All Out War escrita por Filho de Kivi


Capítulo 17
The Glass Ballerina


Notas iniciais do capítulo

Hei!

Finalmente retornei dos mortos trazendo mais um capítulo para você, você mesmo que ainda insiste em acompanhar essa fic!

Sei que demorei, mas entendam, estava preparando um material especial para vocês, além de planejar os próximos passos da fic, que podem acreditar, irá surpreender a muitos!

Quero agradecer a Rosie e Menta, que não se cansam de deixar esplendorosos comentários por aqui! Obrigado meninas! Preciso sempre enfatizar o quanto o apoio de vocês é importante para que esse projeto siga em frente! Kiitos!

Lembrando que você que acompanha AOW, mas ainda não comentou, sinta-se a vontade! Eu e meu pai ficaremos muito contentes em receber sua opinião! Não se acanhe, quero saber o que está achando dessa história, e em que ainda preciso melhorar!

O capítulo de hoje é totalmente introspectivo, focado nas relações e emoções humanas, portanto, preparem-se para muito drama! Hehe... POV Leah, POV Magna e POV Susie, além de uma surpresinha na parte que envolve a companheira de Goodwin...

Sem mais... Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/602031/chapter/17

A primeira tragada já fora suficiente para gerar uma pequena crise de tosse em Leah Fisher. A garota nunca havia fumado em sua vida, e assim como a sua iniciação no meio etílico, a primeira experiência com um cigarro não estava sendo agradável. Principalmente em se tratando de um cigarro de maconha.

Com a promessa de que relaxaria após tal experimentação, a garota deixou-se levar pelos conselhos de Enid, que tão segura quanto uma adolescente poderia ser, garantiu a Fisher que a erva ajudaria a amenizar os problemas. Embora muito provavelmente isso não fosse possível, nem mesmo se fossem utilizadas todas as drogas do mundo...

A brisa proporcionada pela fumaça já começava a se espalhar pelo pequeno sótão onde as duas jovens abrigavam-se no momento. A tarde caíra e o sol já começava a abandonar o céu, um sinal de que logo a escuridão tomaria conta de Alexandria. O odor inebriante, estranhamente entre o agradável e o detestável, provavelmente por já estar afetando o sistema cognitivo das meninas, parecia fazer com que tudo passasse em câmera lenta. Mas os problemas ainda estavam ali, mais vivos do que nunca.

— Vai com calma garota! – Exclamou Enid, bobamente risonha – Precisa ir devagar para aproveitar melhor...

A jovem que falara com tanta propriedade, apesar de estar na mesma faixa etária que Fisher, retirara das mãos da garota loira o pequeno cigarro improvisado, tragando-o e soltando lentamente a fumaça pelas narinas. Leah apenas observou tais movimentos, imaginando quantas vezes Enid já não deveria ter feito aquilo.

— Ainda prefiro o rum vagabundo da despensa! – Asseverou Leah, observando o teto enquanto absorvia a fumaça de forma passiva.

A garota de lisos cabelos castanhos sorriu ainda mais, assumindo em definitivo o cigarro de maconha, movimentando-o entre os dedos com a destreza de um viciado de longa data.

— Antes de chegar, eu fazia parte de um pequeno grupo... Bom, éramos bem maiores, mas no fim das contas nos tornamos um pequeno grupo... – Enid falava de forma acelerada, seu sorriso não mais combinava com o seu discurso – Tinha um carinha, Josh, um mal encarado qualquer, deveria ser algum traficante antes dos bichos tomarem o mundo...

Uma pequena pausa obrigatória para mais uma tragada.

— Ele carregava erva na mochila... Disse que plantava, que sofria de vertigem, sei lá... Os mais novos costumavam ir até ele, geralmente quando estavam tristes demais, ou com medo demais... Chamávamos de Father J – Um sorriso descrente brotou no rosto da garota – Nos reuníamos em uma roda, sempre na barraca de alguém, e passávamos a noite toda fumando... Esquecendo...

Leah voltou o olhar para a garota a seu lado.

— E funcionou para você?

Enid devolveu o olhar, respondendo ao questionamento da loira em seguida.

— Ainda sou a mesma garota triste e assustada... Só que agora estou sorrindo...

A menina loira conseguiu captar o sentido proposto na frase proferida por Enid. Não era louvável, mas também longe de ser condenável a atitude da garota. Todos ali de certa forma optaram por uma fuga, cada um a seu próprio estilo. Tentar levar uma vida normal dentro de uma comunidade cercada por placas de metal e rodeada por errantes, com toda a certeza, também se tratava de uma fuga. Apenas mais uma forma de tentar superar o insuperável.

Leah não se sentia confortável naquele lugar, ela própria escolhera os seus métodos para tentar amenizar a dor que tanto sentira e que tanto consumira o seu interior. As noites de sexo desmedido no sofá de Vincent Hall, apesar do quão complicado fora chegar a essa conclusão, também poderia ser considerada como um analgésico social. Um comprimido de controle rígido, que precisava ser ingerido todos os dias, para que aquela vida desgraçada pudesse passar a valer um pouquinho mais.

