All Out War escrita por Filho de Kivi


Capítulo 31
The Variable


Notas iniciais do capítulo

Hei!

Aqui estamos nós de novo...

Esse capítulo será focado em Alexandria, e teremos três POVs interligados.

Começaremos com Michonne, depois Rick, e o fechamento com Andrea... Acho que irão gostar!

Boa leitura!



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— Café?

Michonne acabara de abrir a porta, ainda sobressaltada pelo sonho ruim que tivera na última madrugada. Nunca conseguira esquecer-se do que acontecera com ela quando fora capturada e aprisionada por Brian Blake, na famigerada Woodbury. E por vezes as horrendas imagens dos abusos sofridos retornavam em forma de pesadelos, todos repletos de sombra e dor.

As imagens de sua vingança, das coisas inomináveis que fizera com aquele homem, atos que praticamente lhe sugaram o que ainda restava do seu lado humano, também a assombravam cada vez que fechava os olhos para dormir. A furadeira perfurando o ombro do Governador, sua katana lhe decepando o braço e o pênis, o maçarico lhe queimando o coto, além é claro da colher curva... A colher que introduzira em seu reto até lhe tocar os ossos sacrais, a mesma colher que servira posteriormente para retirar um dos olhos do Governador de sua órbita.

Ela não sentira que fizera justiça. Na verdade, ela se sentira tão vil e baixa quanto o mesmo sujeito que a estuprara no úmido e escuro galpão.

Cobrindo-se com um roupão após sair de um longo banho quente, os cabelos cacheados negros pérola, soltos sobre os ombros, ainda molhados; a pele caramelo incandescendo ao contato com a fraca luz do sol. Os grossos lábios abrindo espaço para um sonoro bocejo, enquanto os grandes olhos fitavam o homem que batera a sua porta.

Grimes segurava na mão esquerda uma caneca com café, ainda fumegante. Os olhos perdidos, tentando emitir um sorriso educado, não eram capazes de esconder o abatimento do xerife após mais uma semana repleta de mortes. Algo que não parecia querer cessar.

O ataque dos Salvadores, que nem sequer impetraram metade da força que possuíam, acabou arrancando três vidas da desprotegida comunidade, juntando-se as outras três mortes provocadas diretamente por Negan ainda na estrada. Anestesiado, ou pelo menos tentando manter a imagem de líder firme e seguro, Rick caminhava de peito inflado pela zona segura. A barba grisalha crescendo e acomodando-se por seu rosto, ainda rala, além dos cabelos loiro areia, em suas inúmeras ondulações, praticamente chegando à altura dos ombros, mostravam não só o descuido com a aparência, como também os efeitos de todo o stress que sua função lhe gerava.

— Entra aí – Respondera a samurai gesticulando com a cabeça.

Rick adentrara a residência, visivelmente tenso, seguindo em direção à cozinha enquanto Michonne tratava de trancar a porta, em mais uma das manias que adquirira no pós-praga. Nunca descuide de suas fechaduras.

— Em que posso ajudá-lo, xerife? – Michonne tentara soar o mais simpática possível.

Grimes sentara-se, acomodando-se em uma de suas cadeiras, junto à mesa de jantar. Inspirando profundamente, Rick deixara o seu lado turrão, revelando em seu rosto surrado, marcado por algumas rugas, o que verdadeiramente estava sentindo.

— Queria conversar com você...

A espadachim dera as costas, dirigindo-se até o balcão e tomando em mãos uma xícara.

— Não é para isso que a Andrea serve? – Imediatamente ela fechara os olhos, arrependendo-se da frase solta ao vento – Desculpe, eu... Eu não pensei direito, ainda devo estar dormindo, provavelmente.

O policial não parecera se importar. Aparentava estar tão concentrado que possivelmente nem percebera o que fora dito.

— Você viu com o que estamos lidando... – A sombra no olhar de Rick espalhara-se como uma penumbra em toda a extensão do seu rosto – Eu acho que não temos a menor condição de encarar uma força como essa. Não acho que poderemos contratacar Negan, pelo menos não agora... Sei que isso irá gerar polêmica, mas... – O xerife fizera uma pausa, parecia ser difícil prosseguir – Não há como revidarmos. Não às escuras, como estamos.

A mulher apoiara-se no balcão, dando um longo gole em seu café.

