What Ive Been Looking For escrita por MyWeepingAngel, ingrid pevensie


Capítulo 28
Capítulo 21: O Acordar


Notas iniciais do capítulo

Tá, eu sei q tem muita gente Brasil afora querendo me matar. Mas eu vou terminar essa fic, ao contrário do q muitos pensam...
Eu sei q tá demorando, mas eu tive q reformular a fic toda, por isso demorou, combinado com meus compromissos de estudante do segundo ano.
Com esse cap agora a fic toda um rumo totalmente diferente e q talvez precise de uma continuação, não sei.
Enfim, pra evitar sofrimento não vou ficar prometendo portar logo, vou postar quando der, ok?
Só peço q não me abandonem...
E quanto a musica, é uma das q eu mais e amo, e, como eu escrevi o cap, escutando ela, achoq é perfeita pro propósito.
WHATEVER... ENJOY!



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A primeira coisa de que tive consciência quando abri meus olhos naquele fim de tarde foi, bem, de tudo. Meus olhos não arderam em resposta à claridade fina que entrava pelas cortinas. Na verdade, eu podia ver cada fenda entre as pedras que compunham o teto. Uma queimação irritante e crescente pulsava em minha garganta.

Tinha extrema consciência das duas figuras paradas ao lado da minha cama. Mas não me prendi a isso durante muito tempo. Eu queria explorar mais. Queria testar meus novos sentidos ao máximo. Apurando mais minha visão e meus ouvidos, e virando a cabeça de lado, pude ver com nitidez uma revoada de pássaros a quilômetros no horizonte. Podia ouvir com a mesma nitidez o seu canto, assim como eu podia ouvir o leve ressoar do vento que fazia as cortinas tremular. Meus olhos arregalaram-se maravilhados e um ofegar escapou de meus lábios.

Não tinha dúvidas de que se fosse humana não poderia ouvir nada disso. Só agora tinha ideia do quão distorcidos e débeis eram os meus antigos sentidos. Alguém ao meu lado pigarreou, me tirando do transe que eu me encontrava. Mas até mesmo esse simples gesto era novo para mim. Porque mesmo suficientemente baixo, era como se ele fosse emitido por mil auto-falantes, me fazendo ter a certeza de que poderia ouvi-lo a um estádio de futebol de distância.

Então, virei meu rosto em resposta ao som. Mas essa ação foi estranha e totalmente incrível: porque milésimos de segundo depois de pensar que queria virar o rosto, e sem deixar de ver cada fenda de pedra das paredes numa espécie de câmera lenta em HD, lá estava eu encarando uma das figuras de que tinha me dado conta antes. E a mais bonita também: com essa nova visão eu podia ver cada mínima imperfeição nas paredes e no guarda-roupa de madeira nobre, mas podia ver a perfeição com que cada centímetro do rosto dela era disposto numa face de anjo. Num tempo longo de dois segundos, dei-me conta de que o anjo loiro era Jane. Ela era bem mais bonita do que havia me dado conta.

Sem nem registrar direito esse pensamento, que durou nada menos que meio segundo, pude perceber que estava sorrindo, num misto de alívio e felicidade. Jane ofegou e, olhando sugestivamente para o anjo moreno, disse suavemente numa voz melodiosa e cantante, mas com nota audível de orgulho:

-Meu Deus, Alec, ela é linda. - depois voltando seu olhar cintilante pra mim, suspirou- Nós conseguimos...

O riso mais incrível e reconhecível do mundo preencheu meus ouvidos e eu virei meu rosto de modo a olhar melhor o dono daquele som. Eu juro que esperei que meu coração começasse a acelerar assim que vi seu rosto. Mas como meu peito permaneceu inquestionavelmente silencioso, tive de me contentar com o arrepio que percorreu meu corpo e que nada tinha a ver com a temperatura do quarto.

Ele me encarava de volta num sorriso contido, mas que dizia muito, enquanto eu analisava cada milímetro do seu rosto perfeito. Se Jane era linda e totalmente irreconhecível sob a perspectiva da minha nova visão apurada, Alec era isso e muito mais. Jane que me perdoasse, mas o irmão conseguia ser mais bonito do que ela.

E não porque eu estava completamente apaixonada por ele e porque ele fosse homem. Não. Com meus novos sentidos e meu novo cérebro eu conseguia analisar isso de forma totalmente distanciada. Se ela fosse mais bonita que ele eu não teria vergonha em admitir.