A aproximação com Tom Price, fora apenas a substituição dos comprimidos controlados, já que as primeiras doses com o cirurgião não se mostraram mais eficazes. O corpulento homem negro, tão distante na época em que viviam sob o mesmo comboio, mostrou-se prestativo e estranhamente compreensivo nos últimos dias, o que não foi algo ruim.

Ter o apoio de alguém, alguém que mostrava não ter medo de demonstrar medo, e que aparentemente fora igualmente anulado e afetado por todas aquelas perdas, era como um oásis no deserto. Hall nunca fora o companheiro que Leah esperava, muito menos o amigo que precisava. O obstetra nunca percebera os sutis sinais que a garota emitia quase todos os dias, em quase todos os momentos em que estavam juntos. Ela apenas precisava de apoio, apenas precisava de alguém a seu lado.

Enterrar-se nos livros vinha ajudando-a a compreender-se melhor, a se situar de forma mais efusiva dentro daquela maluca sociedade utópica. Fisher não precisava participar de nada ali, ao mesmo tempo em que se via na obrigação de realizar algo, nem que fosse apenas para não ficar sozinha consigo mesmo. Era como o próprio Price havia lhe dito, superar não é esquecer, superar é apenas aprender a conviver com os seus problemas.

— Soube da briga entre o senhor Price e doutor Hall... – Enid interrompera os pensamentos de Leah, que flutuavam no interior de sua cabeça – Na verdade, Alexandria inteira ficou sabendo...

Fisher não estava confortável, ainda não havia conseguido avaliar se a companhia de Enid era ou não algo positivo. As duas não eram amigas, haviam trocado apenas poucas palavras até aquele momento, mas estranhamente pareciam padecer do mesmo mal, a solidão. Não importava o quanto estivessem rodeadas de pessoas, internamente, as duas garotas sempre estavam sozinhas.

A lembrança dos conturbados acontecimentos que movimentaram o dia da adolescente loira, só ajudavam-na a querer ainda mais dar uma desesperada guinada em sua jornada. Nada conseguia fazer sentido em sua cabeça, e a confusão só fazia com que a escuridão se tornasse cada vez maior dentro de seu peito.

Tom e Vincent foram às vias de fato, e nada ou ninguém conseguiria anular o que ocorrera. A amizade entre os dois fora abalada em definitivo, e não importava o quanto os dois negassem, em sua cabeça, Leah considerava-se a grande culpada por isso.

Não conseguira entender a atitude de Hall, descontrolado, possesso de uma forma que Fisher nunca havia visto antes. Por que diabos ele agiu daquela maneira? Por que ele sempre dá a falsa impressão de que poderemos ter algo etéreo? Porque eu não consigo tirar esse cara da minha cabeça? A confusão pela qual passava não era um privilégio, todos ali possuíam os seus demônios para domar, porém, os de Leah Fisher pareciam ser os mais inteligentes e filhos da puta dentre todos os outros...

Leah esticou a mão, solicitando que a outra adolescente lhe passasse o pequeno cigarro ilícito. Com muito mais segurança, Fisher tragou lentamente a erva, expelindo a fumaça em seguida, como se fosse uma experiente discípula de Bob Marley.

— Não foi nada... – Os olhos de Leah marejaram, só não era possível identificar se por conta da emoção ou dos efeitos da droga em seu sistema nervoso – Os dois discutem desde que se conheceram... Não foi nada...

Era difícil convencer alguém, quando ela própria não conseguia crer em suas palavras. Fora sim algo, algo sério demais para ser tratado apenas como um simples acontecimento corriqueiro.

— O doutor Hall precisou de ajuda pra chegar até o seu consultório... – As duas meninas conversavam sem se olhar, seguindo apenas admirando o teto sujo e empoeirado – Então Leah, eu acho que aconteceu alguma coisa sim... E grave...

A pequena ponta que já queimava o indicador e polegar de Fisher, fora prontamente descartada no solo assim que Enid concluiu o seu pensamento. Refletindo naquele pequeno intervalo de poucos segundos, a garota loira sentiu o coração palpitar ao imaginar de forma lúdica quais as reais motivações de Vincent ao intervir daquela forma em sua aproximação com Tom Price. Será que ele realmente se importava? Estaria tentando uma reconciliação? Será que a bizarra história dos dois poderia ter um final digno, talvez até feliz?

Pensar daquela maneira parecia irreal demais. Sua própria vida em Alexandria parecia irreal demais. Não há finais felizes reservados para quem vive no inferno. O inferno só traça um único destino, e ele está sempre pintado em tons cinzentos.

Onde quer chegar Enid?

Leah sentia sua língua mais solta, seu próprio corpo parecia mais leve. Ainda assim, nenhuma droga conseguiria alterá-la tanto a ponto de não conseguir enxergar a realidade, e naquele momento, o que a garota mais queria saber, eram reais motivos da repentina aproximação de Enid.

— Eu... – A garota de lisos cabelos castanhos escuros, respirou profundamente enquanto preparava-se para responder ao questionamento proferido – Eu estou prestes a explodir...

