A Palavra - Guerra e Morte escrita por AoiTakashiro


Capítulo 2
Capítulo 2 - Sonho Noturno


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo e cheio de emoções!



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Davi e Liz continuavam a fugir do implacável exército de Daemon, o causador de todos os problemas que haviam surgido. Após teus pais terem morrido, Davi jurara que encontraria a cura para aquele inferno que aquela terra havia se tornado, mas mesmo querendo ser frio com as pessoas, ele não se conteve em ajudar uma garota que encontrara pelo caminho de ser morta pelos Perversos, servos não-humanos de Daemon.

Agora Liz o acompanha, para sem rumo nenhum. Apenas querendo sair da mira dos Perversos, Davi pensa em seguir uma rota fora do alcance deles. Mas não sabia para onde deveria ir, pois não tinha nenhum mapa com ele. Liz se manifestara.

– Podemos seguir a Estrada do Sapo e nos escondermos no Pântano. – A garota sugerira uma boa rota, o que surpreendera o jovem, quem imaginaria que soubesse tanto? De acordo com que Davi conhecia, a Estrada do Sapo não era tão longe dali, era um caminho lamacento, mas bem discreto por entre as árvores da floresta que o cercava, se eles se apressassem, poderiam chegar ali no final do dia.

– Boa ideia, mas o Pântano é seguro? – O garoto ajeitava a cela do cavalo. – Não conheço nada por aqueles lados. E por acaso, onde aprendeu tanto?

– Ora, aprendi isso com os cavaleiros da estalagem. – A garota se enchia de orgulho. – Aliás, um em especial, se chamava Sor Rughes, ele me indicou essa estrada para fugir desses Perversos.

Davi conhecia aquele cavaleiro. Sor Rughes foi quem lhe perguntara sobre os Perversos. Ele sentiu uma pontada de angustia por não ter conseguido salvar aquele cavaleiro.

– Bom, não temos mais nada para fazer por aqui. – O garoto fitava o enorme lago, onde algumas árvores o cercavam. A água brilhava perante a luz do sol. – Temos o suficiente para passarmos bem. Vamos logo.

– Sim. – A garota subiu no cavalo junto à Davi, ficando na garupa do cavalo. – Será que dá para comprarmos outro cavalo quando chegarmos na próxima cidade?

– Não sei. Só se for barato. – O garoto puxou as rédeas do potrão marrom, que cantou galopes contra a estrada que seguia à sua frente. Estavam seguindo para o caminho da Estrada do Sapo, que ficava algumas milhas à frente. Eles torciam para que alguma cidade estivesse logo à frente, Liz não aguentava ficar montada no mesmo cavalo com Davi porque não havia muito espaço para os dois, e as pernas sempre ficavam duras e à carne viva. Durante quase quarenta minutos de cavalaria, acharam outra estalagem, que ficava na entrada da Estrada do Sapo. Resolveram ficar por ali por dois motivos: O primeiro era que Davi queria mais informações sobre o Pântano que surgiria após a estrada. E o segundo era que já não aguentava mais montar no cavalo. A noite já estava surgindo mesmo, e os dois jovens estavam morrendo de fome.

Entraram na estalagem e se depararam com o balconista cantando juntos aos demais músicas de todos os tipos, enquanto canecas grossas de cerveja eram servidas junto com porcos assados gordos como acompanhamento. O balconista avistou os dois jovens e os saldou com um bom sorriso no rosto.

– Ah, dois jovens! Por favor, por favor, entrem! Fiquem à vontade! –

Davi e Liz estavam meio sem jeito.

– Bem, senhor. Precisamos de lugares para dormir. – O garoto puxou o colarinho da camisa. – Ah... D –Dois quartos para solteiros, p – por favor!

– Ah, claro. Porque não disseram antes? Acham que sou o quê? Um bêbado retardado? – Depois do mesmo dar uma cambaleada, uma série de risadas grossas dos fregueses irrompeu pela sala. O balconista também quase caiu de rir, depois de algum tempo, ele tornou a falar. – Ah, desculpem! É assim todo dia! Ás vezes nem sei o que sai pela minha boca. Ah, ok. Aqui estão as chaves dos dois quartos. Fiquem o quanto quiserem!

