrepio, que varreu todo o seu corpo. Andy disse a si mesma que foi apenas porque a mão da Miranda estava úmida. Mas, mesmo que inconscientemente, aquilo fez Andy sorrir.

De onde ela estava Miranda pode ver as feições serias de Andrea se transformar em um de seus belos sorriso, o que fez com que ela sorrisse também.