As modificações nas feições da adolescente denotavam a sinceridade em suas palavras. O sorriso falso, moldado por conta da maconha, fora subitamente substituído por um olhar assustado, acanhado de certo modo.

— Eu me sinto muito sozinha há muito tempo... – O tom de desabafo estava nítido – Não dá mais... Não consigo continuar assim... Quando eu vi você, quando eu vi a forma como você se portava, os seus olhos... Eu me vi Leah... Vi o quanto você estava tão perdida quanto eu!

Fisher fechou os olhos rapidamente, digerindo as palavras proferidas com tanto afinco.

— Não é questão de gostarmos ou não uns dos outros, é questão de sobrevivência... Lá fora bastava acabar com aqueles bichos para que pudéssemos nos sentir melhor, mas aqui dentro... – O rosto de Enid encontrava-se ruborizado – É muito diferente, muito mais difícil! Eu não vim aqui conversar com você por empatia... Vim porque tinha esperanças que pudéssemos nos entender por estarmos passando pelas mesmas coisas...

Às vezes a solidão se torna insuportável. Leah sabia muito bem como era se sentir daquela maneira. O acúmulo de sentimentos guardados exclusivamente dentro de você, acaba sempre cobrando o preço um dia, e ele costuma ser bem alto. Enid não era a única que chegara àquele estado limite, mas diferentemente de Fisher, havia chegado à conclusão que o melhor remédio era pedir socorro.

Leah nada disse, voltando o olhar exclusivamente para os orbes de Enid, que naquele instante encontravam-se próximos a uma ebulição de lágrimas, a garota loira fez o único gesto espontâneo que de alguma maneira poderia acalentá-la. Estendendo o braço e tocando a palma da mão direita da adolescente, Fisher sentiu-se arrepiar ao perceber que finalmente as coisas poderiam começar a fazer sentido novamente.

Ela não estava sozinha, ninguém ali estava... Bastava pedir ajudava, bastava deixar-se levar...

*****

A porta aberta cuidadosamente, seguida dos passos calmos, leves, retirando todo o peso do corpo na tentativa de fazer o menor barulho possível. Não havia necessidade de tanto zelo, a luz da tarde ainda pairava em Alexandria e provavelmente ainda restavam pelo menos duas horas de claridade.

Ainda assim, Magna insistia em não incomodar, não queria chamar a atenção, apesar de saber que sua ausência provavelmente estava sendo bastante sentida, afinal, as duas nunca haviam ficado tanto tempo afastadas, apesar de estarem tão próximas. Paradoxos, malditos paradoxos nunca compreendidos. A mulher dos já habituais volumosos cabelos castanhos nunca tivera muita paciência para tentar compreender as pequenas nuanças da vida. Talvez por isso não tivesse percebido o quanto estava se afastando... A cada dia mais.

Não dava pra fingir que ela estava sozinha novamente, não dava para mudar a realidade. O compromisso firmado precisava ser retificado, principalmente em tempos difíceis como aquele. Magna jamais abandonaria alguém conscientemente, apesar de durona, a bela mulher não conseguira livrar-se dos preceitos fundamentados desde sua infância. Nem mesmo após o fim do mundo.

— Quase não reconheci você... Tem sido tão difícil te encontrar em casa, e olha que eu tenho ficado em casa o tempo todo...

As palavras reverberadas do corredor adentraram aos ouvidos de Magna, causando-lhe um efeito estranho, um misto de remorso e culpa. Exatamente os dois sentimentos que ela mais detestava ter de lidar. Nunca fora boa em administrar tais sensações, preferia seguir o estilo “à flor da pele”, deixando-se ser guiada completamente, sem parar para analisar ou estudar as situações.

Todavia, agora tudo se mostrara diferente. Ela precisava tomar as rédeas, demonstrar alguma atitude, ou então perderia algo que construíra durante um bom tempo, que a ajudara a enfrentar o tão difícil novo mundo. Algo bom, difícil de se encontrar nos tempos atuais.

— Não devia forçar essa perna! – Esquivou-se Magna – Hall disse que deve seguir o tratamento a risca, ou então vai acabar nunca se recuperando completamente...

O olhar de Yumiko fora o suficiente para que Magna percebesse que chegara o momento de se ter uma conversa em definitivo, encarando finalmente todas as arestas soltas que pareciam planar entre as duas.

Os negros cabelos da asiática reluziam independentemente da fraca luminosidade da sala de estar. Apoiada em uma das paredes, ainda visivelmente abatida, a belíssima mulher de traços delicados e olhar penetrante, encarava Magna aguardando que ela se manifestasse, abrindo a guarda enfim.

As duas chegaram a pouco mais de dois meses e meio em Alexandria, após serem resgatadas da morte certa por Aaron e Eric. Porém, o salvamento heroico acabou cobrando o seu preço, e após um pulo forçado do topo do trailer em que se encontravam, a mulher de extensa franja negra acabou fraturando a fíbia e a tíbula esquerda de uma única vez. Por sorte, as duas conseguiram escapar sem maiores danos, e após finalmente chegarem à utópica comunidade, Yumiko precisou iniciar o cansativo e prolongado tratamento de recuperação.