Os dois deixaram o balconista bêbado com os demais e seguiram para os seus quartos.

– Ele é um cara legal. – Comentou a garota pelo corredor. – Pena que estamos em pleno inferno como esse.

– Também acho. – Concordou Davi. – Por isso que tento ser amigo dos outros o quanto posso, mas até mesmo eu fiquei comovido com ele.

Antes dos dois entrarem em seus quartos, pela abertura da porta, Liz perguntou:

– Davi, será que esses caras também morrerão?

O garoto não respondeu. Apenas fechou a porta.

Pela madrugada, Davi sonhava profundamente. Ele parecia estar num campo aberto, a grama verde fazia cócegas em suas canelas, e o céu azul sem nuvens exalava um calor forte. De repente, um vulto surgiu pelo céu, que o deixou cheios de nuvens cinzentas e grossas. O vulto era enorme, parecia um monstro feito das próprias nuvens, e o assustou ainda mais quando dois olhos, grandes e vermelhos, abriram e o fitavam. O monstro não se mexia, mas seu corpo se modificava, no local onde as suas patas mal davam para ser distinguidas, elas se transformaram em patas grandes, sendo revestidas por escamas negras, e o mesmo foi ao resto do corpo, o abdômen foi-se distinguido e logo depois sua cauda, longa e afiada. Logo por último foi a cabeça, dois pares de chifres sobre o toco da cabeça, grandes narinas que soltavam fumaça, e uma longa boca cheia de presas. Era um perfeito dragão negro de olhos vermelhos. Davi se sentiu hesitado quando o belo dragão abaixou sua cabeça, como uma referência, reunindo forças, ele pousou sua mão na cabeça do dragão negro, e logo o acariciou, mas mesmo assim não deixava de ver seus olhos grandes e vermelhos o fitarem silenciosamente.

Davi acordou.

Já era de manhã, e o garoto estava suado pelo longo sonho. Ele se levantou para arrumar suas coisas e seguir seu monótono rumo. Ele se aproximou do quarto de Liz e bateu na porta três vezes.

– Liz? Hora de ir.

A garota abriu a porta já pronta. Os dois desceram juntos, e encontraram os outros estalados tomando leite e especiarias, enquanto o balconista estava conversando com um fazendeiro, os dois davam risadas sinceras.

– Liz, vá pegar o cavalo. Eu pago a estadia. – Disse Davi, seguindo para o balcão.

A garota saiu da estalagem e seguiu para o estábulo. O potrão estava galantemente deitado, esperando pacientemente por ela. Enquanto ela o desamarrava, Liz percebeu que havia alguma coisa escondida por entre o feno. Ela retirou cuidadosamente, e se surpreendeu com o que vira. Um autêntico ovo de dragão negro.

O balconista contava as moedas que Davi lhe dera. O garoto tornou a perguntar.

– Ei, você não tem medo dos Perversos aparecerem por aqui?

– Hein? Perversos? Tá falando daquelas criaturas que destroem tudo? Eu não. – O balconista deu uma breve risada.

Davi não acreditava naquilo.

– Não tem medo do que eles possam fazer? Vi eles destruírem cidades inteiras num dia inteiro!

– Se eu fosse eles, pensaria duas vezes antes de quererem pisar o pé por aqui. – O balconista pela primeira vez falara sério. – Sério, garoto. Agradeço pela ajuda, mas tenho toda a proteção que preciso.

Liz entrou de repente na estalagem.

– Davi, você precisa ver isso.

Os três saíram para fora da estalagem. Davi quase entrou em choque. Um grupo de Perversos estavam ali, silenciosos como sempre, e barrando eles, estava um grande dragão negro, com lindas escamas que seguiam pelo seu corpo, estava intimidando os Perversos a não se aproximarem.

– U – Um dragão?! Essa é a sua proteção?! – O garoto olhou incrédulo para o balconista, que retribuía com um leve sorriso.

– Sim! Sonho Noturno sempre protege a minha estalagem sempre que esses monstros aparecem!

– Sonho Noturno? Esse é o nome dele?

– Dela. – Corrigiu Liz. – Olhe ali. – A garota apontou para a estalagem. Davi viu três filhotes de dragão negro encolhidos. – Ela os está protegendo.

