A esperança tomou conta de Andrea. Ela se sentia boba, afinal não tinha acontecido nada demais, mas nada poderia impedir Andy de sentir a alegria percorrer o seu corpo, enquanto ela se jogava na cama.

O último pensamento de Andy antes de dormir, foi Miranda, em pé no correndo, olhando para ela, descalça, com o cabelo levemente bagunçado, sem maquiagem, com um sorriso tímido no rosto. Com certeza essa era uma imagem que Andy guardaria em suas memórias para sempre.

Andy começou a despertar quando sentiu alguém sentar-se ao seu lado na cama, mas ela não estava acordada o suficiente para se importa com isso. Alguns minutos se passaram, e então Andy abriu os olhos, despertando completamente, se dando conta do que estava acontecendo. Nos segundos seguintes era como se Andy não conseguisse se mover, ela sabia que a única pessoa que poderia estar ali era Miranda, mas isso não ajudava em muita coisa. ‘Talvez ela precise de alguma coisa? Por que mais ela teria vindo até aqui?’ Com esse pensamento, Andy vagarosamente se virou até estar de frente para Miranda. Andy encontrou Miranda sentada ao seu lado, encostada na cabeceira da cama, olhando para ela. ‘Seus olhos...?! Estão vermelhos... como se ela tivesse chorado...’

— Oi. Andy disse em um sussurro, com um breve sorriso passando por seus lábios.

— Oi. Miranda respondeu no mesmo tom.

— Tudo bem? Andy perguntou.

A resposta de Miranda se resumiu a um leve aceno positivo com a cabeça.

— Acordei você. Eu não deveria ter vindo aqui. Miranda disse em um tom sério, mas para si mesma, do que para Andy.

— Tudo bem, Miranda...

— Não, não está tudo bem. Miranda cortou Andy com o seu famoso tom gélido.

— O que aconteceu? Andy pediu pacientemente.

— Nada. Miranda respondeu sem dar muita importância à pergunta.

Andy levantou a cabeça, olhou para Miranda, como quem perguntava, ‘Tá, você realmente espera que eu acredite nisso?’

Miranda suspirou.

— Eu tive um pesadelo. Miranda contou, olhando para a parede a sua frente.

— Sério? Andy perguntou, antes que pudesse se conter, com uma descrença óbvia em sua voz e um sorriso quase se formando em seu rosto.

— Isso foi um erro, eu já estou indo. Miranda disse já se levantando. ‘Ela está rindo de mim?!’

— Miranda, não. Espere! Espere... O final não passou de sussurro, enquanto Andy segurava o braço de Miranda.

Miranda olhou para a menina por alguns segundos, e depois voltou para a sua posição anterior.

— Com o que você sonhou? Andy quebrou o silêncio que havia se estalado entre as duas.

— Com coisas desagradáveis. Miranda respondeu impaciente.

— E você não conseguiu voltar a dormir? Andy perguntou, tentando manter o diálogo.

— É óbvio. Miranda parecia cada vez mais impaciente.

— É... Andy estava à procura de algo para dizer. ‘Isso não está indo muito bem. Ela veio até aqui, isso significa que ela quer estar aqui, certo? Bom, ela é Miranda Priestly, então , quem sabe?...’

— Você quer ficar aqui? Andy tentou calmamente.

Miranda a olhou como se Andy tivesse falando um grande absurdo, depois voltou a olhar para a parede, e deu um rápido aceno positivo com a cabeça.

— Você quer conversa...

— Não! Miranda respondeu enfaticamente, antes mesmo de Andy concluir a pergunta.

‘Por que não? Talvez ajudasse, se você me contasse o que aconteceu, talvez eu pudesse fazer alguma coisa, se você me contasse como está se sentindo, talvez eu pudesse ajudar. Se você parasse de se esconder atrás das suas paredes de gelo, eu poderia ajudar, eu poderia, finalmente, chegar mais perto, e cuidar de você, e estar com você, estar de verdade, e amar você... Eu... Eu nunca deixaria você... Eu não acho que eu seria capaz, eu... Eu sinto, como se no dia em que você deixar a minha vida, você vai levar a minha melhor parte com você...’ Andy poderia até ter um ótimo discurso, mas lhe faltava coragem, mas já era uma avanço, Andy já conseguiu admitir, nem que você apenas para sim mesma, o que ela realmente queria.