— Eu estou... Sozinha... – Balbuciou a mulher de traços orientais, visivelmente frustrada.

Magna respirou fundo, sabia exatamente o que estava acontecendo, ainda assim, se pudesse adiaria ou evitaria ao máximo o confronto que viria a seguir. Nunca fora de seu feitio discutir relacionamentos, principalmente no novo mundo onde tudo se mostra de forma tão rasa, trivial.

— Eu estou cansada Yumi... – A mulher que agora se retrava, passara a caminhar na direção de sua contestadora, que visivelmente fazia um tremendo e desnecessário esforço para manter-se de pé – Vamos conversar no quarto, eu te ajudo...

Apoiando-a pelos ombros, as duas caminharam lentamente, seguindo o ritmo imposto pelos passos em falso da mulher que ainda lutava para conseguir manter a perna firme no solo. Por conta da falta de recursos, uma cirurgia de inserção de placa e pinos, muitíssima indicada para casos semelhantes a esses, não pode ser realizada pelo único médico da comunidade. Hall fizera um curativo, mantendo os ossos quebrados imobilizados pela maior quantidade de tempo possível.

Nenhuma garantia de que Yumiko poderia voltar a andar plenamente fora dada pelo cirurgião de plantão. O repouso somado aos poucos analgésicos disponíveis eram a única forma de efetivamente tratar aquele mal, ainda assim, era impossível saber ao certo o que ocorreria em meio a todo esse processo.

— O que aconteceu com você? – A asiática aparentava grande consternação – Sempre foi a mais desconfiada do grupo, lembro que eu até criticava você por isso... Hoje em dia você não desgruda mais do senhor Grimes e dos capangas dele... Eu ainda estou aqui Magna, eu continuo aqui se você não percebeu!

Magna sentou-se na cama ao lado de sua companheira. O olhar baixo e a respiração sôfrega eram os sinais mais claros de que a mulher não estava satisfeita com a situação. Mas o que fazer? Que porra ela poderia fazer para que sua parceira não se sentisse tão acuada e distante?

As obrigações que vieram em conjunto a seu posto de confiança dentro de Alexandria, adquirido aos poucos, exatamente como fora a sua adaptação, trouxeram alguns malefícios de carona. A jovem mulher de feições cansadas, não queria admitir, mas nutria dentro de si um grande medo, o medo da acomodação.

Quando as duas ainda viviam em sua antiga comunidade, estabelecida dentro de uma casa de repouso abandonada, e eram prontamente proativas em seu grupo, os problemas pareciam altamente controláveis. Magna sempre fora uma boa estrategista, além de não demonstrar dificuldades em manusear uma arma de fogo. Já Yumiko carregava sempre consigo um arco olímpico, presente de seu avô, um grande incentivador de sua fracassada tentativa de carreira como atleta profissional.

Ante as dificuldades de Yumiko, impossibilitada de sair de casa por conta do grave ferimento, Magna temeu amolecer, acomodar-se junto a ela no lado de dentro daqueles muros, esquecendo a real voracidade e crueldade do novo mundo. Temia voltar a ser perseguida por seus demônios, e mesmo gostando bastante de sua parceira, optou pela fuga que o trabalho dado por Rick e Andrea lhe proporcionava.

— Eu não consigo Yumi... – Confessou finalmente – Não consigo ficar aqui dentro, não consigo comer com talheres e lavar pratos... Não consigo me acostumar ao banho quente e as roupas limpas... Não consigo dormir sem ter que acordar de hora em hora para olhar as janelas... Eu não me sinto bem aqui! Não é natural, entende?

— Você precisa falar Magna, precisa falar essas coisas comigo... Eu estou aqui pra isso! – Os puxados olhos da oriental fitaram os amendoados orbes de Magna – Eu também me sinto estranha, desconfortável, definitivamente eu não me adapto mais a uma vida comum, embaixo de um teto como esse, tendo que dizer oi para os vizinhos todos os dias... – A mulher respirara fundo – Eu sinto falta do meu arco, da adrenalina de uma ronda... Aquele era o meu mundo real! Era ali que eu me sentia viva...

As duas se encararam com ternura, pela primeira vez Magna percebera o quanto o desabafo mútuo poderia fazer bem para elas. Parecia que estavam tirando um fardo gigantesco dos ombros, pareciam que estavam finalmente se conhecendo por completo.

— Eu quero que a comunidade se torne um lugar cada vez mais seguro... Finalmente parar de viver na incerteza! A verdade é que enquanto eu estou lá fora, seja em uma ronda ou com os batedores, vendo aquelas criaturas tentando me devorar ao mínimo descuido... Só aí é que parece que as coisas fazem sentido...

A jovem de volumosos cabelos castanhos olhara brevemente para o teto, parecia tentar ao máximo evitar demonstrar estar abalada emocionalmente.

— Ainda assim eu sei que estou longe de ser a melhor namorada de alguém, nunca fui... Me desculpe...

Um pedido de desculpas era o máximo que Yumiko esperava receber, e tê-lo assim de forma tão sincera, superava em muito as suas expectativas.