— Você já disse isso no discurso, logo após o enterro... – A voz de Michonne caíra uma oitava, após um pigarro, prosseguira o diálogo – Não tenho como adivinhar o que as pessoas acharão, mas tenho certeza que aquele grupinho, o mesmo que apoiava o Goodwin, tentará fazer a cabeça dos veteranos... Não sei até que ponto isso pode realmente ser motivo de preocupação.

— Isso não me preocupa nem um pouco, e não vim aqui por isso. Vim para te fazer um pedido.

Michonne arqueara a sobrancelha, deixando que Grimes seguisse com o discurso.

— Imagino que você não concordará com minha decisão, e que provavelmente irá por conta própria atrás de Negan – Rick erguera o queixo, encontrando-se com os olhos da mulher negra – Não posso deixar que faça isso. Eu pedi que Jesus seguisse aquele capanga que o Tom capturou, e espero uma resposta nos próximos dias. Com essas informações saberemos realmente com o que estamos lidando, e o que precisamos para um futuro revide... Se é que será possível um revide, é claro.

Rick nunca parecera tão derrotado.

Michonne fechara os olhos, bufando em seguida. Exausta como se tivesse acabado de competir na maratona de Boston, a espadachim relaxara ainda mais os músculos, dando outro longo gole no enegrecido líquido quente.

— Por mim tudo bem.

A resposta fora breve, mas o bastante para surpreender o xerife, que parecia não estar preparado para aquele tipo de reação.

— Eu pensei que após a morte da Maggie, do Abraham...

Tão rápida como quando utilizava sua espada, Michonne interrompera Rick, assumindo a palavra e proferindo quase que um desabafo.

— Não se trata de lealdade aos amigos, e nem o meu desejo de vingar as mortes deles... Eu só estou cansada Rick – Suas feições demonstravam exatamente o que dizia a frase proferida – Eu nunca lutei apenas por lutar. Quando eu estava lá fora, sozinha... Eu fazia aquelas coisas pra sobreviver, matava pra sobreviver. Mas não significava que eu gostava daquilo.

Grimes seguia a admirando sem pestanejar.

— Se você acha realmente que não há nada que possamos fazer no momento... Que a única saída é ficar aqui e esperar... Se você acha que não devemos lutar, bom, eu estou de acordo sim – Michonne demonstrava uma invejável lucidez – Às vezes eu me sinto como um animal, pronta para atacar a qualquer momento... Mate-o para mim, proteja-o para mim... Uma folga seria mais do que bem-vinda!

O rosto de Rick se iluminara repentinamente. Ele parecia compreender inteiramente a posição adotada pela espadachim.

— Eu ainda me lembro do Governador... – Prosseguira Michonne – Lembro de como eu o persegui cegamente, encurralando aquele monstro contra a parede! Eu sinto que o levei ao limite, deixando em uma posição que ele não poderia fazer nada além de atacar... – Seus olhos se fecharam novamente – Às vezes eu penso que a invasão na prisão foi minha culpa... Sinto que eu praticamente o obriguei a fazer o que fez... O sangue de todos os nossos amigos mortos também correm em minhas mãos...

Erguendo-se e se aproximando de companheira de sobrevivência, Grimes demonstrara compaixão ao tentar livrá-la de todo o remorso posto para fora.

— Eu já carrego culpa o bastante por nós dois... Eu tenho certeza que aquele maluco nos atacaria de qualquer maneira! – O xerife a observara dar mais um gole em seu café, o derradeiro – A história parece estar se repetindo agora... Vamos tentar fazer de uma forma diferente. Talvez nós dois possamos nos redimir...

— É... Talvez.

Michonne voltara o olhar para Rick, agradecendo internamente pela amizade do policial. Ela confiava inteiramente em Grimes, e já tivera provas mais do que suficientes de sua capacidade de liderança. A certeza de que Alexandria resistiria a Negan e seus Salvadores contornava o seu peito, estranhamente mesclando-se a angústia da certeza de que mais e mais vidas precisariam sucumbir antes que essa vitória fosse concretizada.

*****

Rick seguira até o arsenal/depósito de mantimentos da comunidade. Estava mais tranquilo após a conversa com Michonne, e sensivelmente aliviado por saber que a samurai não partiria atrás de Negan, como já fizera outrora. Por outro lado, notara que sua amiga se mostrava cada vez mais reclusa, e o cansaço dito por ela própria, também denotava que após passarem por tantas perdas e tantas dores, ela finalmente havia sentido o baque da dura nova vida. Michonne não queria vingança, aceitara não fazer absolutamente nada contra os assassinos de Maggie... Sinceramente, Grimes não sabia até que ponto aquilo havia sido realmente positivo.

