What Ive Been Looking For escrita por MyWeepingAngel, ingrid pevensie


Capítulo 27
Capítulo 20: Transformação


Notas iniciais do capítulo

Segundo cap. do dia e finalmente a transformação da Amanda...(meio sangrenta, mas é pq eu queria me vingar dela..hehe^^)
Enfim...
ENJOY!!!
Ele é bem importante...
P.S.:E quanto à música, sei q vai ter gente q vai achar meio macabra demais, mas é q eu só consegui pensar nessa música para transmitir o "sentimento" da Amanda na situação... E se não tivesse Evanescence na minha fic, com certeza não seria uma fic de 'vergonha'



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PDV AMANDA

Meus olhos se abriram no dia seguinte incandeados pela claridade do Sol que entrava pelas janelas. Juntamente a isso, meus ouvidos captaram o som de cortinas sendo abertas e o som de passos suaves em minha direção. Apertei os olhos, tentando me acostumar com a claridade e me sentei. Ao mesmo tempo, a figura que havia aberto as cortinas sentou-se ao meu lado na cama e perguntou cautelosamente:

-Amanda, como está se sentindo?- reconheci a voz de Jane imediatamente. - Alec disse que estava muito mal ontem quando veio te ver...

Sorri e abri meus olhos devagar:

-Nada que ele não possa consertar...- então lembrei-me da noite passada e deduzi que ela ainda devia estar preocupada com o que tinha acontecido ontem, pelo modo como a havia tratado- Jane, desculpe ter agido daquela forma ontem. Sei que não deveria ter te tratado mal...

Mas ela apenas levantou a mão, interrompendo-me:

-Não, eu é que devo desculpas. Não devia ter escondido o que aconteceu com o avião, foi egoísmo da minha parte, já que tinha o direito de saber. E sua reação, Amanda, foi totalmente a esperada. Devia saber que precisaria de um tempo pra assimilar tudo.- ela abaixou a mão e tocou a minha de leve- Mas só porque a ideia do acidente foi sua, não quer necessariamente dizer que é sua a responsabilidade do que aconteceu. Você não queria pessoas mortas, mas não poderia prever que isso aconteceria. Se serve de consolo, o plano não deu totalmente errado, então não há porque se preocupar, não seremos ligados a nada.

Então ergueu-se e foi até uma pequena escrivaninha de madeira, pegando ali um pequeno envelope. Voltando-se a mim, disse:

-Sabe, Alec tem razão. Realmente deveria honrar as pessoas que morreram pra você estar aqui procurando ser feliz no caminho que escolheu, em vez de somente lamentar. E por falar nele, acho que queria que eu lhe entregasse isso.

O envelope era branco, simples, sem nada escrito por fora. Quando o abri, um papel dobrado ao meio escorregou em minhas mãos e reconheci a letra dele:

"Amanda,

esperava estar aí quando você acordasse pra que eu mesmo pudesse lhe explicar tudo, mas meu voo acabou partindo antes do esperado. Acho que já sabe o que terei de fazer. Estou voltando ao Brasil durante as investigações do acidente para apoiar sua família como havia prometido e tentar retirar qualquer tipo de suspeita com relação a mim. Não sei quanto tempo terei de ficar longe, mas prometo que voltarei o mais rápido que puder.

Espero que se sinta bem aí durante o tempo que estiver longe,

Alec."

-Você vai ficar aqui?-perguntei esperançosa- Quer dizer, se ainda não foi...

-Não, tenho de acompanhar Alec...- ela sorriu desculpando-se- Fiquei para trás apenas porque os anciãos ainda deixaram algumas tarefas a serem realizadas por mim. Depois me juntarei a Alec imediatamente.- explicou.

Depois sentou-se e pegou minha mão:

-Desculpe... Sei que queria que pelo menos algum de nós ficasse, mas a nossa presença é necessária lá. O tempo passa rápido...-encorajou-me.

***

Como Jane e Alec haviam voltado ao Brasil e Gianna- Jane havia explicado- ficaria fora durante algum tempo, a pessoa que 'cuidava'- por assim dizer- de mim e que, consequentemente, acabou se tornando muito próxima, foi Renata.