Quando ele pousou a mão forte e gentil sobre minha bochecha, acariciando-a, eu me maravilhei com seu toque quente sobre minha pele.

Quente.

Sendo agora uma deles, minha temperatura era igual à dele, logo eu não deveria me surpreender com isso. Mas a questão é que já tão acostumada com seu toque gelado, sua mão quente no meu rosto por um instante pareceu me queimar. E eu descobri um pensamento depois que preferia totalmente esse novo Alec.

Fechei meus olhos enquanto ele depositava um beijo na minha testa. Senti Jane ao nosso lado pigarrear novamente. Acho que chamava a nossa atenção para a sua pessoa. Quando finalmente a olhamos, ela rolou os olhos num gesto totalmente Jane. Um riso estranho escapou por meus lábios e eu comecei:

-Senti fal... - mas parei abruptamente. Queria dizer: Senti falta da sua impaciência. Mas tive de parar porque de repente minha voz não era mais minha voz. Eram os sinos do Vaticano cantando em um coro harmonioso. Levei a mão à boca. Depois tentei de novo:- O que aconteceu com minha voz?

Pude ver Jane sorrir e pôr as mãos na cintura enquanto numa voz meio doce, meio paciente demais, me explicava devagar:

-Bem-vinda ao mundo vampiro, Amanda.

Mas Alec apenas advertiu:

-Paciência, Jane. Como sendo ainda uma recém-criada ela precisa aprender muitas coisas, ou apenas experimentar por conta própria outras.

Até que passos junto ao corredor nos fizeram parar. Exatos cinco passos depois, a porta abriu-se delicadamente e Demetri entrou sem cerimônias:

-Aro mandou-me chamá-los para a audiência. Os anciãos chegarão daqui à meia hora, portanto, apressem-se. Mas como vejo que a humana já acordou, creio que também deva estar presente. - acrescentou com um sorriso azedo.

A ternura e a felicidade que há pouco preenchiam meu peito, deu lugar à fúria e ao ódio em tempo recorde. Minha visão tingiu-se de vermelho e um gosto ácido preencheu minha boca: veneno.

Porque a agora eu entendia que ele tinha ajudado Felix no seu plano para me matar: distrair Renata impedindo-a de ficar de olho em mim e me defender.

Sem nem pensar, meu novo corpo tensionou-se em sua direção num movimento ágil demais para um vampiro comum. Pego de surpresa, mas ainda suficientemente treinado, Demetri repeliu meu ataque um centésimo antes que eu pudesse atingí-lo. Em vez disso, lançou-me a tempo em uma das paredes laterais do quarto, que gemeu em protesto ao golpe.

-É só isso que tem? Vamos lá, até Jane consegue lutar melhor...- provocou, o sorriso de lado, as sobrancelhas erguidas.

-Ei! - disse Jane ofendida. E fazendo menção de enfrentá-lo, ela acrescentou. -Vamos ver quem não consegue lutar aqui...

Mas Alec a impediu, colocando a mão em seu ombro, com claro sorriso de diversão no rosto:

-Não. Vamos ver como Amanda lida com ele. - e virando-se para mim, acentiu uma vez, encorajando-me- Confie nos seus instintos...

Meus instintos? Ah, eles queriam acabar com Demetri. Simples assim. Então me foquei nisso, minha mente juntando ódio e poder que, a princípio, não sabia que possuía.

Levantei-me de súbito, ainda me concentrando naqueles sentimentos. Até o ponto em que eles ebuliram dentro de mim e senti cada célula do meu corpo pulsando e queimando de ódio. O veneno agora inundava minha boca e a sede queimava mais e mais. Eu queria vê-lo acabado. Queria me vingar por ele ter colaborado na minha morte e queria retirar o sorriso detestável da sua boca. Além do mais precisava fazer ele retirar o que disse sobre Jane e redimir Renata.

Assim que meu olhar encontrou-se com o dele novamente, meu sorriso divertido e macabro o intimidou. Desviando meu olhar para Jane, eu a imaginei estraçalhando Demetri. E meus instintos me diziam eu poderia muito bem fazê-lo se quisesse:

-Jane, você fazê-lo retirar o que disse, não é? - disse inocentemente, mas sem deixar o sorriso divertido e ameaçador de lado.

-Claro que eu quero, você sabe disso. - ela olhou-me meio ofendida e meio confusa.