Recebido por uma sempre amistosa Olívia, escondida em seus enormes vestidos floridos e nos óculos fundo de garrafa, o xerife respondera com simpatia, aguardando que lhe fosse entregue a caixa com os mantimentos semanais, já previamente separados por ela.

— Tem certeza que não quer mais nada? – Indagara a sorridente mulher – Posso te arranjar mais um vidro de pasta de amendoim, e umas duas barras de chocolate para o Carl.

Rick sorrira enquanto arrumara a caixa em seus braços, apoiando-a com o coto e a mão esquerda.

— Não, obrigado. Não quero receber nenhum tratamento diferenciado, Olivia. O que tem aqui é mais do que suficiente para mim e o Carl, e nós sempre acabamos beliscando a porção da Andrea... Ela come sem parar!

A mulher rira contidamente.

— Como estão as coisas por aqui? A que pé estamos com os mantimentos?

Arrumando os enrolados cabelos para trás da orelha, Olivia respondera ao questionamento tão logo a pergunta lhe fora feita.

— Estamos bem. Os suprimentos que vocês trouxeram do Hill Top deve durar por pelo menos mais duas semanas, talvez duas e meia. Só aí precisaremos de mais... Pelo que sei, o acordo com o povo do Jesus ainda segue de pé, não é?

Rick acenara positivamente com a cabeça, não demonstrando os verdadeiros pensamentos que passeavam por seu cérebro. Negan prometera fazer a coleta nos próximos dias, e isso o preocupava bastante. Os tributos precisavam ser pagos, é claro, mas seu povo não poderia morrer de fome. O pior de todos os cenários começava a se moldar.

— E se tivéssemos que ceder metade de tudo o que coletamos?

As feições da mulher se modificaram imediatamente. Ela não parecia compreender o rumo que a conversa começava a tomar.

— Isso seria péssimo... Mas por que a pergunta?

— Não se preocupe... – Desconversara – Apenas estou pensando em algumas coisas – O xerife apontara para a própria cabeça com o indicador esquerdo, mantendo o sorriso moldado, quase mecânico – Obrigado Olivia, isso é tudo. Se não se importa, darei uma olhada na sala das armas agora...

Olivia concordara em um aceno, visivelmente perplexa. Grimes não se preocupara com a reação da mulher, afinal, ela era conhecida justamente por ser excessivamente medrosa. O filtro do policial já se esvaíra há muito, e ele não se dava mais ao luxo de perder tempo com inquietações desnecessárias. Os suprimentos se esgotariam caso o líder dos Salvadores cumprisse com o que dissera na noite em que assassinara brutalmente Maggie Greene, e essa era a sua atual preocupação, que lhe tirava o sono e trazia uma constante sensação de tensão.

Olhando para as caixas de munições, notara que o estoque também estava baixo, o que só ratificava sua decisão em não enfrentar os Salvadores. Batendo incessantemente dentro da sua cabeça como um martelo pneumático, Grimes tentava encontrar uma saída, e por mais que se esforçasse, por mais que esperasse que Jesus encontrasse o QG dos milicianos, não conseguia encontrar uma saída que fosse de alguma forma vantajosa para Alexandria.

Nunca fora tão difícil.

— Rick, tem um minuto?

Eugene interrompera os pensamentos do xerife como um forte vento empurrando uma nuvem para longe. Voltando-se para o homem que o solicitara, Grimes aguardara que ele dissesse logo de uma vez o que queria.

— Acho que eu posso ajudar... Posso ajudá-lo a enfrentar esses sujeitos que invadiram a comunidade. Eu quero ajudá-lo a vingar a morte do Abraham!

Rick inspirara profundamente. Os olhos vermelhos do professor de ciências entregara que seus canais lacrimais tiveram muito trabalho desde a morte de seu amigo. A voracidade emitida pela voz de Eugene fazia o xerife imaginar que o ódio dentro dele deveria ser tão grande que já transpirava pelos poros. Mas nenhum sentimento, por mais forte que fosse, poderia mudar o fato de que não havia como encarar os Salvadores. Alexandria não estava pronta para algo como aquilo, e Grimes começava a imaginar que talvez ele também não estivesse.

— Do que está falando, Eugene? Você mal sabe segurar uma arma.

O professor gesticulara expansivamente com as mãos.

— Preste atenção... Eu e Goodwin estávamos trabalhando em um projeto, baseado em algumas pesquisas que eu fiz, após a leitura de uns livros trazidos pelo Heath de Washington. Antes de ele ser banido, nós conseguimos colocar no papel um esboço geral... Bom, admito que não será nada fácil pôr algo tão complexo assim em prática, mas acredito que...