Como eram épocas de relativa paz, Renata não era incumbida o tempo todo de ser a 'sombra' de Aro, tanto que ela acabou com a missão de me vigiar e de fornecer aquilo de que eu precisasse. Mas acontece que a sua 'missão' era totalmente desnecessária, uma vez que durante o mês e meio em que Alec teria de ficar fora eu raras vezes saía do quarto e simplesmente não parecia ter forças para nada, contrariando o pedido dele e de Jane pra que eu fosse forte.

E era justamente isso que parecia intrigar Renata. Foi sua curiosidade inicial que a fez aproximar-se de mim e bastou isso para nos tornarmos próximas. A princípio ela não entendia o porquê de tanto teatro para uma simples transformação e - palavras dela- como um vampiro secular, sarcástico e sem emoções como Alec poderia ter se apaixonado por uma garota como eu. No começo, ela não era explícita em sua curiosidade. Apenas entrou no meu quarto, sentou-se na cama fingindo que não estava ali e observou-me no divã com aquela curiosidade angelical que enchia os olhos sagazes. Por fim, quando não aguentei mais seu olhar especulador, pedi a ela que me dissesse o porquê daquele olhar. Ela apenas sorriu delicadamente e explicou-me sua curiosidade.

Claro que ela não entendeu porque o Alec. E, honestamente, nem sei se eu mesmo entendia. Quer dizer, às vezes até para mim parecia meio impossível que eu tivesse me apaixonado por um vampiro. Mas, apesar de ela não entender, eu sentia que ela gostava de minha presença. Acho que ter alguém novo e diferente para conversar fazia bem a ela. E, uma vez que ela parecia disposta a ouvir fazia bem a mim, também. Então passávamos boas horas conversando. Ela me explicava todas as regras Volturi e tudo o que eu deveria saber sobre como ser vampira. E me ouvia também. Contei a ela toda a história sobre como Alec havia me encontrado, todas as minhas preocupações. E ela ouvia atentamente, de vez enquando dando alguns conselhos. Se não fosse por ela, acho que teria enlouquecido de vez ali.

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PDV CAIUS

Estava acontecendo justamente aquilo que eu mais temia. Durante séculos, nós Volturi, tentamos permanecer ocultos para os humanos a fim de manter nosso poder superior longe dessa raça indigna. Mas de uma hora para outra alguns de nossa própria raça começaram a achar que poderíamos viver em harmonia com eles. Que poderíamos manter relações de amor e amizade com eles. Acontece que eles se esqueçem de que os humanos evoluíram tecnologicamente nos últimos séculos ao ponto de se tornarem uma ameaça a nós vampiros. E se esqueçem que, assim como estão fazendo com o planeta, não hesitariam em nos destruir também, não importando quantas 'relações de amor e amizade' houvessem.

E essa garota a meu ver era a figura de nossa desgraça. Ela representava, assim como Bella Cullen, o início dessas relações malssucedidas que nos levariam a ruína. Só que no caso de Bella sua transformação era crucial a nós Volturi por:

Primeiro: Seu poder era infinitamente poderoso e significava uma grande aquisição à guarda Volturi.

E segundo: Com ela como uma Volturi, isso resultaria na ruína de um clã inegavelmente poderoso, mas rebelde em sua totalidade, portanto merecendo ser exterminado a qualquer custo.

Mas falhei no caso da Cullen. Não pude trazê-la para o nosso lado, resultando no aumento do poderio Cullen e no aumento de sua confiança sobre nós, Volturi. O caso da garota era completamente diferente e completamente mais perigoso, porque, em vez de ela contaminar um clã inimigo e diferente do nosso, ela infectava a nós mesmos, como um verme, fazendo-nos pensar que era completamente normal interações interraciais entre vampiros e humanos.

E o que me deixava mais ultrajado é que ela tinha a proteção dos traidores, porém importantes, Alec e Jane. Além disso, Aro a protegia também. Cego como estava pelo poder da humana, que, a meu ver,não era tão interessante assim. Mas não cometeria o mesmo erro duas vezes. Não deixaria essa viva como fiz com a Cullen. Mas seria arriscado e provocaria a cólera dos outros anciãos, e das jóias da nossa coleção.