-Só checando... - dei de ombros, despreocupadamente, mas olhando-a fixamente- A propósito, eu quero que o faça...

Neste exato momento, o olhar de Jane modificou-se: olhando-me fixamente e meio vidrada. Acenti uma vez e o seu olhar iluminou-se e o seu sorriso se assemelhou ao meu. E, virando-se para Demetri e retirando a mão de Alec de seu ombro, ela caminhou devagar e numa expressão ameaçadora idêntica a minha. Demetri, confuso com meu gesto, apenas virou-se sem medo para Jane e rindo de escárnio, disse:

-Sabe que os anciãos não vão aceitar isso, não é, Jane? Principalmente vindo de você... - ele ameaçou ainda com o sorriso azedo, mas com os ombros levemente rígidos - E por que não para de agir como capacho dessa humana insignificante?

Jane não parou. Foi a minha vez de rir. Será que ele não entendia?

-Ah, não acho que Jane esteja no controle agora. Além do mais, ela não vai te ouvir, quem manda agora sou eu... E, só pra constar - sussurrei para ele-, estou pouco me lixando pros anciãos.

No segundo seguinte, ele contorcia-se e debatia-se no chão sobre a supervisão do olhar beatífico de Jane.

Alec adiantou-se, preocupado e transtornado:

-Amanda, o que está fazendo?

-Relaxe, Alec, é só o aquecimento. A festa de verdade começa agora.

Estalos agudos e altos preencheram o quarto à medida que Jane estraçalhava Demetri exatamente da mesma que eu queria. Boa menina...

Cinco segundos depois só o que restavam era pedaços de membros em uma pilha no tapete do quarto.

Renata escolheu esse momento para entrar no quarto e ao ver a cena que se desenrolava ali. Ela hesitou um passo, e seus olhos arregalaram-se:

-O quê...?

No instante em que meu desejo mostrou-se realizado, a fúria que me lavava drenou-se com a mesma rapidez com que tinha surgido e eu cambaleei para trás, não fraca, apenas surpresa com minha variação de humor radical. Me sentia estranha tão vazia de emoções, quando apenas um segundo atrás tinha testemunhado ódio profundo. Era como se alguém que morasse no Saara fosse teletransportado instantaneamente para o Polo Norte. Confuso e extremamente chocante.

Demorei cerca de três segundos para me acostumar com aquilo e, endireitando-me arrisquei um olhar para Jane, Alec e Renata. Alec e Renata tinham a mesma expressão: pareciam completamente chocados. Jane parecia mais confusa e assombrada que nunca e tinha o cenho franzido ao olhar de mim para a pilha que antes fora Demetri.

No entanto, Jane foi a primeira a manifestar-se:

-Amanda, garota...,- ela parecia procurar as palavras entendendo o que havia acontecido, enquanto balançava a cabeça vagarosamente, chocada e satisfeita-... você é minha heroína. Há tanto tempo que eu queria fazer isso com ele. Obrigada, de verdade.

E sem dizer mais nada, apenas pegou o corpo de Demetri e fez menção de pular a sacada:

-O que vai fazer com ele?- perguntei, interrompendo-a a tempo.

Ela sorriu uma vez, virando-se e olhou sugestivamente para Alec:

-O mesmo que o Alec fez com o Felix: Demetri vai dar uma viagem rio Tibre abaixo. Assim me certifico de que as cinzas dele não voltem nunca mais.- rosnou irritada enquanto finalmente ia embora.

Mas Alec ainda me encarava até certo ponto orgulhoso, mas principalmente preocupado:

-Amanda, quer explicar o que foi aquilo?

-Eu não sei...- tentei me defender, dando de ombros, confusa- Fiz o que disse, Alec, segui meus instintos. Algo dentro de mim cresceu, como uma outra Amanda só que mais má...Ela me disse exatamente o que fazer, se alimentando do meu ódio por ele. Isso tomou conta de mim por um segundo, eu não queria lutar contra ela, também queria me vingar dele.- levantei meu olhar para ele, envergonhada- Isso faz algum sentido...?

Seu olhar agora era totalmente preocupado, quando ele disse vagarosamente:

-Esse foi o seu monstro interior vindo à tona. Quando nos transformamos ele simplesmente toma o controle e retira qualquer sentimento bom de você. Alguns conseguem controlar isso e vivem normalmente, mas vivem com medo de que ele volte e acabe com o mínimo de humanidade que ainda resta.- ele sorriu sem humor algum- Você é boa, Amanda, então eu pensei que ele não se manisfestaria em você, que isso era só pra quem realmente já estava condenado, mas acho que nem você pôde escapar disso.- e completou- Desculpe...