Rick gesticulara, exigindo que Eugene fosse direto ao ponto.

— O que estou dizendo é que... Há uma grande probabilidade de que eu possa fabricar munição para o nosso armamento.

A cabeça do xerife tombara levemente para o lado, em total surpresa.

— Você tem certeza disso? – A resposta fora positiva – Seria ótimo Eugene, mas do que ótimo! Em quanto tempo acha que consegue produzir? Para quais tipos de armas acha que consegue fazer?

— Ainda é um esboço, Rick... Preciso fazer um levantamento de quais armas são as mais fáceis de manusear, versus os tipos de munições que teoricamente seriam mais fáceis de serem produzidas... Mas todas as bases já estão prontas. Eu sei que posso fazer isso! É claro que não teremos nenhuma produção em massa, mas... Vai dar certo, Rick, confia em mim!

Grimes coçara o queixo, deixando que todas as informações recebidas fossem degustadas como se fosse o mais precioso dos vinhos. Seu rosto repousara, deixando com que parte da tensão se esvaísse. Se aquela ideia maluca realmente pudesse ser posta em prática, talvez houvesse uma chance, mesmo que pequena, de Alexandria conseguir reverter o jogo.

— Era nisso que você e Goodwin tanto trabalharam?

— Exatamente... Eu já olhei em agendas telefônicas e determinei os possíveis lugares que possuem os materiais que vamos necessitar. Se você me der carta branca, já começo a trabalhar nisso a partir de hoje...

Eugene estava realmente empenhado. O covarde homem de outrora agora fora substituído por um sujeito muito mais seguro e proativo, alguém com sede de vingança e inteligência na dose correta. Grimes gostara do que ouvira, e gostara também da postura demonstrada pelo professor.

— Faça o que tiver que fazer Eugene... Se precisar de algo, qualquer coisa, fale comigo! – Estendendo a mão esquerda, tocara o ombro do parceiro, dando a ele ainda mais confiança – Por enquanto mantenha isso apenas entre nós... – Eugene concordara – Nós vamos vingar a morte do Abraham! E vamos fazer com que paguem por todo o mal que nos causaram!

A injeção de ânimo na veia de Eugene o faria trabalhar no projeto com ainda mais afinco. Rick o incentivara como um monarca o faria com seu melhor soldado, às vésperas de uma batalha decisiva. Grimes começava a pensar seriamente na possibilidade dessa ideia se transformar em algo concreto, e isso lhe dava uma ponta de esperança. Novos pensamentos passaram a se formar, dessa vez, muito menos obscuros e pessimistas que os de outrora.

*****

Andrea gostaria de ter deixado a casa antes que Rick retornasse. Ainda retirando suas roupas das gavetas, a loira jogava as peças dentro de uma velha mala, enquanto tentava ignorar a presença do xerife, que acabara de adentrar o quarto.

O casal discutira brevemente após Rick ter se pronunciado na cerimônia funeral, dizendo a todos que não haveria retaliação aos ataques dos Salvadores, o que era o mesmo que dizer que todas as seis mortes ocorridas nos últimos dias haviam sido totalmente em vão.

Revoltada com a postura passiva de seu companheiro, Andrea decidira pôr um fim na relação, pois não conseguia mais reconhecer o homem que a arrebatara tão intensamente. Era como se o velho Rick Grimes, o policial que liderara um grupo de sobreviventes na estrada, que enfrentara e derrubara diversos obstáculos, que protegera os seus acima de qualquer coisa, e que prometera a ela esforçar-se ao máximo para mantê-los vivos, simplesmente tivesse sido substituído por uma caricatura de si mesmo. Um homem fraco, subjugado por um déspota que o dobrara com enorme facilidade.

A chama que queimava no peito da sniper, desde a morte de Amy no acampamento nos arredores de Atlanta, seguia a cessa e aumentando suas labaredas a cada dia. Mas pelo visto, essa mesma chama que parecia ser tão intensa no interior de Rick, apagara-se quase por completo. Andrea queria sobreviver, queria manter seus amigos, sua nova família, em total segurança. E nunca, em hipótese alguma permitiria que qualquer homem louco como Negan, retirasse isso dela.

Nós não morremos! Lembre-se disso Rick...

— O que você está fazendo?