Por isso decidi contar com um outro membro da guarda que claramente não aceitava a garota e apenas a via como ela merecia ser vista- como uma bolsa de sangue: Felix. Assim que pedi que ele se livrasse da garota, é claro que de um modo cauteloso e que não nos ligasse a ela, ele concordou prontamente, acho que já prevendo qual seria o sabor do sangue da humana.

Para tanto, teria que convencer Aro a mandar a maior parte da guarda a uma missão de vigia ao México, onde recentemente havia uma atividade de exércitos de vampiros. Aro, como sempre estava esperando que eles se tornassem mais problemáticos para que pudéssemos interferir, mas consegui convencê-lo de que o melhor seria cortar o mal pela raiz o quanto antes.

Assim, a maioria da guarda foi mandada ao México nos dias que se seguiram. Apenas Demetri, Felix e, infelizmente, Renata permaneceram no castelo fazendo nossa proteção. Renata era um problema que teria de aprender a contornar, uma vez que ela parecia encantada com a garota como se ela fosse um mico de circo.

Mas, além de Felix, Demetri também estava ao meu lado e poderia facilmente distrair Renata, enquanto Felix livrava-se da humana.

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PDV AMANDA

Havia três semanas que Alec tinha voltado ao Brasil, e embora eu sentisse falta de Jane, Renata parecia compensar bem para mim o papel de companhia. Mas, agora que a maior parte da guarda havia sido mandada para o México a fim de combater um exército vampiro, o castelo havia ficado bem mais solitário, para não dizer sombrio.

E a única coisa que me consolava agora era o fato de que pelo menos Renata ficaria no castelo, incumbida da proteção dos anciãos. Ela justamente me explicava o porquê da partida da guarda no dia anterior quando ambas ouvimos uma suave batida na porta de madeira. Graças a sua superaudição, Renata já sabia quem era, então apenas disse suavemente, sem desviar os olhos para a porta:

-Entre, Demetri.

Com um simples clique a porta abriu-se com facilidade e Demetri deu um passo à frente, mas ainda ficando à porta, enquanto nos fitava sério, acho que analisando a cena que se passava no quarto. Quando nos viu ali, conversando amigavelmente, apenas abriu um pequeno sorriso em deboche, como se uma pequena piada particular o divertisse. Era mínimo, mas estava ali. Não é preciso nem dizer que ainda não simpatizava com o vampiro em questão, por isso meu estômago revirou-se ao imaginar o que aquele sorriso significava. Seu sorriso não murchou mesmo ao olhar fixamente para Renata, que o encarava em uma contida irritação:

-De quê precisa, Demetri?- perguntou impaciente, o cenho franzido.

-Nada...- o sorriso mudou, tornando-se sedutor e petulante, enquanto ele a encarava com um brilho nos olhos- Apenas gostaria de saber se quer ir caçar comigo. Já que Heidi não está aqui, pensei que podia gastar esse tempo livre com você.

Claramente se podia ver que havia algo entre os dois, principalmente pelo modo como Renata retribuiu o convite: devolvendo o sorriso e o olhar faminto que ele a lançava. Então, pareceu lembrar-se de mim e perguntou, finalmente quebrando a forte conexão que seus olhares formavam:

-Se importa se eu for, Amanda? Realmente faz muito tempo que não caço...- como não queria estar envolvida no que quer que 'caçar' significasse, mas ainda confusa e curiosa por saber o que aquele sorriso queria dizer, eu relutei em assentir e tive de observá-la preocupada sair do quarto acompanhada com aquele vampiro de segundas intenções.

Como tinha um tempo livre sozinha, resolvi explorar a enorme estante de livros que havia no quarto de Alec. Já que fazia tempo que não pegava num livro e estava ansiosa por escapar daquela situação por pelo menos algumas horas, revirei a estante tentando encontrar ao menos algum livro que fosse em português, em meio aquela infinidade de publicações.

