Mind Games (interativa) escrita por Isabela


Capítulo 5
Capítulo 5 - Memórias


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas (Céus...Dessa vez realmente temos pessoas!), na verdade eu pedi pra Isa postar esse aqui. Porque ela finalmente tomou vergonha na cara e betou todos os capítulos. Mas como a maldita não me respondeu no Facebook vocês vão ter que se contentar com esse versão "crua" do capítulo.

Espero que aproveitem.



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Quatro dias depois...

A campainha da residência White é tocada por volta das duas da tarde. Nuvens carregadas despejam lágrimas que regam a terra. Um guarda-chuva branco é armado pelo jovem louro de casaco preto, para manter as aparências. A porta abre.

– Boa tarde, Sra. White.

– John! O que está fazendo aí fora? Por favor, entre.

– Não é necessário, mas obrigado. Só queria saber se Carrie está aí.

– Estou aqui. - Ela desce as escadas, trajando um casaco vermelho e calças jeans.

– Pronta para sair? - Ele pergunta, ela assente com a cabeça.

– Para onde vão com um clima desses? - Pergunta Margaret, de braços cruzados.

– Biblioteca. - Responde Carrie. - Temos que fazer um trabalho de literatura.

– Bom, nesse caso tomem cuidado. - Ela abraça a filha. - As estradas estão molhadas, pode ser perigoso.

– Vamos ter cuidado sim. - Carrie entra no guarda-chuva, trêmula. - Trarei ela de volta às cinco.

– Ok então. - Margaret respira fundo, mas sorri. - Façam um bom trabalho.

Eles caminham até a caminhonete vermelha. John a deixa na porta, e dá a volta. Com ambos já no carro, ele liga o motor.

– Está pronta para isso? - Pergunta ele.

– Sim. - Ela respira fundo. - Eu estou.

Ele dá a partida, e eles seguem pelas estreitas ruas.

***

– O processo é reversível. - Diz Emma. - Mas tem seu preço. Está disposta a pagá-lo?

– Sim, Sra. Frost.

– Que seja. Eu estarei na mente de John, orientando-o. Mas não verei nada que ele não permita. - Ela respira fundo. - Comecemos.

Carrie se senta na frente de John, e se olham nos olhos. Carrie se sente leve por um instante, e vê os olhos verdes de John dilatar e embranquecerem. Com as pálpebras pesadas, fechou os olhos.

***

Quando os abriu novamente, estava no quintal da própria casa, e reconheceu a si mesma de seis anos caminhando para a casa vizinha.

– Aquela é você? - Pergunta John, surgindo subitamente atrás dela. Ela se assusta, mas assente com a cabeça.

– Eu me lembro desse dia. - Ela fecha os olhos. - Você não vai gostar do que vai ver.

Eles caminham até o quintal da casa vizinha. E se deparam com a garotinha. Ela olhava para uma adolescente que tomava banho de sol... Sem o top. John imediatamente arregala os olhos.

– Isso é pecado. - Apontou a garotinha.

– Por quê?

– Porque mostrar o corpo é pecado. - Diz. - Minha mãe disse que é pecado.

– A beleza não é pecado. Você também vai ter peitos assim, um dia.

–Vou ter o quê?

– Peitos. - Ela aponta para os próprios seios.

– Carrie! - Margaret grita, do quintal de sua casa, Carrie corre para ela. - O quê você estava fazendo?

– Eu estava falando com a filha da vizinha. - Diz, inocentemente. - Ela disse que um dia vou ter peitos que nem ela.

Margaret, num acesso de fúria, dá-lhe um tapa no rosto. A Carrie criança chora, e Margaret a puxa pelas vestes para dentro de casa. Ela grita, e pequenos meteoritos caem em cima do telhado, fazendo buracos no mesmo.

– Geocinese. - Sussurra John. - Mãe, nós achamos um.

Concentre-se na memória dela e bloqueie o acesso dela à tal poder. - Ele ouve a voz dela em sua mente. Olha para Carrie, que estava na sua frente.

– Hey, olhe para mim. - Ele sorri. - Isso é passado agora, ok? - Ele seca uma lágrima que escorria pelo rosto dela, e desliza a mão suavemente pelo seu rosto, parando na têmpora esquerda. Ele a olha nos olhos, e cria uma barreira mental em volta da memória. Carrie vê uma espécie de linha invisível separando-a de sua memória.

– Acabou? - Pergunta ela.

– Infelizmente, não. - A imagem começa a tremular, e eles se encontram na escola. Carrie entrava na aula de cálculo. Ela olhava para um ponto distante, e a aula acontecia a seu redor.

– Isso foi no dia em que nos conhecemos. - Diz ela.

– O que aconteceu?

– Você já vai ver...

– Carrie! Carrie! - Ela levanta a cabeça, assustada. O professor repete a pergunta. - Qual é a resposta da questão 3?

– Ela não deve saber. - Ri Chris, nos fundos da sala. - Deve estar pensando no namoradinho, aquele esquisito.

– Anh, sua... - Ele começa, mas Carrie o ampara.

– Observe. - Ela aponta para a janela, que começa a trincar.

– Inveja? - Ironiza John.

