Procura-se um garotinho ruivo escrita por Kalena Danvers


Capítulo 8
Capitulo 8




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Esse homem não parecia ser muito mais novo do que eu. Era bem alto, claramente frequentava uma academia e era aterrorizante. Sua cabeça não tinha um único fio de cabelo ou pelo visível, e seu corpo era espalhados vários tipos de modificações. Seus dentes eram afiados e pontiagudos que lembravam uma serra. Havia tatuagens dos pés a cabeça, com uma em especial que lembrava guelras em seu pescoço e lentes de contato que cobriam o globo ocular inteiro de preto, bem, imaginava ser lentes de contato.

Ele mostrou um sorriso enorme, grande demais para qualquer tipo de rosto e deu um longo “OI”. Pus-me a frente da Dory e ao olhar para trás vi que o comerciante havia sumido. Ele andou até mim e jogou um dos seus enormes braços por cima de meus ombros fazendo um peso absurdo por cima dos mesmos. Eu era ridiculamente pequeno perto daquele cara.

—O que um casal de pombinhos estão fazendo aqui tão tarde da noite?

—Nó...nós? Nada! Nada mesmo! –Digo, me segurando ao máximo em não sair correndo e deixar minha companheira pra trás.

—Que legal. –Ele voltou a dizer, com entusiasmo na voz. -Uns amigos e eu vamos dar uma festa. Será bem bacana!

—Seria legal! –Disse a Dory, claramente tranquila quanto aquela situação, ao contrario de mim. Via ameaça em qualquer movimento daquela pessoa, por menor que seja.

—Ach...acho que deveríamos ir. Pr...precisamos fazer...uma...coisa!

—Como assim? –O cara voltou a dizer. –Será bem legal, e uma ocasião muito importante para nós. Afinal, a noite é uma criança e nada é importante o bastante que não possa deixar para amanhã de manhã.

Ele nos guiou rua a dentro, e um milhão de pensamentos me vinha a mente. O que ele fara conosco? Imagina tudo de pior; sequestro, roubo, só citando os mais sutis que pensei. Entramos em umas ruas mal iluminadas e com asfalto e casas mal cuidas, sem contar aquelas que estavam abandonadas.

Eu sentia cada milímetro do meu corpo tremendo e encharcado de adrenalina, estava pronto para correr assim que tiver oportunidade. Chegamos em uma rua com vários buracos no asfalto, com 40cm de distancia um do outro e fomos orientados a tomar cuidado em não pisar em nenhum deles.

—O que aconteceu nesse lugar? –Perguntou Dory.

—Por incrível que pareça, aqui já foi um lugar bem carinhoso. Mas um caras, que não eram muito legais, começaram a fazer coisas erradas por aqui. Então precisávamos tomar conta disso. Se der um passo errado aqui: CABOOM!

Minas! Era só o que me faltava. O dia não podia piorar, sei que era errado pensar em uma coisa dessa mas era impossível ir de pior para muito pior. Mas, até mesmo o fundo do poço tem porão, então tinha que me preparar para o pior. O que me tranquilizava, em partes, era que minha nova companheira não estava ciente de perigo algum. Parecia que ela havia tido só mais um dia comum de corrida e que logo, logo iria para casa.

Chagamos a um prédio verde desbotado, com as siglas “AA” cobertas com uma fina camada de tinta de um verde distinto do restante do prédio. Talvez aquela seja uma reunião e não uma festa, e mal conseguia imaginar esse mesmo homem alcoolizado. Entramos e o lugar tinha um semicírculo de cadeira de plástico com outra cadeira posta à frente das restantes, e, apesar de ser lugar claramente velho e com pouca manutenção, estava organizado e com o piso limpo. Mais ao canto tinha uma mesa com água e um café duvidoso.

Ele pediu para que sentássemos e puxei minha cadeira para que ficasse o mais perto possível da Dory. Outros dois homens, menores que o cara, que agora sei que seu nome é Bruce, mas igualmente ameaçadores chegaram anunciando sua alegria em estar naquele lugar. Logo atrás de um deles, talvez seu acompanhante, se encontrava um garoto assustado que assim que todos se distraíram, fugiu. Sortudo.

Bruce disse para que todos se sentasse para que a reunião tivesse inicio.

—Então, como todos já sabem, hoje iriamos comemorar trazendo um amigo sóbrio. Todos trouxeram?

Aquele que veio acompanhado disse olhando ao redor da sala que havia trazido um, mas que o mesmo não estava mais ali e o outro, um pouco constrangido, disse que seu amigo teve uma recaída a caminho da reunião. Bruce se ofereceu para ser o primeiro a compartilhar com o grupo.

—Oi, meu nome é Bruce e estou sóbrio há três meses. Juro, caso contrario tacam café quente em meu colo.

Seus amigos aplaudiram e pareciam admirar aquele cara. Não entendia a real finalidade do grupo, nem se quer havia alguém para servir de exemplo ou dar conselhos para quem precisava. Eles eram independentes. Outro admitiu ter tido uma recaída recentemente e em uníssono disseram que estavam ali com ele e que ele conseguiria passar por essa.

Como forma de nos receber, eles admitiram por que estavam ali e como todo começou. Um foi por causa do desemprego, outro com o termino da namorada e Bruce admitiu, entre vários outros problemas, ter tido problemas de relações com o pai.

Isso mexeu comigo de um modo estranho. Por um segundo não imaginei eles como marginais que estavam prontos para fazer qualquer maldade comigo, mas pessoas como eu e com problemas reais. Eles sofriam de modos diferentes, mas todos tinham algo em comum: encontrava consolo numa garrafa marrom.

Dory se abriu com o grupo e disse nunca ter bebido, e eles insistiram para que eu me abrisse. Admito beber uma garrafa ou outra quando estou acompanhado de um grande numero de pessoas e em ocasiões importantes, o que isso significava que era uma vez a cada século. E mesmo a morte da minha esposa e mesmo agora, nunca cogitei a ideia de enfiar meus problemas no álcool.

Disse que não tinha por que me abrir, mas assim que consegui olhar direito para uma parede num ponto cego da sala, aquilo fez com que eu deixasse escapar o nome do meu filho sem querer. Mesmo que ninguém tenha intendido, havia ali uma coisa que fazia sentido.

Um desenho de um barco e um mapa com os desenhos dos ventos e varias rotas desenhadas em caneta vermelha. Não era exatamente um desenho, mas sim uma foto meio gasta de um barco branco, o mesmo que havia levado meu filho de mim.


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