— Eu também preciso de você... Tem sido muito difícil ter que assistir o mundo girar de dentro dessa casa! Eu também preciso de uma fuga, de uma maneira de me sentir viva outra vez... E é por isso que eu preciso de você, não dá pra passar por tudo isso sozinha...

Magna estendeu a mão, e em um simples gesto demonstrou de forma clara o quanto estava disposta a mudar suas atitudes. Ela não queria perder o que havia construído nos últimos meses, nem sabia ao certo nomear aquilo, só sabia o quanto lhe fazia bem. Eu não vou jogar isso fora, não vou deixar que isso se perca, arqueira...

— Eu to aqui Yumi... – Sua mão deslizara levemente sobre a palma da asiática – Logo, logo você vai estar lá fora comigo, vamos voltar a nos embrenhar no meio do mato... – As duas sorriram, denotando o ar dúbio que a exclamação proporcionara – Tudo vai voltar a fazer sentido, eu sei que vai...

*****

Não havia muitas opções, as reservas feitas em todo o tempo de estrada eram sempre direcionadas para a parte prática, e não para a estética. Revirando as peças amontoadas do lado de dentro do closet, Susie tentava escolher qual combinaria melhor para o cerimonial daquela noite.

Preciso de algo preto que combine. O luto estaria estampado no rosto de todos os moradores de Alexandria, independentemente de estarem ou não realmente sentidos pela morte de Spencer Monroe. Aparências... Chegara a hora de parecer e não ser, e todos precisariam dançar no mesmo ritmo.

Susie percebera o quanto Rick e Andrea estavam lidando de forma cuidadosa com a bomba que caíra sobre os seus colos. Afinal, quem não desconfiaria dos dois após a misteriosa morte do rapaz, enquanto ainda estava sob sua custódia? Uma grande parcela da população de Alexandria sempre desaprovou os métodos utilizados pelo xerife Grimes, e os acontecimentos recentes acabaram dando ainda mais embasamento para esses “opositores”.

Ainda assim, o casal mestre não demonstrava estar abalado com todos os aparentes problemas. Rick saíra em uma missão junto a seu grupo de confiança, seguindo o barbudo recém-chegado até sua comunidade, na esperança de diminuir a mazela gerada pela falta de suprimentos. Andrea ficara, como uma boa primeira dama, preparando o terreno e acalmando a população assustada, em sua maioria formada por pessoas que temiam ter de, por algum motivo, encarar a realidade do mundo lá fora.

Ela conhecia essa realidade, Susie vivera todas as tortuosas e dolorosas etapas causadas pelo grande mal que de uma hora para a outra resolveu mudar o curso da humanidade. Já era de se esperar, o planeta já havia passado por recomeços anteriores, inclusive tendo a extinção de algumas raças como ponto principal.

Talvez nossa hora tivesse chegado, talvez o tempo do ser humano nesse planeta já tivesse enfim se esgotado. De qualquer forma, valia a penas manter um pouco de esperança, nem que se tratasse de doses homeopáticas. Prolongar a sobrevivência, aproveitar o oxigênio um pouco mais, acordar no dia vindouro. A morte chegaria para todos, inevitavelmente, mas o medo de encarar esse mal irremediável, estranhamente dava forças para que aquelas pessoas, a sua maneira, prosseguissem de pé nesse mundo. Respirando...

Decidida enfim por algo simples, considerando suas rasas opções, Susie vestiu-se em um vestido vinho, presente dado por Goodwin em uma coleta há alguns meses. Ela sempre o guardara consigo, mas nunca havia utilizado-o. Talvez daquela forma, esforçando-se para se tornar ainda mais bela, optando por um novo penteado, um que ressaltasse ainda mais o seu belo rosto, ou talvez uma maquiagem mais trabalhada, destacando os belos e expressivos olhos. Talvez James voltasse a notá-la, ou parasse de fingir que nada havia mudado.

O homem estava no mesmo cômodo, com Jacob nos braços, ninando a criança como o pai atencioso que era, como o marido atencioso que era... Que fora um dia.

Durante semanas Susie planejou sua vida para prosseguir sem o namorado, sem o pai de sua criança, o homem que conhecera em meio ao caos e que ainda assim, conseguira arrebatar o seu coração de uma maneira que nenhum homem fizera anteriormente. Era provável que tudo estivesse elevado a centésima potência por conta da destruição total da vida como conheciam, contudo, ainda assim, era inegável o quanto aquele sentimento era forte, mais do que intenso. Algo que alimentava o seu corpo, parte integrante do seu ser. O piegas oxigênio da alma.

Só que James retornara.

Por um momento, enquanto abraçava o seu parceiro, o namorado, marido e pai, Susie sentiu que aquele homem, o que virara sua cabeça do avesso, tivesse retornado dos mortos para os seus braços. Um milagre, um verdadeiro milagre.

Só que milagres não existem... Queremos com todas as nossas forças acreditar neles, mas ainda assim, acasos são sempre acasos, nada mais do que isso.