Renata, ainda confusa, manisfestou-se então:

-Mas por que esse ódio do Demetri, quer dizer, eu sei que você não gostava dele, mas daí matá-lo?- ela perguntou indignada.

Respirei fundo, tentando pensar no que dizer. Então, ela ainda o defenderia:

-Renata, ele te usou ontem. Só quis sair com você para te distrair, porque te tirando de perto de mim eu estaria mais desprotegida e isso faria o trabalho de Felix bem mais fácil.

Quando terminei de falar, ela parecia distante, como se relembrasse de algo. Estava juntando as peças. Por fim, rosnou:

-Aquele desgraçado...

Alec interveio, impaciente:

-Isso não importa agora. Além disso, os anciãos não sabem disso e não vão acreditar em nós; vão direcionar a punição em você, Amanda, por ter destruído um de nós e por ter feito isso sem o consentimento deles. Demetri era um membro importante na guarda.

-Mas era um direito meu, ele ajudou a me matar!- protestei.

-Alec tem razão, Amanda, eles não vão acreditar...- e olhando um pouco assustada na direção de Alec, perguntou- O que vamos fazer? Podemos fugir, agora que Demetri está morto...

-Mas isso aqui é sua vida, Renata. Além do mais, não acho que Aro vá querer perder um escudo tão bom.- retorquiu ele, sorrindo tristemente.

Jane, de volta ao quarto, disse com simplicidade:

-Se eles tentarem punir Amanda e não quiserem nos escutar, lutaremos. Se conseguir fazer aquilo de novo, garota, ainda temos uma chance.- ela disse sorrindo.

-Mas isso aqui é a vida de vocês, gente, não podem jogar isso fora por minha causa...

Alec adiantou-se e pôs as mãos dos dois lados do meu rosto, sorrindo levemente:

-Você é mais importante que os Volturi pra mim agora. E não posso deixar que te punam...

Jane tirou as mãos de Alec de mim e me puxou para um abraço:

-E você é da família agora, além de ser minha melhor amiga. Isso também vale mais do que os Volturi.- seu sorriso se alargou, tornando-se radiante- Amor, Amanda, foi isso que ensinou a nós, quando achávamos que já o tínhamos perdido há muito...

-Acho que vou lutar também.- olhando sugestivamente para Alec, este acentiu.

-Obrigado, significa muito.- ele respondeu.

-É a coisa certa a fazer, eu acho. Os Volturi perderam o controle há muito tempo e não quero mais ser parte disso. E Demetri era a única coisa que ainda me prendia aqui, e agora ele está morto, então...

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Mas as coisas não saíram nem um pouco como o previsto.

Pude perceber isso à medida em que era escoltada por Alec, Jane e Renata pelos sombrios e escuros corredores do castelo Volturi. De vez em quando passávamos pelos outros membros da guarda e o olhar era sempre o mesmo: acusação. E eu não precisava ter um cérebro superdesenvolvido para entender o que aquilo significava. Eles já sabiam sobre Demetri. Estávamos ferrados.

As portas de madeira pesada abriram-se sem dificuldade à nossa volta e só então pude dar uma boa olhada na sala perfeitamente redonda cheia de rostos hostis. Apenas um era diferente. Gianna estava a alguns metros de nós, misturada em meio a guarda, seus olhos carmim cintilando de preocupação, quando meu olhar encontrou o dela. Mas os que mais se destacavam eram dois: os de Aro e Cauis. Aro parecia ao mesmo tempo contidamente chateado e decepcionado. Cauis, por outro lado, ainda mantinha aquele mesmo sorriso azedo e sarcástico, mas com duas notáveis diferenças, era agora desafiador e mais satisfeito que nunca. Ele já entendera o que estava por vir; seríamos condenados por matar Felix e Demetri e nos desafiava a enfrentar os Volturi. Ele sabia que não tínhamos chance e estava satisfeito com isso.