Ela não queria que fosse daquela maneira. Queria ter ido embora sem se despedir, pois teria sido mais fácil. O que a sniper sentia por Rick era muito intenso para ser jogado fora sem sequelas. Ela não nomeara esse sentimento, assim como Grimes também não o fizera, mas estava mais do que claro, que fosse o que fosse, seria muito difícil simplesmente passar uma borracha por cima.

— Estou indo embora, Rick... – Ela evitara olhar para o xerife.

Grimes parecia perplexo. Sua mão esquerda seguia segurando a maçaneta da porta do quarto, ainda entreaberta. Olhando fixamente para a companheira, os olhos arregalados, brilhantes em um tom melódico, não pareciam compreender um ato tão impulsivo.

— Por quê? – Balbuciara.

Amassando uma peça de roupa e jogando-a violentamente no interior da mala, Andrea parecia prestes a liberar todas as suas recentes frustrações em forma de palavras.

— Não se faça de idiota! – Ela voltara-se para Rick – O que você esperava? Você nos abandonou! Nos jogou aos tubarões!

As sardas em seu rosto se destacaram ainda mais a medida em que sua pele fora se avermelhando com a fúria que parecia transbordar.

— Eu achei que tínhamos o dever de cuidar uns dos outros! – Prosseguira – Nós dois... Os fortes! Nós – Ela tocara o peito com o indicador – somos os únicos que podem manter essa comunidade segura! Manter a porra da zona segura! Segurança em números, lembra?

Abrindo os braços, ainda totalmente indignada, a sniper seguiu.

— Há crianças aqui... E você simplesmente nos diz para não fazer nada, para deixar que esses homens façam o que bem entenderem com a gente! – A cabeça balançara em negativa – Eu sequer consigo olhar para a sua cara... Quanto mais dormir com você!

Fechando a mala com força, Andrea recolhera o restante de suas coisas, dirigindo-se até a saída do quarto. A casca enfática e decidida que demonstrava externamente, em nada condizia com os cacos a que fora reduzido o seu íntimo. Seu peito parecia comprimido pela angústia, sua cabeça doía, e no fundo, bem no fundo, ela gostaria de estar errada sobre Rick Grimes.

— Espere.

Seguindo em passos firmes pelo corredor, a loira esforçava-se ao máximo para não desabar, para não demonstrar o que realmente sentia. Sem olhar para trás, ela respondera a Grimes, mantendo o mesmo tom de voz.

— A conversa já acabou.

Ela notara que o homem dera dois passos a frente, e que a observava caminhar próximo à porta do quarto. Antes que alcançasse as escadas, o xerife voltara a falar.

— Eu tenho um plano.

Seus batimentos se ampliaram sensivelmente. Parte dela gritava que ela estava errada, que Rick nunca os abandonaria, que ele ainda era o mesmo homem que a conquistara. Por outro lado, sua outra metade sussurrava em seus ouvidos que o xerife enfraquecera, que já se esquecera do que prometera tantas vezes, e que graças a ele o destino de Alexandria estaria nas mãos do sanguinário Negan.

— Qual? – Ela parara antes do primeiro degrau – Se render e deixar que esses caras façam o que quiserem?

Rick dera mais dois passos. Ela aguardara a resposta, ainda tinha esperanças.

— Em parte sim... Mas não é só isso.

Travando uma batalha contra si mesma, Andre relutara o máximo que pôde. Mas acabara sendo derrotada por exaustão. Virando-se lentamente, repousara a mala no chão, cruzando os braços e permitindo que o xerife prosseguisse.

— Jesus está no encalço de Dwight, e Eugene me contatou essa manhã, falando algo sobre a possibilidade de produzir munição para os nossos armamentos... Com as informações que Jesus nos dará, tenho certeza que poderemos nos planejar para darmos uma resposta aos Salvadores... E dessa vez, sem danos colaterais.

Andrea deixara os braços caírem ao lado do corpo, já estava mais aberta a ouvir o que Rick tinha a lhe dizer.

— Por que não me contou nada?

Seu rosto se encontrava mais relaxado.

— Eu ainda não sabia o que fazer... Não queria criar falsas esperanças.

Seu diafragma se contraíra. O ar fora sendo expelido lentamente pelas narinas. A testa não mais franzida, e o rosto dando sinais de que a loira estava começando a baixar a guarda. Sem nada a dizer, ela seguira ouvindo a réplica de Rick Grimes.

— Negan e seus homens virão até aqui, pegarão os mantimentos e serão vistos por todos... Você, Carl, Rosita, Tom... Todos. Eles pensarão que estamos assustados, nos rendendo, que não revidaremos. Eles têm que estar convencidos que estamos nas mãos deles.