As palavras de Goodwin ainda eram as mesmas, os gestos seguiam iguais aos de outrora, mas aquele não era o James que conhecera. No início a jovem cogitou que pudera ser por influência de todo o drama que passara para sobreviver, sendo salvo da morte por Isaiah, perdendo-se de Mike. Perdendo-se do grupo. O homem fingia como ninguém ser uma caricatura de si mesmo, o homem gentil e honesto, bondoso com a vizinhança e prestativo a quem precisasse. O marido fiel e amoroso, o pai zeloso, o caçador habilidoso...

Goodwin era o membro perfeito de Alexandria, atendendo a todos os perfis, agradando aos mais variados públicos. Mas aquele não era ele, não de verdade.

James tornara-se uma casca oca, e mesmo fingindo para a própria esposa que tudo estava bem, que tudo sempre esteve bem, Susie percebera o quanto ele estava longe, mesmo quando estava nos momentos mais íntimos com ela. A mulher também era sagaz a sua maneira, nada dissera a respeito disso, mas percebera o quanto sua vida caminhava para uma vala, um vazio não preenchido, nem mesmo por aquele que jurara amor eterno todas as manhãs.

A jovem sabia muito bem quem era James de verdade, o homem por trás do personagem. Aquele pelo qual se apaixonara, aquele para o qual se entregara...

[...]

Deveria ser uma sábado, mais um dia qualquer embaixo do sol escaldante a beira da interestadual. O comboio havia seguido estrada a frente durante três dias ininterruptos, chegara então finalmente a hora de esticar um pouco as pernas.

Levantar acampamento para um grupo com vinte e tantas pessoas era algo comumente complicado. Grande parte do comboio era formado apenas por pessoas normais, com profissões nada aventureiras, ou seja, era absolutamente aceitável que não entendessem nada de barracas, rondas e fogueiras. Porém os tempos agora eram outros, e a adaptação não era questão de luxo, e sim de sobrevivência.

Agachada no chão gramado e arenoso, apoiada nos próprios joelhos, dobrando a coluna em direção ao solo, em uma posição nada confortável, uma distinta mulher tentava sozinha utilizar uma medieval ferramenta. Posicionando o prego sobre as duas tábuas, Susie tentava de diversas maneiras descomplicar a tarefa que escolhera para si mesma naquele começo de tarde.

O objetivo era fazer uma caixa, algo grande o bastante para preservar os enlatados, que aquela altura ainda podiam ser encontrados em numerosas quantidades. Era uma maneira mais justa, em sua visão, de se separar os suprimentos. Cada um ficaria responsável por sua cota, já que os laços de confiança ainda não eram fortes o bastante para que selecionassem alguém para guardar e dividir os alimentos.

O problema era que a moça, prendada na utilização de computadores e não em objetos de ferraria, encontrava enormes dificuldades para conseguir pregar uma madeira sobre a outra. Além disso tudo, o orgulho e foco em completar tal tarefa a impedia de pedir qualquer tipo de ajuda.

Ninguém ali parecia ligar para o que a mulher fazia. A maioria encontrava-se ocupada na armação de uma grande tenda, adquirida por alguém em uma das buscas em alguma cidadela qualquer. O objeto largo, feito de algum material muito parecido com lona, era esticado de um lado a outro, ainda sendo decifrado pelos ‘gênios’ que pareciam ainda não ter compreendido o seu funcionamento.

Isso dava mais liberdade a Susie que, respingando suor pela testa, devido ao imenso esforço, persistia em firmar o segundo prego no maldito projeto de caixa. ‘Isso vai demorar’, pensou ela, totalmente frustrada pelo fracasso visível.

— Precisa de ajuda?

A voz eloquente adentrou os seus ouvidos, causando-lhe uma pequena hesitação em seus movimentos, quase martelando em cheio o próprio polegar. Ao erguer a cabeça, mantendo suas mãos firmes em seu trabalho, Susie pode ver de quem se tratava. ‘É claro, obviamente é ele’.

A jovem mulher ainda não havia decorado nem metade dos nomes dos integrantes daquele comboio, principalmente pelo fato de, apesar de estarem viajando juntos, o grupo ainda não se encontrava de forma coesa. Muitas famílias preferiam a companhia uns dos outros, e dificilmente encontrava-se alguém disposto a depositar confiança em um estranho.

Mas não ele.

James Goodwin era o típico ‘good guy’, uma ótima companhia para os mais diversos momentos. Provavelmente o homem de cabelos parcialmente grisalhos já havia trocado algumas palavras com todos ali. Era de sua natureza. Um típico ‘nascido para ser simpático’.

Não era de se esperar menos, olhando para aquele homem, era possível observar o quanto ele era naturalmente charmoso. Um galanteador sem muito esforço, e não apenas com as mulheres. Seu olhar firme, a voz eloquente, além da educação de um Lord, faziam com que ele fosse a escolha óbvia naquele lugar para se fazer amizades. Alguém que provavelmente perguntaria ‘como foi o seu dia’ para qualquer pessoa, independentemente de conhecê-la ou não.

— Eu to legal... Só um pequeno problema de logística...

Susie nunca fora boa com piadas ou analogias, no mesmo instante em que soltou a frase, sentiu-se uma idiota por tais palavras proferidas.