Estava tão absorta na procura pelo tal livro que a leve batida na porta do quarto me fez sobressaltar. Ansiosa por saber quem estaria me procurando em meio àquele castelo quase vazio, abri a porta só para encontrar um sério e reservado Felix do outro lado. Vi que ele estava sem o grosso manto dos Volturi e que este estava enrolado em suas mãos. Mas apesar de toda aquela massa muscular poder intimidar qualquer um, o que mais me assustou ao vê-lo parado à minha porta, foram seus olhos carmim, que me fitavam com uma mistura sombria e sutil de emoções. A mesma mistura que vi nos olhos de Alec quando quase me matou naquele beco.

Alguma coisa estava muito errada. Meu estômago revirou-se novamente ao registrar esse pensamento. Mas como se para contrariar o que eu já sabia, Felix sorriu de maneira falsamente branda para mim e disse que Aro gostaria de falar comigo e que, por isso, teria de seguí-lo.

http://www.youtube.com/watch?v=uCxNB9ljwAw

Então, estava aqui eu sendo escoltada por corredores e mais corredores por um vampiro desnecessariamente grande, enquanto meu pressentimento de perigo gritava loucamente nos meus ouvidos. Foi com horror que percebi que ele não me guiava em direção ao salão dos anciãos, mas sim na direção oposta- estávamos descendo há cinco minutos lançes e lançes de escadas- em direção aonde deveria ficar os calabouços dos castelos medievais. Eu olhava pros lados tentando encontrar alguma saída que pudesse me tirar dequele lugar, mas só o que eu via agora eram corredores infinitos de pedra.

Mas eu sabia o tempo todo que seria impossível para mim fugir: eu estava a metros e mais metros debaixo de um castelo praticamente vazio, com um vampiro de dois metros observando cada respiração que saía dos meus pulmões. Cruzei os braços para tentar me proteger do frio e do pânico que me tomava.

Então, finalmente, ele parou. Relutante, virei-me na direção em que seu olhar indicava. A alguns passos de mim encontrava-se uma pesada porta de madeira e presa a ela, na altura onde deveria ser minha cabeça, havia uma pequena grade de ferro pesado e que enferrujava em alguns pontos. E logo que a vi já deduzi o que aquilo seria: uma daquelas celas de calabouços, do tipo que só costumamos ver em filmes. Engoli em seco:

-Não acho que Aro queira me ver aqui...- e virei-me casualmente em direção à saída.

Mas ele me interrompeu, pegando em um dos meus braços e me empurrando rudemente para a dentro da cela:

-Apenas entre.- e fechou a pesada porta atrás de mim.

Impossivelmente a temperatura na sala pareceu ser ainda mais baixa do que do lado de fora, como se a temperatura combinasse com o tom sombrio e melancólico da sala. O que, aliás, combinava. Foi apenas quando ele me levou para dentro do lugar que pude ver como era por dentro: de paredes perfeitamente circulares feitas de pedra, o teto baixo e totalmente opressor, aquilo me deu a sensação de sufocamento. Além do mais, no centro havia uma simples maca de alumínio, como aquelas usadas pelo CSI para examinar os corpos- eu não duvidava que se fosse usado luminol naquela maca, ela me revelaria camadas e mais camadas de sangue- e, recostado mais adiante na parede, havia um saco preto daqueles que se esconde corpos e uma garrafa do que eu reconheci como sendo água sanitária.

Naquele instante, o pânico que eu sentia triplicou e não consegui mais mantê-lo preso dentro de mim, coisa que até então eu tentava a todo custo fazer. Não, em vez disso, pude sentir que todo o meu corpo tremia desenfreadamente, minhas mãos suavam e meu coração galopava no meu peito e a circulação pulsava nos meus ouvidos num ritmo ensurdecedor; enquanto isso ainda engolia em seco seguidas vezes, enquanto o plano dele pra me matar ficava mais claro na minha mente.

Graças às minhas tantas temporadas de CSI não foi tão difícil. Aquela maca era o palco de toda a carnificina, é claro que sem espalhar seu veneno em mim, para que eu não pudesse sobreviver; a água sanitária, eu sabia, era a única coisa que poderia ocultar verdadeiramente sangue, então seria usada para ocultar o rastro que seu ataque eventualmente pudesse deixar (não que alguma perícia fosse convidada a entrar no castelo). Além do mais, acreditava que talvez houvesse alguma espécie de passagem para fora do castelo ali perto e, uma vez que meu corpo não tivesse mais sangue, ele pudesse me jogar em algum rio ou buraco bem longe dali sem espalhar meu cheiro.