– Correto! – O balconista levantou um dedo. – Eu alimento ela e os seus bebês, e ela protege a minha estalagem. Uma ótima troca, não acha?

– Não acredito. – Davi fitava a fera negra. – Nunca pensei que veria um desses na minha vida.

O balconista olhou sério para os Perversos.

– Hum. Parece que são muitos dessa vez. Ela não vai dar conta de tantos.

– Então iremos ajudar. – Davi brandiu sua espada. – Nós protegeremos sua estalagem, senhor...

– Boris. – Completou o balconista. – Meu nome é Boris.

– Vamos! – Berrou Liz. Os Perversos atacaram todos de uma vez, a Sonho Noturno levantou suas asas para espantá-los, enquanto brandia suas presas. Davi se aproximou pelo outro lado e decepou dois Perversos de uma vez, suas cabeças rolaram pela estrada, e um líquido roxo e asqueroso espirrou pelos lados. Liz pegara os filhotes e os levara para dentro da estalagem. A fera negra arrancou três cabeças de Perversos de uma vez com apenas um golpe das suas garras. Ela levantou voo, enquanto Davi lutava com outros dois. A Sonho Noturno se aproximou pelo ar e cuspiu uma cortina de chamas, que torrou o resto dos Perversos de uma vez. A vitória eram deles.

Sonho Noturno pousou no chão com extrema graciosidade.

Liz lhe entregou os filhotes. Os dragõezinhos correram para abraçar a mamãe. Boris estava completamente satisfeito.

– Obrigado! Obrigado! Você salvou minha Sonho Noturno! Por favor, peça o que quiser! – Davi ficou comovido, e pensou em alguma coisa. Mas foi Liz que se manifestou.

– Um outro cavalo seria bom.

– Só isso? Como queiram. – Boris entrou no estábulo. Enquanto isso, Davi se aproximou do dragão negro com cautela.

– Davi, tenha cuidado. Ela está com os filhotes, pode te machucar. – Disse Liz.

– Tudo bem, eu... Eu a vi num sonho. Acho que ela me conhece. – O garoto se aproximou mais. Sonho Noturno o olhava quando se aproximava, ela estendeu o pescoço e abaixou a cabeça, como no sonho. Davi estendeu sua mão e acariciou sua cabeça, as escamas eram ásperas, mas mesmo assim era gostoso de fazer carinho. Liz estava sem palavras.

–Como...

– Eu a vi no sonho. – Disse Davi, olhando em seus olhos vermelhos. – Eu não tenho certeza, mas eu sei que era ela.

Boris surgiu do estábulo com um belo cavalo cinzento-prateado. Uma das suas mãos estava atrás das costas.

– Ah, vejo que você a viu num sonho, certo? É assim que ela conhece as pessoas.

– O quê? Foi por isso que a chamou assim?

– Isso.

Davi não acreditava que um nome tão óbvio poderia servir tão bem numa criatura tão magnifica.

– Isto é para você. – Boris entregou as rédeas do cavalo prateado para Liz, que agradeceu. – E isto, é para você, garoto. – Boris tirou a mão das costas e nela estava segurando um belo ovo de dragão negro. Davi ficou sem palavras.

– Eu... Eu não posso aceitar isso.

– Claro que pode! Sonho Noturno o considera um amigo, que retribuição melhor ela pode dar do que um de seus filhos?

– Mas...

– Não esquenta, garoto. Aqui tem muitos filhotes de dragão. Eles vão me ajudar quando crescerem.

– Boris... Obrigado.

Davi e Liz montaram em seus cavalos, e o garoto prendera o ovo negro nas costas com um pano para não ser visto. Se despediram do balconista e de Sonho Noturno e cavalgaram sobre a Estrada do Sapo, um caminho lamacento, mas como os cavalos eram firmes, passaram sem problemas, entrando no tão esperando Pântano. O garoto não se conformava por ter esquecido de perguntar sobre o pântano.

– Acalme-se, olhe o que eu achei dentro do meu quarto. – Liz desdobrara um pedaço de pergaminho. Que era na verdade um mapa de toda aquela região.

– Mas... Você...

– O que você faria sem mim? – Liz deu uma risada, mostrando seu sorriso.


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