— Tá distribuindo o peso errado. É melhor segurar mais na ponta, o arco vai ser maior, e o impacto mais forte.

A mulher, levemente ruborizada por conta da súbita intervenção, percebeu o quanto estava realizando de forma errônea uma tarefa aparentemente fácil. Goodwin seguia de pé a seu lado, como se aguardasse que ela prosseguisse, dessa vez seguindo suas instruções. Mais parecia um professor ensinando os caminhos corretos.

Por alguns momentos bobos ela hesitou, sem ao menos entender o motivo. A presença daquele homem lhe causava um efeito estranho, um incômodo mesclado a uma inexplicável inquietação.

— Confia em mim! – O homem sorria de forma simpática, parecia leve – Vai dar certo dessa vez!

A jovem respirou fundo e atendeu aos pedidos de James, executando com precisão o movimento e cravando o segundo prego nas duas tábuas, fixando-as enfim.

Aquelas foram as primeiras palavras trocadas pelos dois. As primeiras de muitas que ainda viriam...

[...]

Olhando para o púlpito no altar da pequena igreja do Padre Gabriel, Susie observava o negro homem santo proferir suas palavras retiradas de algum livro de teologia, provavelmente decoradas para serem faladas com afinco em momentos como aqueles. Após a morte, geralmente, os erros daquele que se fora passam a ser esquecidos, fatiando a personalidade do cadáver e extraindo apenas o que fora bom para ser relembrado dali pra frente.

O caso de Spencer Monroe não era diferente. A pedido de Andrea, Gabriel tratara o homem em seu discurso como sendo apenas mais um integrante de Alexandria a partir, e não como o psicótico perigoso que se tornara.

Era de se entender já que o mundo se fora, mas a politicagem não. O jogo jogado em Alexandria seria vencido por aquele que tivesse mais aliados no final, e a melhor forma de se ‘ganhar amigos’, é agradando-os. A única parte que Susie efetivamente não conseguia compreender, era contra quem aquela partida estava sendo peleada. Quem efetivamente era o adversário de Rick Grimes?

Tentando não pensar muito sobre assuntos que aparentemente não lhe diziam respeito, a jovem mãe voltou o olhar – ignorando completamente o esforço de Gabriel em tentar tornar Spencer uma pessoa melhor no post mortem – para o seu filho, o pequeno Jacob que, quieto como sempre fora, observava o teto da igreja de forma fixa.

Os traços do garoto lembravam em muito os do pai. Seus olhos, os lábios, o formato do queixo, e até mesmo a estranha tranquilidade que demonstrava, em se tratando de uma criança tão jovem. Goodwin estava do seu lado, segurando sua mão escancaradamente, de uma forma que todos pudessem ver. Provavelmente era isso o que queria, mostrar o quanto os dois estavam unidos. Susie só não sabia se aquilo era um recado para ela ou para todos em Alexandria.

Ele ainda continuava sendo o mesmo homem gentil que conhecera no comboio, aquele que a ajudara espontaneamente a fazer uma simples caixa de madeira. Nunca a tratara mal, e em hipótese nenhuma jamais deixou de demonstrar o quanto amava o seu filho. Só que não parecia mais vir de dentro, era como se ele estivesse apenas mantendo as aparências, convencendo a todos de que continuava sendo o mesmo James Goodwin.

Antes ela e o bebê eram o centro da vida de Goodwin, o pilar de seu renascimento no novo mundo. Agora, pareciam ter sido deixados de lado, usados apenas como enfeites para algo. Algo que a mulher ainda não havia conseguido identificar, algo que fazia com que ela sofresse internamente. James era o amor de sua vida, mas ela não mais sabia se a recíproca era verdadeira.

[...]

O choro de Jacob reverberou por toda a casa. Assim que Vincent Hall finalizou com sucesso o parto normal da criança recém-chegada, Susie não se conteve e caiu aos prantos. Ela sabia o quanto aquele feito fora improvável, o quanto as probabilidades apontavam para o insucesso da tarefa. Ainda assim tudo havia dado certo, o destino acabara de contrariar a si mesmo.

Após mais de uma hora de cócoras, apoiando o corpo em uma das paredes do pequeno quarto em que se instauraram às pressas, em meio a toda a correria causada pelo início do trabalho de parto, identificado prontamente pelo obstetra do grupo, Susie finalmente pôde respirar fundo. Serena. Feliz.

Vincent tivera uma grande parcela na realização daquele extraordinário feito. Utilizando-se de todos os métodos conhecidos em sua formação como Obstetra, Hall, apesar da falta de mobilidade por conta da perna recém-amputada, encontrou forças e inteligência o bastante para conseguir crivar tudo, fazendo com que a mãe e a criança saíssem ilesos do rústico procedimento.

Com as mãos nuas e sujas de sangue, o médico, tão suado quanto a mãe que acabara de parir, segurava o pequeno garoto nos braços com um amplo sorriso no rosto. Utilizando-se de toda a sua maestria, cortou o cordão umbilical, realizando os procedimentos de praxe em momentos como esse. Enrolando a criança em um casaco, Hall, absorto e ainda incrédulo, levou o filho de Susie ao encontro e seus braços. Um momento único, indescritível para os dois.