— O que você quer fazer? Andy pediu educadamente.

Miranda tirou um minuto para pensar a respeito.

— Dormir. Miranda falou incerta.

— Certo... Andy sussurrou.

Andy deitou-se, enquanto Miranda fazia o mesmo, evitando o contato visual ao máximo. Andy permaneceu olhando para Miranda, que olhava para o tento com um interesse genuíno. Alguns minutos desconfortáveis depois, Miranda, sem aviso prévio, virou-se para Andy. Pelos minutos seguintes, elas ficaram em silêncio, apenas se olhavam.

— Parece que você quer dizer alguma coisa. Miranda afirmou.

— Mas você disse que não queria conversar. Andy falou timidamente.

Miranda respirou fundo.

— O que eu vou fazer com você Andrea? Miranda perguntou revirando os olhos.

Andy teve a graça de corar, e sorrir, bem mais maliciosamente do que deveria. Não foi difícil para Miranda presumir o que Andy estava pensando.

— Eu poderia ser sua mãe. Miranda falou desviando o olhar.

— Mas você não é. Andy disse como se esse fosse o melhor argumento do universo.

— Eu sou sua chefe. Miranda disse ainda sem olhar para Andy.

— Não é exatamente contra a lei, sabe?!.

— Eu sou uma mulher. Miranda continuou como se nem tivesse ouvindo o que Andy havia dito.

Andy apenas olhou para Miranda. ‘Sim, eu sei, é sério que é esse o problema?’

— Eu nunca estive com uma mulher antes. Miranda terminou.

Andy ainda não sabia o que dizer, mas pelo menos agora a conversa estava fazendo mais sentido.

— Você acha que eu sou... muito careta, por isso? Miranda perguntou insegura.

Existiam muitas formas de responder a essa pergunta, mas como Andy iria adivinhar o que Miranda queria ouvir?

— Ou, talvez, apenas hetero. Andy falou odiando cada palavra.

Miranda olhou para Andy, como se quisesse uma confirmação de que Andy realmente havia dito aquilo, ali, naquele exato momento.

— Eu gosto de você. Andy falou baixinho, quase como se não quisesse que Miranda ouvisse, como se o fato de ela ter dito em voz alta o fizesse real, e então ela já não teria mais como voltar atrás.

— Você “Gosta”? Miranda questionou.

— Sim...

— “Gosta”? O que nós somos Andrea? Adolescentes? Miranda falou levantando a voz.

— Idade é só um número. Andy disse na defensiva.

— Deve ser fácil dizer isso quando se tem vinte anos. Miranda falou objetivamente.

— Vinte e cinco. Andy respondeu agitada.

— Huum. Miranda não estava nada feliz com aquela situação.

‘”humm” e o que diabos isso significa?’ Os próximos minutos foram de silêncio, mas em nenhum momento Miranda fez algum movimento para sair dali, Andy escolheu acreditar que isso era uma coisa boa. ‘O que eu faço agora? Eu preciso fazer alguma coisa. Vamos Andy... Vamos...’

— Miranda? Andy chamou, e esperou que a mulher mais velha olhasse para ela.

— Você tem mais alguma objeção? Andy perguntou séria.

Andy deu tempo para que Miranda respondesse, mas quando ficou claro que Miranda não o faria, Andy se aproximou de Miranda, seus narizes estavam praticamente se tocando, ela podia sentir as suas respirações se misturarem. Andy olhava para Miranda, praticamente pedindo permissão. Andy esperou, como se estivesse dando tempo a Miranda, caso ela quisesse recuar, mas ela não o fez. Andy olhou para os lábios de Miranda, então depois de um segundo, ela se inclinou, e beijou Miranda.