Como vou ser morta: checa. Agora só me restava desvendar sozinha o porquê de tudo aquilo já que, quando Felix entrou no meu campo de visão, pude saber pela sua expressão assassina que estava tudo acabado.

Então, antes que pudesse registrar qualquer outra informação, seu corpo grande e musculoso agachou-se em uma clara posição de ataque, seus músculos extensos contraindo-se e relaxando enquanto ele preparava-se para atacar. Um sorriso maligno escapou de seus lábios...

Uma dor lancinante propagou-se por todo o meu corpo assim que senti algo pesado atingir o meu tórax. Fui lançada para trás e ainda pude ouvir os estalos fracos dos meus ossos se quebrando por duas vezes antes da dor me cegar: quando o corpo dele colidia contra o meu e quando eu batia com força na parede de pedra.

Meu corpo escorregou pela parede e caiu com um estrondo no chão duro. Da parte de trás da minha cabeça, eu pude sentir, jorrava sangue e, ignorando a dor extrema, consegui me mexer e emitir lamúrios míninos- que era o máximo que minha respiração me permitia produzir. Antes que ele pudesse me pegar pelos cabelos e levar-me à altura de seus olhos, pude constatar com horror que minha cabeça parecia meio que rachada ao meio pela força do impacto, o que elevou consideravelmente o nível da dor. Gritando a plenos pulmões e rezando- mesmo sabendo que era improvável- para que alguém aparecesse ali, tentei me manter consciente. Se eu ia morrer, pelo menos não seria de um jeito muito fácil. Percebendo a mesma coisa, Felix pressionou meu corpo contra a parede, agora vermelha, e sussurrou de um jeito ácido:

-Sabe, nunca gostei dos humanos como você... Petulantes, manipuladores e odiosamente resistentes. Mas aí vai a única coisa que me agrada em tipos como você, pequena...- sussurrou a última palavra em deboche-...vocês tendem a ser particularmente deliciosos. O que, honestamente, faz valer muito mais a pena tê-los mortos.

Mas ele continuou:

-Um motivo bem melhor do que o meu outro para matar você...- ele sorriu maldosamente- Jamais gostei do seu namoradinho, o Alec. Sempre se achando o mais importante, sempre esnobando os outros membros da guarda. Cauis particularmente acha que a traição que ele cometeu é uma falta muito mais grave, mas eu não me surpreendo: é típico do Alec...- seu sorriso alargou-se e sua respiração tornava-se mais descompassada e mais ameaçadora à medida que ela pousava cada vez mais insistentemente na pele do meu pescoço. A ponta de seu nariz roçou suavemente na minha jugular mandando-me arrepios. Arrepios de medo.- Vamos acabar logo com isso...-suspirou.

Lágrimas agora corriam livremente pelas minhas bochechas e logo se misturaram com os gritos. Porque não era só cada osso do meu corpo que estava quebrado. Não. Agora também a carne do meu pescoço era dilacerada e moída à medida que suas presas de aço me perfuravam mais e mais fundo até o ponto em que não tinha mais forças para gritar nem gemer. Podia ver meu sangue tingindo de escarlate seu rosto e seus braços. Numa breve olhada para o chão percebi a poça de sangue que ali começava a se formar. Então eu sabia que era tarde demais. Tarde demais para voltar no tempo, me arrepender ou implorar. De que ia adiantar de me debater ou gritar? Só ia doer mais e aumentar sua diversão...