Já deitada sobre a cama, levemente tonta e dispneica, a mãe de primeira viagem não se importou ao perceber que filetes de sangue escorriam por suas pernas, naquele momento, apenas o garoto importava. Ele era o seu pilar, o centro de seu universo.

No momento em que Goodwin adentrou o quarto, o brilho no rosto de Susie se ampliou ainda mais. Ela não conseguia controlar as lágrimas que escorriam em sua face, ainda mais densas ao perceber o sincero olhar emocionado de seu amado. James parecia abobado, incrédulo, além de perceptivelmente felicíssimo por tudo o que acabara de ocorrer.

A pedido de Vincent, Goodwin não assistira ao parto, apesar de todos os seus protestos. O médico acreditava que a dilatação de Susie não seria suficiente para a realização de um parto normal, e temendo pelo pior, preferiu deixar o namorado de sua paciente fora do ‘centro cirúrgico’.

O rosto delicado da criança, os olhos semicerrados, ainda não adaptados à luminosidade do mundo que acabara de conhecer, os bracinhos movendo-se sem ritmo, o choro fino e tênue. Tudo isso fazia com que os pais ficassem ainda mais admirados, bobos, extenuados de emoção e felicidade.

— Ele parece com você... – Susie sussurrou, ainda recuperando a energia gasta.

James agachara-se a seu lado, admirando por completo a frágil criatura, cria da relação sincera e amorosa daquelas duas pessoas.

— Ele não parece com ninguém... – Brincou o homem, sorrindo de orelha a orelha – Bem que eu falei que seria um menino... E tem toda a cara de Richard!

Susie também sorriu, fitando os olhos marejados de seu namorado.

— Nada disso, combinamos que você escolheria caso fosse menina... Eu sempre quis um nome mais imponente... Gosto de Jacob!

James arrumou uma mecha de cabelo de Susie, olhando profundamente para ela.

— Que seja Jacob então! – Concordou, fazendo uma breve pausa em seguida, admirando os dois sobre a cama – Amo você meu amor!

Goodwin ergueu a cabeça, dando um leve, mas amoroso, beijo nos lábios de sua amada. Em seguida, dirigiu sua total atenção a criança nos braços de sua mulher.

— Você também garoto... Amo você Jacob... Vocês são as coisas mais importantes na minha vida! Não quero perder isso por nada... Não vou perder isso por nada!

[...]

— Não podemos julgar de forma precipitada... Acredito que o grande objetivo de todos nós aqui em Alexandria, é justamente retomarmos nossa civilidade... Gente, não podemos condenar ninguém sem provas, por isso, eu concordo inteiramente com as palavras ditas por Andrea!

Goodwin levantara-se de seu lugar, discursando de forma eloquente após o início de um breve burburinho. Tudo começou após o discurso de Andrea que, indomável como sempre, acabou não se contendo na tarefa de esconder sua aversão ao morto homenageado. Murmúrios acusando Rick e sua amante do assassinato de Spencer Monroe passaram a reverberar pela igreja, o que gerou uma pequena confusão.

Prontamente, como um típico defensor dos justos, James resolvera interceder, lembrando a todos o quanto o mundo mudara as pessoas, e o quanto elas próprias deveriam voltar e repensar os seus atos, atentando-se ao fato de que só assim o mundo poderia voltar a ser como era antes.

— Todos aqui são inocentes até que se prove o contrário... – Prosseguiu ele, dirigindo-se ao público como um político em um comício – Ao mesmo tempo em que também somos suspeitos... Não podemos e nem devemos apontar o dedo para ninguém, mas é claro que devemos cobrar! Rick Grimes está no comando e deve sim esforçar-se para encontrar o culpado por essa atrocidade!

Susie observava a tudo com os olhos arregalados, pasma pela atitude de seu companheiro.

— Tirar conclusões precipitadas é um erro terrível... – O homem fazia questão de ser efusivo em seu gestual – Eu cheguei há pouco tempo aqui, mas ainda assim convivi o suficiente para também simpatizar com Spencer... Eu senti sua morte! E o que mais quero nesse momento é que o crime seja solucionado... Tenho mulher e filho aqui, não quero um assassino à solta nessas ruas em hipótese alguma! – Uma breve pausa fora feita, quase dramática – Mas tudo dever ser feito com sensatez...

Susie sentiu um aperto no peito, um arrepio na espinha, e um medo aflorando em seu interior. Ninguém mais do que ela conhecia aquele homem, e justamente por isso ela espantara-se tanto com a sua atitude. Aquele não era mais o homem pelo qual se apaixonou. Aquele não era o seu James Goodwin.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então o que acharam?

O próximo capítulo será focado bastante na ação, além de darmos passos importantes rumo ao ponto principal dessa fic... Ah, e teremos mais de Jesus, é claro! Hehehe...

Prometo não demorar tanto assim para postar o próximo! Palavra de finlandês!

Nos vemos nos comentários, beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "All Out War" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.