– Cala a boca. - Ela fica vermelha. Ele sorri, e segura delicadamente a têmpora de Carrie. A linha invisível surge novamente em torno dessa memória.

– E agora? Diga-me que já acabou.

– Eu posso tentar agilizar o processo, se você quiser. Ainda vou ver todas as suas memórias, pensamentos e... Emoções. - Ele disfarça sua fala com um fraco sorriso.

– Faça. - Ele segura ambas as têmporas dela e a olha fixamente nos olhos. O ambiente ao redor dos dois parecia mudar de uma memória para outra, rapidamente. Os olhos dela estão completamente abertos e as pupilas, dilatadas. Uma lágrima escorre pelo seu rosto, e ela fecha os olhos.

Quando abriu os olhos novamente, estava na sala de estar da casa de John. A face de Carrie estava úmida das lágrimas que por lá escorreram. Uma única lágrima escorreu pelo rosto de John, seguida de alguns segundos de silêncio.

– Eu vou deixar vocês dois sozinhos. - Diz Emma, se levantando da poltrona onde estava sentada. Ela sai da sala, deixando-os sozinhos. Mas o silêncio perdura.

– Você sabe de tudo agora? - Ela quebra o silêncio. Ele assente com a cabeça. - Então também sabe que eu...

Ele se aproxima dela, e lhe dá um beijo na testa. O toque suave dos lábios de John fizeram Carrie relaxar. Depois de beijá-la, ele segura firmemente em seus ombros, e olha para seus olhos castanhos.

– Você não está mais sozinha, Carrie White. Nunca mais. - Ela o abraça.

– Obrigada. Por mudar a minha vida. - Ele sorri.

– Obrigado por fazer parte da minha. - Ela o solta, e ele a ajuda a enxugar os últimos resquícios de lágrimas. - Acho que eu tenho que te levar para casa. Eu disse para sua mãe que você estaria em casa antes das cinco.

– Que horas são? - Pergunta ela.

– Quatro e vinte e...

– Dois. - Completa ela.

– Como você sabia? - Pergunta ele, ela dá de ombros.

– É chamado de elo de empatia. - Diz Emma, ao entrar novamente na sala, com uma taça de vinho tinto. - É uma ligação psíquica. Vocês vão poder conversar telepaticamente com mais facilidade, saberão como o outro está se sentindo e etc.

– Por quanto tempo você ouviu nossa conversa, mãe? - Ela toma um gole da taça de vinho.

– Ouvi toda ela. - Admite. - Inclusive a parte que você disse que tem que levá-la para casa.

– Sim. Vamos, Carrie. - Eles se levantam.

– Obrigada, Sra. Frost. - Emma assente com a cabeça, tomando mais um gole da taça de vinho. Eles atravessam a porta, deixando-a sozinha.

***

– Hoje foi um dia longo. - Diz John.

– E conturbado. - Acrescenta Carrie.

– Você que disse. - Ele vira a esquina. - Estamos bem?

– Claro. - Responde ela. - Mas você ainda tem que me falar daquelas longas histórias.

– Agora que estamos conectados mentalmente eu vou te mandar um arquivo telepático com todas elas. - Ele sorri.

– Estarei nos seus pensamentos essa noite? - Pergunta, ironicamente.

– Eu estarei nos seus? - Rebate.

– Touché. - Ele sorri. - Tem alguma coisa que você quer me dizer sobre hoje?

– Para quê? Você já sabe todos os meus pensamentos.

– Significaria muito mais vindo de você. - Diz, estacionando o carro. - Chegamos, quer que eu te leve na porta?

– Não quero me molhar. - Diz, observando a fina chuva que caía. - Então sim.

Eles caminham lado a lado, as finas gotas de chuva se desviando de seu curso natural.

– Tchau. - Ela o abraça. As coisas estavam diferentes agora. Eles sabiam disso. Agora os dois dependiam do outro de todas as formas possíveis.

John era seu alicerce. Seu ponto de apoio. Sua rocha. E para John, Carrie era o seu refúgio. Um ponto de escape. Uma amiga leal e confidente. Ele sabia o que ela sentia por ele, e o sentimento era recíproco, mas ela não sabia disso. Embora soubesse que ele sabia de seus sentimentos. Então... Por que eles não se manifestaram? Vergonha? Orgulho? Indecisão? Não... Medo. Medo de Carrie de não ser correspondida, e o medo de John de colocá-la em perigo mortal. Contudo, mal sabia ele que já a havia colocado.

Os dois jovens não perceberam, naquele fim de tarde chuvoso, que uma mulher de longos cabelos negros os observava. A capa preta se estendia até o chão, e a roupa colada mostrava-lhe o corpo. Ela sorri, como se pudesse prever o doce sabor da vitória, mascarado por um leve amargor de sangue. A mulher observa enquanto John beija Carrie na testa e volta para o carro. Um portal é aberto, e a rainha negra o atravessa. O rei negro terá as boas notícias que tanto esperava.

O jogo iria começar... Mas dessa vez, as peças pretas começam primeiro.


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Notas finais do capítulo

E esse foi o capítulo de hoje. Teremos mais um amanhã e outro domingo, que serão postados pela Isa pois estarei longe do meu computador nesse feriado. Desde já, desejo a vocês uma feliz Páscoa e que tenham um bom proveito desse feriado.