Por isso, fiquei ali, estática e cada vez mais inconsciente enquanto ele sugava cada vez mais meu sangue. Minha vida.Então, eu não estava mas sendo pressionada na parede pelos braços de Felix. Na verdade, ele não me tocava mais, porque, de repente, não tinha mais corpo. Em milésimos de segundo e por uma forma escura que não pude detectar por causa da minha semi-inconsciência, tudo o que havia era um amontoado do que antes era o vampiro que ameaçava me matar. E a forma escura que esquartejava seu corpo era habilidosa e furiosa em seu trabalho. Ruídos de estalos e metal se quebrando preenchiam o ar frio e cruel da sala. Até que uma mão pequena pousou em seu ombro como que o impedindo de continuar:

-Alec, pare.-reconheci a voz de Jane firme ao controlar o irmão - Depois podemos cuidar dele como se deve. Agora Amanda é que precisa de nós. Resta pouco tempo...- a ouvi sussurrar ao outro com a voz estrangulada.

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PDV ALEC

Jane tinha razão sobre as duas coisas. Depois poderia cuidar de Felix como ele merece. Ia pagar muito caro por ter feito aquilo com Amanda.

Mas também estava certa sobre Amanda. Realmente restava pouco tempo. Antes mesmo de me virar, de modo a olhá-la melhor, já sabia que tinha de agir rápido ou a perderia para sempre. Ela estava inconsciente e quase irreconhecível por causa dos ferimentos que haviam se propagado por todo seu corpo. Seu coração batia cada vez mais devagar devido à perda de sangue extrema. Sangue...

Tomado de ódio como eu estava ao ver Felix atacando-a, não dei tanta importância ao sangue que pontilhava de carmim a cela. Mas agora que podia avaliar com cuidado a situação e ver o volume de sangue, a sede explodiu dentro de mim e eu entrei em agonia. Eu sentia o gosto e o cheiro acentuados do sangue mais precioso do mundo sem sequer tocá-lo. E sabia exatamente o quão fácil seria tomá-lo para mim. Então, a ataquei. Simples assim.

Quem dera. Jane, sendo mais rápida, puxou-me pela camisa e jogou-me com força na parede fazendo com que parte dela estremecesse e caísse. Então, pressionando-me na parede com uma força e olhar que até então desconhecia nela, ela sussurrou furiosamente:

-Alec, já chega. Já estou farta dessa sede incontrolável! Pensei mais forte que isso, meu irmão...- ela suspirou, olhando-me com desgosto e numa espécie de fúria- Agora, se não pode se controlar e salvar a única pessoa que interessa agora, então acho que vou ter que te tirar do meu caminho...

Ela continuou, mas seu aperto tornou-se um pouco mais frouxo, ignorando meus rosnados e minhas tentativas de me libertar:

-Agora vou liberá-lo aos poucos e se não puder continuar sóbrio, serei obrigada a usar meu poder sobre você, ou pior, desmenbrá-lo e, assim como Felix, não será uma ameaça. Pode até não ajudar, mas, por favor, não atrapalhe.

Foi então que, à medida que os preciosos segundos passavam e ela liberava meu corpo devagar, é que pude empurrar a sede e a dor para mais fundo, esperando que fosse o suficiente para me manter sob controle - ainda que num limite mínimo.

Quando, por fim, libertou-me por completo, Jane ofegou aliviada e sem dizer uma palavra, suspendeu Amanda até a maca e pôs-se a trabalhar sobre ela num ritmo frenético, examinando pulsação, e depois fazendo massagem cardíaca.

Um, dois, três... Jane parava para ver como o coração de Amanda reagia. E repetia o processo.

Fiquei ali, parado, observando-a, sem ao menos me atrever a respirar, enquanto captava seus olhos brilhantes de sede e sua face contraída em concentração. Até que, firmemente, ela pediu sem olhar para mim e sem interromper a massagem:

-Entendo que provavelmente sua vontade é sugar o restante da vida que lhe resta e que é pedir demais até que dê um passo na nossa direção, mas, Alec, não vou conseguir sozinha- admitiu.

Certificando-me de que era seguro, aproximei-me da maca e pude ver o peito de Amanda subindo e descendo devagar e mais superficialmente do que se poderia imaginar. Sua mão, agora carmim, moveu-se de modo fraco, tateando às cegas e, encontrando a minha, apertou-a minimamente. Meu cenho se franziu.

Como, depois de tudo o que tinha sofrido, ela ainda conseguia mover-se?

Então, pude ouvir. O coração de Amanda, apesar de muito fraco, se esforçava para responder aos apelos de Jane. Agora, batendo mais rápido, ela recuperava a consciência.