Sugestão de trilha: http://www.youtube.com/watch?v=_mauH_uQZRY

Meu corpo todo se retesou de fúria, quando, assim como acontecera com Demetri, eu percebi a verdade por trás daquele sorriso. Tinha sido ele quem mandara me matar. Seu ódio por mim, ao atingir seu ápice, o fez tomar uma decisão desesperada: me matar no momento em que eu estivera mais desprotegida, sem levantar suspeitas para ele, usando como bodes expiatórios os imbecis Demetri e Felix.

É claro que o tiro tinha sido de mestre. Não importava se Felix conseguisse me matar ou não, eu seria destruída de uma maneira ou de outra, a única diferença é que agora eu seria julgada e hulmilhada na frente de todos e, com alguma sorte, levaria Jane e Alec comigo. Sem falar do fato de ele não se importar que Demetri e Felix fossem mortos. Era até mais vantajoso. Queima de arquivo.

Mas ao mesmo tempo em que percebi tudo aquilo, senti que somente eu entendia. Nem Aro, Alec ou Jane pareciam perceber a hostilidade e o entendimento que emanavam de nossos olhares. Ao contrário, percebi um segundo depois, Aro não direcionaria a culpa a mim, mas sim a Alec e Jane de pé e tensos ao meu lado. Seu olhar indicava bem isso. Renata passou por nós e numa reverência breve postou-se perto dos anciãos. Seu olhar levemente arregalado e alternado entre nós e Aro demostrava numa simples imagem tudo o que eu precisava saber. É, estávamos muito ferrados.

Até que Aro começou:

-Alec, Amanda, Jane. Receio que tenhamos uma decisão difícil a tomar...- falou vagarosamente, seu olhar voando entre nós três. Até que parou entre os gêmeos- Sei que a amam e que querem protegê-la...- seu olhar tornou-se um pouco mais duro e frio quando continuou-, mas daí a destruir Felix e Demetri? Creio que isso seja um pouco inadmissível demais...

Como nenhum dos dois se manifestou, ele continuou:

-É bem verdade que o que eles fizeram foi errado e ainda não sabemos o que os motivou a cometer a tal barbaridade, mas eu lhes asseguro que teria eu mesmo os punido de forma adequada, de acordo com nossas leis milenares. Mas daí a nos trair e fazer justiça com as próprias mãos?- ele sorriu sem humor- Isso não se parece em nada com que costumavam ser, e eu me pergunto se a culpa disso tudo não é minha por dar tanta liberdade aos dois...

Apesar de ele continuar falando eu vagamente podia escutá-lo, de tão frenética que minha mente trabalhava. Se ele acusava Jane e Alec de terem matado Felix e Demetri, provavelmente era porque ainda não tinham conhecimento do que tinha feito com Demetri. Então, lembrei das palavras de Jane:

-"Se conseguir fazer aquilo de novo, garota, ainda temos uma chance."

Era isso. Ainda tínhamos o elemento surpresa. Eu não tinha certeza do quão poderoso era o meu poder, mas tinha que torcer para que fosse o suficiente. Além do mais, tinha ao meu lado as cartas coringa do baralho Volturi; e tinha certeza de que Renata lutaria ao nosso lado. Talvez nem tudo estivesse perdido ainda. Talvez pudéssemos lutar e fugir, e desta vez os Volturi não poderiam nos encontrar, sem Demetri farejando nosso rastro.

Meu cérebro voava formando hipóteses e planos nos segundos preciosos que se passaram, até que eu tinha certeza. Precisávamos tentar, caso contrário morreríamos injustiçados e sem usar uma grama do nosso poder. Impotentes, bem como Caius queria.

Meu olhar voltou ao dele, só que desta vez eu não o encarava assustada ou até mesmo derrotada. Meu sorriso e sua expressão em resposta, confusa e vacilante, mas que durou apenas um momento, demonstraram com eficiência o bastante.

Juntando todo o ódio, todos os motivos que me levaram a chegar ali e todos os que me levariam a cometer tal barbaridade, pude escutar com um prazer interno aquela voz voltando a tomar o controle de mim, me dizendo tudo o que eu precisava fazer. Fechei os olhos por um instante e gargalhei alto. Era tão fácil que chegava a ser prático.

Quando tornei a abrir os olhos, novamente minha visão estava tingida de um carmim intenso. Dei um passo à frente e percebi que todos os rostos estavam voltados para mim, confusos:

-Você não entende, não é, seu velho caduca? Eu matei Demetri, não Jane. E não vou deixar você puni-los por destruirem aquele desgraçado do Felix. Essa farsa acaba agora.- surrurrei.