Andrea ainda tentava acompanhar o raciocínio.

— E não estamos?

O xerife meneara a cabeça em negativa.

— Não, não estamos. E quando eles baixarem totalmente a guarda, acreditando que somos uma nova versão do Hill Top e das outras comunidades que eles controlam... Aí sim poderemos revidar a altura, golpeá-los tão forte que eles não poderão mais se levantar! Mas precisamos de tempo... Precisamos colocar o plano de Eugene em prática e estudar os Salvadores tão profundamente quanto pudermos!

Ela não conseguira esconder o sorriso de alívio que surgira em sua face. Aquele era o homem com o qual se envolvera. Aquele era o verdadeiro Rick Grimes.

O xerife sorridente dera alguns passos em sua direção, tocando sua cintura com a mão esquerda e apalpando o seu quadril. Olhando-o nos olhos, Andrea esquecera-se de toda a raiva que quase a fizera abandoná-lo. Ela sabia que um precisava do outro, e que a ligação entre eles não seria rompida tão facilmente.

Ela nunca tivera tanta certeza do que queria.

Umedecendo os lábios, a loira mandara todos os sinais necessários para que o policial entendesse o que viria a seguir. Puxando-a para si, Grimes enroscara sua língua com a de Andrea, em uma sôfrega luta por espaço, em um profundo e desafiador beijo.

— Então você vai ficar? – Grimes questionara, já sabendo a resposta.

Andrea não precisara dizer nada. Puxando Rick pela camisa, levara-o de volta ao quarto, gargalhando enquanto esbarrava em um abajur e derrubava alguns objetos de uma pequena mesinha. Em meio a risadas e mais beijos, a loira já arrancara a camisa do xerife, acariciando o seu peitoral, enquanto habilmente lhe abria a calça jeans.

— Preciso te avisar de uma coisa... – A sniper o encarava com lascívia, olhar esse que também era retribuído por Rick – As camisinhas acabaram.

O xerife riu e gesticulara como se dissesse “não dou a mínima”. Andrea o empurrara na cama, puxando sua calça pelos pés e o admirando por alguns segundos, ali, deitado, aguardando por ela. Ela começara então a tirar a roupa, uma peça por vez, sem desviar o olhar de Rick. Primeiro tirara a blusa e logo em seguida o top, fazendo brilhar as íris do policial. Devagar em seu show particular, a sardenta dobrava cada peça de roupa antes de ir para a próxima. Ela então retirara a calça jeans e por último a calcinha.

Rick parecia hipnotizado, vidrado no corpo daquela mulher que estava totalmente entregue a ele. Soltando o rabo de cavalo que prendia seus loiros cabelos, Andrea deitara sobre Rick, sentindo a mão do policial lhe acariciar a curva de seus seios, fazendo com que ela suspirasse ainda mais profundamente. Ao beijá-lo novamente, conseguira sentir um gosto de café no doce hálito do mandatário. O seu braço se arrepiara, e um calor lhe subira pelo corpo inteiro.

Tomando toda a iniciativa, Andrea não desviara o olhar de Rick ao sentar-se sobre ele. O xerife emitira um suspiro rouco enquanto a loira o guiara para dentro dela. Ela gemera em prazer conforme os movimentos começaram a se ampliar. Era como se faíscas cortassem o seus olhos cada vez que oscilava ritmicamente para cima e para baixo. Cada vez mais forte, mais intensamente.

Rick gozara primeiro, e seu orgasmo causara tremores nos dois. Andrea estremecera a seguir, sentindo-se extasiada enquanto uma sensação de formigamento lhe subia da ponta dos pés, tomando conta do corpo inteiro ao alcançar o ápice do prazer. Ela quase caíra quando suas forças começaram a lhe deixar, juntamente com os gritos e suspiros que emitia de forma involuntária.

Grimes acariciara os seus cabelos, deixando que ela repousasse sobre o seu corpo suado. Aninhando-se no xerife, Andrea o abraçara, permitindo que a calmaria retornasse lentamente. Recuperando as forças, totalmente satisfeita pela voraz reconciliação, a sardenta falara, tocando o rosto de Grimes que seguia dispneico.

— Tudo bem... Você me convenceu.

Os dois abriram um largo sorriso simultaneamente.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Rick se reconciliou em grande estilo com Andrea, e agora as esperanças parecem ter começado a retornar para as bandas de Alexandria...

Nos vemos nos comentários...

Moi moi!



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