Como se para confirmar o que havia percebido, com um ofegar, seus olhos abriram-se minimamente e ela sorriu:

-Alec...

Jane, que havia ficado calada até aquele momento, apenas impedindo que Amanda perdesse mais sangue , sussurrou com urgência:

-Ela não tem muito tempo. Precisamos agir agora...

Suas palavras me tiraram do transe que a melhora de Amanda havia me submetido. Procurando uma solução rápida e eficiente para o nosso problema, meus olhos desceram novamente para Amanda, que agora mantinha os olhos fechados, a testa franzida num aparente esforço para respirar. Segurando sua mão mais firme, chamei seu nome suavemente. Ela, após alguns segundos, voltou a me olhar, desta vez serenamente:

-Amanda, você vai ter de ser forte, porque vamos transformar você. Eu sei que está doendo, mas eu prometo que vai passar...

Ela assentiu sorrindo e disse num sussurro:

-Eu confio em você...- enquanto dizia isso uma lágrima saltou dos seus olhos mel e escorregou para o seu cabelo tingido de sangue.

Respirando fundo mais uma vez e suportando a dor que isso me inflingia, fitei Jane mais uma vez:

-Jane, você vai ter de fazer isso..., eu não vou conseguir.- admiti.

Ela deu um passo para trás, os lábios e a testa franzida. Ela sacudiu a cabeça uma vez:

-Alec...

-Jane, se eu fizer isso ela vai morrer. Ela não tem muito tempo e além do mais, eu preciso estar lúcido pra quando eu precisar usar meu poder.

Ela olhou Amanda durante alguns segundos, que a fitava com uma intensidade avassaladora, apesar da fraqueza, e adiantou-se novamente, a expressão decidida. Assentiu uma vez. Abaixei meu rosto ao nível do de Amanda e sussurrei no seu ouvido:

-Jane vai mordê-la e eu quero que faça algo para mim...- pude sentí-la assentindo uma vez- Quero que no instante em que sentir uma queimação no seu pescoço ou algo parecido nos avise de qualquer forma; assim vou poder neutralizar seus sentidos enquanto estiver se transformando. Não quero que sinta mais dor do que já sentiu...

Como resposta ela apertou com mais força meus dedos e pude ver que ela fechava os olhos preparando-se para a dor inevitável. Sem perder mais tempo, sinalizei:

-Jane...

No mesmo instante, Jane debruçou-se sobre Amanda e pude ouvir seus dentes ágeis cortando a pele dela em vários pontos estratégicos do seu pescoço. Pude ver Amanda empalidecer e ofegar em resposta ao ataque dela. Sue rosto ficou lívido e ela mordeu o lábio inferior para impedir a si mesma de não gritar. Um filete de sangue desceu dali.

Quando Jane terminou, a boca e as mãos tingidas de escarlate, olhou ansiosa de mim para Amanda, fraca e ofegante na maca carmim. Podia sentir o veneno de Jane dentro dela, mas precisava ter certeza se aquilo estava funcionando.

Como se para confirmar aquilo que eu esperava saber, duas coisas aconteceram ao mesmo tempo:

1)O coração de Amanda começou a bater mais rápido e eu pude sentir o veneno começando seu trajeto pelo corpo quebrado dela.

2)Amanda gritou e soltando minha mão, agarrou-se nas extremidades da maca com força.

Feliz por saber que aquilo já estava quase acabado e que Amanda ia sobreviver, fiz a única coisa que precisava ser feita. Usar meu poder sobre ela e impedí-la de sentir a dor excruciante da transformação.

Segundos depois a névoa esticava-se densa e protetora sobre o corpo flagelado de Amanda. Quando dissipou-se pude ver que ela tinha cumprido seu contento: Amanda 'dormia' tranquila, avessa à tudo o que se passava ao redor dela.

Jane aproximou-se vagamente de mim e, com um sorriso vitorioso, sussurrou abraçando-me:

-Acabou...


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Notas finais do capítulo

ok...agora estou com um pouco de pena da Amanda...Alguma sugestão sobre o q acontece agora?E o principal, deixem nos reviews o q acharam do cap...^^