Virei-me para Jane e Alec, e acenti uma vez, sorrindo. Eles acenaram de volta, as expressões diferentes, mas decididas.

Voltei-me para Aro, que tinha a expressão chocada e o rosto vermelho, numa irritação crescente:

-Como você se atreve, sua pirralha ingrata? É graças a mim que está aqui! Não vou destruir Alec e Jane, é você que eu quero retalhar! E, pensando bem, será uma punição bem mais eficiente!- ele levantou-se de súbito, indignado.

Ri de escárnio:

-Vai ser divertido ver você tentar...

Então, três coisas aconteceram ao mesmo tempo:

Me precipitei sobre ele, ao mesmo tempo em que a guarda avançava furiosa em nossa direção, impedida apenas por quatro vampiros: Jane, Alec, Gianna e Renata. Os outros dois anciãos confusos e desprotegidos hesitaram apenas um segundo, tempo suficiente para que Aro, preso e debatendo-se nos meus braços de recém-criada, sucumbisse à minha vontade.

Quando Marcus e Caius avançaram sobre nós, decidindo que proteger o 'irmão' e lutar era mais importante, lançei Aro sobre eles, não tentando derrubá-los, mas ordenando a ele que pegasse Marcus enquanto eu cuidava pessoalmente de Caius.

Então, os dois começaram a lutar ao nosso lado, enquanto Caius pensando ser mais esperto, abraçou-me por trás, impedindo-me de me mover:

-Acabou garotinha, não tem mais para onde correr, a guarda vai acabar com todos vocês, traidores...

Com essa eu tive que rir:

-Ah, é? Então, pense de novo, mestre...

Ele virou-se de modo a encarar a cena que se desenrolava ao nosso redor: Aro tinha Marcus nos braços e agora decapitava-o com um hábil movimento das mãos; Alec, Jane, Renata e Gianna usavam seus poderes e habilidades de luta (quando algum deles chegava perto demais) com eficiência sobre a guarda confusa, agonizante, em pedaços ou simplesmente 'dormente'. Ela poderia se numerosa, mas não era páreo para os poderes das jóias da coroa e para o escudo potente de Renata. Até Gianna, sendo recém-criada, mas muito bem treinada pelos Volturi, conseguia dilacerar aquilo que vinha em seu caminho.

Aproveitando-me de sua distração, consegui libertar-me se seu aperto, e encurralá-lo em um dos tronos:

-Você não vê? Isso acaba aqui para vocês. Não vou mais permitir que destrua a vida das pessoas e que as manipule de acordo com seus interesses, como fez com Alec, Jane e até comigo! Achou que ia conseguir me matar facilmente e não levaria a culpa. Usou os capachos do Felix e do Demetri para fazer o trabalho sujo. Só que você se esqueçeu de uma coisa bem pequena. Aqui se faz, aqui se paga. E é a sua vez de me pagar...

Seu corpo se chocou com um estrondo em um dos tronos e logo o barulho se misturou aos muitos estalos, gemidos que cortavam a sala.

Até que alguém me toca levemente no ombro e eu tenho vontade de me virar e rosnar para quem quer que esteja me interrompendo. Mas me contenho, porque este alguém é Alec, e só consigo identificá-lo através de seu cheiro, inebriante perto de mim, mas irrelevante naquele momento em que a fúria e o sentimento de vingança me cegam quase que completamente.

Mas ele me toma nos braços e me envolve firme e protetoramente, numa tentativa de me conter. É neste momento que minha visão volta ao normal e uma nossa sensação de vazio me tomam.

-Precisamos ir, quase não restam mais membros da guarda. Esta é a hora, Amanda. Conseguimos...

Meus olhos se voltam novamente para a pilha de partes do corpo de Caius aos meus pés. Meus olhos arregalam-se. Desvenciliando-me de Alec, dou uma boa olhada na chacina que se desenrolara ali. Ainda restavam alguns membros da guarda, e Aro recuperava a consciência a alguns metros de onde eu e Alec estávamos parados. Jane, Gianna e Renata ainda lutavam perto das portas de madeira, completamente abertas, e gritavam para que nos apressássemos. A última coisa que de que me lembro naquele instante é da mão de Alec entrelaçando-se na minha e me guiando porta afora, enquanto ainda podia ouvir o urro ferido e furioso do único ancião sobrevivente: Aro...


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? ^^
Sério gente, é importante pra eu continuar a fic...



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